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Category — Europa 2010

Histórias de viagem: Ismail na Turquia

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Em 2010, eu e Lili fizemos umas longa viagem de 40 dias pela Europa, e até hoje me lembro como decidimos o roteiro: após o Primavera Sound, em Barcelona, eu queria (precisava!) ver o Wilco em Roma, e a ideia era ir dali pra Escandinávia, mas o fator $ pesou nessa hora. Qual a saída? “Vamos ver qual é o voo mais barato da Easyjet saindo de Roma!”. E era… Atenas. Apenas 10 euros. Uou! Partiu. Dali esticamos para Santorini (até hoje um dos lugares mais espetaculares que visitei) e fomos parar na Turquia, um lugar incrível, um emaranhado de emoções.

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Entre as diversas anotações que eu tinha para a Turquia, uma delas era: “Não deixe de fazer o Nostalgic Bosphorus Tour”. Trata-se de um passeio de barco que sai do porto de Eminönü, quase no Mar Marmara, e vai até o porto de Anadolu Kavagi, quase no Mar Negro. O barco navega todo o estreito de Bósforo parando de um lado na Europa, do outro na Ásia – o rio separa os dois continentes e foi o principal caminho para que Rússia e países do Oriente Médio chegassem ao Egeu e ao Mediterrâneo, e consequentemente à Europa.

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Com esse plano em mente, acordamos cedo um dia e lá fomos nós navegar o Bósforo. 1h30 de passeio depois e estávamos na pequena vila de Anadolu Kavagi, que abriga as ruínas de um castelo bizantino que foi ocupado durante séculos visando a proteção da entrada do estreito para quem vinha do Mar Negro. Descemos do barco e fomos caminhar, comemos peixe fresco, fui proibido no restaurante de beber a cerveja que eu trazia na mochila (o consumo de álcool é proibido pelo Islã e muitos bares nem vendem cerveja) e… conhecemos o Ismail.

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Foi mais ou menos assim: eu sabia das ruínas do castelo bizantino, e fomos tentar subir à pé. Logo no começo da caminhada, um senhor grisalho nos parou e se ofereceu para nos levar até lá em seu carro. Achei incomum e recusei de forma discreta, agradecendo-o. Porém, quando cheguei ao pé do morro e vi que a caminhada iria ser longa (e a gente tinha ainda um barco para pegar de volta para Istambul), decidi voltar e aceitar o serviço de Ismail (que, se não me falha a memória, custou 15 euros).

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Ismail estava aposentado havia 25 anos depois de ter trabalhado por 35 na monitorização do estreito do Bósforo com o Mar Negro por parte do exército turco. Conforme fomos subindo o morro em seu carro, ele nos contava a história da vila: Anadolu Kavagi tem 4 mil habitantes, mil destes soldados que trabalham até hoje monitorando a entrada do Bósforo. Ismail contou detalhes das ruínas, relembrou histórias do exército, falou da família e deu a dica: no final da estrada paralela ao castelo, já no Mar Negro, há uma pequena vila de pescadores que faz um peixe ótimo (menos salgado que o peixe tradicional devido à baixa salinidade do Mar Negro).

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A gente ficou cerca de meia hora fuçando as ruínas do castelo, e ele ficou nos esperando. Vez em quando apontava para algum canto do Mar Negro e contava uma história rápida. Na volta, ele contava animado sobre uns tomates verdes que ele plantava em casa, e que eram bastante populares na região. Assim que paramos na vila, ele fez questão de entrar em sua casa, colher alguns e nos presentear. Na despedida, pedi para que fizéssemos uma foto e que ele anotasse seu nome no meu diário. Se a gente adorou conhecer esse lugar, boa parte do mérito cabe ao Ismail. Obrigado, caro amigo.

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Outras histórias de viagem

agosto 11, 2016   No Comments

Uma viagem meio sem pé nem cabeça

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Voltamos para casa faz uns quatro dias, e já durante o vôo vindo de Madri eu imaginava o que falar da viagem deste ano. Os dois anos anteriores foram mais fáceis – de falar e viajar. Primeiro porque as cidades eram mais (ahñ) óbvias, e segundo porque havia o deslumbre da primeira vez. Esse ano foi a terceira viagem (minha, segunda da Lili), e tudo foi mais confuso, nublado e frio, mas mesmo assim não menos emocionante.

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A idéia inicial era ou ir para o Leste ou para a Escandinávia. Wilco e BRMC iriam tocar nas duas regiões em datas próximas, então era só ajeitar a agenda e escolher. Acabamos optando pelo Leste por motivos financeiros. A Escandinávia, dizem, é muito cara. No fim das contas, por culpa de Jeff Tweedy, acabamos esticando para a Grécia e chegamos até Istambul, definitivamente a cidade mais querida desta viagem.

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Porém, tudo começou três semanas antes, quando nosso avião pousou em Madri (numa semana em que o vulcão de nome impronunciável havia cancelado diversos vôos para a Espanha), e de lá pegamos uma conexão para Budapeste. Chegamos arrebentados no hotel após quase um dia inteiro de viagem, e mesmo assim arriscamos uma caminhada… na chuva. No domingo a cidade estava solitária e molhada. Achamos estranho.

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Na segunda partimos para Viena. Só fizemos isso por culpa do Black Rebel Motorcycle Club, que tocava em um squat super organizado da cidade nesse dia. E valeu a pena. O show foi especial, mas a cidade impressionou ainda mais. A ONU divulgou na mesma semana o ranking de qualidade de vida, com Viena no topo. Basta caminhar, observar e respirar a cidade para entender. E ouvi-la: música clássica (e, para nós, BRMC). Viena não é cinza como Budapeste. É colorida.

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No entanto, alguma coisa ali pelo terceiro dia saiu do prumo. Viena é certinha demais para quem está acostumado com uma desordem. É tocante ver garotas de olhos azuis passando de bicicleta com imensos violoncelos nas costas, mas é um saco ter que esperar para atravessar a rua no sinal verde quando não há nenhum carro se aproximando nos próximos dois quilômetros. As regras não deviam cegar.

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Mesmo assim, após o quarto dia, deixamos a cidade número 1 do ranking da ONU para voltar para mais dois dias (agora de sol) em Budapeste, a cidade em que mesmo alguns hotéis de redes mundiais têm damas da noite oferecendo seus dotes no saguão a noite toda. É só uma constatação. Não imagino isso acontecendo em tantas cidades (nem no Rio ou SP, embora em ambas não deva ser difícil pedir tal ajuda).

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Tudo bem, este fato isolado está sendo usado para diminuir a cidade, mas Budapeste não pode ser diminuída. É uma cidade de personalidade, dividida por um rio que separa Buda (antiga e bonita) de Peste (cosmopolita) falando uma língua que até o diabo respeita. E a estação internacional de metrô pode, facilmente, receber um filme de terror. Basta começar a filmar às 3 da madrugada lá. Deve ser assustador. :~

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De Budapeste um trem para Praga, e então o encanto começou. Praga é… foda. Foda. Eita cidade linda. Caminhar na Charles Bridge, mesmo com um montão de milhares de turistas, é algo único. Se perder pelas ruazinhas do centro antigo também. E ver a República Tcheca bater os quase invencíveis russos na final do campeonato mundial de hóquei no gelo na praça principal da cidade junto à torcida tcheca não tem preço.

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Uma coisa que fiquei matutando: chegar numa cidade com chuva pode nublar seu olhar tanto quanto cair em uma cidade em festa pode fazer você gostar mais ainda do lugar? Provável que sim, em ambos os casos. Mas Praga sobreviveu à dúvida e nos conquistou quatro dias seguidos. E ainda me deu a única cerveja a se infiltrar entre o império belga: no top 15 pessoal, 14 foram belgas. Só uma “estranha”, tcheca, Kout.

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Praga encerrava a primeira metade da viagem de línguas estranhas. Como esquecer da senhora fofa em Bratislava explicando pausadamente em eslovaco que o ingresso que eu comprei também dava direito a outra atração da cidade: o museu de farmácia. Isso porque perguntei a ela como se agradecia em sua língua: “D’akujem”, ela respondeu. E começou a falar algo que nunca vou conseguir reproduzir, mas entendi.

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Esse primeiro trecho da viagem foi completamente absurdo no quesito língua. Como explicar o magyar, uma língua que parece com o… finlandês. Só personagem de livro do Chico Buarque para aprender. E só mulher para fazer isso com ele. O tcheco não é menos simples, muito menos o eslovaco. Se eu disser que achei o alemão dos austríacos mais entendível você acredita? Onde a gente estava com a cabeça (risos).

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O ponto central da viagem foi Barcelona, e foi um alivio pode exercitar portunhol, mesmo em terra catalã. Se você se lembra das viagens anteriores já sabe no que se transformará esse parágrafo: uma declaração de amor à cidade que já mora no meu coração. Barcelona é poesia para mim. Simples assim. E o Primavera Sound (com Pixies, Wilco, Spoon, Pavement, XX e mais) foi um bom programa musical.

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Próxima parada: um pecado. Ficar um dia apenas em Roma é um pecado. Devia estar em algum código turístico. Fomos para Roma por causa do Wilco, e por duas horas e meia, em um lugar de acústica impecável e arquitetura surrealista (o Parco Della Musica, de Renzo Piano), o Wilco fez valer o peso da mala, o translado do aeroporto e o hotel ruim. Que noite. Que show. Que banda. Que som de guitarra, mister Nels Cline.

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Jeff Tweedy definiu o rumo da segunda parte da viagem. Fomos para Roma por causa do Wilco, e de lá para Atenas porque era o vôo mais barato da Easyjet. Simples assim (risos). E Atenas é (ou foi e ainda sofre por isso) a Grécia de “Z”, de Costa-Gravas. A economia mais frágil da Comunidade Européia pode ser flagrada nas ruas, mas como não se impressionar com a Acrópole, imponente observando a cidade do céu?

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E se reclamavamos do magyar, do tcheco e do eslovaco, o que dizer de um país em que todo mundo fala… grego (piada besta, eu sei, mas útil – hehe). No auge da paixão por Praga, disse que a cidade formava com Veneza e Paris um trio de cidadelas encantadoras. Mas eu nunca poderia imaginar que conheceria uma cidade que seria um sonho, a dona do adjetivo “paradisíaco” e com nome de santa, Santa Irene, ou Santorini.

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Dizem que Santorini é a Atlântida de Platão. Já não duvido. Uma cidade que flutua enroscada no topo de morros de um ex-vulcão com casinhas de marshmallow pode ser qualquer coisa. Vou contar – e se você leu até aqui é porque me entende, acho – que só chorei em dois momentos da viagem inteira: no segundo trecho de “Shot In The Arm”, do Wilco, em Roma, e quando ouvi “Santorini Blues”, dos Paralamas, em Santorini.

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Santa Irene vai ficar guardada em nossa memória. Até comprei um imã de geladeira de um burrinho e coloquei na geladeira para Lili sempre lembrar que subiu um morro imenso no lombo de um burrico tendo pedras de um lado, despenhadeiro do outro, o Mar Egeu azul lá embaixo, e uma trilha de escada ao infinito para cima. No fim da jornada, Lili tremia, ria e falava ao mesmo tempo, não necessariamente nessa ordem.

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Imperceptivelmente, ao traçar o roteiro, colocamos na seqüência uma das poucas cidades no mundo que poderiam manter o astral de Santorini, sem nos causar um banzo, uma vontade danada de voltar para a ilha grega. E assumo que não esperava, mas Istambul foi uma descoberta (que só eu não sabia que seria sensacional, já que a expectativa de Lili era a melhor possível).

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O que me lembra Istambul agora é o barulho, que o Carlos resumiu perfeitamente em um comentário: “Em Istambul não tem como fugir. É definitivamente a cidade mais barulhenta do mundo. É gente vendendo, gente rezando, musica alta, etc., para todo canto da cidade”. E é isso mesmo. Faz parte do jeito turco de viver, e ao contrário do que possa parecer, é bacana. Acredite: você se acostuma.

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Teve o passeio pelo Bósforo, a aula sobre a vila de Anadolu Kavagi dada pelo Ismail, um taxista que também é guia, mas que nos pareceu mais um querido vovô aposentado que, para matar o tempo, entrete os turistas que chegam de barco querendo conhecer a região – que taxista ou guia pararia o carro em frente a sua casa para pegar frutas direto de sua horta para presentear desconhecidos?

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Também teve a beleza da Mesquita Azul, a impressionante Hagia Sophia, o imenso Palácio Topkapi, a fantasmagórica Cisterna Yerebatan, as compras no Grand Bazaar e no Spice Bazaar (fizemos chá de maçã ontem, aprovado), os pratos de pide (a pizza turca) e uma longa caminhada no calçadão de Isitktal. E, claro, as cervejas turcas, deliciosas. Istambul, nos veremos novamente. Anote.

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Para o fim, Londres. Três anos atrás, quando pisei pela primeira vez na capital do mundo pop, a cidade não bateu. Não é que eu não tenha gostado de Londres, imagina, mas a expectativa era grande demais. Todo mundo falava: “Quando você for para Londres você vai pirar”. E eu não pirei. Mas na minha terceira passagem pela cidade já posso dizer que a danada está me fazendo ter sonhos europeus (risos).

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Londres é uma das poucas cidades européias que me faz ter vontade de sair à noite para beber uma cerveja e ver um bom show de alguma banda nova, algo que faço em São Paulo religiosamente ao menos uma vez por semana. Se eu morasse em Londres iria bater cartão em festas, iria gastar meu salário em CDs, vinis e shows, e teria carteirinha de cliente preferencial do Belgo, o bar belga da cidade (risos), e também do Rakes.

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Londres foi um intervalo no grande motivo da ida para o Reino Unido: ver Paul McCartney na Ilha de Wight. Vampire Weekend fez grande show. Blondie foi cool. Suzanne Vega também. Até Strokes surpreendeu. Mas histórico, como disse o rapaz do vídeo no telão (“Vocês não vão esquecer essa noite”, adiantava), foi Paul. Arrepia lembrar de “Helter Skelter”, “Live and Let Die”, “Band on The Run” e “Something”.

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Num balanço rápido, a viagem deste ano foi meio sem pé nem cabeça, mas funcionou. Acho que precisamos de algumas semanas para absorver algumas coisas da viagem, aprofundar o olhar, ampliar horizontes. A cultura de um povo é um bem inestimável. Passamos por lugares tão diferentes entre si (em língua, comida, personalidade), e tão próximos, que várias vezes nos vimos olhando o Brasil. Somos assim: várias nações dentro de uma grande nação. Viajar nos traz de volta pra casa.

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E é bom estar em casa, voltar ao trabalho, seguir a rotina. Temos contas para pagar, um novo apartamento para encontrar e mudar, e estamos aprendendo a lidar com a vontade de bater asas e sair voando para longe. Tudo tem sua hora. É só ficar de olhos e ouvidos atentos. Ou, como diria Walter Franco, tudo é uma questão de manter a mente aberta, a espinha ereta e o coração tranqüilo. Acrescento não deixar de tentar realizar sonhos à equação. A vida segue. Ainda bem. 🙂

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Top 10 Cidades
1) Santorini (uma foto)
2) Istambul (uma foto)
3) Praga (uma foto)
4) Barcelona (uma foto)
5) Londres (uma foto)
6) Viena (uma foto)
7) Bratislava (uma foto)
8 ) Budapeste (uma foto)
9) Atenas (uma foto)
10) Ilha de Wight (uma foto)

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Top Ten Lugares
1) Acrópole, Atenas (uma foto)
2) Santa Sofia, Istambul (uma foto)
3) Charles Bridge, Praga (uma foto)
4) Ôia, Santorini (uma foto)
5) Old Town Square, Praga (uma foto)
6) Parco Della Musica, Roma (uma foto)
7) Dancing House, Praga (uma foto)
8 ) Ponte Szabadság, Budapeste (uma foto)
9) Centro histórico, Bratislava (uma foto)
10) MuseumsQuartier, Viena (uma foto)

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Top Ten Shows
1) Paul McCartney na Ilha de Wight (uma foto)
2) Wilco em Roma (uma foto)
3) Vampire Weekend na Ilha de Wight (uma foto)
4) Spoon no Primavera Sound (uma foto)
5) Black Rebel Motorcycle Club em Viena
6) Strokes na Ilha de Wight (uma foto)
7) Broken Social Scene no Primavera Sound (uma foto)
8 ) Pixies no Primavera Sound (uma foto)
9) Pavement no Primavera Sound (uma foto)
10) Scout Niblett no Primavera Sound (uma foto)

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Top Ten Cervejas
1) Duvel, Bélgica (aqui) 8,5%
1) Chimay Blue, Bélgica (aqui) 9%
1) Chimay Red, Bélgica (uma foto) 7%
4) Kout Special Dark Beer 14°, República Tcheca (uma foto) 6%
5) Grimbergen Cuvée de l’Ermitage, Bélgica (uma foto) 7,5%
6) Grimbergen Optimo Bruno, Bélgica (uma foto) 10%
7) Gouden Carolus Ambrio, Bélgica (uma foto) 8%
8 ) Judas, Bélgica (uma foto) 8,5%
9) Achel Blonde, Bélgica (uma foto) 8%
10) Orval, Bélgica (uma foto) 6,2%

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Top Ten CDs comprados
1) All Miles, The Prestige Albums, Miles Davis (box com 14 CDs)
2) Disintegration Deluxe Edition, The Cure
3) Fly On The Wall – B Sides e Rarities, Paul Weller (box com 3 CDs)
4) The Complete Singles Collection, The Thirteen Floor Elevators
5) Verona, Samson e Delilah, Bruce Springsteen (Bootleg)
6) Live at Isle of Wight, Leonard Cohen
7) London Wembley Arena, 05/10/2000, Bob Dylan (Bootleg)
8 ) New York City Blues, Lou Reed (Bootleg)
9) Working For The Man Deluxe Edition, Tindersticks
10) Stone Roses Deluxe Edition, Stone Roses

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Todas as fotos por Marcelo Costa e Liliane Callegari

Mais fotos da viagem:
http://www.flickr.com/photos/maccosta/
http://www.flickr.com/photos/lilianecallegari/

junho 20, 2010   No Comments

Os CDs comprados na viagem

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Atendendo a pedidos, cá está a tradicional foto dos CDs comprados na viagem (em alta aqui). Para relembrar e comparar (e tentar adivinhar alguns títulos) tem a foto dos CDs comprados em 2008 (aqui) e 2009 (aqui). Tenho a percepção que fui mais contido neste ano. Ao contrário dos anos anteriores, em que eu entrava em lojinhas de CDs em toda cidade procurando alguma raridade, desta vez deixei para fazer isso em Londres, último trecho da viagem.

Não que não tenha comprado nada antes. Os primeiros CDs foram pegos no meio da viagem, em Barcelona. Alguns na Fnac (como o duplo ao vivo da The Band e a coletânea dupla do Eels) e outros na sensacional loja Revolver, na Calle Tallers, número 13 (site oficial aqui). Se você algum dia passar por Barcelona sinta-se obrigado a ir a esta loja. E cuidado: a sessão de bootlegs em CDs e DVDs é um perigo para a sua conta bancaria.

Os dois DVDs do Fellini (com legendas em português) foram comprados na FNAC de Atenas e a grande maioria dos bootlegs numa lojinha barateira no mercado de pulgas da capital grega. E os vinis em Cowes, na Ilha de Wight. Depois disso apenas Londres. A maioria dos CDs foi comprada entre a Fopp e as duas HMV da Oxford Street. Uns três ou quatro itens eu peguei na MVE da Berwick Street (a rua da capa do segundo disco do Oasis). Quase nada de lançamento e muitas edições especiais…

junho 18, 2010   No Comments

68 cervejas diferentes em 30 dias

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Na verdade foram 69, mas não consigo de forma alguma entender a anotação que fiz da cerveja feita na Ilha de Wight, a primeira da hora daquele almoço. E também não foram apenas 68. Nos festivais (Primavera e Isle), em que você passa um bom tempo vendo shows, bebi várias São Miguel e Carling (respectivamente). E acho que a única extra que repeti foram as deliciosas Gusta na Turquia e a passável Red Stripe, em Londres.

Das minhas cervejas prediletas faltaram a Leffe e a Hoegaarden, ambas com posições garantidas entre os dez primeiros. As duas, inclusive, eram fáceis de se encontrar, e até topamos com versões 750 ml delas em um supermercado na Ilha de Wight (a da Leffe em versão rolha), mas o supermercado estava fechado quando voltamos para compra-las. Uma pena. Uma boa cota dessa lista veio do Belgo, o excelente bar belga em Londres (em Covent Garden. Saca um clique do cardápio dos caras aqui).

Inevitável, mas a Bélgica lidera disparado a lista, e isso levando-se em conta que metade da viagem foi feita no Leste Europeu, casa da tradicional Pilsen, que não reina aqui em casa. Aliás, seria interessante alguém listar a diferença da Alpha para a Mythos e desta para Roná e desta para a Nastro Azzuro e desta para a Carling e desta para a Fisher, Grolsh, Cobra, Kaiser, Red Stripe e Staropramen… todas praticamente iguais.

Duvel é o topo certo da lista. Uma cerveja saborosa e tremendamente alcoólica, quase uma bomba relógio liquida que faz sonhar. No mesmo nível surge as Chimay, cervejas trapistas que em qualquer supermercado na Europa custa 2 euros, e no Brasil não sai por menos de R$ 20. Tanto a Red quanto a Blue são matadoras. Possível viver o resto da vida se alimentando delas.

A grande surpresa da viagem foi a Turquia. O Islã proíbe bebidas alcoólicas, e mesmo assim a Turquia fábrica ótimas cervejas como a Efes e a Gusta. Um nome para se provar em Praga é a Kout, feita em uma cervejaria que reabriu as portas faz pouco tempo, e que não tem uma boa distribuição. Local garantido de achar é no bar do prédio Dancing House, de Frank Gehry e Vlado Milunic. Tem duas ou três versões. Tente provar todas. Vale muito.

Há ainda os itens curiosos, como a Cannabis, cerveja ok feita de maconha, e fruit beers. Dessas, a Mongozo é disparada a melhor. Tem a mesma graduação alcoólica de uma Brahma, diferente das cervejas de limão (como a Sandy e as Marzens austriacas), fraquissimas. Abaixo a lista final. Para o começo do mês prometo um Top 100 incluindoas outras cervejas já listadas no Bebidinhas. Enquanto isso, um brinde. E saúde:

1) 5/5 – Duvel, Bélgica (aqui) 8,5%
1) 5/5 – Chimay Blue, Bélgica (aqui) 9%
1) 5/5 – Chimay Red, Bélgica (aqui) 7%
4) 4,96/5 – Kout Special Dark Beer 14°, República Tcheca (aqui) 6%
5) 4,95/5 – Grimbergen Cuvée de l’Ermitage, Bélgica (aqui) 7,5%
6) 4,92/5 – Grimbergen Optimo Bruno, Bélgica (aqui) 10%
7) 4,79/5 – Gouden Carolus Ambrio, Bélgica (aqui) 8%
8 ) 4,75/5 – Judas, Bélgica (aqui) 8,5%
9) 4,74/5 – Achel Blonde, Bélgica (aqui) 8%
10) 4,72/5 – Orval, Bélgica (aqui) 6,2%
11) 4,70/5 – Achel Brune, Bélgica (aqui) 8%
12) 4,66/5 – Westmalle Trappist Dubbel, Bélgica (aqui) 7%
13) 4,65/5 – Pauwel Kwak, Bélgica (aqui) 8,1%
14) 4,60/5 – Satan Gold, Bélgica (aqui) 8%
15) 4,50/5 – Grimbergen Blonde, Bélgica (aqui) 6,7%
16) 4,46/5 – Voll Damm, Espanha (aqui) 7,2%
17) 4,20/5 – Gusta Weiss Dark, Turquia (aqui) 5,5%
18) 4,09/5 – Efes Dark Brown, Turquia (aqui) 6,1%
19) 4,08/5 – Efes Dark, Turquia (aqui) 6,1%
20) 4,01/5 – Gusta Weiss, Turquia (aqui) 5%
21) 3,99/5 – Edelweiss, Áustria (aqui) 5,5%
22) 3,85/5 – Hofbrau Munchen, Alemanha (aqui) 5,1%
23) 3,65/5 – Soproni’s Fekete Démon, Hungria (aqui) 5,2%
24) 3,57/5 – McFarland, Holanda (aqui) 5,6%
25) 3,55/5 – Rethymnian Dark, Grécia (aqui) 4,8%
26) 3,01/5 – Craft Weiss, Grécia (aqui) 5%
27) 2,99/5 – Rethymnian Blonde, Grécia (aqui) 4,8%
28) 2,92/5 – Negra Modelo, México (aqui) 5,2%
29) 2,89/5 – Staropramen Cerný (Dark), República Tcheca (aqui) 4,4%
30) 2,88/5 – Kozel Cerný (Dark), República Tcheca (aqui) 3,8%
31) 2,86/5 – Craft Red Ale, Grécia (aqui) 4,8%
32) 2,85/5 – Mongozo Banana, Bélgica (aqui) 4,8%
33) 2,84/5 – Blanche De Bruxelles, Bélgica (aqui) 4,5%
34) 2,79/5 – Wadsworth 6 X, Reino Unido (aqui) 4,3%
35) 2,78/5 – Newcastle Brown Ale, Reino Unido – 4,7%
36) 2,76/5 – Mahou, Espanha – 5,2%
37) 2,76/5 – Efes Extra, Turquia (aqui) 8%
38) 2,75/5 – Kronenbourg 1664, França (aqui) 5%
39) 2,73/5 – Pilsner Urquell, República Tcheca (aqui) 4,4%
40) 2,72/5 – Craft Pilsner, Grécia (aqui) 5%
41) 2,71/5 – Amstel, Holanda (aqui) 5%
42) 2,65/5 – Arany Ászok, Hungria (aqui) 4,5%
43) 2,62/5 – Staropramen Granat, República Tcheca (aqui) 4,8%
44) 2,55/5 – Staropramen Premium Lager, República Tcheca (aqui) 5%
45) 2,54/5 – Gambrinus Svetly, República Tcheca (aqui) 4,1%
46) 2,49/5 – Hubertus Bräu, Áustria (aqui) 3,9%
47) 2,45/5 – Kozel Premium, República Tcheca (aqui) 4,8%
48) 2,32/5 – Tyskie Lech Premium, Polônia – 5,2%
49) 2,31/5 – Mythos Red, Grécia (aqui) 5,5%
50) 2,30/5 – San Miguel, Espanha 4,8%
51) 2,29/5 – Cannabia, Espanha (aqui) 4,8%
52) 2,28/5 – Kaiser, Áustria (aqui) 5%
53) 2,27/5 – Red Stripe, Jamaica (aqui) 4,7%
54) 2,26/5 – Cobra, Reino Unido – 5%
55) 2,25/5 – Eggenberg Vollbier, Áustria (aqui) 5,1%
56) 2,24/5 – Grolsch, Holanda (aqui) 5%
57) 2,20/5 – Fischer, Grécia (aqui) 5%
58) 2,11/5 – Alpha, Grécia (aqui) 5,4%
59) 2,07/5 – Wieselburger Stammbräu, Áustria (aqui) 5,4%
60) 2,06/5 – Carling, Reino Unido (aqui) 4%
61) 2,05/5 – Róna, Hungria (aqui) 5%
62) 2,04/5 – Nastro Azzuro, Itália (aqui) 5%
63) 2,02/5 – Mythos, Grécia (aqui) 5,4%
64) 2,01/5 – Dreher, Hungria (aqui) 5,2%
65) 1,99/5 – Elephant, Dinamarca (aqui) 7,2%
66) 1,85/5 – Gösser Märzen, Áustria (aqui) 5,2%
67) 1,10/5 – Sandy, Grécia 2,0%
68) 1,00/5 – Gösser Radler, Áustria (aqui) 2,0%

Fotos da viagem:
http://www.flickr.com/photos/maccosta/
http://www.flickr.com/photos/lilianecallegari/

junho 17, 2010   No Comments

Em São Paulo

Acabei de ligar a geladeira e colocar as cervejas para gelar. A pizza chegou, e é isso que temos de comida em casa hoje após um mês batendo perna pelo mundo. Na segunda, ainda em Londres, rolou despedida no Belgo com presença do Afonso e do Askera. Na terça, enquanto o Brasil jogava (feio), a gente esperava, esperava e esperava pelo vôo de conexão para Madri, que atrasou duas horas, e nos fez perder nosso vôo para o Brasil. A Iberia nos colocou em um hotel (eu, Lili, mais dois brasileiros, o Lúcio, que já fez o Caminho de Santiago oito vezes, e a Licia, e um grupo de chilenos) e o novo vôo remarcado saiu hoje ao meio dia me fazendo perder a festa de lançamento de “O Pequeno Livro do Rock”, a coletiva de imprensa do que seria o Woodstoock em Itu e uma tarde inteira livre para procurar um novo apartamento. A vida recomeça, mas ainda há coisas da viagem pendentes. Preciso atualizar a lista final das cervejas e fazer o balanção. Amanhã, combinado? 🙂

Ps. É bom estar de volta…

junho 16, 2010   No Comments

Paul McCartney na Ilha de Wight

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“Qual show você gostou mais?”, pergunta uma senhora que aparenta ter uns 50 anos, e que bate cartão no Festival da Ilha de Wight desde 2006. “Pink”, responde uma garota que não deve passar dos 18 anos. “A Pink foi realmente surpreendente”, completa a senhora. No banco ao lado do double decker bus que leva o público de volta pra casa, um casal de idade comenta: “Jay-Z foi legal, mas a Pink e o Macca foram demais. Quem será que eles vão trazer para o ano que vem?”. Senhores e senhoras, esse é o Festival da Ilha de Wight.

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As três primeiras edições do Festival da Ilha de Wight aconteceram no final dos anos 70 (mais precisamente 1968, 1969 e 1970), sendo que a última reuniu 600 mil pessoas (que foram ver Doors, Who, Leonard Cohen e Jimi Hendrix, entre outros). Após três décadas de silêncio, a ilha na costa sul da Inglaterra voltou a sediar o festival de música em 2002, e desde então anualmente a Ilha de Wight vira palco de grandes shows no mês de junho – ao lado de eventos como caminhadas de terceira idade e competições de regatas.

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No caso do festival de música, a organização impressiona. São dezenas e dezenas de barraquinhas que servem uma variedade extensa de comida (indiana, japonesa, mexicana, tailandesa, italiana, vegetariana, hambúrguer de carne de avestruz e muito mais), cerveja, vinho, roupas, chá, chocolate quente, doces, sorvetes, badulaques e tudo o mais, sem contar o parque de diversões que é montado no meio do evento para alegria dos aventureiros (uma bola de bungee jump era particularmente assustadora) e dos saudosistas (tinha até carrinho bate-bate).

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Alguém pode perguntar: e a música? A música está lá, bem representada, mas um festival de verão no velho mundo é muito mais do que música, pois os europeus (no geral, e os ingleses em particular) piram com os únicos dois meses e pouco de sol que eles vão ter no ano, então o tempo bom é motivo para festejar. Não a toa, a maioria das 50 mil pessoas que congestionaram os ferries na travessia de Southampton para a Ilha de Wight o fez para acampar no festival, uma coisa tão inglesa quanto o carnaval para os brasileiros.

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O público não poderia ser mais diversificado. Pais com filhos, moleques e meninas de 10 anos curtindo os shows em turma (e mandando SMS para os pais avisando que estava tudo bem), hippies velhos que já viram centenas de outros festivais, vovós (uma senhorinha em particular chamou a atenção: ela estava com a camisa do festival de 2007, tinha vários bottons dos Stones na bolsinha e comia um bolo de chocolate enquanto um dos shows não começava) e uma multidão de gente fantasiada, que deixa o ambiente meio nonsense, mas também divertido.

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O festival acontece em um parque nos arredores de Newport, principal cidade da ilha, e parece ser feito especialmente para quem lota os campings, e pode dar uma boa caminhada para ver seu artista preferido na hora que quiser e depois voltar pra “casinha”. Os shows começam às 11h da manhã e seguem até meia noite numa extensa maratona. São dois grandes palcos (o menor deles numa tenda), um palco acústico e algumas tendas eletrônicas (que funcionam na madrugada para os corajosos, que são muitos).

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A programação 2010 começou na sexta com shows de Florence + The Machine, Doves, Calvin Harris e Jay-Z (queridinho da liga de festivais europeus), entre outros, mas chegamos apenas no sábado, exatamente quando Ezra Koening subia ao palco com seu Vampire Weekend para seu já tradicional grande show. A apresentação funciona melhor em um lugar pequeno (com todo mundo dançando abraçado como no Werchter e no T In The Park em 2008), mas a banda cresceu e convence também em um grande palco. “Horchata” foi cool, mas “Cousins”, “Walcout”, “A-Punk”, “Oxford Comma” e “Cape Cod Kwassa Kwassa” foram celebrativas.

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O Blondie, na seqüência, mostrou boas canções recentes e alguns clássicos antigos. A musa Debbie Harry está bem diferente do show do Personal Fest, em 2004 (aqui), parecendo mais um robô estático no palco do que a deusa de toda uma geração. Um simples movimento de cabeça puxa outras parte do corpo (será culpa das cirurgias plásticas?), e a cena toda é bem estranha. A voz faltou em “Call Me”, mas as versões de “One Way Or Another” e “Heart of Glass” (que eles não tocaram em Buenos Aires) honraram o mito. Ela deixou o palco recomendando: “Não façam nada que eu não faria”. Sei…

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Na posição de headliners, o Strokes fechou a segunda noite com um show quilômetros à frente da apresentação mediana que fez em São Paulo, no Tim Festival, anos atrás (relembre aqui). A banda evoluiu muito, e Julian Casablancas (bêbado ou drogado, procure vídeos no Youtube e decida) toda hora repetia o quanto era bom estar de volta. O problema é que o show foi curto (a primeira parte acabou com 13 músicas e eles fecharam a noite com 17) e não trouxe nada de novo. Os caras ficam parados dois anos e voltam fazendo o mesmo show de dois anos atrás (no meio das gravações do disco novo). Frustrante, mas ainda assim um grande show. Agora só falta aprender a usar as luzes do palco a favor…

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Para o domingo, a grande atração era Sir Paul McCartney, mas o dia começou com Suzanne Vega no palco acústico fazendo um show normal, com banda. Ela tinha se apresentado no palco principal ao meio dia (será que alguém acordou para vê-la?), e a organização sabiamente a colocou também neste palco num horário decente (19h). A primeira coisa que ela fez foi agradecer a presença do público: “Obrigado por vocês estarem aqui e não no palco principal vendo a Pink”, espetou. O show começou com “Marlene on The Wall”, do primeiro álbum da cantora, e misturou canções velhas e novas em uma apresentação delicada e bonita.

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Deixamos Suzanne Vega sete músicas depois (e antes do final) para tentar encontrar um bom lugar para ver Paul McCartney no palco principal, o que nos deu oportunidade de presenciar ainda três músicas da Pink (uma delas, a cover de “Roxanne”, do Police) e perceber o quanto ela é querida na Inglaterra, com todo mundo cantando/berrando junto suas canções. No bis, a cantora voltou fazendo malabarismos em uma corda sobre o imenso público. De impressionar (tente acha-la aqui). A música não diz muita coisa, mas a moça tem um pique no palco de causar inveja. O show terminou com rojões e cortina de fumaça. Bonito.

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Para fechar a terceira noite, e o festival, Sir Paul McCartney. O show começou morno (com “Venus And Mars/Rock Show” e “Jet”), mas nada como uma canção dos Beatles para colocar as coisas no lugar, função cumprida por “All My Loving” (com direito ao famoso baixo Hofner). “Letting Go” foi dedicada a John Lennon, e “Let Me Roll It” serviu para Paul mostrar seus dotes de guitarrista, citar “Purple Haze” no solo, e contar uma história ao final. “O disco “Sargeant Peppers” foi lançado numa sexta-feira em Londres. No domingo, Jimi tocou a música em um show em Londres. Foi sensacional. Jimi, essa música que toquei foi pra você”.

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Logo mais, Paul assumiu a guitarra de novo, e explicou: “Essa eu toco guitarra porque fui eu quem gravei a guitarra nessa canção”. E surge “Blackbird”, linda. “Dance Tonight”, uma das canções recentes, faz bonito na noite, mas o grande momento, logo após a alma se arrepiar com “Eleanor Rigby” foi… “Something”, uma canção beatle que não é dele. Paul surge no palco com um ukelele, e diz: “George adorava tocar esse instrumento”, e sozinho começa a música, com o palco todo apagado, de forma acústica. Quando a banda entra na segunda parte da canção, o palco se acende e o telão revela dezenas de fotos de George Harrison, para delírio do público. Emocionante.

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O trecho final é simplesmente arrasador. Começa com uma grande versão de “Band on The Run”, e segue com “Ob-La-Di, Ob-La-Da”, “Back in the U.S.S.R.”, “Paperback Writer” e “Let It Be”, todas em versões perfeitas. Em “Live and Let Die”, canhões de fogo aquecem o palco, mas nem precisava, tamanha a excelência da canção. “Hey Jude” fecha o show com 50 mil pessoas fazendo o coro do final por quase 10 minutos. A banda volta para o bis, e não economiza: primeiro vem “Day Tripper”, depois “Get Back” e “Yesterday”. Quando o riff de guitarra anuncia “Helter Skelter”, o céu parece que vai desmoronar. “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band (reprise) / The End” encerram uma noite inesquecível.

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Acabou? Quase. Os alto falantes anunciam o fim do festival (embora o grupo britânico James ainda estivesse tocando na segunda tenda) despejando em alto e bom som a clássica versão de Jimi Hendrix para “All Along the Watchtower”, gravada na Ilha de Wight em 31 de agosto de 1970 (dezoito dias antes da morte do guitarrista). Ao mesmo tempo, o céu vira um colorido de fogos e rojões que duram os quase seis minutos da canção num fechamento simbólico comovente. O Festival da Ilha de Wight celebra o fim da edição 2010 com muito estilo. Que venha 2011.

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Set list dos Strokes

1. New York City Cops
2. The Modern Age
3. Hard To Explain
4. Reptilia
5. What Ever Happened?
6. You Only Live Once
7. Soma
8. Vision of Division
9. I Can’t Win
10. Is This It
11. Someday
12. Red Light
13. Last Nite
14. Encore:
14. Juicebox
15. Under Control
16. Heart In A Cage
17. Take It Or Leave It

 

Set List de Paul McCartney

1. Venus And Mars/Rock Show
2. Jet
3. All My Loving
4. Letting Go
5. Let Me Roll It / Purple Haze
6. The Long and Winding Road
7. Nineteen Hundred And Eighty Five
8. I’m Looking Through You
9. Blackbird
10. Here Today
11. Dance Tonight
12. Mrs Vandebilt
13. Eleanor Rigby
14. Something
15. Sing the Changes
16. Band on the Run
17. Ob-La-Di, Ob-La-Da
18. Back in the U.S.S.R.
19. Paperback Writer
20. Let It Be
21. Live and Let Die
22. Hey Jude
23. Encore:
23. Day Tripper
24. Get Back
25. Yesterday
26. Helter Skelter
27. Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band / The End

junho 16, 2010   No Comments

Últimos dois dias em Londres

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Já já apareço para contar sobre o Isle of Wight. Correria (ainda bem).

junho 14, 2010   No Comments

Todo dia parece domingo em Londres

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A sexta-feira, nosso único dia inteiro em Londres, começou tipicamente inglesa: cinza, fria e com uma garoa insistente. Até parecia domingo, e Morrissey diria: todo dia parece domingo aqui. Colocamos o guarda-chuva na mochila e fomos caminhar pela capital do mundo pop, cidade cujas ruas estampam cartazes dos lançamentos do momento (hoje: o álbum de estreia do Drums e a coleção de singles do Oasis) e onde possível ouvir grande parte dos idiomas do mundo.

Começamos o dia na National Gallery, que por extrema incompetência cultural eu deixei de visitar nos dois anos anteriores que passei pela cidade. Das 61 salas passamos por 45, deixando a área com pinturas do século XV para uma próxima visita (talvez terça-feira, quem sabe). Há muita coisa foda na coleção, embora não exista nenhuma obra inconteste no acervo (talvez a Toilette de Venus, único nu desenhado pelo espanhol Diego Velazquez, mesmo assim inferior a “As Meninas”).

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Nunca tinha visto tanto Rembrant junto (apenas uma sala chega a ter dez obras suas, mas há várias outras espalhadas pelas demais salas), aquela coisa densa, meio macabra. Foda. Aliás, isso é um mérito da National Gallery: eles tem um grande número de quadros de dezenas de artistas, como Tiziano, Monet, Turner, Pissaro, Van Gogh e Canaletto (deste último existem umas seis ou sete pinturas lindas retratando a Veneza do século XVIII).

Meus preferidos, além do Velazquez, foram Holbein (um impressionante exercício de vida e morte com “The Ambassadors”), Vermeer (o detalhista “A Young Man Standing at a Virginal”), um Seurat (achei meio futurista e totalmente triste “Bathers at Asnieres”), Hayes (em um belíssimo e acadêmico retrato de “Susannah at Her Bath”), Renoir (“At The Theatre”, “Umbrella”), Pissaro (“Boulevard Montmatre”), Turner (“The Fighting Temeraire”) e Cezanne “(“Bathers”).

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O sol saiu pouco depois das 13h, quando deixamos a National Gallery. Um imenso telão preparado para transmitir os jogos da Copa foi colocado no meio da Trafalgar Square, mas tinha chego a hora de uma visitinha ligeira (nem tanto assim) às minhas megastores prediletas de CDs no mundo: a Fopp e a HMV. Sai carregado das duas lojas com mais de 20 CDs e comprei tudo aquilo que eu ainda não tinha comprado na viagem.

Para comer, contrariando a fama de a comida londrina é ruim, fomos procurar algum pub bacana. Na verdade, Londres é isso: a comida barata é ruim. Não é como Istambul, Atenas, Santorini ou São Paulo, que com R$ 10 você come algo razoavelmente bem (no caso das três primeiras, muito bom). Em Londres você precisa pagar acima de R$ 20 pra isso, e incluindo cerveja (obrigatória, né) a conta pessoal pode estourar um orçamento econômico.

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Fim de viagem, decidimos investir em um pub legal, e fomos ao Belgo, um pub que destaca no cardápio aproximadamente 80 cervejas belgas mais pratos tradicionais do país, como o Mexilhão (que Lili investiu, feliz). Fui do não menos tradicional fish and chips, com a massa sendo cozida em cerveja Hoegaarden, uma delicia. Além, claro, de três cervejas trapistas (duas Achel de 8,0% e uma Orval) O Belgo fica em Covent Garden (Rua Earlham, 50), os garçons trabalham vestidos de monges e o clima todo é muito bacana. Já é meu pub preferido em Londres.

À noite rolou baladinha em Brick Lane, no 93 Feet East. Fui encontrar o Afonso Capellaro (você chegou a ouvir o programa de rádio que fizemos juntos sobre o Primavera Sound, em Barcelona. Tem reprises na Rádio Levis). Ele tinha dado a dica de uns shows legais na área, e fui conferir (aproveitando para ver jogos da Copa no telão). Só vi a última música do David’s Lyre e gostei. E vi boa parte do show da timida (e bonita) Laura Hocking (subo um vídeo asim que conseguir uma conexão boa) além de beber duas Red Stripe (cerveja jamaicana), uma cerveja polonesa que não lembro o nome e fechar com uma boa Newcastle Brown Ale.

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Rolou pegar o último metrô para Shepherds Bush, dançar bêbado “Billy Jean” com mais umas 30 pessoas na estação Liverpool Street (momento divertidíssimo com um cara tocando numa entrada, as pessoas dançando animadas como se estivessem em uma balada, e indo cada um para o seu lado assim que a música acabou. Três minutos de felicidade e risos) e chegar em casa para aproveitar algumas horas de sono antes da viagem para a Ilha de Wight. No fim de semana, Vampire Weekend, Blondie, Strokes e Paul. Conto tudo na segunda.

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junho 13, 2010   No Comments

Manhã em Istambul, noite em Londres

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Acordamos animados para a nossa última manhã em Istambul. Sol lindo no céu, povo animado nas ruas, o som da reza nas mesquitas no ar, muita coisa ainda pra conhecer. Aproveitamos que estávamos ali do lado e fomos ao Palácio Topkapi, lógico, sem a intenção de vê-lo inteiro, afinal o palácio circundado por muralhas tem uma área total de 700 mil metros quadrados, área maior que a do Vaticano e metade do que o principado de Mônaco.

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Construído entre 1475 e 1478 (e aumentado nos sultanados seguintes), o Topkapi foi o centro da administração do império otomano por mais de 400 anos, sendo um belo exemplo da arquitetura otomana e um ponto de partida para entender a força do império, a religião islã, o sultanato e suas particularidades (as vestes, o harém e tudo mais). Construções imponentes, muitos detalhes em azulejaria e pinturas belíssimas, objetos religiosos e uma vista para o Bósforo completam o passeio.

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Até que pelo tempo que tínhamos conseguimos aproveitar bem o Topkapi. Na saída ainda demos uma esticada no Hipodramo (que fica ao lado da Mesquita Azul, e antigamente recebia corridas de bigas para um público de 100 mil pessoas, mas hoje é só uma praça), local que abriga a relíquia mais antiga da cidade: um obelisco egipicio de 3500 anos trazido para Istambul pelo imperados Teodósio I do Templo de Karnak, em Luxor. Terremotos vem e vão e o Obelisco ali, imponente.

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Nos atrasamos (cinco minutos só) para o shuttle que iria nos levar ao aeroporto de Sabina Góksen (que atende as companhias barateiras, como a Easyjet), no lado asiático, 1h30 distante da cidade (o aeroporto principal, Atatürk, é bem mais perto e acessível) num daqueles translados que parecem eternos. De Sabina, vôo de quatro horas para Londres (mas fuso horário de duas) e chegamos no aeroporto de Luton com nossos 40 quilos de bagagem às 18h.

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A entrevista na imigração foi tensa e engraçada. Um senhor grisalho perguntou o que nos trazia a Londres, e comentamos que estávamos indo ver um show do Paul McCatney na Ilha de Wight. “Você tem os tickets?”. “Não, compramos pela internet e vamos retirar na hora”. Silêncio. “Quanto custou?”. “Cerca de 250 pounds”. Silêncio. “Cada um ou os dois?”, como se ele estivesse por dentro do preço de ingressos para festivais no Reino Unido. Antes de liberar, ainda ironizou Lili: “Você devia ser jornalista e ele arquiteto. Arquitetura é coisa de homem”. Ok, bye bye tiozinho.

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Chegamos em Shephers Bush (bairro que deu ao mundo o Who) quase às 21h, detonados de cansaço. Tempo nublado e frio na cidade. Comemos em um restaurante indiano e apagamos. O dia (nosso único dia inteiro em Londres na viagem) promete muito (Nationa Gallery, passeio em Covent Garden, lojinhas de Cds, Tate Modern à noite) e amanhã de manhã partimos para a Ilha de Wight (e previsão garante: vai chover no festival). Fim de viagem tremendamente corrido, mas está valendo a pena.

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junho 11, 2010   No Comments

Em Istambul: “5 euros, 10 liras, muito barato”

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O povo turco tem o dom para o comércio e usa essa dádiva com um bom humor que impressiona (principalmente aqueles que já foram “maltratados” em alguma loja em Paris). Eles perguntam seu nome, de onde você vem, e assim que você responde “Brasil” eles soltam tudo o que sabem sobre o país privilegiando o “Bom dia”, o “Obrigado”, o “Bom negócio” e o “Muito barato” (item importante). Eles te tratam bem, e parecem fazer isso muito mais por prazer do que por comércio.

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O nosso terceiro dia de Istambul foi, de longe, o melhor, e não só de nossa estadia aqui, mas também um dos melhores dias de toda a viagem. Caminhamos em uma igreja (hoje museu) de quase 1500 anos, entramos em uma outra mesquita, navegamos pelo estreito de Bósforo (e vimos o Mar Negro no horizonte), visitamos as ruínas de um castelo bizantino, bebemos chá, voltamos ao Spice Bazaar e ao Grand Bazaar e terminamos o dia comendo pide, a pizza turca.

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Logo de manhã, com o sol finalmente marcando presença, entramos na Hagia Sophia, primeira catedral desenhada no formato de basílica de três naves com cúpula, modelo que a igreja católica iria usar muito posteriormente. Há tanta história entre as paredes da Hagia Sophia que chega a causar arrepios. Ela está judiada, mas continua imponente tendo sobrevivido aos piores terremotos que abalaram a Turquia nos últimos mil anos.

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Hagia Sofhia começou como uma igreja, construída por Justiniano em 537. Em 1204 foi pilhada pelas cruzadas e por vikings ao mesmo tempo em que era elevada a posição de igreja matriz do catolicismo. Em 1261 passou a ser uma catedral ortodoxa e só em 1453 foi transformada em mesquita, e assim funcionou até 1935, quando virou museu. E a grande obra do Museu Hagia Sophia é o próprio prédio, histórico, grandioso e arrepiante. Uma jóia.

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Dali partimos para o Nostalgic Bosphorus Tour (dica do Carlos), uma passeio de barco que sai do porto de Eminönü, quase no Mar Marmara, e vai até o porto de Anadolu Kavagi, quase no Mar Negro. O barco navega o estreito de Bósforo inteiro parando de um lado na Europa, do outro na Asia. O Bósforo separa os dois continentes, e foi o principal caminho para que Rússia e países do Oriente Médio chegassem ao Mar Egeu e ao Mediterrâneo, e, consequentemente, à Europa.

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No último porto do passeio de 1h30, na vila de Anadolu Kavagi, há ruínas de um castelo bizantino, que foi ocupado durante séculos visando a proteção da entrada do estreito para quem vinha do Mar Negro. Pegamos um taxi para subir até o castelo (pela falta de tempo) e ganhamos um guia: o motorista Ismail, um senhor que está aposentado faz 25 anos depois de ter trabalhado por 35 na monitorização do estreito por parte do exército turco.

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Segundo Ismail (aqui numa foto conosco), a vila de Anadolu Kavagi tem 4 mil habitantes, mil destes soldados que trabalham até hoje monitorando a entrada do Bósforo. Ismail contou detalhes das ruínas, relembrou histórias do exército, contou da família e disse que no final da estrada paralela ao castelo, já no Mar Negro, há uma vila de pescadores que faz um peixe ótimo (segundo ele, menos salgado que o peixe tradicional devido a baixa salinidade do Mar Negro). Uma simpatia.

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Acabamos, no entanto, comendo um peixe na própria vila de Anadolu, quase em frente ao porto. Porém, se você um dia for fazer esse passeio (e faça, pois vale a pena), saiba que grande parte dos restaurantes de frutos do mar ali não vendem bebida alcoólica, pois o consumo é proibido pelo Islã. Cheguei a pedir, me disseram que não tinham, mas sai atrás de uma latinha para acompanhar o peixe, e encontrei. Voltei pra mesa, mas antes de abrir me alertaram (amigavelmente) que era proibido beber ali. Religião é religião, e a cerveja (essa) foi parar na mochila.

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A viagem de volta foi tranqüila e sonífera, e chegamos em tempo de passar novamente pelo Spice Bazaar (em que os venezianos vinham vender suas especiarias na antiguidade) e pelo Grand Bazaar para comprar presentes pros amigos. No primeiro, um jovem do Curdistão me atendeu. Ele tem 18 anos, mas planeja aos 22 ir embora para a Espanha. “Preciso aprender a falar espanhol primeiro”, comentou em um inglês muito melhor do que o meu (o que não é difícil, diga-se de passagem).

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No Grand Bazaar, quase fechado, paramos em uma lojinha de pashminas. Enquanto Lili escolhia, o dono conversava comigo, e um funcionário mais novo, filho de um amigo dele, acompanhava nossa conversa para aprender como se fala o inglês (logo comigo, que tenho um inglês péssimo). Mesmo assim foi divertidíssimo. Trocamos impressões sobre o Brasil e a Turquia (“Você está brincando que o Brasil inteiro é quase do tamanho da Europa?”) enquanto Lili aprendia – na marra – a arte da barganha. Valeu a pena. A gente acha…

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Ainda comprei uma camisa da seleção brasileira (pirata, mas boa: era 25 liras, mas quando fui virando as costas caiu pra 20 e assim que pisei fora da loja ele disse 15. Comprei) para ir à rigor em clima de Copa do Mundo ao Festival da Ilha de Wight, sábado e domingo. Nesta quinta, começo da tarde, voamos para Londres, e a saudade de Istambul já começa a bater no peito. Antes, porém, queremos ir ao Palácio Topkapi. Melhor descansar.

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Ps1. O Strokes, que fecha o segundo dia do festival da Ilha de Wight (eu quero mesmo é ver o Vampire Weekend), fez um show secreto hoje em Londres. Veja o set list aqui

Ps2. O Islã proíbe o consumo de bebidas alcoólicas, mas a Turquia faz algumas belas cervejas, como a Gusta e a Efes. Desta última experimentei a Dark, a Extra e a Brown (essa), que nada mais é que uma cerveja com gosto de café. E fica bom!

Ps3. O passeio de barco pelo Bósforo custa 25 liras, ida e volta (e a lira está quase 1 pra 1 com o real). Você pode olhar os horários dos barcos neste link aqui.

Ps4. Provei Cola Turka (aqui). Até o Golé Cola é melhor.

Ps5. Alguém sabe nos dizer o que vendem esses carrinhos aqui?

Ps6. No Grand Bazaar você é obrigado a pechinchar. No Spice, não. O preço que eles falam é o preço que será (pode até rolar um desconto, mas não é obrigatório).

Ps7. London Calling

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Mais fotos da viagem:
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junho 9, 2010   No Comments