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Category — Cenas de SP

Cenas da vida em São Paulo: A marcenaria

A pessoa leva duas peças de madeira na marcenaria do bairro para um serviço, que havia sido orçado antes e já estava combinado. O dono está almoçando e, para não incomoda-lo, o rapaz sugere a um funcionário deixar as peças ali. E começa o diálogo:

– Mas avisa ele ali na cozinha…
– Hummm, ok!

– Oi, deixei as madeiras ali, ok?
– Ahh, deixa eu ir lá ver!
– Não precisa parar o almoço não, depois o senhor olha…
– Vamos lá ver…

– É para dividir no meio e fazer o acabamento nas bordas, certo?
– Isso.
– Então vão ficar quatro peças, quatro prateleiras.
– Exatamente.
– É para DVD?
– Sim!!!
– Samba, forró ou pagode?
– Filmes!!!
– Nossa, não me lembro a última vez que vi um filme. Hoje, se começasse a ver um, eu dormiria no meio…
– Eu adoro! Tento ver de dois a três por semana, ainda mais agora, que estou com um bebê de um ano em casa, e ir ao cinema ficou mais complicado…
– Cinema eu não tenho a mínima ideia a última vez que fui!
– Sério?
– Sim.
– Uma vez, muito tempo atrás, eu fui barrado no Cine Marrocos, porque naquela época para entrar no cinema era preciso ir de terno e gravata. Eu estava de blazer e com um jeans por baixo. O bilheteiro não me deixou entrar, e me devolveram o ingresso. Tive que ir embora…
– Naquela época o pessoal podia se dar ao luxo de perder cliente…
– Ahhh, era outra época. Acredita que quando saí de Recife para vir para São Paulo, 58 anos atrás, fiz uma viagem de nove dias. Naquela época, os ônibus de quem vinha de fora paravam sempre no Brás, e você nem bem descia do ônibus já tinha gente te puxando pelo braço para colocar numa Kombi e te levar prum trabalho. Eu cheguei a São Paulo com quatro ofertas de trabalho! Meu irmão já tinha ajeitado tudo para mim numa marcenaria. Mas ninguém ficava sem emprego não. Hoje, o rapaz estava me contando, tinha fila de dar volta no quarteirão para disputar 20 vagas em um supermercado…
– Como mudou…
– É muita gente, diz o funcionário, também com idade bastante avançada, que até então estava ouvindo a conversa. E continua:
– O problema é querer ser primeiro mundo com educação de terceiro mundo. Dai não dá.

É, não mesmo.

janeiro 13, 2020   No Comments

Cenas da vida em São Paulo: O pastel

O rapaz está descendo a Rua Augusta, e as fotos de uma pastelaria chamam a atenção. Ele para e começa a pensar no que pedir, quando um garoto lhe pergunta:

– Moço, não quero dinheiro não. Por favor, você poderia pagar algo para eu comer. Estou com fome.

Ele pensa alguns microssegundos e responde:

– Vem comigo, vamos escolher.

Os dois pegam a promoção de “pastel de carne com queijo e um caldo de cana por R$ 11,99”, e a atendente avisa:

– Podem esperar na mesa que levo até lá.

Os dois se sentam na mesa e começam um diálogo:

– Está feliz com o título do Palmeiras?, pergunta o rapaz, vide que o garoto vestia uma camisa do time do antigo Parque Antártica.
– Decacampeão! Decacampeão! Você torce para que time?
– Sou corintiano. Esse ano não foi dos melhores.
– Verdade. Esse técnico de vocês não era bom.
– Mas o outro está voltando…
– O Tite??
– Não, quem dera. O Carille!
– Ahh, ele é bom. Esse outro último era muito fraco…

Os pasteis e os caldos de cana chegam. Dessa vez é o garoto quem pergunta:

– Você estava vindo de onde?
– Da farmácia. Fui comprar algumas coisas para o meu filho.
– Quantos anos ele tem?
– 23 dias…
– 23 dias??? Ele é um recém-nascido então!
– Sim, bem pequeno ainda. Quantos anos você tem?
– 13!
– Então você nasceu em 2005!
– Sim, fiz aniversário no começo de novembro.
– E qual seu nome?
– Gabriel
– Uia, como o Gabriel Jesus
– Sempre me falam isso (ele comenta com um sorriso).

Os dois seguem se alimentando. Na Rua Augusta, a chuva fica um pouco mais forte.

– Que pastel bom!, comenta o garoto
– Sim (responde o moço concordando sem concordar, mas sem querer tirar a alegria do garoto).

O tempo está passando, e o rapaz tira o celular do bolso para ver se a mãe de seu filho mandou algum recado no Whats. O garoto, então, pede a palavra:

– Moço, posso te dar um conselho?
– Claro!
– Coloca senha no seu celular. O pessoal na rua quando pega, faz uma bagunça.
– Puxa, verdade, preciso colocar senha mesmo.
– É um celular bom!
– Então, o meu celular mesmo simplesmente apagou a tela, ficou toda preta, do nada. Perdi tudo que tinha nele. Ele até liga, mas a tela fica toda escura. Dai um amigo me emprestou esse enquanto pesquiso para comprar um novo para mim. Por isso não tinha colocado senha ainda. Pretendo devolver esse celular logo. Mas vou escutar o seu conselho e colocar.

O garoto assente com a cabeça, sorri, e segue feliz para o pastel. A chuva diminui na Augusta. Agora, São Paulo honra seu apelido de Cidade da Garoa.

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outras cenas

dezembro 1, 2018   No Comments

Cenas de SP: Dawson, Joey e Felicity

Um casal papeia numa loja na rua Frei Caneca:

– Como era o nome daquela série que o cara namorava uma garota e…
– Não é série, é filme
– É série! A garota depois casou com o Tom Cruise
– Ahhhh, é verdade… Felicity!
– Isso, Felicity!

E no purgatório das séries, Dawson rola no caixão…

Outras cenas de SP

junho 7, 2018   No Comments

Cenas de SP: 11/04 – 03/05

Largo do Paissandu, vista da Galeria do Rock

11/04

13/05

#QuemOcupaNãoTemCulpa

Cenas de SP

maio 3, 2018   No Comments

Cerveja + Comida: Cão Véio Tatuapé e GET

Na próxima segunda-feira  (05/03), a turma da GET Cervejas Especiais se junta ao pessoal da novíssima unidade do Cão Véio Tatuapé para a quarta experiência do Cura Para a Segunda do Cão, uma série de jantares harmonizados com cervejas. Alguns dias atrás tive o prazer de prova-los e o resultado agradou bastante.

Os quatro pratos foram desenvolvidos pelo gastropub do Chef Henrique Fogaça e surgem devidamente escoltados com as cervejas inglesas da Adnams, marca exclusiva no Brasil da importadora GET. A elaboração da harmonização e apresentação do evento ficou sob responsabilidade do sommelier Riccelli Adriel.

A primeira edição ocorreu originalmente na matriz em Pinheiros em 2016. Contando já com três edições de bastante sucesso, a casa e a distribuidora acharam o momento ideal para repetir a dose e poder apresentar ao público as novas unidades recém abertas do Cão Véio, “expandindo a cultura cervejeira e a boa gastronomia sem frescura”, conforme assinatura da casa. Abaixo as harmonizações que provei:

Abrindo o cardápio, a Adnams Dry Hopped (Galaxy) Lager surgiu harmonizada com a Doberman, uma salada com folhas variadas, queijo tipo gruyère, manga, tomate pêra, castanha de cajú, manjericão, dill e hortelã finalizada com molho oriental. Esse é o primeiro prato é uma entrada, uma “saladinha” que combina muito bem essa interpretação britânica de uma (australian) lager lupulada norte-americana. Belo começo!

Para o segundo prato, um salto. A harmonização segue com a Adnams Crystal Rye IPA mais o Bulldog Inglês do Cão Véio Tauapé, um sanduíche com hambúrguer de kobe bovino, bacon, queijo cheddar, cebola roxa caramelizada e pepino em conserva, servido no pão australiano. Absolutamente perfeito!

O terceiro prato combina a Adnams Blackshore Stout (escrevi sobre ela aqui) com o Mastim, sanduíche de cupim assado lentamente, finalizado na manteiga de garrafa com vinagrete de agrião, cebola roxa e tomate servido no pão caseiro. O molho é o De Cabron Chipotle Maracujá, de Henrique Fogaça. A harmonização é uma surpresa incrível valorizando o cupim, a manteiga de garrafa, o achocolatado e o café. Meu favorito de todo o passeio.

Fechando, uma sobremesa. O quarto e último prato reúne a Adnams Broadside (escrevi sobre ela aqui) com o Vagabundo, uma rabanada de brioche no pão australiano, creme inglês com Jack Daniel’s e, nesta versão especial para a Cura Para a Segunda do Cão, compota de banana. Uísque, cerveja, banana, creme inglês e amor.

SERVIÇO (LIMITADO Á APENAS 40 LUGARES)
CURA PRA SEGUNDA DO CÃO – CÃO VEIO TATUAPÉ
DIA: SEGUNDA – 05/03 – 20h
INGRESSOS: R$135,00 + SERVIÇO
Rua Itapura, 1534 – Vila Gomes Cardim, São Paulo – SP
Reservas: Venda de ingressos no local ou pelo fone (11) 2373-3310

março 3, 2018   No Comments

Um roteiro de blocos no carnaval de SP

As tragédias deste primeiro fim de semana de Carnaval em São Paulo me colocaram para baixo num ano em que sair em bloco já era uma preocupação. A morte do Lucas, um estudante de apenas 22 anos, eletrocutado a cerca de 200 metros de casa por incompetência de uma empresa contratada pela (cada vez mais incompetente) prefeitura de São Paulo foi um balde de água fria na alegria carnavalesca, que ainda sofreu mais um baque com a tragédia do posto de gasolina da Rebouças. Parece que o amor que víamos nos blocos nos últimos anos foi contaminado pelo clima de guerra que movimenta o cenário político (e só nós temos a perder, não eles) tanto quanto pelo abandono da cidade por uma gestão (prefake) que mata culposamente dia-a-dia (seja nas marginais, seja na Consolação).

Porém, sempre me lembro daquele texto sobre o show do Boogarins em Paris após os atentados, sobre como sair para rua é um vitória contra o medo e contra pessoas que não querem que o povo ocupe as ruas. Desta forma, a pedido de alguns amigos, decidi listar alguns dos meus blocos favoritos na folia paulistana e, especialmente neste ano, deixar algumas recomendações básicas de segurança: 1) cuidado com seu cartão do banco. Muitos ambulantes estão aceitando cartões, mas um golpe tem virado praxe na cidade (e não só em ambulantes como também em taxis): você passa o cartão para o vendedor, ele fica atento à sua senha e te devolve outro cartão, que você, na correria / alegria do bloco, não percebe que era o seu. E de posse da senha, ele vai e saca o quanto conseguir de sua conta. Então preste atenção na hora de efetuar a compra e, de preferencia, não dê o cartão na mão do vendedor: peça a máquina (educadamente) assim que ele digitar o valor, coloque a senha com segurança e devolva o aparelho a ele.

Outro golpe bastante corriqueiro nesses dias de bloco são os furtos de celulares e carteiras. Muita gente tem optado por não ir à folia com esses objetos, o que é altamente recomendável, mas se você precisa desses itens (ou não consegue desgrudar deles), apenas fique atento ao seu entorno: malandro assalta pessoas que estão distraídas, cujos pertences estão fáceis de serem furtados sem confusão. Opte por bermudas ou roupas em que seus pertences fiquem protegidos, e sem perder o humor e a alegria do carnaval, fique atento ás pessoas, olhando nos olhos, sorrindo e se divertindo, mas sobretudo atento ao ambiente em que você está. Quanto mais atento você está (e estar atento não é estar preocupado, ok!), mais você intimida investidas indesejadas. Dito isto, lá vão meus blocos favoritos para 2018:

Abaixo, oito blocos que pretendo foliar. Qual você recomenda?

Bloco Bollywood
Rua Augusta, 1318 – Consolação (foto acima)

Sai aqui do lado de casa e é divertidíssimo! É um bloco de carnaval indiano com público estimado entre 500 e 2 mil pessoas.

Bloco Urubó
Largo da Matriz de Nossa Senhora do Ó

Bloco modelo antigo de carnaval de rua de cidade do interior. Recomendo chegar mais cedo e almoçar no Frangó (que tem um carta de cervejas especiais bem bacana), descansar na escadaria da Igreja e emendar o bloco logo na sequencia. Público estimado de 2 mil a 5 mil pessoas. Também sai no domingo.

Bloco João Capota na Alves
Saída na rua Oscar Freire, metrô Sumaré

Batizado carinhosamente em homenagem às ruas João Moura, Capote Valente e Alves Guimarães, é um dos blocos que mais acompanhei nos últimos anos. Eles cantam marchinhas adaptadas e descer o morro todo santo ajuda. Público entre 5 mil e 10 mil.

Bloco 77 – Os Originais do Punk
Rua Simão Álvares, 590

É o meu bloco favorito hoje em dia, clássicos punk cantados no ritmo das marchinhas, afinal não devemos ter os que detêm o poder para desmarcar fascistas. Entre 2 mil e 5 mil pessoas. Eles saem também na segunda-feira!

Espetacular Charanga Do França
Rua Imaculada Conceição, 55 – Santa Cecília

Todo ano eu me planejo pra ir, e por algum motivo, não consigo. Talvez seja o fato de acordar “cedão” na segunda de carnaval, mas este ano mais uma vez tentarei ir atrás da Charanga com um público estimado entre 5 mil e 10 mil pessoas.

Bloco Esfarrapados
Rua Conselheiro Carrão – Bela Vista

A segunda-feira é dia do bloco mais antigo da cidade, os Esfarrapados do Bixiga, que desde 1947 passeiam pelas ruas do bairro com muita animação e folia. Antes do bloco, almoço numa cantina. Público estimado entre 10 mil e 15 mil pessoas.

Bloco Carna Kiss
Rua dos Pinheiros, 1100

Mais rock! O bloco celebra um ritmo pouco associado ao carnaval: o Rock. Indo desde os clássicos até os hits dos anos 90 e 2000. Nunca fui, mas fiquei curioso. Público entre 10 mil e 15 mil pessoas.

Leia também:
– “Curta o Carnaval que esse pode ser o seu último verão

fevereiro 6, 2018   No Comments

Dogma abre Tasting Room em São Paulo

Uma das cervejarias ciganas mais importantes do país agora tem um cantinho para chamar de seu. Ainda no modo de soft opening, a Dogma Cervejaria abriu as portas de seu tasting room no centro de São Paulo, mais precisamente no bairro de Santa Cecília, com 20 torneiras disponíveis, sendo que a ideia dos cervejeiros é utilizar a maioria para receitas experimentais e sazonais, mas também deixar algumas reservadas para clássicos do portfólio da Dogma.

Na quinta-feira (31/08) acontece o lançamento dos dois novos rótulos da casa (que serão distribuídos simultaneamente aos PDVs): Guava, uma IPA com goiaba, colab com a Hocus Pocus, e a Dogma Boreas, uma IPA com cryo hops, que estarão disponíveis em lata (R$ 33) e pressão (de R$ 19 por 180 ml até R$ 59 o litro – eles já estão enchendo growlers no tasting room e esperando as latas chegarem para começarem o processo dos crowlers).

No quesito exclusividades, o Dogma Tasting Room abre com quatro receitas novas, sendo que três delas vão ficar engatadas até acabarem os barris, e então eles engatam uma nova receita complemente diferente. A única fixa, por enquanto, será a Dogma Cecília, uma Kolsh bem leve produzida com lúpulo alemão e feita pra homenagear o bairro que os abriga: os preços são R$ 12 (180 ml), R$ 17 (350 ml) R$ 19 (473 ml) e R$ 37 o litro. Uma delícia! Levissima, lupulada e refrescante para conquistar adeptos no bairro!

Entre as novidades ainda estão a Dogma Altazor, uma Saison com nectarina e pêssego bem sutis; a Dogma unkest, que é “a Double IPA mais intensa que a gente fez”, segundo o cerveiro Bruno Moreno. De R$ 18 (180 ml) a R$ 56 o litro. E, também, a Dogma Cake, uma sensacional Russian Imperial Stout com coco. Logo logo eles engatam a St Fortunato XII (uma Belgian Strong Ale com tâmara) e a Lupulim (uma APA), duas receitas também exclusivas do Tasting Room! Outra belezinha que está engatada: Dogma Felix Culpa, uma Gose com mirtilo.

“Aqui foi pensado para ser mesmo um laboratório”, contou Bruno Moreno durante a visita de apresentação do tasting room para a imprensa. “A ideia é tentar fazer coisas diferentes que, de repente, não iriam ter tanta saída para se produzir numa cervejaria de 2 mil litros, mas também produzir Weiss, Pilsen e outros estilos clássicos e oferecer num preço melhor”, comentou, falando ainda da opção pelo bairro de Santa Cecília: “Nós nos identificamos muito com a cidade e queríamos estar no centro, queríamos ser a cervejaria que está fazendo cerveja no centro de São Paulo”.

A Dogma Tasting Room será aberto nesta quinta-feira às 17h com horário de fechamento às 23h, mantendo o mesmo horário na sexta-feira (17h às 23h). No sábado, o horário será de 12h às 23h e no domingo, 12h às 19h. Não há serviço de comida e petiscos na casa, mas haverá sempre um food truck na porta (assim como há uma pizzaria na esquina da Rua Fortunato, o que remete ao modelo do tasting room da Brooklyn Brewery, em Nova York). Além dos chopes haverá vendas de latas, camisetas, copos e outros itens da cervejaria.

HORÁRIOS
Quinta e sexta: 17h às 23h
Sábado: 12h às 23h
Domingo: 12h às 19h

VISITAS GUIADAS
12h (sábado ou domingo – reserva no email loja@cervejariadogma.com.br)

Tasting Room Dogma
Rua Fortunato, 236 – Santa Cecília – São Paulo – SP

agosto 31, 2017   2 Comments

Cinco fotos: Toulouse-Lautrec no MASP

A exposição de Toulouse-Lautrec ficará no MASP até 01/10/2017. Às terças-feiras, a visitação é gratuita!

agosto 13, 2017   No Comments

O sétimo ap que morei em São Paulo

Rememorando: Da Cardeal Arcoverde fui para a Teodoro Sampaio, de lá para a Rua Rocha, dai para a Antônio Carlos e depois para uma esquina da Rua Rosa e Silva, pertinho do Minhocão, e então para a Dr. Vila Nova, na esquina do Sesc Consolação, tudo isso em três anos de morador de São Paulo. Esse último endereço, um quitinete de menos de 40 metros, foi meu reino durante dois anos, e fui bem feliz ali. Mas eu queria um lugar maior, um apartamento “apartamento” mesmo. Meu chefe no trabalho não se conformava de eu não ter geladeira e muito menos fogão (só uma TV 29 polegadas, uma cama de casal, som e uns 10 mil CDs), e passei alguns meses olhando quitinetes maiores, mas acabei dando uma tremenda sorte ao descobrir que o apartamento ao lado do Bar do Zé, na Rua Maria Antonia, e a menos de 50 metros do meu, tinha sido colocado para alugar. Eu vi o cara colocando a placa de “aluga-se” e na hora liguei para a imobiliária. O apartamento estava um bagaço, mas tinha potencial. Acertei com a dona (no mesmo esquema de depósito de três alugueis) que iria repinta-lo, quebrar as paredes para colocar uma nova fiação elétrica e lixar os tacos. Ela topou assumir 60% dos gastos, que seriam abatidos nos alugueis, e lá fui eu. A primeira vez em que entrei nele vazio, reformado, me apaixonei. Havia um corredor na entrada, uma boa sala octagonal (sério!), uma cozinha pequena, mas funcional, lavanderia, um quarto enorme e um banheiro (com banheira). O aluguel seria só uns 30% mais caro que a quitinete anterior (acho que nem passava de R$ 500 em 2005) e, então, parti para montar um apartamento de homem solteiro decente, com sofá cor de laranja, pufes, guarda-roupa, fogão e geladeira. A boa vibe do apartamento em frente veio junto, e posso dizer que fui muito feliz na Rua Maria Antonia (virei freguês do Bar do Zé, daqueles que ficam no balcão papeando com os garçons com o mesmo copo de cerveja enquanto observava o movimento da rua, agitada por estudantes) – vale lembrar que o Bar do Zé é o bar que a galera dos festivais (Chico, Paulinho da Viola, Tom Zé e turma toda) frequentava no período do evento. Me mudei para esse apartamento em fevereiro de 2005 e fiquei lá até o meio de 2007, quando juntei os trapos com a Lili e fomos morar juntos na Rua Bela Cintra. Mas isso é assunto para um outro post…

Os apartamentos anteriores

agosto 8, 2017   No Comments

Cinco fotos: Jardim Botânico SP

Para visitação, informações aqui

Veja mais imagens no link “cinco fotos” (aqui)

agosto 7, 2017   No Comments