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Coachella, Day 3

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“Hoje é o dia mais quente do ano em Palm Springs”, avisa David, o “nosso” taxista. A temperatura bateu perto dos 40 graus na hora do almoço do domingo, o que previa um dia enlouquecedor no meio do deserto, mas até que a sensação de calor no último dia do Coachella não foi maior do que a do sábado, quando o festival (e as tendas, e a grama, e qualquer beirada de sombra) pegou fogo e derrubou muitos incautos.

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Ao contrário da programação do sábado, lotada de coisas legais para serem vistas na mesma hora, o domingo parecia um cassino de apostas: o negócio era colar em alguma tenda buscando um nome desconhecido e correr o risco de ver um grande show. Mas isso é só para quem tem fôlego e joelhos para andar debaixo do sol de 40 graus. Na dúvida, fomos no garantido. Nada de inovar no último dia do festival.

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Chegamos ao festival exatamente na hora que começava o show de Angus and Julia Stone, na tenda Gobi. O disco deles tem me acompanhado nos últimos meses, e até comprei o CD na Amoeba, mas o show (hippie e docinho demais) não combina com o deserto (assim como Joy Division não combina com churrasco). Tudo quente demais e Julia desfilando sua vozinha encantadora para uma tenda disputada pela sombra, não pelo show. Esqueço o show e vou continuar com o CD…

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Um pequeno buraco na agenda (@renato_moikano se animou pra ver o Jimmy Eat World, e voltou decepcionado) e da-lhe Newcastle Brown Ale no copo. O festival recomeçou para nós quando o duo (baixo e bateria) Death From Above 1979 fez um estardalhaço no palco principal em um dos melhores shows do dia. A dupla canadense, que encerrou as atividades em 2006, quebrou um silêncio de cinco anos com um show poderoso. Tomara que se animem e continuem tocando juntos.

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O Duran Duran veio na sequencia, e não conseguiu seduzir a plateia. E olha que eles começaram pegando pesado com os hits “Planet Earth” e “Hungry Like The Wolf”, emendaram uma nova e sacaram da cartola o hino “Notorius”, mas nem Ana Matronic, do Scissor Sisters, que subiu ao palco para um dueto em “Safe (In The Heat Of The Moment)”, conseguiu conquistar a audiência. A baladinha “Ordinary World” foi a deixa para troca-los pelo National, que tocava no mesmo horário no palco Outdoor.

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Não poderia ter sido melhor. Chegamos exatamente nos três números finais em que as incendiárias “Fake Empire”, “Mr. November” e “Terrible Love” deixaram todo mundo rouco de tanto gritar. Pouco importa o que veio antes das três. O trio final matou a pau e valeu a caminhada. Dava até para voltar e pegar mais umas duas do Duran Duran, mas preferimos guardar energia para a grande atração rock and roll da noite, os Strokes, que atrasaram 10 minutos para começar o show (e tiveram que cortar três canções novas do set list – depois dizem que Deus não existe).

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Se você não tem arranjos complexos, canções densas e nem balões que mudam de cor, o que fazer para tentar tirar o troféu de melhor show do festival das mãos do Arcade Fire? Fácil: toque alto, muito alto. Foi o que a turma de Julian Casablancas pensou e decidiu fazer, e se não conseguiram arranhar o brilho do show do grupo de Win Butler (que fez história na noite de sábado), ao menos fizeram um baita show de rock com riffs de guitarra passando navalhadas no ar.

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Exibindo hits (“Hard To Explain”, “New York City Cops”, “The Modern Age”, “Juicebox”, “Reptilia”, “Last Nite”, “Take It Or Leave It” e “Under Cover of Darkness”, muito aplaudida), o grupo foi salvo pelo atraso, pois o público iria dormir se eles tocassem as canções novas cortadas do set list (“Games”, que rolou, foi bocejante, mas “You’re So Right” até que soou melhor). Casablancas alfinetou a produção, reclamando por estar “esquentando” a noite para Kanye West, posou de junkie de butique (como sempre faz), mas cantou muito em um típico show de banda de garagem, sem muita vibração, mas com boas canções tocadas no volume máximo. Um bom show nota 7 (um show nota 10 deles é tão difícil quanto ganhar na megasena).

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O som do show dos Strokes estava tão alto que PJ Harvey precisou retardar sua entrada no palco ao lado para que seu público pudesse ouvi-la. Enquanto os Strokes tocavam a última, PJ disparava “Let England Shake” na auto-harpa. Mais falante do que no show de São Francisco, Polly Jean alternou canções novas com velhos hits em um belíssimo show que, como pedia um cartaz no meio do público, deveria ser o principal da noite. Ainda tinha Kanye West (que, descobrimos no hotel, tocou 26 músicas), mas a necessidade de arrumar malas e se preparar para Los Angeles se fez urgente. Ou seja, foi isso: trocamos uma mala por outra.

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O saldo final do Coachella foi extremamente positivo: um show inesquecível (Arcade Fire), várias apresentações de responsa (Flogging Molly, Death From Above 1979, Cold War Kids, Tame Impala, Suede, Kills, New Pornographers, National, Strokes, Black Keys, Big Audio Dynamite) e a certeza de que é possível fazer um festival para 100 mil pessoas mantendo qualidade de serviço, de som e de estrutura. A organização do festival está de parabéns (só não precisava colocar o Kanye para fechar o festival, mas zuzu bem), e Coachella 2012 está logo ali. Prepare-se.

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Top Ten Shows
1) Arcade Fire
2) Death From Above 1979
3) Flogging Molly
4) Suede
5) PJ Harvey
6) Cold War Kids
7) Big Audio Dynamite
8 ) Strokes
9) The Kills
10) Tame Impala

Leia também: Coachella Day 1 (aqui) e Day 2 (aqui)

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