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Category — Turismo

Algumas dicas rápidas de Barcelona

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Enviada por e-mail para alguns amigos…

Tenta visitar uma das casas malucas do Gaudi (de preferencia La Pedrera, que tem doc e outras coisas situando a obra do cara), o Parc Guell, caminhar no Barri Gotic (tem uma lojinha de sementes de maconha excelente – na Espanha é permitido ter um pé em casa), bater ponto na FNAC da Praça Catalunya e nas duas lojinhas de CDs/vinis fodas da Calle Tallers (Casteló e Revolver).

O Museu da Catalunha tem uma visão bacana da cidade. Tem também o teleférico de Montjuic. Sagrada Familia só vale entrar se você for encarar os trocentos degraus das torres (senão é coisa de arquiteto, pois é um canteiro de obras).

Comer: não deixe de provar o melhor hamburguer da cidade: Kiosko (www.kioskoburger.com -> metrô Barceloneta, sentido contrário da praia). Paella e carne boa e barata é no La Fonda, na Calle Escudellers, travessa das Ramblas, lá no final. Nessa mesma rua tem o La Pasta, sensacional (é barato). E tenta comer algo ou mesmo só andar no mercado La Boqueria (tb nas Ramblas).

Pra comprar trapistas a preço de Brahma: Carrefour das Ramblas tem Chimay e Judas. Tem um shopping chamado Diagonal Mar, no final da avenida Diagonal (metro Maresme – Forum), repleto de outras cervejas boas. E se quiser ver topless ou andar pelado, é só ir pra Barceloneta (hehe).

Eu sempre optei por comprar o bilhete diário de metrô, que permite você andar à vontade, mas o de 10 viagens também é jogo. Deixa eu pensar mais…

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Leia também:
– Sete lojas de CDs e vinis na Europa (aqui)
– Cinco fotos: Barcelona (aqui)
– Uma tarde caminhando no El Raval (aqui)
– Barcelona, a cidade dos arquitetos (aqui)
– “Te quiero, Barcelona” (aqui)
– Joan Miró, Mies van der Rohe e Parq Güell (aqui)

julho 9, 2012   No Comments

Histórias de Viagem: Um hotel e Cherry Coke

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Minha primeira vez em Paris começou com o pé esquerdo. Foi em um longo mochilão, em que por razões de economia, optei por pegar um voo de Madri (Barajas) para Paris às 6 da manhã por uma companhia barateira. Ou seja: cochilei durante a madrugada no aeroporto (lotado), e cheguei em Paris (Beauvais) às 8 da manhã – Beauvais é uma pequena cidade vizinha a Paris que atende voos da Ryanair.

Após quase 50 minutos de ônibus de Beauvais para o centro de Paris, comecei minha aventura francesa sofrendo para comprar o ticket de metrô (eu queria o de uma semana, mas na primeira tentativa só consegui fazer a senhora atendente me vender o unitário mesmo), e parti dali até o albergue que eu havia reservado via Hostel Word, o 3-Ducks, no 15º distrito, pertinho da Torre Eiffel.

Ao entrar no hostel, passado 10 horas da manhã, começou o sofrimento. Detonado pela noite mal dormida, eu só pensava em banho e cama. Queria tirar um cochilo e colocar a mala em algum locker antes de bater perna pela cidade luz. Primeira decepção: o 3-Ducks tem um horário de limpeza dos quartos de 11h até às 16h. Isso mesmo: nenhum quarto fica liberado neste horário (mesmo que você o reserve para uma semana – como eu havia feito).

Depois de argumentar bastante (e ouvir muita contra-argumentação; os franceses adoram), cansado e puto, pedi para guardar minha mala em um locker. Outra surpresa: não havia locker nem armário, mas sim uma sala de livre acesso a todos com todas as malas e mochilas de todos os hospedes. Eu já estava viajando há 30 dias, com uma mochila enorme, e duas mochilas menores (uma delas apenas com CDs comprados), e não havia a mínima condição de deixar as coisas ali.

Pedi para ir ao quarto, aproveitando o pouco tempo que havia antes das 11h, e tomar um banho. Mais uma surpresa negativa: o chuveiro era terrível. Voltei ao quarto extremamente puto, decidido a arrumar as coisas e ir embora, quando um japonês, de New Jersey, (percebendo meu “bad day”) salvou o dia: “Percebi que você está tenso. Você tem um mapa? Faz o seguinte: nos estamos aqui. Pega a Rua do Commercio que você vai sair na Torre Eiffel. Depois atravessa, vai no Arco do Triunfo e desce a Champs Elysees. Seu dia irá melhorar”.

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 E melhorou. Levei comigo a mochila de CDs, que deixei em um locker de metrô, cochilei em um passeio de balsa no Rio Sena (lembra do “Antes do Por-do-Sol”?) e decidi que iria procurar um hotel no dia seguinte. Durante a noite, até cogitei passar toda a estadia no 3-Ducks, mas não tinha como. Na manhã seguinte bati perna no 15º distrito, olhei alguns hotéis e acabei optando por um de… 1 estrela. No Mondial Hotel. E foi a melhor coisa que eu poderia ter feito.

Acho que paguei 38 euros por dia (a atendente, esforçada, entendia mais espanhol que inglês), mas o quarto (no quinto andar – sem elevador) era simples, limpo e aconchegante. Típico de Paris: havia pia e chuveiro, mas não vaso sanitário, que ficava no corredor (em muitos hotéis são assim). Lembrei-me de Paul Auster em “O Inventor da Solidão”. E sorri. Aquele seria o meu cantinho em Paris durante a próxima semana, e Paris (apesar do 3-Ducks) já tinha me conquistado no primeiro dia.

Havia uma estação de metrô na porta (La Motte-Picquet – Grenelle?, que virou a minha estação Nelson Piquet – não tinha como esquecer), mas uma caminhada direta de 10 minutos pelo Boulevard de Grenelle (uma longa avenida) me colocava de frente com a Champ de Mars, e consequentemente com a Torre. A região, repleta de bistrôs e alguns bares escoceses, demorava a dormir, o que permitia jantar mais tarde, ou encarar um bom pint de Jenlain, a melhor cerveja francesa (quase na fronteira com a Bélgica, mas é francesa!).

Durante o dia fiquei freguês de uma vendinha ao lado do hotel. Redescobri a Cherry Coke, e acho que nesse período bebi mais o refrigerante do que água. Em uma das tardes, após voltar do Louvre, abri a geladeira da vendinha, e havia apenas duas. Fiquei na dúvida se pegava ambas, mas levei só uma torcendo para que a outra ficasse até a manhã seguinte. Bobagem: quando entrei na vendinha no outro dia, o dono (um senhor grisalho, quieto e sério) me olhou, sorriu e mandou um “more Cherry Coke”: ele havia reposto a geladeira. Abri um sorriso, peguei o refri e, ainda, um pacote de madeleines.

Quando voltei a Paris no ano seguinte, pensei seriamente em reservar esse mesmo hotel, mas descobri um apartamento aconchegante em Les Halles (esse aqui), numa travessa da mítica Rua Montorguei (que já havia sido pintada por Monet em 1878 – olhe aqui), e foi paixão a primeira estadia (e a hospedagem mais barata de toda aquela viagem). Possivelmente nunca volte a ficar no Mondial Hotel, mas sempre vou me lembrar dele (e da Cherry Coke), pois ele salvou a minha primeira passagem pela cidade.

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Leia também:
– Histórias de Viagem: D’akujem (aqui)
– Diário de Viagem Europa 2008: 40 Dias (aqui)
– Diário de Viagem Europa 2009: 37 Dias (aqui)
– Top 15 Museus: L’Orangerie, D’Orsay e mais (aqui)
– Cinco fotos: Paris (aqui)
– “Se Bardot fosse engarrafada, seria a Jenlain Six” (aqui)
– Uma foto de viagem e outras lembranças (aqui)
– Quatro itens para economizar em Paris (aqui)
– Paris: um festival de cheiros, cores e sabores (aqui)
– Coisas sobre Londres e Paris (aqui)
– “Parri, Parri” (aqui)
– Nem Sadine, nem o anao de jardim… (aqui)
– Pere Lachaise: Sobre Oscar Wilde e Jim Morrison (aqui)

abril 15, 2012   No Comments

Histórias de Viagem: D’akujem

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Bratislava sempre esteve em nossos planos quando traçamos o roteiro de viagem de 2010 (aqui), mas não tínhamos a mínima ideia do que esperar. Seduzidos pelo Bratislover, um ticket promocional “Viena/Bratislava – Bratislava/Viena” por apenas 14 euros (que ainda lhe permite andar de ônibus gratuitamente na capital eslovaca – infos aqui), partimos em direção a Hlavná Stanica (essa), e fomos caminhando até o centro histórico.

Entramos numa ruela, dobramos uma esquina e ficamos de frente a torre Michalská Brána. No pé da pequena torre, uma mãe pobre tocava uma espécie de sanfona enquanto sua filha, em um carrinho, sorria. Demorou alguns segundos para cair a ficha, mas percebemos um casal com jeitão de turista subindo uma porta ao lado da torre, e decidimos seguir para encontrar a melhor vista da cidade (melhor até que a vista do castelo, que iríamos visitar depois).

Fizemos várias fotos do centro histórico visto lá de cima (as da Lili aqui), olhamos os objetos expostos no pequeno museu e, na saída, encantado com o local, perguntei para uma das senhorinhas (apenas senhorinhas aparentemente tomavam conta do lugar) como se dizia “Thank You” em eslovaco. Sofri algumas vezes para repetir, mas, diante do sinal positivo, sorri, e acho que alcancei uma pronuncia nota 5.

Então a senhorinha toca meu braço, mostra o ticket que estou segurando (esse da foto), e começa a falar empolgadamente em eslovaco algo que não tenho a mínima ideia do que seja. Fico atônito, Lili começa a rir, e a senhorinha, vendo o nosso desentendimento, me puxa até uma janela (a entrada do museu fica no segundo andar da torre) e aponta para algo na esquina, e também para o bilhete. A ficha cai: Farmaceutická Expozícia.

Toda sua empolgação era para que eu entendesse que o ticket de 2,30 euros da entrada do Mestské Múzeum Bratislave (o Museu da Torre) também me dava direito a conhecer o Museu de Farmácia, na esquina. O verso do ticket falava mais sobre ele. Agradeci em eslovaco, para treinar, e até chegamos a olhar a pequena lojinha que abrigava a exposição farmacêutica, mas pela correria do dia (bate e volta Viena/Bratislava) não entramos.

Ainda assim, dentre as coisas que me fazem lembrar Bratislava estão o garçom que serviu cerveja tcheca quando pedi uma “cerveja nacional” (exemplo perfeito de como o sentimento de nação ainda é confuso para eles), os prédios russos enfileirados do outro lado da margem do rio na vista do castelo, e essa senhorinha falando eslovaco animadamente para um brasileiro que tinha acabado de falar a primeira palavra em seu idioma: “D’akujem”.

É uma imagem querida…

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Leia também:
– Bratislava, pequena grande cidade (aqui)
– E então, no quinto dia, o sol apareceu em Viena (aqui)
– Aqui o diário completo da viagem de 2010 (aqui)

fevereiro 23, 2012   No Comments

Parque das Aves e Puerto Iguazu

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O sol voltou a brilhar no nosso quarto dia em Foz do Iguaçu, de programação relaxada e muito descanso. De manhã, um passeio no Parque das Aves, local criado em 1994 pelo casal alemão Dennis e Anna Croukamp dedicado à conservação dos animais. São 16 hectares de mata nativa de um parque em frente ao Parque Nacional do Iguaçu repleto de pássaros, aves, alguns crocodilos, e algumas cobras.

Para ter uma ideia da visita é possível fazer um passeio virtual aqui, mas o mais interessante do parque é adentrar três das grandes gaiolas e ficar bem mais próximo de tucanos, araras e ararajubas, uma mais encantadora que a outra. O passeio é rápido (em duas horas é possível fazê-lo), mas interessante. E, no final, o visitante pode ainda posar para fotos com algumas araras (várias delas estão soltas no parque) e cobras no ombro.

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Para a parte da tarde o plano era ir para Puerto Iguazu, almoçar e procurar a versão weisse da Patagonia. “É a cerveja mais cara”, disse a vendedora de um dos botequins da feirinha da cidade argentina. “R$ 11”, a garrafa de 740 ml, “mas se você quiser levar a caixa com seis sai por R$ 59”. No balcão, a Patagonia compete com a Quilmes (preferencia nacional que também é vendida em uma versão Stout – quase uma Malzbier – e uma Red), a Brahma, a Budweiser e a Iguana.

O almoço foi novamente no Acva, que já se tornou o nosso restaurante preferido em Puerto Iguazu. Sem entradas desta vez (não só por economia, mas principalmente porque os pratos são muito bem servidos), Lili foi de Fettucine Fresco com Lagostinos, Salsa Crema de Tomates Secos y Zuchinnis Grillados e eu de Bife de Chourizo Acva, com Croute de Pancetta y Estragon acompañado con Risoto de Cebollas. Novamente aprovados.

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Voltamos no final da tarde para o hotel e desmaiamos. Até cogitamos estender a noite em algum lugar, mas optamos por descansar para o último dia, de programação ainda indefinida. O voo parte para São Paulo no começo da noite e podemos esticar até as Cataratas Argentinas, mas seria um passeio mais curto do que amigos dizem que ela merece. Talvez visitemos o Templo Budista. Tudo depende do nosso pique… e do calor. Ele realmente intimida.

No fim das contas, essa viagem rápida a Foz do Iguaçu, comprada e planejada no susto, foi realmente especial. As Cataratas são um passeio inesquecível (que pode ser ainda mais interessantes com o acréscimo do Macuco Safari, das trilhas de bike e do arvorismo – e da “descoberta” do lado argentino) e Puerto Iguazu é uma cidadezinha encantadora. Agora é hora de arrumar as malas. Logo mais, São Paulo.

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Fotos por Marcelo Costa: http://www.flickr.com/photos/maccosta/

janeiro 1, 2012   No Comments

La Garantía Soy Yo

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Após dois dias de sol intenso e passeios inesquecíveis, a sexta-feira resolveu nos pregar uma peça em Foz do Iguaçu, começando pelo tempo, que amanheceu nublado e com uma fina garoa (ainda bem que fomos para as cataratas um dia antes) como se questionando nossas opções de passeio: uma ida a Ciudad del Este, no Paraguai, e um tour básico pela Itaipu Binacional, a enorme hidrelétrica dividida entre Brasil e Paraguai.

Para ir a Ciudad del Este pegamos um ônibus no centro de Foz, que atravessou as Aduanas e nos deixou no meio de algo que parecia uma 25 de Março (rua comercial muvucada de São Paulo) com a rua Santa Efigênia (rua de eletrônicos onde se encontra de tudo – original e pirateado – também em São Paulo), uma junção que revela o pior das duas ruas: centenas de pessoas oferecendo coisas (de cuecas, panos de prato até celulares e socos ingleses) para milhares que compram.

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Parte do desconforto é culpa minha, que nunca serviria para trabalhar em um pregão de bolsa de valores, por exemplo. O excesso de barulho, de pessoas falando, pedindo atenção, me dá náuseas, e junte a isso o fato que você está em um território de compras, uma “zona franca”, como comentou um turista no ônibus, em que o intuito é gastar dinheiro, e danou-se. Sem contar o fato do bordão “La Garantía Soy Yo” ecoar na cabeça a todo momento.

Faltou pesquisar e ir com alguns lugares de confiança indicados por amigos, por exemplo. E faltou uma pequena sensação de “foda-se, vamos nos divertir” também. Como a de um capixaba que, um dia antes, elogiava no ônibus: “Fomos para lá e eu não pretendia comprar nada, mas trouxe duas sacolas de coisas que eu nem sabia que existiam”. No fim, acabamos ficando apenas uma hora e meia em Ciudad del Este, não compramos nada, e voltamos de braços cruzados. Vale voltar?

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Quanto a Itaipu Binacional, o tempo colaborou: lá pelas 15h abriu um solzão lindo e quente, muito quente, que acompanhou o nosso passeio. O complexo, localizado no Rio Paraná (que alguns quilometros depois se encontra com o Rio Iguaçu na Tríplice Fronteira) e construído no período de 1975 a 1982, é hoje a maior usina geradora de energia do mundo. É um gigante de concreto com uma extensão de 8 quilômetros que represa 1.350 quilômetros quadrados.

Para conhecer a hidrelétrica existem três tours e várias visitas a projetos bancados pela companhia. Dos tours (todos com necessidade se serem reservados com antecedência aqui) há do mais básico (a visita panorâmica) até o circuito especial, um passeio de duas horas e meia em que o visitante adentra o interior da barragem, passa ao lado de condutos por onde escoam até 700 mil litros de água por segundo, e conhece o antigo leito do Rio Paraná (entre muitas outras coisas – aqui).

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Há ainda tours que incluem conhecer o Refúgio Bela Vista, o Ecomuseu, o Canal de Piracema, o Refugio Tatí Yupí além de alguns passeios de barco no Rio Paraná (a lista completa está aqui). Acabamos fazendo o tour mais simples (a Visita Panorâmica), já que o Circuito Especial estava esgotado (vale reservar com antecedência), e foi interessante (um ônibus passa sobre a barragem em que é possível observar a represa, o vertedouro e o outro lado do leito do rio), mas… básico.

Ainda havíamos comprado um passeio noturno para observar um show de luzes na barragem, mas acabamos deixando de lado devido ao cansaço. No fim, voltando para a cidade em meio a uma pequena tempestade, acabamos optando por um cinema (no Shopping Cataratas) e por dormir mais cedo para dedicarmos o sábado ao Parque das Aves e a outra visita a Puerto Iguazu. Ainda queremos visitar tanto a Mesquita Muçulmana quanto o Templo Budista e o lado argentino das Cataratas. Não sei se vai rolar fazer tudo até amanhã…

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Fotos por Marcelo Costa: http://www.flickr.com/photos/maccosta/

dezembro 31, 2011   No Comments

Banho nas Cataratas do Iguaçu

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A quarta-feira terminou fudidamente quente em Foz do Iguaçu e a quinta-feira não quis deixar por menos, e (felizmente) caprichou no calor: solzão lindo na cabeça, óculos escuros na cara e muito protetor solar na pele que o dia prometia. E foi muito além de nossas expectativas.

Como primeira tarefa de um casal estreante na Tríplice Fronteira, partimos em direção ao obrigatório Parque Nacional do Iguaçu, grande atração turística que se estende por 250 mil hectares de floresta subtropical divididas entre Brasil (Foz do Iguaçu) e Argentina (Missiones).

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O Parque Nacional argentino foi criado em 1934 e o Parque Nacional brasileiro em 1939, na administração do presidente Getúlio Vargas. Os parques tanto brasileiro como argentino passaram a ser considerados Patrimônio da Humanidade em 1984 e 1986, respectivamente. E merecem tal honraria.

A principal vedete do conjunto ecológico são as 275 belíssimas quedas de água que formam as Cataratas do Iguaçu, mas o parque (principalmente de alguns anos para cá) aprendeu a diversificar os passeios, de forma que o visitante pode experimentar a visita de diversas formas.

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A primeira dica especial é simples: compre o ingresso no site oficial (aqui), pois economizará uns 40 minutos de fila na porta do parque (a fila da internet estava absolutamente vazia). O preço varia de acordo com a nacionalidade (estrangeiro, mercosul, brasileiro e moradores da região) e possuidores de cartões Itaú conseguem 50% de desconto (veja aqui).

O ticket lhe dá acesso ao parque com direito a ver a grande estrela: as Cataratas (olhe o mapa do parque). Um ônibus lhe deixa na beira de uma trilha de cerca de 1 quilometro (asfaltada) que vai ambientando o fregues com a experiência: as quedas começam “pequenas” e impressionantes, e até chegar a Garganta do Diabo, a maior das quedas, o queixo do espectador irá cair umas cinco ou seis vezes.

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É meio inexplicável em palavras, e você ainda pode refutar a diversão dizendo “é só água caindo”, mas ainda assim impressiona. Segundo consta, a ex-primeira-dama dos Estados Unidos, Eleanor Roosevelt, teria exclamado “Pobre Niágara!” ao se deparar com as Cataratas do Iguaçu. Ainda quero visitar o Niágara (e também as Cataratas Vitória, na África Austral), mas o dia de hoje já valeu essa viagem.

A estrutura do lado brasileiro é exemplar (do lado argentino, na palavra de amigos e de alguns blogs, é mais roots, mas não menos sensacional – leia aqui) e a sensação é bastante especial. Porém, o passeio ainda se divide em diversas atividades que incluem rafting, arborismo, passeios de bike em trilhas e um de barco até dentro de uma das quedas (combos podem ser comprados aqui – e divididos em até seis vezes).

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Neste primeiro dia optamos por este último passeio, o Macuco Safari, de custo elevado (R$ 140 por 1h45 de passeio), mas plenamente satisfatório (a versão argentina, Gran Aventura, custa metade do preço, e é, dizem, mais radical): nada mais é do que subir o leito do rio até próximo das quedas d’água, chegar bem perto de algumas delas, e sair do barco de alma e roupas lavadas. Literalmente tomar banho de cataratas. Inesquecível.

A equipe do parque recomenda não levar câmeras no passeio, mas até rola, desde que você a proteja bem, pois acredite: molha e muito (eles avisam o momento em que o bicho vai pegar). Ainda assim eles fazem algumas fotos que, após o percurso, se interessar, você pode comprar e pedir para enviar por e-mail ou gravar em CD ali mesmo (R$ 12 cada foto, R$ 65 um vídeo de 25 minutos do seu passeio gravado em DVD e entregue no seu hotel/hostel).

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Todos os amigos indicaram o passeio de helicóptero (R$ 180 por 10 minutos), e até planejamos fazer os dois, mas saímos tão felizes e desgastados do Macuco Safari que deixamos o helicóptero para uma outra vez. No entanto, pretendemos voltar até o domingo para fazer a Trilha do Poço Preto (essa aqui). Tomara que sobre tempo.

Todo o desenrolar do dia foi sossegado. Ônibus do centro de Foz de Iguaçu até a porta do parque e vice-versa. Tiramos um cochilo no fim da tarde com o plano de jantarmos em Puerto Iguazu, a cidadezinha argentina de fronteira. Daqui pra lá, ônibus de linha internacional (R$ 4), mas a volta nos pregou uma peça: os ônibus funcionam até aproximadamente às 19h. Voltar só de taxi (R$ 50).

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Ainda assim a visita valeu muito a pena. Compramos seis garrafas de vinho (todos indicados pelo brasileiro de alma portenha Tiago Trigo) por R$ 80, duas cervejas Patagonia por R$ 20 e jantamos no Acva, que o Leonardo tinha indicado (e que um blog também rendia elogios). Ficamos com uma vontade enorme de ficar em um hotel no lado argentino (apesar do inconveniente de mostrar os documentos na Aduana toda vez que ultrapassar a fronteira).

Lili foi de Tempura de Camarão com Perfume de Coco, Guacamole e Molho de Fungui na entrada enquanto optei por Palmito acompanhado de três molhos. Para o prato principal não tive dúvidas: um enorme e inesquecível Oyo de Bife Gratinado com Papa Rustica Rellenos (Batata recheada de queijo e amendoas) enquanto Lili arriscou (e se satisfez) em um peixe Surubi sobre Pure Cremoso de Mandioca, Coco e Gengibre. Noite especial de comidas (compensando o McDonalds de ontem).

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A sexta-feira promete muito: nos planos uma visita rápida ao Paraguai na parte da manhã combinada com um tour na Itaipu Binacional no fim da tarde (esse passeio aqui). Estamos pensando em voltar até Puerto Iguazu para jantarmos (novamente) e visitarmos a feirinha, mas precisamos ver se vamos ter pique. Ainda queremos fazer o passeio do Parque das Aves, no sábado de manhã, e visitar as cataratas argentinas no domingo. Tomara que a gente consiga.

Fotos por Marcelo Costa: http://www.flickr.com/photos/maccosta/

dezembro 29, 2011   No Comments

Foz do Iguaçu, 36 graus

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Meses atrás, numa dessas promoções relâmpago de companhias aéreas, acabei decidindo na moedinha o destino do réveillon: entre várias opções de tentativa e erro (ou melhor: tentativa e preços altos), optamos por Foz do Iguaçu, que nós dois não conhecíamos. Recorremos a alguns guias, os amigos deram dicas preciosas (Leonardo Vinhas, que já morou na cidade, fez um textão detalhado e precioso) e cá estamos, torrando debaixo de um sol de 36 graus (e animadíssimos).

Logo que chegamos, por volta das 16h, comentei com o taxista sobre o sol (“Que beleza de tempo”, disse pra puxar assunto e ele, pela cara, estava pensando: “Quero ver você achar esse sol infernal uma beleza daqui quatro dias”) e as pancadas de chuva que o site de meteorologia previa para todas as tardes de nossa estadia: “Chuva? Não chove aqui desde novembro!”. E vou te contar: é sol demais.

Fim de tarde, sem tempo para os passeios tradicionais, pensamos em esticar ao Paraguai para procurar uma loja da Canon que “descobrimos” via outdoor de beira de estrada. “Paraguai? Lá tudo fecha às 15h, 15h30”, disse o gerente do hotel. “Se você quiser ir passear, tudo bem, mas para compras é preciso ir cedinho”, orientou, aproveitando para emendar: “Mas tem uma van que passará aqui em meia hora para levar um pessoal para o Duty Free do lado argentino. Se interessar…”

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Nesse intervalinho de meia hora aproveitei para tentar encontrar um sebo de vinis que o Leo tinha indicado, mas acho que meu cérebro cozinhou debaixo do sol. Fui pra lá e pra cá, e nada. Muita coisa fechada (não sei se é fim de ano, o avançado da hora – mais de 17h – ou siesta pra fugir do sol), calor de fazer Lúcifer sorrir e uma brisa rara e refrescante marcavam o centro de uma cidade aparentemente pacata.

Na volta, na porta do hotel, a van já nos esperava. O gerente, animado, ainda caçou outros dois hóspedes incautos: “Não querem gastar um dinheirinho?”. E partiu o bonde: “Oie, estava fazendo uma muambagem no Paraguai e agora estou indo para a Argentina”, comentou meu vizinho de banco de van no telefone com uma mulher. “Escolhe três perfumes que você quer muito que eu levo”, prometeu.

O tal Duty Free, minutos após a Aduana Argentina, soa uma pequena homenagem para Miami. Lili pegou algumas coisas de maquiagem e alguns acessórios para a câmera enquanto adquiri um pack da cerveja alemã Kaiserdom. Não tinha Jack Daniels e nenhum vinho argentino da lista que o Tiago Trigo tinha me passado. E nem toca-discos (preciso trocar o meu), mas valeu para matar o tempo. A quinta-feira de sol e cataratas promete…

dezembro 28, 2011   No Comments

Top 25 museus internacionais

Inspirado pelo bonito “Meia Noite em Paris“, de Woody Allen, fiz uma listinha com os meus museus favoritos, nada para ser levado muito à sério (risos), mas que pode ajudar um ou outro viajante precisando de dicas. Ainda faltam alguns museus importantes para eu conhecer, mas dos que já conheço, esses são os meus 25 preferidos…

01- MOMA Museum, Nova York, (texto aqui)
02- L’Orangerie, Paris (texto aqui)
03- Museu do Prado, Madri (texto aqui e aqui)
04- Museu Guggenheim, Nova York (texto aqui)
05- Rijksmuseum, Amsterdam (texto aqui)

06- Galleria Borghese, Roma (texto aqui)
07- Vasamuseet, Estocolmo (texto aqui)
08- Instalação Vigeland, Oslo (texto aqui)
09- Museu D’Orsay, Paris (texto aqui)
10- Museu Reina Sofia, Madri (texto aqui)

11- Museu do Louvre, Paris (texto aqui)
12- Museu Peggy Guggenheim, Veneza (texto aqui)
13- Tate Modern, Londres (texto aqui)
14- National Gallery, Oslo (texto aqui)
15- Galleria Academia, Firenze (texto aqui)

16- Museu Van Gogh, Amsterdã (texto aqui)
17- Belvedere, Viena (texto aqui)
18- Centre Pompidou, Paris (texto aqui)
19- Museu Thyssen-Bornemisza, Madri (texto aqui)
20- National Gallery, Londres (texto aqui)

21- National Civil Rights Museum, Memphis (texto aqui)
22- Met Museum, Nova York (texto aqui)
23- Munch Museem, Oslo (texto aqui)
24- Moderna Museet, Estocolmo (texto aqui)
25- Galeria Uffizi, Firenze (texto aqui)

Hors-Concours- Inhotim, Brumadinho (texto aqui)

Todas as fotos por Marcelo Costa

junho 15, 2011   No Comments

Algumas perguntas sobre viagens

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Ok, logo abrirei uma consultoria sobre mochilagens rock and roll na Europa e nos Estados Unidos, mas enquanto isso não acontece vou dividindo aqui algumas coisas que aprendi, e que podem ajudar alguém que esteja fazendo a sua primeira viagem pra fora dos limites da terra que um dia foi chamada de Vera Cruz. Abaixo, algumas perguntas que recebi.

01) Como organizar uma viagem?
Isso vai do foco que cada pessoa quer dar para a sua viagem. As minhas são, via de regra, viagens focadas em shows. Assim já aconteceu de eu sair de Bruxelas para Berlim, de lá para Glasgow e de lá para Paris (roteiros pouco comuns, mas que compensaram). Como os voos internos não são tão caros (em média, comprando antecipadamente, entre R$ 100 e R$ 200 o trecho) você pode fazer esse zigue-zague atrás das bandas que ama.

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Então eu vou preenchendo lacunas. Salvo um bloco de notas com todas as datas da viagem e vou preenchendo os shows que eu poderia ver, e o que eu precisaria fazer para vê-los. Daí entra o peso de um festival (que permite a você ver várias bandas juntas), mas o charme de um show separado não pode ser descartado (alguns dos melhores shows que vi fora do Brasil foram fora de festivais).

Ou seja, não tem segredo. Você foca em que tipo de viagem quer fazer (“conhecer os principais museus da Europa”, “um tour etílico pelas melhores cervejarias”, “uma viagem com foco histórico”, “um roteiro arquitetônico” ou mesmo uma “pontos turísticos” e vai brincando com as companhias aéreas e de trens para ver qual roteiro fica mais em conta. A idéia é se divertir (planejar a viagem já faz parte da curtição).

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02) Quanto tempo você acha necessário começar a comprar ingressos e reservar hospedagem?
O quanto antes. Os melhores hostels e os melhores preços de passagem são encontrados antecipadamente. Quanto mais você deixar em cima da hora, mais caro tende a pagar por um quarto ou por um trecho de avião/trem. Isso não impede de planejar uma viagem para daqui 20 dias. Rola, e procurando bem você pode encontrar bons preços e bons locais, mas daí é preciso também um pouco de sorte.

03) Quais são os melhores sites para descobrir os shows que estão rolando nos países?
Uso o Pollstar e a Last FM. O Pollstar é facílimo. Você pode buscar por artista (indo direto naquele que você quer realmente ver) ou por cidade – que recomendo muito mais. Você digita, por exemplo, New York, e o buscador lista as bandas que contenham a palavra New York (New York Dolls, por exemplo) e cidades. Clicando em New York você verá uma lista de páginas (no dia de hoje tinham 49) listando todos os shows que estão confirmados na cidade até o momento. A maioria linka para a empresa que vende os tickets. Fácil de manusear e altamente funcional.

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A Last FM tem vantagens e desvantagens. Uma das maiores vantagens é você conseguir listar um País inteiro. Clica-se em Eventos e, na página seguinte, altera-se a Localização para onde você quiser conferir a agenda. Você pode procurar, por exemplo, nos Estados Unidos inteiro, no Reino Unido e daí em diante. Ajuda a encontrar shows próximos, e isso é bastante interessante. A desvantagem é que nem todo o show ali presente está confirmado. Bom sempre confirmar no site do artista, mas é um bom start. Uma dica: trocando o número no final da barra de endereço você consegue se aproximar com mais rapidez de datas distantes.

Pollstar:  http://www.pollstar.com
Last.Fm: http://www.lastfm.com.br/events

E, claro, o próprio site e My Space das bandas.

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04) Quais são seus sites referência para transporte e hospedagem?

Voos

Skyscanner: http://www.skyscanner.com.br/ (ótimo comparador)
Easyjet: http://www.easyjet.com
Ryanair: http://www.ryanair.com/pt (leia com atenção o contrato)
Ibéria: http://www.iberia.com/

Trem
Rail Europe: http://www.raileurope.com.br/
Renfe: https://venta.renfe.com/
SNCF – França: http://www.sncf.com/
SNCB – Bélgica: http://www.b-rail.be/main/E/

Hospedagem

Hostel Word: http://www.hostelworld.com/
Homelidays: http://www.homelidays.com/
Easy Hotel: http://www.easyhotel.com/
Accor: http://www.accorhotels.com/ (Ibis e Novotel)
Formule 1: http://www.hotelformule1.com/

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Leia também:
– Quanto custa uma viagem para a Europa? Post sobre passagens, hospedagens, viagens internas, visto, seguro viagem e alimentação e outras dicas (leia aqui)
– Diário Europa 2008 (aqui), 2009 (aqui), 2010 (aqui) 2011 (aqui) e EUA 2011 (aqui)

abril 4, 2011   No Comments

Três dias e meio em Salvador

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23 de dezembro, 18h. A folga de fim de ano se aproximava (plantão no natal, folga no reveillon) e o plano inicial era ficar em casa os sete dias (entre 27/12 e 02/01), mas daí caiu a ficha: se ficarmos em casa vamos inevitavelmente trabalhar. A vontade era descansar e desestressar, esquecer emprego e o caos paulistano por alguns dias. Mas ir para onde oito dias antes do ano terminar?

A busca começou de modo simples. Com as páginas do Decolar e do Submarino Viagens abertas em duas janelas, e a do mapa do Brasil no Google Maps na outra comecei a buscar destinos. Primeiro tentei Montevidéu e Buenos Aires (mais caras do que pensávamos gastar) e depois fui pra Belém e, de lá, comecei a descer capital a capital procurando um vôo ok. A cidade escolhida acabou sendo Salvador.

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Na mesma hora, corri para o Twitter pedindo dicas aos amigos de hotéis na cidade. A Maira (@MGoldschmidt) indicou este aqui (além de repassar dicas bacanas em seu blog), que me pareceu ótimo, e só não fechei porque o Luciano (@lubmatos), do ótimo El Cabong, fez o convite para ficarmos em sua casa garantindo dicas da cidade e muita hospitalidade soteropolitana. Primeira vez na cidade, viagem curtíssima, bora correr para os amigos. Valeu demais a pena.

Bem, um dos motivos do voo ser barato era que ele saia na terça (28/12) às 9h de Campinas e retornava de Salvador às 8h do dia 01/01 (quem voa na manhã do primeiro dia do ano? Dos 118 lugares do avião só os quatro últimos estavam vagos). Traduzindo tudo isso: teríamos apenas a tarde de terça, mais três dias inteiros (quarta, quinta e sexta) e a madrugada de réveillon para curtir Salvador. E foi bastante especial.

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Encontramos com facilidade a casa do Luciano, na Vila Laura, e dicas repassadas (ele não poderia nos acompanhar porque tinha ferrado o joelho batendo baba – jogando futebol no dicionário local) lá fomos nós camelar pela primeira capital do Brasil. O dia parece começar com 30 graus logo às 8h da manhã. Sabe a frase “o sol que arde em Itapuã”? Não é apenas lá. Mas venta bastante, o que deixa a cidade bastante agradável (quando o sol se esconde atrás do mormaço espere sufoco: esquenta muito e não venta).

Roteiro básico de turista: descemos do ônibus na Baixa do Sapateiro e seguimos Pelourinho adentro até chegar ao Terreiro de Jesus e esticar ao Elevador Lacerda. Local de prostituição e drogas nos anos 60, o Pelourinho (que possui um conjunto arquitetônico colonial) foi revitalizado nos anos 80 pela administração ACM, que transformou as casas dos moradores (que foram obrigados a migrar para as extremidades do Centro Histórico) em lojas, centros culturais e restaurantes, o que deu ao local uma característica turística.

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Porém, impossível não parar na frente da Fundação Casa de Jorge Amado (o imóvel azul que mais se destaca na praça principal) e relembrar Caetano e Gil cantando: “Pense no Haiti, reze pelo Haiti”. Ele também é aqui. Mas o clima é leve. Totalmente preservado, o Centro Histórico tem uma aura turística, mas suas ladeiras (e tudo que deve ter acontecido nelas durante cinco séculos) têm muita história para contar (a maioria triste) e emocionam.

O Terreiro de Jesus vem logo depois do Largo do Pelô, e é uma praça belíssima e extensa que se estende da Igreja de São Francisco em uma ponta (uma das igrejas mais ornamentadas com ouro do País) até a Basílica de São Salvador, na outra extremidade. Entre as duas há desde rodas de capoeira, barracas de acarajé, bares (Cravinho fica por ali) e algumas lojas além do prédio da primeira Faculdade de Medicina do País.

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Um dos destaques da praça é a maravilhosa fachada da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco, toda trabalhada com pedra de cantaria, solução arquitetônica pouco usada no Brasil, que remete ao barroco espanhol. Encoberta com argamassa por mais de um século (visando esconder as imagens pagãs), a fachada original foi descoberta no início do século XX. E é deslumbrante – lembra algumas igrejas góticas de Londres e Paris. A visita ao interior ainda vale a pena porque é uma das poucas igrejas no País que permite visitar os andares superiores.

O Elevador Lacerda, por sua vez, é só um elevador (sem visão panorâmica nem nada). Um dos principais cartões postais da cidade, o Elevador foi inaugurado em 1873 visando ligar a Cidade Baixa à Cidade Alta, e é muito mais bonito visto por fora. Se o caso é descer, vale mais ir atrás dos três Planos Inclinados que ligam o Centro Histórico à Cidade Baixa (com a mesma tarifa de R$ 0,15 e a vantagem da vista). O Plano Gonçalves (semelhante aos Ascensores de Valparaiso, no Chile, denominados Patrimônio da Humanidade) fica exatamente atrás da Basílica – e é menos concorrido que o Lacerda.

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Na Cidade Baixa, uma olhada de fora no Mercado Modelo (só fiquei sabendo depois que o Sepultura gravou o clipe que “Roots Bloody Roots” ali – relembre o vídeo aqui) e uma caminhada ao primeiro grande ponto apaixonante da cidade, o Solar do Unhão, um prédio do século XVI às margens da Baía de Todos os Santos que, desde 1969 (com trabalho de restauração com projeto assinado pela arquiteta Lina Bo Bardi), virou a casa do Museu de Arte Moderna da Bahia.

A construção e a adaptação proposta por Lina (que também assina o belíssimo projeto do Sesc Pompéia, em São Paulo) fizeram do local um charme, desde a elegante escada lateral com uma bela rampa de madeira sobre o mar até a transformação do ambiente em museu (são oito salas de exposição, um teatro/cinema, uma biblioteca, um café – e uma famosa escada helicoidal, essa aqui) com uma vista esplendorosa do pôr-do-sol na Baía. Um local para se visitar todas as vezes que eu for a Salvador daqui em diante.

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Já que o assunto é museu vale encaixar o bonito Museu Rodin, instalado em um belíssimo casarão de 1912 (vale olhar as esculturas em gesso do mestre francês e o teto detalhado da casa), que ganhou um anexo respeitoso – assinado pelos arquitetos Marcelo Ferraz e Francisco Fanucci – que se integra ao casarão e dá lugar a uma bela galeria e um aconchegante café (Lili namorou o prato de camarão ao molho de jabuticabas oferecido pelo cardápio, mas havíamos acabado de almoçar quando chegamos).

E se falamos em comida, eu provei o Acarajé da Cira (do Rio Vermelho e de Itapuã)… e não gostei. Lili curtiu, mas achei o lance todo meio sem gosto (e eu nem gosto tanto de camarão assim). Fugimos dos pratos quentes (apimentados), e me encontrei numa das melhores dicas do Luciano, a carne de fumeiro, carne de porco defumada na fumaça (e que lembra muito um pedaço suculento e delicioso de… bacon). Muito popular na Espanha e em Portugal, a carne de fumeiro é quase desconhecida no Brasil. Mas não na Bahia. Aleluia. Só uma coisa: pra que tanto coentro na comida????

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No quesito sabores valeu demais a visita a Sorveteria da Ribeira, na compania do chapa André Mendes (@andre__mendes) (lembra da ótima banda Maria Bacana?). Provei os sabores de Cajá e, por engano, Tapioca (eu pedi Caipiroska). Ainda bem. Fiquei completamente viciado no sorvete de Tapioca, uma delicia de dar água na boca. Lili apostou (e se deu muito bem) no destaque da casa, o também maravilhoso sorvete de Coco Verde (lembra água de coco). André, que nasceu e cresceu no Bonfim, nos levou por um tour pela região, com direito a pôr-do-sol na Ponta do Humaitá e muitas histórias.

Ainda teve banho de mar no Porto da Barra (eu ficava o dia inteiro lá se me deixassem, mas mesmo com protetor sai queimado ficando só de 8h às 11h), almoço na barraca Buraco da Velha (uma ótima pescada amarela) aos pés da praia (completamente lotada) e também na Pedra Furada (recomendo, recomendo) e réveillon na casa da Lilla (parceira de cerveja e bom humor e papo constante) com muita gente legal e várias histórias do rock baiano (conheci Ronei Jorge, grande cara).

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Teve muito mais coisas (e só foram três dias e meio!), mas acho que o principal é isso. Então você me pergunta: o que você achou de Salvador? A resposta é difícil de se condensar em poucas palavras por tão pouco tempo, mas a impressão foi ótima. No começo, um certo descuido com a cidade chamou a atenção e lançou uma dúvida: isso é fruto de descaso político (prefeito, governador) ou o jeito de ser soteropolitano? Ou uma mescla dos dois? Por que as praias (belíssimas e limpas) sugerem imponência e as casas, boa parte, parecem desgastadas?

Uma frase de Lina Bo Bardi (de uma exposição no Solar Ferrão, no Pelourinho, analisando sua passagem pelo Nordeste) saltou aos olhos: “A não importância da beleza”. Entendi essa frase não como um descaso com o que é belo, mas sim uma leveza em relação a ele. A liberdade é bela (Lina faz questão de frisar: “Aí eu vi a liberdade”), e tudo mais funciona como amarras de certa condição do que se convencionou dizer que é bonito e feio. E Salvador, mesmo desgastada, é bonita. Pois a beleza é ser livre (e ser feliz).

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Ainda assim, um projeto assinado pelo escritório paulista Brasil Arquitetura (que trabalhou no Museu Rodin – e recheou de móveis da Lina o café do local) pretende recuperar a Cidade Baixa, sufocada pelo trânsito de veículos e com dezenas de imóveis condenados nas encostas. A reportagem (de abril de 2010) publicada na Folha levanta questões de ordem política (penso no social: para onde vão os moradores pobres da região?), mas o projeto parece interessante (veja aqui). Talvez seja a cidade se dedicando ao turismo (o grande gancho econômico do novo século), querendo ficar bela para o olhar (soteropolitano ou não). Desde que a liberdade se preserve, tudo bem.

Terceira maior cidade com habitantes do País (oitava da América Latina), São Salvador da Bahia de Todos os Santos já foi a cidade de maior desigualdade social do Brasil, em ranking da ONU de 2007 (o posto em 2010 é de Goiânia.) Têm bairros que parecem cidadezinhas de interior (como Santo Antônio, com coreto na praça e tudo), uma pressa no trânsito que joga pelo ralo o estigma da preguiça e um jeito para o batuque (no axé e no candomblé) que contagia e parece correr no sangue. É uma cidade com o poder de encantar (e fazer pensar) em três dias e meio. Ainda volto com mais tempo.

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Fotos: Liliane Callegari (mais aqui) e Marcelo Costa (mais aqui)

Ps. Obrigado Luciano, Lilla e André por tudo!

janeiro 3, 2011   No Comments