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Ouvindo: My Teenage Stride

Umas semanas atrás, na companhia do amigo Rafael Cortes, parceiro dedicado na função da garimpagem de grandes discos em promoção, passamos uma tarde animada na Sensorial Discos, em seu novo endereço, na Rua Augusta, 1371, loja 114 – ou seja, na Galeria Ouro Velho, aqui do ladinho de casa. O Lucio, capo da loja, tem um acervo fenomenal do qual, sempre, fisgo alguma coisa bacana. Nesse dia sai com um Pernice Brothers que eu sempre quis ter (“Live a Little”, de 2006), com um Pastels que eu achava que eu tinha (a trilha “The Last Great Wilderness”, de 2003, que o Martín passou parte do dia ouvindo no meu colo – e aparentemente curtiu), com um EP do Maybellines, banda do Colorado que eu não conhecia, mas que curti bastante (vá atrás de “A La Carte”, de 2005 – tem no Bandcamp), e com “Underneath The Marquee” (2000), do quarteto de indie dream pop de São Francisco, Poundsign, indicação do Lúcio – que nunca ouvi, mas é o próximo a ver a luz do laser.

Além desses peguei esse disco da foto. Na hora que escolhi achei que estava pegando um álbum da Major Major, banda indie de Liverpool que sei lá como dei play nas músicas na segunda metade da década passada – e curti, e que já acabou. Porém, para minha feliz surpresa, “Major Major” (2004) é o nome do segundo disco da banda do Brooklyn nova-iorquino My Teenage Stride, que faz um som que é algo como Smiths meets Pavement meets Preston School of Industry com um toquezinho caipira (ao menos nesse disco). A surpresa aumenta quando se descobre que se trata de uma one-man-band! Isso mesmo, Jedediah Smith compõe e toca tudo, e chama os amigos quando pretende tocar as canções ao vivo. Numa pesquisa rápida descobre -se que ele já lançou uns seis ou sete discos (incluindo uma coletânea de raridades em 2018) e disponibilizou um punhado de singles no Bandcamp, que já soam uma boa introdução a sua obra, já que “Major Major”, o álbum, segue inédito em digital – e tocando direto em casa. Vale o garimpo.

dezembro 11, 2018   No Comments

Ouvindo… Unplugged MTv

Já contei algumas vezes: simplesmente amo sessões de rádios, programas de TV, versões demo, raridades e coisas desse tipo. Não a toa, os três álbuns que mais ouvi no último mês (segundo minha LastFM) são as versões completas de “More Blood, More Tracks”, de Bob Dylan, “R.E.M. at The BBC” e “The White Album [50th Anniversary Super Deluxe Edition]” (sobre este último estava contando a um amigo do momento maravilhoso que é viver com um bebê de poucos dias em casa ao mesmo tempo que um disco “novo” dos Beatles também nasce, que sensação boa!). E, outro parêntese, nunca entendi como a indústria nacional nunca investiu nisso das sessões de rádio, tipo, o acervo do “Estúdio Transamérica” tinha tudo para render discos fodas e ser um “John Peel” tupiniquim. Paciência. Bem, no meio da madrugada, enquanto editava no Scream & Yell a entrevista que o Leonardo Vinhas fez com o Dave Pirner, do Soul Asylum, me lembrei da versão maravilhosa de “Somebody To Shove” em arranjo de cordas num Acústico MTv, 1993. Nunca cheguei a assistir o “Acústico MTv” do Soul Asylum na integra, mas essa versão de “Somebody To Shove”, presente na coletânea “The Unplugged Collection – Volume One”, é um dos grandes momentos musicais dos anos 90. Sério. Assista abaixo e cuidado para não viciar. O fato é que essa série de coletâneas “Acústico MTv” rendeu quatro álbuns com muita coisa boa que não chegou a ganhar lançamento solo, tipo Chris Isaak, R.E.M., Tori Amos, Elton John, k.d. Lang, Oasis, Elvis Costello e The Cure, além de momentos sublimes de Neil Young (“Like a Hurricane”), Stevie Ray Vaughan (“Pride and Joy”), Eric Clapton (“Layla”), Bob Dylan (“Like a Rolling Stone”) e Jimmy Page & Robert Plant (“Battle of Evermore”). Dentre as 67 versões presentes nestes quatro CDs (ainda há Alanis, Lenny Kravitz, Rod Stewart num dos melhores Unpluggeds, Annie Lennox, Sting, Kiss, Alice in Chains e Bjork, entre tantos), a do Soul Asylum é minha favorita. Então play.

dezembro 1, 2018   No Comments

Ouvindo… Lloyd Cole


Primeiro foram os Beatles. Depois, rock nacional. Na sequencia, separado por um milésimo de microssegundos, surgiram o punk rock, a pós punk e a new wave na minha vida. Num mesmo dia era possível ouvir “The Top”, “Speaking in Tongues”, “Unknown Pleasures”, “Wild Planet” e “Combat Rock” (as discografias chegavam todas foram de ordem por aqui nos anos 80). Nesse movimento inebriante de se apaixonar por bandas, discos e músicas, alguns discos foram se tornando definitivos, e a pós punk passou a ser o som que rolava no meu quarto toda hora, todo dia (até “Psychocandy”, “Candy Apple Grey” e “Surfer Rosa” se infiltrarem e ampliarem os limites daquele pequeno espaço). Nessa época da pós punk, Echo and The Bunnymen se tornou a banda favorita da minha vida, ocupando um lugar que era do Joy Division – ser adolescente numa cidade do interior ouvindo apenas “She’s Lost Control”, “Disorder”, “Atmosphere” e “Decades” poderia dificultar um pouco mais as coisas do que elas pareciam ser, e o Echo acrescentou certo cinismo poético à mistura, claro, junto aos Smiths. Dai que lendo um artigo sobre os New Romantics em alguma revista, citavam Echo, o que, por conseguinte, me fez me interessar por algumas das outras bandas. Não lembro muito das outras, mas uma que ficou (e que nem era tão new romantic… como, aliás, o Echo) foi Llyod Cole and The Commotions. Não me lembro ao certo como “Rattlesnakes” caiu em minhas mãos, mas decididamente iluminou a clareira daquela floresta escura que eram os meus dias de então. Foram a minha banda favorita de todos os tempos por, sei lá, umas duas semanas, e permaneceram sendo uma banda querida. Quando estes discos “Live at BBC” saíram em, 2008, me emocionei e escrevi sobre no Scream & Yell. Do mesmo jeito que me emocionei no fim de semana, quando em meio a um dia nublado, ainda insone e abobadamente feliz pelas funções paternas da madrugada (e levemente melancólico pelo cansaço), começou a tocar inesperadamente “Perfect Skin” na playlist da pizzaria em que eu almoçava. Uma surpresa tão boa. Abri o sorriso, balbuciei algumas estrofes e retirei esses três discos da estante quando cheguei a casa. E cá estão eles, tocando sem parar, os melhores discos de todos os tempos dos últimos dias. #NowPlaying

novembro 28, 2018   No Comments

Ouvindo: “Deserter’s Song”, Mercury Rev

Um disco antigo: 20 anos. Faz tempo, bastante tempo. Na virada de 1998 para 1999, “Deserter’s Songs”, o quarto disco do Mercury Rev caiu em minhas mãos e durante meses ouvi praticamente só ele. No embalo, rascunhei um faixa a faixa para a edição número 5 do fanzine Scream & Yell (ainda em papel), que saiu em agosto de 1999 (leia aqui). A primeira vez que os vi ao vivo, no Curitiba Rock Festival 2005, foi tão linda e é até hoje meu show favorito deles (resenha na integra): “O Mercury Rev fez uma apresentação adulta, com momentos instrumentais impecáveis e citações no telão que iam do filósofo prussiano Schopenhauer ao piloto norte-americano Michael Andretti; do cineasta Stanley Kubrick, passando por Nabukov e Yuri Gagarin até chegar em E.T. e no Mestre Yoda. Inspiradíssimo, o vocalista Jonathan Donahue deixou sua performance estática de outrora para reger a banda como se fosse um maestro em uma orquestra”). Porém, em 2011, fui brindado com duas apresentações mágicas deste show que, neste domingo, pousa no Balaclava Festival, e traz a integra deste disco mágico. As duas foram no Primavera Sound (a primeira num dia que também teve Warpaint, veja só), uma seguida da outra (resenhas na integra): no sábado, eles se apresentaram no auditório e, ainda que tenha sido bonito, faltou algo que elevasse a alma aos céus. No domingo, porém, a apresentação ao ar livre no Poble Espanyol (antecedida por um show fofo da BMX Bandits) foi irrepreensível: “Encarnando um maestro meio mágico, meio bruxo, Donahue sorria, arremessava energia para a plateia e aplaudia a entrega da banda e a cumplicidade do público enquanto as luzes no palco flutuavam sobre a densa nuvem de gelo seco. ‘Delta Sun Bottleneck Stomp’ fechou o show de forma dançante, mas a banda ainda voltaria para tocar ‘Dark is Rising’, a música que resume o Mercury Rev a perfeição, com versos que dizem que “tudo é sonho” (título do álbum pós ‘Desert’s Song’) para concluir ‘nos sonhos eu sou forte’. Não só nos sonhos, Jonathan. No palco também. Impecável”. Para quem acha que Nick Cave já fez o show do ano no Brasil, espere só para ver o que é “Opus 40” e “Goddess on a Hiway” ao vivo. Te adianto: são muuuito fodas.

novembro 2, 2018   No Comments

Ouvindo: “Sibilina”, Cacá Machado

Um disco novo! O primeiro disco de Cacá Machado, “EslavoSamba”, saiu em 2013, e eu demorei muito mais do que deveria para ouvir, mas quando ouvi, adorei tanto que passei dias com ele no play. Por isso, assim que “Sibilina” (2018), seu recém-lançado segundo álbum pousou nas minhas mãos, tratei de romper o involucro de plástico que protegia o disquinho e coloca-lo para tocar. Nas primeiras audições, “Sibilina” me soa mais reflexivo que “EslavoSamba”, que tinha um q de festa, o que combina perfeitamente com os períodos (políticos) de gestação de cada um dos álbuns. Desta vez, Cacá Machado divide as composições com Clima, Romulo Froes (juntos eles compuseram “Dança”, presente no já clássico “A Mulher do Fim do Mundo”, de Elza Soares) e Guilherme Wisnik, entre outros, e conta com a presença de Tiganá Santana (cantando “Tremor Essencial”), Alessandra Leão e Mateus Aleluia (em “Polca”) e Ava Rocha e Iara Rennó (em “Depois do Trovão”). O caldeirão de ritmos de “Sibilina” passeia, enigmático, pelo samba, pelo choro, pela valsa, pela rumba e, enquanto o ouvinte dança, as imagens passam em sua frente, desconstruídas, construindo um belo disco que se aconchega facilmente no ambiente, e vai ficando, ficando, ficando. Você pode ouvir o disco tanto no seu portal de streaming favorito quanto no site oficial de Cacá. Play.

novembro 2, 2018   No Comments

Ouvindo: “The Platinum Collection”, Blondie

Entrando no modo #EsquentaPopload, já tive a oportunidade de estar frente a frente com o Blondie duas vezes. A primeira foi em 2004, no Personal Fest, na Argentina, e foi um showzão. Na época, escrevi (no Scream & Yell): “Sra Debbie Harry mostrou carisma, um repertório de hits, excelente voz e belas pernas em uma apresentação cujo único defeito talvez tenha sido a ausência do hit ‘Heart of Glass’, provavelmente guardado para o bis, que não aconteceu (nenhuma das bandas de “abertura” teve direito ao bis). Mesmo assim, canções como ‘Dreaming’, ‘Rapture’, ‘Hanging On The Telephone’ e ‘Maria’ conquistaram o público argentino”. A segunda vez foi no Isle of Wight Festival, na Inglaterra, em 2010: “A musa Debbie Harry está bem diferente do show do Personal Fest, em 2004. A voz faltou em ‘Call Me’, mas as versões de ‘One Way Or Another’ e ‘Heart of Glass’ (que eles não tocaram em Buenos Aires) honraram o mito. E ela deixou o palco recomendando: ‘Não façam nada que eu não faria’. Sei…”. Foram dois ótimos shows, e só de colocar esse disquinho pra ouvir já dá gás para ver mais um. Lançado em 1994, “The Platinum Collection – Blondie” reúne 47 músicas em dois CDs com um caminhão de hits. É um bom aquecimento para o Popload Festival, 15 de novembro, no Memorial da América Latina.

Debbie Harry no Personal Fest 2004, Buenos Aires

novembro 1, 2018   1 Comment

Ouvindo: “Mermaid Avenue: Complete Sessions”, Billy Bragg and Wilco

Durante a primavera de 1992, Nora, a filha de Woody Guthrie, o cara que no auge do macarthismo norte-americano ousava tocar com um violão que trazia estampada a frase “essa máquina mata fascistas”, convidou o cantor e compositor inglês Billy Bragg para escrever músicas para uma seleção de letras inéditas de seu pai. Bragg havia se apresentado em um concerto em homenagem a Guthrie no Central Park, em Nova York, e Nora fez a conexão por acreditar que aquele britânico defendia os mesmos ideais que seu pai. Woody Guthrie havia deixado mais de mil letras inéditas completas escritas entre 1939 e 1967, e como ele não escrevia música em partitura, nenhuma dessas letras tinha melodia, e apenas uma vaga notação estilística. Nora queria que uma nova geração se apossasse das letras criticas de seu pai, e Billy Bragg aceitou o desafio, convocando para a tarefa o grupo Wilco, de Chicago, que havia acabado de lançar “Being There”, seu segundo álbum pouco antes (curioso que Nora também ofereceu o material de seu pai a Jay Farrar, parceiro de Jeff Weedy, do Wilco, no Uncle Tupelo – Farrar lançaria sua versão em 2011, “New Multitudes”). Lançado em 1998, “Mermaid Avenue” arrebatou uma indicação ao Grammy e muitos fãs tanto quanto colocou “California Stars” no repertório do Wilco. Este pacote reúne os três volumes das “Mermaid Avenues”. O segundo disco saiu em 2000 e o terceiro neste pacote com as sessões completas em 2012 acrescido do DVD que registra a produção, “A Man In The Sand”, de 1999. São 47 faixas emocionantes, algumas delas contando com a participação de Natalie Merchant (como “I Was Born”, do volume 2, com Natalie sendo acompanhada ao violão por Bragg). Entre as minhas favoritas estão “Secrets Of The Sea”, uma canção totalmente Wilco do segundo volume, o single “She Cames Along To Me” (totalmente Billy Bragg, um cara que admiro pacas), a declaração de amor a “Ingrid Bergman” e, claro, “All The Fascists”, uma letra atualíssima que diz que “todos os fascistas estão fadados a perder / O ódio racial não pode impedir / Pessoas de todas as cores marchando lado a lado / Marchando por esses campos onde um milhão de fascistas morreram”. Afinal, fascistas não passarão! <3

outubro 30, 2018   No Comments

Ouvindo: “Inflikted”, Cavalera Conspirancy

Um disco antigo (oxi, lá se vão 11 anos!) – Lembro como se fosse hoje no café da manhã minha primeira audição de “Inflikted” (2007), o disco que reunia os irmãos Cavalera 11 anos (coincidência) após a saída de Max do Sepultura, em 1996. E foi uma audição emocionante que se revelou ainda mais especial quando o Tiago Trigo chegou na redação do iG e, sem falar nada, coloquei os fones de ouvido nele e dei play no som: “Caralho, eles voltaram! O que é isso?”. Era o Cavalera Conspirancy, e era um discaço. Inevitavelmente também era nostalgia, a volta a um tempo especial que nenhum fã queria ver terminando como terminou (e o que tenho para falar sobre o pós 1996 está na resenha do doc “Sepultura Endurance” – leia aqui). Voltei a esse tempo nostálgico e a esse último disco dos irmãos que realmente me chapou (até peguei o segundo, “Blunt Force Trauma”, de 2011, mas não me animei a ir atrás dos dois seguintes – como boa parte do público) ao publicar no site a entrevista do Homero com o Iggor (aqui) devido ao shows que ele faz com o irmão revisitando a era “Beneath The Remains” / “Arise” em várias cidades brasileiras nessa semana. Nunca mais será antológico e inesquecível como aquele RDP / Sepultura no Olympia, 1996 (minha mandíbula quase estilhaçou no cotovelo de alguém em meio ao pogo, nada que a cerveja e o nível alcoólico não aliviassem na hora – já os dias seguintes…), mas sempre será divertido, barulhento e revigorante. Sempre.

Ps. Velhice é uma merda: quando você menos percebe se vê em 1991 com uma camiseta preta surrada do Sepultura suando horrores sob o sol castigador de Taubaté… todo feliz (risos).

 

outubro 29, 2018   No Comments

Ouvindo: o debut do Alabê KetuJazz

Fruto da colaboração do percussionista francês (radicado no Brasil) Antoine Olivier com o saxofonista brasileiro Glaucus Linx, o Alabê KetuJazz tem a missão de unir a percussão forte do candomblé da nação Ketu com a liberdade estilística do Jazz. Com 10 canções criadas a partir dos rituais do candomblé, o disco “Alabê KetuJazz” (disponível em todas as plataformas de streaming, YouTube incluso) é um bom exemplo de como é possível admirar e amar a beleza da música respeitando suas origens, suas fontes, sua cultura. Antoine escreveu um faixa a faixa especial (publicado no Scream & Yell – leia aqui) comentando os ritos sagrados que percorrem cada uma das 10 canções. Sobre “Saudações”, a faixa que abre o disco, ele escreve: “Da mesma forma que o grupo sempre canta para Exú e Ogum antes de subir ao palco, abrimos o disco com saudações para pedirmos suas bênçãos, para abrirmos nossos caminhos e vencermos nossas lutas”. Benção. Sobre “Opanijé Xaxará”, que ganhou o clipe abaixo, Antoine explica: “Opanijé é o toque sagrado entoado para o Orixá Omolú, que é acompanhado por uma dança dramática, dialogando com a dualidade e efemeridade das coisas. A melodia do sax simboliza o Orixá presente, contando sua história através do movimento do som, assumindo o papel do Orixá incorporado na festa de Candomblé. A música surgiu de dentro do toque dos atabaques seguindo o ritual. É a potência da vida e da cura homenageando Omolú, passando pelas nuances de nossas existências, pelos ires e vires de nossa evolução espiritual. O início é força da vida e da cura homenageando o Orixá, e as paradas rítmicas anunciam a doença e morte. O fim marca a volta à cura e à saúde”.

outubro 29, 2018   No Comments

Ouvindo: “All The People”, Blur

Um disco antigo para lembrar de coisas boas… Nos anos 90, sempre ouvi mais Oasis do que Blur, mas isso foi mudando conforme o Oasis foi se repetindo (após “Be Here Now”, de 1997) e o Blur descobria a América (com “Blur”, de 1997, e “13”, de 1999), e de alguma forma se aproximava de mim. Fato é que na virada do século eu ouvia mais Blur (a ponto de ir atrás dos primeiros discos, que tinham passado meio batido por mim) com direito até a escrever um faixa a faixa empolgadaço de “Think Thank” (2003) no Scream & Yell. Dai que quando comecei a rascunhar o roteiro de viagem de férias pela Europa em 2009 (minha segunda vez no Velho Mundo, a primeira da Lili) e a banda confirmou um show de retorno no Hyde Park, o coração acelerou. Madruguei no dia de início de venda dos ingressos e consegui um par. Essa semana estávamos eu e ela revendo as fotos dessa viagem (e comentando com Martín, ainda na barriga) e deu uma saudade tão boa desse dia 02 de julho de 2009, em que estávamos em meio a 50 mil pessoas celebrando a volta do Blur.

Um dia antes eu tinha visto Tindersticks e Big Star (com Alex Chilton) num “puxadinho” do Hyde Park, e enquanto nos divertíamos no pedalinho no lago do Hyde Park, o Blur passava som, e só aquilo já serviu para aumentar a ansiedade, que seria plenamente saciada no dia seguinte. A banda estava afim, o público estava afim, Londres estava afim (um dia de sol lindo), nós estávamos afim. Foi especial e ainda hoje é especial. Ao escrever sobre esse dia no Scream & Yell o defini como um “fragmento de perfeição no mundo pop”, aquele momento raríssimo em que todas as coisas boas da vida estão sincronizadas. Tempos depois eles lançaram o áudio desse dia em CD junto a um documentário caprichado (com a integra do show) e ficou mais fácil lembrar-se de Damon Albarn contando que fez “Parklife” nas corridas que fazia no Hyde Park (inclui esse momento numa lista de momentos especiais em shows), do coro do público acompanhando Grahan Coxon em “Tender” e de me imaginar com os braços levantados em meio a multidão na capa e encarte do disquinho. Daqueles dias especiais que vão ficar para sempre. Sempre.

outubro 28, 2018   No Comments