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Category — Jornalismo

Discoteca Básica da Bizz

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Em noites de lua cheia de anos bissextos sempre aparece alguém declarando amor ao Scream & Yell, dizendo que quando descobriu o site sua vida mudou. Alguns chegam a dizer que decidiram fazer jornalismo após devorá-lo durante noites em claro (não tenho como ressarci-los por tê-los colocado nessa profissão, mas espero que vocês se divirtam – risos). Acontece com uma freqüência que faz minha alma sorrir.

Já eu devo boa parte da minha paixão por jornalismo cultural (por boa parte leia-se 90%) e de minha educação musical a Revista Bizz. Já contei isso em algum lugar deste blog (provável que na versão 1.0), mas tive várias coleções da revista (três ou quatro). Eu tentava me livrar dela, e quando dava por mim lá estava eu no sebo recomprando tudo (numa dessas perdi, por duas vezes, a edição zero com Mick Jagger na capa).

Chegou uma hora em que aceitei: a revista iria me acompanhar para o resto da vida. Comprei o CD-Rom, mas a coleção com todas as edições em tinta e papel sobrevive em uma estante no quarto. É esta última que consulto quando alguma informação surge na memória. Engraçado. Esqueço nome de pessoas (por mais que eu me esforce), mas sei de cor em que página de tal edição li algo sobre tal assunto.

Ontem, 24 de dezembro, quando o amigo Mauricio Ângelo (@mgangelo) tuitou um link com todos os textos da Discoteca Básica publicados na revista, abri um sorriso. Por alguns minutos me perdi em lembranças boas. De Ana Maria Bahiana falando do Clash (“Três anos depois do verão punk, o establishiment pop ainda lambia suas feridas”) e José Augusto Lemos falando de Miles Davis (“Há pelo menos oito discos de Miles que não podem ficar fora de nenhuma Discoteca Básica”).

De Celso Pucci falando de Joy Division (eles “jogavam a última pá de terra sobre o romantismo do rock’), Fernando Naporano de Arnaldo Baptista (“Arnaldo pagou muito caro por toda essa paixão levada às últimas conseqüências”) e Alex Antunes de Roxy Music (“Os 60 foram anos de esperança, os 70, de confusão”). De André Barcinski sobre Black Sabbath (“O grupo permanece como um dos mais subestimados de todos os tempos”).

E André Forastieri (em um dos textos clássicos da história da revista) sobre Ramones: “É duro ser um garoto de doze anos afundado até o queixo no lodoso tédio urbano. Todo mundo dá palpite na sua vida. O status em casa e na rua, a voz e até o corpo ainda são de criança – mas os instintos são de homem, e as garotas, todas ficando peitudas, não estão nem aí com você. Escrotas. Piranhas”.

No link que se segue você tem acesso aos 215 textos dissecados pela seção. O primeiro, da Bizz 01, de agosto de 1985, começa com uma citação. Imagine que o Brasil está saindo aos trancos de uma ditadura, que o Rock in Rio (sete meses antes) e o emergente rock nacional sinalizam a possibilidade de uma revista de rock. Não havia internet, Google e nem Wikipédia. Apenas cadernos de cultura dos jornais. Era preciso começar praticamente do zero. E começou… assim:

“Cada década produz um ou dois momentos autenticamente memoráveis. Em regra, apenas uma guerra ou uma tragédia apavorante conseguem penetrar as preocupações de milhões de pessoas ao mesmo tempo e ocasionar uma única e bem orquestrada emoção. Mesmo assim, em junho de 1967, tal emoção brotou sem ter sido causada por nenhuma morte, mas pela simples audição de um disco.”…

Discoteca Básica da Revista Bizz

Ps. Feliz natal

dezembro 25, 2010   5 Comments

O ano poderia acabar…

Cansaço mega. Muita, mas muita coisa pra falar, mas cade tempo? Bem, vou refletir melhor o bate papo no III Seminário Internacional Rumos Jornalismo Cultural, o qual participei nesta quinta. Acho que falei rápido demais (ainda mais vendo depois as outras apresentações – ou vai ver que a minha sensação na bancada foi acelerada, e assistindo foi mais lenta – coisas assim) para tentar fazer um resumo. Mas agradeço antecipadamente, e muito, o carinho do pessoal do Itaú Cultural, que fez me sentir bastante à vontade e com dever cumprido: Renan, Ricardo, Fernanda, Babi, Claudiney e ao Eduardo. Aos companheiros de mesa Alex Needham, Jan Fjeld e Fernanda Cerávolo. E especialmente a Rachel Bertol, por levar o Scream & Yell para um evento tão importante. Obrigado.

Deixa eu só refletir algumas questões abordadas ali que coloco tudo aqui. E nesta sexta tem mais Seminário Internacional Rumos Jornalismo Cultural. Veja aqui.

Ps. Rendeu até uma tripinha na Folha desta sexta (valeu Rafa!)

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dezembro 9, 2010   No Comments

Download: e-book ‘Novos Jornalistas’

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Já está disponivel para download a edição e-book do projeto “Novos Jornalistas” que compila  trinta e oito textos de profissionais da mídia brasileira (jornalistas e não jornalistas),  que apresentam de maneira descontraída as novas habilidades que os jornalistas modernos devem ter em decorrência das novas tecnologias advindas da internet e das mídias móveis. Marco presença com dois textos. Baixe aqui.

setembro 14, 2010   No Comments

Nadando em um oceano de informações

Cinco respostas rápidas para o jornal da faculdade do amigo @Almirjournalism

1- Como editor do Scream & Yell você vem acompanhando a evolução do mercado de música para a era digital, principalmente no segmento pop/rock. Qual a sua opinião sobre essa “nova era”?

Estamos passando por um momento bastante difícil, em que o modelo antigo está sendo abandonado gradativamente e um novo ainda não se firmou. Ou seja: estamos exatamente no rito de passagem, e praticamente tudo pode acontecer. Como diria Gilberto Gil nos anos sessenta, é preciso estar atento e forte. O que está entrando em colapso é o modo de vender música. Isso não pode afetar a criação.

2- Com o advento dos sites de música, blogs e fóruns de discussão comentava-se que a função do crítico de música estaria fadada a extinção. Mas parece que com tanta informação é preciso um filtro, uma orientação. Qual a sua opinião?

Acho que esse será um caminho, a via nova a ser seguida. São tantos discos, livros e filmes lançados que o grande público precisa de uma pré-seleção. Não é o cenário ideal. O correto é que cada um fosse crítico o suficiente para saber o que está procurando, mas é preciso entender que música, cinema e livros não é a coisa mais importante do mundo para todas as pessoas. Então uma pessoa x, que tem uma profissão x, não vai gastar seu tempo livre ouvindo 500 discos diferentes. Ela vai encontrar alguém que ela julgue com opinião semelhante, e ver o que aquela pessoa indica para ela ouvir. É uma readaptação da função da crítica.

3- Li um comentário seu de que dias de 36 horas seria um sonho de consumo. Como você se organiza para garimpar novidades com tanta informação chegando de todos os lados?

Fazendo várias coisas ao mesmo tempo, o que muitas vezes faz com que muita coisa não tenha a atenção merecida. Porém, acredito que o que necessita de atenção sobressai. Mas é completamente insano nadar nesse oceano de informações.

4- No momento cite algumas dicas de artistas relevantes fora da grande mídia nos segmentos rock e mpb para os nossos leitores.

O Brasil vive um de seus melhores momentos musicais com muita gente nova de qualidade. Apanhador Só, Nevilton e Banda Gentileza são três grupos que podem muito bem conquistar grande espaço. Os três liberaram seus discos gratuitamente no site oficial e merecem muito serem ouvidos.

5- Comprar discos originais, sejam eles cd, dvd e vinil, ficar olhando ficha técnica, encarte, hoje em dia é um fetiche para excêntricos?

Talvez. O legal da ficha técnica é você descobrir exatamente quem fez o que na gravação, o que muitas vezes muda seu olhar em relação à música. Faz parte, sabe. Mas sou de uma geração que entende o disco como um objeto fechado, cuja capa e a ordem das faixas têm intensa relação com o produto final. Quem acostumou-se a baixar MP3 desde criança terá outra visão do todo. Digamos que eles estão pegando a laranja diretamente do pé enquanto os excêntricos estão comendo bolo de laranja com chocolate (risos). Há algo a mais.

setembro 9, 2010   No Comments

Sobre o entrevistão com Hélio Flanders

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Um dia antes de embarcar com Lili para a Europa em maio, eu, Marco Tomazzoni e Tiago Agostini recebemos o amigo Hélio Flanders, vocalista e letrista do Vanguart, para uma entrevista no meu ex-apartamento. Uma caixa (essa aqui) de Leffe foi comprada para a ocasião. Ainda havia malas para fechar e detalhes para acertar antes de voar para Budapeste, algumas horas depois, mas a expectativa pelo papo com Hélio Flanders era enorme. E foi plenamente recompensada. Ele nos surpreendeu mantendo um fluxo de idéias interessantíssimo que girava em torno da pausa que o Vanguart deu após o lançamento de seu disco ao vivo pela Multishow. Foram cinco horas de bate papo (acabou ali pelas 3 da manhã) que renderam mais de 30 páginas de entrevista, das quais 20 foram publicadas hoje no Scream & Yell (aqui). Em texto a conversa perde um pouco do humor e da ironia do entrevistado, mas encaro o bate papo como um retrato (talvez desencantado, como ele mesmo diz em certo momento – prefiro realista) de um jovem artista tentando se adaptar em um meio (cada vez mais político e menos musical) que costuma devorar sonhos. Há entre as palavras de Hélio e as de Romulo Fróes (aqui), Lulina e Stela Campos (aqui), Heitor Humberto e Nevilton (aqui), e também Wado (aqui) e Iuri Freiberger (aqui) um desenho (talvez borrado, mas ainda assim nítido) do momento atual da música brasileira. Esse desenho nos interessa muito. Para ler (ouvir as canções) e refletir.

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setembro 2, 2010   No Comments

Coisas para ler, ver e ouvir

Para ler

Como contratar um jornalista, por André Forastieri
“Conheço uma pá de estudantes e recém-formados em jornalismo. Tenho uma dó louca. Nossa profissão está acabando. Quer dizer, o tempo em que nossa profissão era fácil está acabando. Mais explicitamente: antes era mais fácil enrolar o leitor, o chefe, até os colegas“. Leia mais aqui.

“O império das bandas coxinhas”, por Sérgio Martins
“Chris Martin é um sujeito exemplar. Vocalista e líder do grupo Coldplay, que desembarca nesta semana no país para apresentações no Rio e em São Paulo, ele não perde a chance de ajudar os mais necessitados”. Leia mais aqui.

Editora processa blogueira, por Sérgio Rodrigues
“A tradutora e blogueira Denise Bottmann, do site Não Gosto de Plágio, precisa de ajuda. Caçadora mais ou menos solitária de picaretas editoriais, está sendo processada pela editora Landmark, que pede ao juiz indenização mais a retirada de seu blog do ar.” Leia mais aqui.

Para ver

Bruno Morais faz show gratuito no Sesc Consolação (Rua Dr. Vila Nova, 245) nesta terça-feira, às 19h30. Canções como “Hino dos Corações Partidos F.C.”, “A Vontade” e a novíssima “Cidade Baixa” (que toquei no meu set list da rádio Levis, e você pode baixar aqui) podem fazer o seu dia mais bonito.

Lulina, na sequência, apresenta as deliciosamente pegajosas “Balada do Paulista”, “Meu Príncipe” e outras no Sesc Pompéia, às 21h, também com entrada gratuita. Aliás, você já visitou a Lulilândia? Aqui.

Lafayette e os Tremendões (Gabriel, do Autoramas, Érika Martins, ex-Penelope, Renato Martins, do Canastra, Melvin, do Carbona, Nervoso, do Nervoso & os Calmantes, e Marcelo Callado, Do Amor e Banda Cê, de Caetano Veloso) tocam hits da Jovem Guarda na Choperia do Sesc Pompéia na quinta-feira, 21h. Para beber chopp escuro e cantar até ficar rouco.

Do Amor na festa Versão Brasileira, no CB (Rua Brigadeiro Galvão, 871), ali pela meia-noite de quinta-feira. E ainda tem Eisenbahn de Trigo (bebi quatro na primeira festa), Pale Ale (quatro na terceira festa) e outras que vou descobrir (e beber quatro).

Vanguart no Studio SP (Baixo Augusta), no meio da madrugada de sexta-feira para sábado. Já faz um tempo que não vejo o amigo Helio Flanders e seus comparsas ao vivo.

Para ouvir

Em mais uma de suas empreitadas malucas, João Brasil fez um mashup delicioso que junta a sensacional “O Que Que Nego Quer (Comer a Mulher)”, do rapper De Leve, com a não menos sensacional “Samba a Dois”, um dos últimos momentos de criatividade do Los Hermanos. Ouça (e baixe) o mashup aqui.

A banda Graveola e o Lixo Polifônico está liberando seu novo “meio” disco gratuitamente em seu site oficial. Gostei do primeiro (?) disco deles, que ainda não comentei por absoluta falta de tempo, e já baixei esse novo. Vale a pena o download. Aqui.

Você gosta de bootlegs? Se a resposta for positiva, divirta-se aqui.

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Ps. Eu tinha que escrever sobre “Um Homem Sério”, novo filme chapado dos irmãos Coen, mas bateu um sono…

fevereiro 22, 2010   No Comments

Uma noite rock and roll em Juiz de Fora

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Apesar do inconfundível sotaque mineiro, Juiz de Fora é quase Rio de Janeiro. Isso fica perceptível quando se abre o caderno de esportes do Tribuna de Minas, o maior jornal da cidade, e a última página é dividida em quatro blocos: Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco. Um dia antes, o caderno de cultura destacava a ida deste que vos escreve à cidade classificando-me como “uma das maiores autoridades em cultura pop na internet”. O título é exagerado, mas agradeço o deferimento.

Juiz de Fora tem 525 mil habitantes, seis faculdades (uma delas federal) e fica na Zona da Mata. Chegou a ser conhecida como a Manchester Mineira, não por bandas equivalentes a Smiths e New Order, mas por seu pioneirismo na industrialização. Para chegar à cidade, vindo de São Paulo, se pega a Via Dutra em direção ao Rio, e segue-se beliscando Volta Redonda. Ou encara-se um vôo no avião de médio-porte ATR-42 saído de Congonhas de pouco mais de hora via Pantanal.

Os vôos costumam atrasar. Na quinta foram duas horas de espera devido a uma vistoria na nave feita pela ANAC, o que permitiu descobrir que o chopp Brahma em Congonhas é mais barato que o chopp Heineken em Guarulhos: R$ 7,50 x R$ 10,50. De qualquer forma, dois assaltos. Apesar do atraso, o vôo foi tranqüilo (e altitude da aeronave, voando a 18 mil pés, permitiu uma bela visão de São Paulo iluminada à noite) e o pouso em Juiz de Fora um dos mais sossegados dos últimos tempos.

Fui recebido pelo João Paulo Mauler, do projeto Quinta do Bloco (www.quintadobloco.com), no aeroporto, e seguimos para o hotel e sem eguida para o Café Musik, local que abriga o retorno do projeto após três anos de hibernação. Kátia Abreu, da Alavanca, já havia elogiado o Musik em um bate papo, mas não tenho palavras para descrever um local cuja parede lateral de entrada é tomada inteiramente pela foto clássica e nostálgica do filme “Manhattan”, de Woody Allen, em que o casal de personagens observa a Ponte do Brooklin. Estou em casa.

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 A programação para a noite era um bate papo meu com os presentes depois shows da banda local Hermitage e do carioca Lê Almeida (www.myspace.com/lealmeida). Alguns minutos pós a meia-noite dispensei o microfone, coloquei uma cadeira no meio do salão e gastei uns 20 ou 30 minutos falando bobagens sobre a minha formação profissional e minha visão do cenário musical nacional. Fiquei feliz e surpreso com o bom número de ouvintes e com algumas perguntas interessantes que surgiram após meu monólogo.

A Raizza questionou minha crítica à Pitty, e precisei aprofundar o assunto “jornalismo combativo”. Del Guiducci, do Martiataka (www.martiataka.com), tocou no assunto mainstream brasileiro, e assim que afirmei que vivemos a pior fase do rock nacional no mainstream e não há nada de bom acontecendo no momento, três emos de uma jovem banda local levantaram e partiram. Um pouco antes eu já havia dado o recado: “Aprenda a ler jornalistas e não revistas”. Eles devem ter pegado o recado e visto que dessa cartola aqui não sai coelho.

No geral, o bate papo foi extremamente proveitoso, ao menos para mim. Fiquei satisfeito, mas o melhor ainda estava por vir com curtos bate papos com a Raizza (que leu Simone de Beauvoir por causa da Pitty); com o Anderson, da banda Usversos (www.myspace.com/usversus), que faz um som na linha Dead Fish (e tenta fugir do emo); com o Greg, que curte o Scream e já tocou o Ameba, da Plebe Rude; com o Roney, que toca em duas bandas locais, sendo que uma delas fará uma temporada na Alemanha nos próximos meses.

Nas pick-ups da festa rock and roll, Luiz Valente, do selo Vinyl Land (www.vinyllandrecords.com), que lança singles em vinil e discoteca com compactos 7 polegadas de uma coleção que faria Rob Fleming corar de inveja. A frase que mais ouvi – e mais me deixou comovido – na noite foi: “Acompanho o Scream & Yell há seis (sete, oito, nove) anos, e ele (e o 1999, do Alexandre Matias e do Abonico Smith, e o Esquizofrenia, do Gilberto Custódio) moldou muito do que ouço hoje em dia”.

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O Hermitage, que fazia seu último show com esse nome, me arrancou sorrisos. A Paula Bento, do Quinta no Bloco, comentou que o som da guitarra estava alto, e o bom rock and roll é isso: guitarra alta e distorcida. Bebendo cerveja num canto da pista e olhando a alegria do público dançando só pude imaginar que quando Pavement, Teenage e Guided by Voices, começaram, eles tocavam assim para uma platéia não muito diferente dessa. Festa. Rock caipira poderoso com direito a cover de Neutral Milk Hotel.

Lê Almeida veio na seqüência.  Ele comanda o selo Transfusão Noise Records de seu quarto estúdio na Baixada Fluminense. Levando a sério o lema “faça você mesmo”, Lê já organizou um tributo brasileiro ao Guided By Voices (veja aqui) chamado “Don’t Stop Now” (que conta com Superguidis, Kid Vinl Experience, Snooze, Surfadelica e mais 27 bandas), toca em dezenas de bandas, lançou vários EPs caseiros e, segundo muitos presentes, é um gênio. Toca tudo deste projeto solo, que ao vivo conta com o reforço dos amigos.

Antes do show, o projeto Quinta no Bloco apresentou em primeira mão o clipe de “Nunca, Nunca”, faixa de “Revi”, novo trabalho de Lê Almeida lançado em parceria com os selos Midsummer Madness e Vinyl Land. O set list, na linha Guided By Voices, tinha 27 músicas, e a banda mostrou suas guitarradas em um show potente, mas que acabou prejudicado por um problema em uma das caixas de som. No balanço geral, dois bons shows que mostram que a cena lo-fi nacional continua rendendo excelentes frutos.

Fica o agradecimento a Rayssa, ao Del Guiducci, ao Greg, ao Anderson, ao Roney, ao Evandro (não esqueci do Mojobook não!), ao Lê Almeida (pela gentileza e por todos os CDs), ao Luiz (pelo bom papo sobre vinis), ao André Medeiros (que escreve junto com o Eduardo no ótimo Last Splash – lastsplash.wordpress.com) e o pessoal do ex-Hermitage, ao pessoal do Café Musik, e especialmente ao João e a Paula pelo convite. Para mim, a noite foi bem bacana. Espero que para vocês todos, também. Até a próxima, Juiz de Fora.

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Todas as fotos por Amanda Dias
http://www.flickr.com/photos/amandadias

novembro 22, 2009   1 Comment

Entrevistando Fernanda Young

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Não lembro ao certo que mês de 2001 foi, mas acho que era novembro ou dezembro. Desci a rua Albuquerque Lins, no bairro de Higienópolis com meu gravador e duas fitas cassete de 60 minutos para entrevistar Fernanda Young em seu apartamento. Ela estava lançando um livro (mediano), “Efeito Urano”, até hoje o único que li dela (por causa da entrevista), e me aguardava com os dois pés atrás.

Assim que entrei em seu apartamento, notei uma certa insegurança por parte dela, que gesticulava muito tentando soar à vontade. “Você é o repórter da Reuters, certo. O Alexandre (Carvalho, marido) me disse que a Reuters é muito importante. E eu ficava falando pra mim mesma. ‘Reuters, Reuters, Reuters, está tudo bem”.  Ela chamou a empregada, me ofereceu algo para beber e ficou feliz de eu ter escolhido coca-cola ao invés de água. Sinais, sabe.

Cerca de quarenta minutos depois, no meio de uma resposta, ela solta: “Puxa, eu nunca falei tanto como eu estou falando agora (risos) e eu nem queria dar entrevista, né”. A tarde passou voando e quando vimos, as duas fitas cassete de 60 minutos estavam abarrotadas de conversa. Então surgiram Estela May e Cecília Madonna, suas duas filhas, e aproveitei o momento família para me despedir e subir a Albuquerque Lins em direção a Teodoro Sampaio, local em que eu morava na época.

Fernanda Young foi bem interessante nas duas horas que conversamos. Me pareceu se desarmar da persona que criou para provocar o mundo e a conversa rendeu uma longa entrevista de 14 páginas que ficou reduzida a 3 mil toques para a Reuters.  Isso era 2001 e cortamos para 2009. Ela é capa da edição de novembro da revista masculina mais famosa do país, e parece ter incomodado muito gente com isso. Mais: homens agem como se fosse proíbido ela ter feito o ensaio. Bobagem.

Alguns dizem que ela é feia, no que discordo, embora também não a ache um exemplo de beleza. Na verdade, beleza não tem a ver com ela. Fernanda Young é falastrona, provocadora e irritante. E isso a sociedade (principalmente a ala masculina) não suporta. É o inverso da sensação de paixão que faz com que homens enxerguem suas mulheres como a mais bela do mundo. Pouca gente parece amar Fernanda Young, e isso a torna feia, burra e chata. Copo meio vazio, eu sei, mas é assim.

Particularmente, gostei de algumas fotos prévias do ensaio. Essa edição vai ser (fácil) mais interessante do que qualquer uma das tão “amadas” Mulheres Frutas. No entanto, fotos de nudez a parte, acho que essa entrevista que fiz com Fernanda Young em 2001 é uma das minhas prediletas junto com o bate papo com Ian McCulloch e também uma longa troca de e-mails com o amigo André Takeda. Recentemente, fiquei feliz com o resultado da conversa com Wado aqui em casa.

Destas quatro citadas (linkadas abaixo) e entre todas as outras que fiz, a minha preferida é a da Fernanda Young. Acho que o politicamente incorreto é extremamente necessário (nunca sonhei em viver no paraiso do bom mocismo), e a liberdade de expressão é um bem valioso demais para todos, mas fica feio quando descamba para a hipocrisia. São gestos não pensados e idiotas de machos que pensam apenas com a cabeça debaixo que acabam desancadeando fatos como o da moça da Uniban.

Fernanda Young muitas vezes me irrita, mas se ela quer ficar pelada, eu não vou reclamar. Pelo contrário. Como diria o sábio Roger Rocha Moreira no hino “Eu Gosto de Mulher”: “mulher faz bem pra vista”. Sua nudez é benvinda e não deveria ser castigada. Em um mundo em que Gilberto Kassab é um péssimo prefeito, José Serra candidato forte à presidência e Caetano Veloso é consultado (e levado à sério) sobre tudo que acontece, Fernanda Young é dos males (se for), o menor. E não quero nem imaginar Kassab, Serra e Caê nus. Prefiro a Fernanda Young.

Leia mais:
– Marcelo Costa entrevista Fernanda Young (aqui)
– Marcelo Costa entrevista Ian McCulloch (aqui)
– Marcelo Costa entrevista André Takeda (aqui)
– Marcelo Costa entrevista Wado (aqui)

novembro 7, 2009   No Comments

Os meus gostos musicais e, claro, Woody Allen

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Sou o entrevistado da Jukebox Weekly, do site Move That Jukebox, desta semana. No bate papo curtinho e eficiente coisas sobre hype, as bandas que me acompanham desde sempre, uma guilty pleasure e Woody Allen. Leia aqui.

outubro 29, 2009   No Comments

Dois olhares estrangeiros sobre o Brasil

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“Jornalista, para de tremer; se quiséssemos, você já estaria morto”: O repórter de El País entra no morro dos Macacos, no Rio de Janeiro. Aqui.

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The Other Brazil: Minas Gerais. Reportagem no caderno de turismo do New York Times em que o jornalista, apaixonado pela paisagem, pula a cerca de uma propriedade, e comenta: “Ao invés de atirar em nós, o fazendeiro nos convidou para um café acompanhado de geléia caseira de goiaba”. Leia aqui em inglês.

outubro 24, 2009   No Comments