Random header image... Refresh for more!

Perambulando nas ruazinhas de Praga

rt20.jpg

O mundo tem centenas de milhares de cidades, mas poucas devem merecer o adjetivo de encantadoras com todas – mas muito poucas mesmo – as doze letras que compõe a palavra. Chuto umas dez cidades, mas só consigo pensar em duas ou três neste momento: Paris, Veneza e… Praga. Amo Barcelona, mas a cidade espanhola é uma conjunção de diversos fatores que me atraem (Gaudi, o projeto urbanístico do Cerdá, o Mediterrâneo) e que me fazem ter vontade de morar nela, mas essa paixão é algo mais racional que passional.

Já Paris, Veneza e Praga são passionais. Assim que você atravessa os limites da cidade, já sabe se a amou ou se a odiou. Me apaixonei por Veneza desde a janela do avião, observando aquele monte de casinhas entre a água. Por Paris foi diferente. Odiei o hostel que tinha reservado, estava num dia péssimo, e um norte-americano de New Jersey, observando minha ira, aconselhou: “Você tem um mapa? Faz o seguinte: nós estamos aqui. Pega a Rua do Commercio que você vai sair na Torre Eiffel. Depois atravessa, vai no Arco do Triunfo e desce a Champs Elysees”. Precisa dizer mais?

rt29.jpg

Já Praga… Acordamos às 4h20 em Budapeste para pegarmos o trem naquela estação macabra às 5h28 com previsão de seis horas de viagem. A viagem foi monótona, com exceção de um grupo de alunos (média 16 anos) que entrou no nosso vagão já na República Tcheca (o trem que sai da Hungria ainda passa pela Eslováquia) e causou (um deles arremessou a mochila no bagageiro. Segundos depois um líquido vermelho começou a escorrer. Era uma vez uma garrafa de vinho escondida). Engraçado eram os amigos tentando esconder os vestígios da professora.

Chegamos ao hotel após uma boa pernada (erramos o lado de saída do metrô), desfizemos as malas e fomos para a rua. A Charles Bridge estava completamente abarrotada de turistas (enfim, eles chegaram. E nós também). Almoçamos no centro da cidade (Lili arriscou no coelho, e aprovou. Fui do meu steak básico, que perde para o de Budapeste), e saímos a caminhar pelas ruazinhas de Praga sem destino certo (algo delicioso de se fazer numa cidade antiga).

rt11.jpg

Chegamos na praça principal, dividida entre turistas e torcedores que iriam acompanhar a final do campeonato mundial de hóquei no gelo (os tchecos enfrentavam os russos – contei aqui). Subimos na torre da antiga prefeitura (construída em 1338), observamos a visão esplendorosa da cidade e depois partimos caminhando por ruazinhas sem destino, um deleite para a alma. São tantas coisas pra se ver na cidade que o mais correto é relaxar e deixar-se levar pelo vento, pelas ruas que pedem seus pés, sem pirar em obrigações. Isso se chama férias.

Praga é uma cidade especial porque parece ter preservado com naturalidade sua personalidade sem se render a brutalidade e impessoalidade do mundo moderno. Os bondinhos passeiam pelas ruas e dão um charme especial ao conjunto. Os prédios antigos estão em ótimo estado, e convidam a contemplação. Há prédios novos (como o lirico “Dancing House”, de Frank Gehry e Vlado Milunic) e centenas de cafés convidativos. E há a Charles Bridge, o conjunto do castelo, o bairro judeu, as cervejas, as comidas, as mulheres mais lindas do mundo (grifo do amigo Carlos)…

rt9.jpg

Choveu (e ventou) muito na segunda. Nosso guarda-chuva morreu (assim como todos aqueles de Budapeste) e chegamos completamente ensopados no hotel, mas o dia todo valeu muito a pena. Entramos na St. Vitus Catedral, a impressionante (mais por fora do que por dentro) catedral gótica que começou a ser construída em 1344 (para ser finalizada quase 600 anos depois, em 1929) e que reina no alto do morro do castelo. Um misto de contemplação e receio toma a alma do espectador, e nos leva para uma época em que a religião doutrinava através da beleza, mas também do medo.

Pertinho da igreja está a Golden Lane, uma ruazinha estreita com casinhas de trabalhadores que prestavam serviços no palácio real. Queríamos ver a casa em que viveu Franz Kafka entre 1916 e 1917, mas a vilinha está fechada para reformas. Uma pena. Deixamos a região do castelo medieval debaixo de chuva. Esta terça é nosso último dia na cidade, mas ficamos felizes porque queremos voltar. Praga (assim como Paris e Veneza) não é uma cidade em que você passa apenas uma vez na vida. É daquelas raras paixões que vão e voltam. E esperamos muito que ela volte para nós.

rt10.jpg

Fotos da viagem:
http://www.flickr.com/photos/maccosta/
http://www.flickr.com/photos/lilianecallegari/

maio 25, 2010   No Comments

Top 18 cervejas da viagem

rt7.jpg

Temos uma nova líder no ranking de cervejas da viagem. A Pivovar Kout na Šumave (site oficial aqui) é uma cervejaria que abriu as portas em 1736, parou de fazer cervejas em 1969 e retornou em 2006 com uma pequena produção que, segundo consta, é difícil de encontrar mesmo na República Tcheca. E é simplesmente deliciosa, uma combinação absolutamente perfeita de malte, lúpulo e água que impressiona.

Bebi a versão 14° com 6% de graduação alcoólica. Há, ainda, uma versão 18° com 8%. Encontrei ela em Praga no Café Celeste, que fica na Dancing House, o prédio que Frank Gehry desenhou ao lado do arquiteto esloveno Vlado Milunic, uma pequena obra de lirismo às margens do rio Vltava. Fica a dica (com acréscimo de uma dica da Luana): se estiver em Praga procure a Pivovar Kout no Café Celeste. Consumindo algo no café você tem o direito de subir ao restaurante, no último andar, e vislumbrar-se com a vista da cidade.

A Kout não foi a única cerveja do dia. Nosso hotel, o ótimo Angelis, fica em frente da fábrica da Staropramen, a segunda maior cervejaria da República Tcheca (suspeito que a Pilsner Urquell seja a primeira) com uma produção de 36 mil garrafas de cerveja por hora. Aproveitamos a manhã de sol e pegamos um tour em inglês na cervejaria, que explica o processo de produção da cerveja e várias curiosidades interessantes.

A Staropramen integra o super grupo Inbev/Ambev, das qual fazem parte a nossa Brahma, a alemã Becky’s e as belgas Hoegaarden, Leffe e Stela Artois, carro chefe da multinacional. “Temos que fazer Stela Artois aqui. Eles nos mandam o malte especial da cerveja, e a produzimos. Garanto: a nossa Stela Artois é melhor que a belga”, ironizou a garota que conduzia o tour. No fim, cerveja direto da cervejaria. Provamos as três versões da Staropramen, boas, mas básicas. Abaixo, o listão atualizado.

rt8.jpg

1) 4,5/5 – Kout Special Dark Beer 14°, República Tcheca (aqui) 6%
2) 3,9/5 – Edelweiss, Áustria (aqui) 5,5%
3) 3,5/5 – Hofbrau Munchen, Alemanha (aqui) 5,1%
4) 3,4/5 – Soproni’s Fekete Démon, Hungria (aqui) 5,2%\
5) 2,7/5 – Staropramen Cerný (Dark), República Tcheca (aqui) 4,4%
6) 2,7/5 – Pilsner Urquell, República Tcheca (aqui) 4,4%
7) 2,6/5 – Arany Ászok, Hungria (aqui) 4,5%
8 ) 2,6/5 – Staropramen Granat, República Tcheca (aqui) 4,8%
9) 2,5/5 – Staropramen Premium Lager, República Tcheca (aqui) 5%
10 ) 2,5/5 – Gambrinus, República Tcheca (aqui) 4,1%
11) 2,4/5 – Hubertus Bräu, Áustria (aqui) 3,9%
12) 2,3/5 – Kozel Premium, República Tcheca (aqui) 4,8%
13) 2,2/5 – Eggenberg Vollbier, Áustria (aqui) 5,1%
14) 2,1/5 – Róna, Hungria (aqui)
15) 2/5 – Wieselburger Stammbräu, Áustria (aqui) 5,4%
16) 1,9/5 – Dreher, Hungria (aqui) 5,2%
17) 1,8/5 – Gösser Märzen, Áustria (aqui) 5,2%
18) 1/5 – Gösser Radler, Áustria (aqui) 2,0%

Fotos da viagem:
http://www.flickr.com/photos/maccosta/
http://www.flickr.com/photos/lilianecallegari/

maio 25, 2010   No Comments

República Tcheca 2 x 1 Rússia

rt6.jpg

Imagine um gringo solto na avenida Paulista no dia da final da Copa do Mundo de Futebol, com Brasil e Argentina disputando a taça. Foi mais ou menos o que aconteceu conosco, soltos em Praga na Staromestské Namesti (a praça mais linda do mundo, grifo – que assino embaixo – do amigo Carlos) no domingo, acompanhando com o povo tcheco a final do Campeonato Mundial de Hóquei no Gelo, em que a República Tcheca bateu os até então invencíveis russos (os caras não perdiam uma partida desde 2007!!!!) na final por 2 a 1.

rt1.jpg

O clima de agito começou logo cedo. Assim que chegamos em Praga, ao meio dia, desfizemos as malas e partimos atrás da Charles Bridge, ponte de 500 metros construída em 1357 que traz, em seu percurso, 30 diferentes estátuas e esculturas e é deslumbrante. Deslumbrante. Totalmente tomada por turistas, a ponte e o centro da cidade pareciam nos ter colocado na alta temporada do verão europeu, tamanha a quantidade de pessoas caminhando, se esbarrando e comprando bugigangas nas ruas estreitas de Praga. Até então, na rua só turistada e tchecos só nas lojinhas.

rt5.jpg

Porém, na Staromestské Namesti, dezenas de camisetas dos Czech coloriam a praça em vermelho, branco e azul. Bandeiras eram pintadas no rosto enquanto cerveja, wurst e um delicioso espetinho de frango (esse aqui) eram consumidos em doses cavalares pelos presentes. Na semifinal, a Suécia bateu a Alemanha e ficou com o terceiro lugar (e os tchecos torciam pela Alemanha). No entanto, o grande momento da noite iria acontecer com o dia morrendo atrás do Castelo de Praga, a praça abarrotada e a confiança dos torcedores (e das torcedoras – aqui) na vitória praticamente impossível.

rt2.jpg

Os tchecos abriram o placar aos 20 segundos ampliando para 2 a 0 logo depois. É irônico como os os esportes se repetem. Com 2 a 0 de vantagem, os tchecos recuaram, e a Rússia foi à frente. À três minutos do final, os russos deram cinco chutes perigosos à gol, um deles batendo na trave do goleiro tcheco. Mas, com 35 segundos pro jogo acabar, o russo Datsyuk acertou uma porrada de primeira, indefensável, e diminuiu. Os 30 segundos seguintes foram enlouquecedores, e a torcida contou os dez segundos finais em festa. República Tcheca campeã (e nós em Praga).

rt4.jpg

Voltando de tram para o hotel percebemos que vários telões estavam espalhados pela cidade. A torcida comemorava a vitória que, para você sentir o peso da coisa toda, teve direito até a presença do presidente tcheco Vaclav Klaus nos vestiários parabenizando o time campeão. Não sei se há uma grande rivalidade entre a República Tcheca e a Rússia (como a nossa com os argentinos), mas é de se imaginar que algo exista, já que os russos invadiram a Tchecoslováquia nos anos 60 e assumiram o poder. Política e esporte se misturam no imaginário, mas quem dorme feliz hoje são os tchecos.

Fotos da viagem:
http://www.flickr.com/photos/maccosta/
http://www.flickr.com/photos/lilianecallegari/

rt3.jpg

maio 25, 2010   No Comments