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E então, no quinto dia, o sol apareceu

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Apareceu naquelas: o vento frio estava ali para nos lembrar que a primavera ainda não terminou no velho mundo, mas só de ver o solzinho dar às caras já ficamos animados. Tudo bem que não foi um sol por muito tempo, e a manhã terminou cinza e nublada enquanto a tarde recebeu uma garoa leve, mas os ventos não cessaram um segundo.

Começamos o dia no MuseumsQuartier conferindo as exposições no Leopold Museum e no Mumok. Compramos um ticket para os dois (que com o desconto do Viena Card saiu por 11 euros), mas batendo os dois juntos no liquidificador não dá metade do L’Orangerie, em Paris. Acervo fraquinho, com dois ou três belos Klimt (“Tranquil Pond”, “Attersee”) e alguns Egon Schiele que se revelaram uma surpresa (Lili, que entende mais do assunto do que eu, amou).

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Para mim, os prédios (dois caixotões bacanas) me impressionaram mais do que as obras em si. Gostei muito das paisagens do Schiele (“Crescent”, “House II”) do que de seus retratos nervosos. Praticamente um filho de Gustav Klimt, Schiele é um excelente representante do expressionismo austríaco, e morreu aos 28 anos vítima da gripe influenza espanhola, três dias depois de sua esposa, que estava grávida de seis meses. Talvez seus quadros mórbidos já soubessem da tragédia.

Porém, se você quiser ver Schiele e Klimt em Viena, vá ao Belvedere, o tal palácio em que viveu Franz Ferdinand. O local em si é uma atração à parte, um imenso castelo com jardins ao estilo francês (uma cópia de segunda categoria, na verdade, assim como as esculturas, terríveis perto das de qualquer pracinha italiana) que abriga obras de Renoir, Monet, Degas e Van Gogh, além de duas salas repletas de Schiele e mais duas com obras de Klimt, incluindo a mítica (e bela) tela “O Beijo”.

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Antes de partir, paramos em um café grego em frente à entrada do Belvedere. Tomei o melhor goulash da viagem (acompanhado de pikla, um delicioso pão com alho feito na casa) enquanto Lili arriscou um topfenstrudel. Para não irmos direto para o hotel, decidimos conferir qualé a do Gasometer, quatro imensos prédios que foram recuperados por grandes arquitetos (entre eles, Jean Nouvel, aquele do “pinto” em Barcelona – falei aqui).

Fiquei curioso pelo prédio pois, no dia do BRMC, vi um cartaz que anunciava um show do Wilco lá (em setembro, acho). E o lugar é sensacional. Os quatro arquitetos (cada um pegou uma torre do gasômetro) piravam e construíram um interessante centro comercial que, também, abriga apartamentos, academia de ginástica, casa do shows e é interligado com um complexo de entretenimento com cinema e outras coisas. Um deslumbre.

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Além dos quatro prédios remodelados, o complexo (chamado de Gasometer City) ganhou um prédio todo recortado na frente, e um conjunto de cinco prédios verdes e tortos ao fundo, como se o vento do centro tivesse movido os blocos de lugar. Interessantíssimo. Aproveitamos que estávamos por ali e saímos às compras: mais uma blusa de frio pra Lili, uma garrafinha de vinho (para ela), duas novas cervejas (para mim), queijo brie, Pringles e alguns docinhos.

Nesta quinta faremos um bate e volta na capital do país vizinho, a Eslováquia. Vamos para Bratislava dar uma olhada rápida, e voltamos à noite para arrumarmos as malas e voltarmos para mais dois dias de Budapeste (mais Buda que Peste). Praga já começa a pintar em nosso trajeto. Domingo estaremos por lá.

Ps1. Lili viciou no apfelstrudel

Ps2. Se você está na Áustria, faça como os austríacos e almoce hot dog com wurst. Não tem como não achar engraçado. O cara tem uma máquina que tira o miolo do pão, e é ali que ele introduz o salsichão (que pode ser apimentado, sem pimenta e aquele marrom, que ainda não provei – e não tenho muita coragem). E ele pergunta: “cat chup e mostarda?”. E é só isso, mas sabe que fica bão! :~

Ps3. Seguindo a dica do grande amigo Carlos saímos atrás de alguns lugares que serviram de cenário para “Antes do Amanhecer”. Juro que eu não lembrava que Jesse e Celine desciam em Viena, e passavam o dia na cidade (e a noite no parque). Encontramos a ponte, mas preciso rever o filme para clarear a memória. Para mim, a cena em que o casal encontra o grupo de teatro era em outra ponte e não nessa (aqui). A rever.

Ps4. Em Paris, ano passado e retrasado, visitei a Shakespeare and Co., local que serviu de cenário para “Antes do Por-do-Sol” (aqui). Jonathan Safran Foer estava por lá também lendo trechos de seu novo livro, “Eating Animals” (contei aqui)

Ps5. No supermercado havia um Erdinger Dunkel de rótulo marrom que nunca cheguei a ver no Brasil. Fiquei tentado, ainda mais pelo preço: 0,95 euro. Mas acabei levando uma Eggberg Vollbier. Amanhã falo dela.

Ps6. Como assim 23 graus em São Paulo e 9 em Viena? Já é quase inverno por ai e aqui é quase verão! Como assim??? risos

Ps7. Mais duas cervejas para entrar na lista. A primeira foi a Hubertus Bräu, um dunkel austríaca docinha (com aroma de chocolate e sabor de caramelo) e muito leve (apenas 3,9% de graduação alcoólica) que fica no meio do caminho entre a 1795 Dark e a Malzibier. A outra foi a Wieselburger Stammbräu, 5,4% de graduação alcoólica bastante perceptíveis. A garrafa é daquelas com rolha de pressão, cliplock, e apesar do charme, a cerveja é apenas boazinha, melhor que as concorrentes de boteco da área (tipo aGösser), mas ainda assim nada impressionante. O problema das cervejas austríacas é que elas são aguadas. Quem manda o país ter 70% de água não tratada descendo purinha direto dos Alpes. Essa água toda teria que ir para algum lugar…

1) 3,5/5 – Hofbrau Munchen, Alemanha (aqui)
2) 2,6/5 – Arany Ászok, Hungria (aqui)
3) 2,4/5 – Hubertus Bräu, Áustria (aqui)
4) 2/5 – Wieselburger Stammbräu, Áustria (aqui)
5) 1,9/5 – Dreher, Hungria (aqui)
6) 1,8/5 – Gösser Märzen, Áustria (aqui) (aqui)
7) 1/5 – Gösser Radler, Áustria (aqui) (aqui)

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Fotos da viagem:
http://www.flickr.com/photos/maccosta/
http://www.flickr.com/photos/lilianecallegari/

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