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O frio não dá trégua em Viena

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Não tem jeito: nada de trégua do frio. Ao menos não chove em Viena, e isso já é de se comemorar muito. Porém é de se imaginar como essa cidade deve ficar linda no verão. Viena já conquistou um lugar em meu coração, e não consigo explicar bem o motivo. Talvez por ela ser a típica cidade de primeiro mundo, com seu transporte público que funciona, a limpeza absurda das ruas, seus cafés, praças e monumentos, mas há algo que chama a atenção da alma.

Viena não é toda certinha como uma cidade perfeita da Bélgica (tipo Leuven), por exemplo, nem “errada” como Paris, cuja beleza (e os franceses) muitas vezes mais afasta do que aproxima, ou lírica como Veneza, um conto de fadas dentro do mar. Por outro lado, ela não é bagunçada como Roma, não carrega o peso de Berlim e tampouco a urgência de Londres. Viena, assim como Barcelona, é para se morar e viver, e acho que esse é o maior elogio que se possa fazer para uma cidade.

Segundo a previsão do tempo, a terça-feira não teria chuva, mas o frio iria continuar. E eles acertaram (o que é péssimo, já que há previsão de chuva para os próximos dois dias). Passamos toda a manhã caminhando pela Ringerstrasse (a Avenida do Contorno dos austríacos), rua que abriga os principais monumentos da cidade. A Ringerstrasse é o anel viário que percorre o caminho em que se erguiam as muralhas que delimitavam a cidade até o século XIX.

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Seguimos o conselho do nosso guia de viagem (“O Viajante Independente”) e descemos a Ringerstrasse à pé passando pela impressionante catedral gótica Votivkirche (bastante detonada, mas ainda assim magnífica) e pela Universidade de Viena (fotos dos nove ganhadores do Prêmio Nobel formados no local estão expostas na entrada. Um décimo espaço destaca uma interrogação: Quem será o próximo?) e pela Prefeitura, uma construção imponente em estilo gótico.

Após uma visita ao Parlamento, pausa para café e apfelstrudel em frente à universidade. Dali pegamos um tram, e descemos em frente à Opera de Viena, onde dezenas de covers de Mozart vendiam tickets para apresentações de ópera e música clássica de quinta categoria. Bobeamos e não entramos no prédio assim como não entramos na Secession, construção pré-modernista que abriga uma obra clássica de Gustav Klimt: um painel de 34 metros sobre a Nona Sinfonia, de Beethoven.

O almoço (quase às 15h) foi na encantadora Naschmarkt, um mercado ao ar livre com centenas de barracas que vão de vinhos, lojas de kebab, doces, frutas, verduras até dezenas de restaurantes (com predominância para a comida indiana e japonesa). Fico chapado em mercados locais. É um festival de cores, cheiros e sabores que impressiona o olhar, o olfato e o paladar. Ficamos entre um com cara de pub que tinha strognoff, mas estava lotado, e outro de comida local, que acabou nos recebendo.

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Lili foi do tradicional Wiener Schnitzel (um belo filé de vitela acompanhado de fritas e salada) enquanto optei por uma ótima wurst (salsicha) com queijo. Para acompanhar, vinho branco para a dama (lema de Lili na Europa: se a taça de vinho é o mesmo preço que o do refrigerante, beba vinho), cerveja para o cavalheiro. Cerveja? Com o cardápio em mãos pedi uma Gösser Radler, que acabei descobrindo na prática ser feita de 40% de cerveja e 60% de limonada!!! E não é que, comparando com a Sprite, ela é boa (risos).

Para não perder o embalo das cervejas (após a limonada alcoólica), peguei uma Gösser Märzen na vendinha do metrô. Minha primeira impressão é que a Gösser Märzen (com 5,2% de teor alcoólico) é a cerveja de boteco dos austríacos, equivalente às nossas Antarctica, Brahma e Skol. Ou seja, bem basiquinha e sem sabor marcante. Resta saber se causa ressaca como as nossas, mas melhor não arriscar (apesar da boa fama da água dos austríacos, que desce purinha direto dos Alpes).

Gastamos o fim de tarde caminhando pelo bonito centro da cidade e terminamos o dia na Catedral de Santo Estevão (Stephansdom), mais requintada que a Votivkirche. Para esta quarta o plano é passar a manhã no Quartiermuseums (imagina: eles têm um quarteirão todo de museus!) e, à tarde, ir ao Scholoss Belvedere, um castelo com três museus que destacam obras de Monet, Renoir e, principalmente, Klimt. Foi aqui que viveu Franz Ferdinand, líder austríaco que foi assassinado em Sarajevo, fato que desencadeou a Primeira Guerra Mundial.

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A previsão para esta quarta-feira é de chuva e frio. Tomara que ela erre o primeiro…

Ps1: Na Naschmarkt, Lili provou um docinho rosa chamado Punschkrapfen, que não sei direito explicar o que é. Tinha uma camada grossa de calda de açucar, algo de banana, nozes e com certeza tinha álcool. Uma delícia. No entanto, sofremos para entender os cardápios, a grande maioria em alemão.

Ps2: A lei anti-fumo não chegou em Viena. Estamos cheirando à cigarro até agora devido à meia-hora que passamos no café em frente à universidade, local frequentado essencialmente por estudantes, a grande maioria meninas montadas co saias curtíssimas (apesar do frio).

Ps3: Já compramos a passagem de volta para Budapeste. Sexta devemos almoçar na cidade. Forints devidamente guardados. Antes, na quinta, faremos um bate e volta em Bratislava, capital da Eslováquia, 50 minutos de Viena.

Ps4: Entrei numa loja de CDs no centro de Viena. 70% da loja é dedicada à música clássica, o que não quer dizer que não passei vontade: eles já têm a edição dupla do “Exile on Main Street”, dos Stones (que também está sendo lançada no Brasil) e uma edição dupla bacanérrima do último Paul Weller (além de boxes tentadores dos Stones e de Miles Davis). Não comprei nada… ainda.

Ps5: Viena é mais bonita que Budapeste… e mais cara também.

Ps6: Em Viena não se acha uma grande variedade de cervejas no supermercado (diferente de Londres, qualquer cidade da Bélgica e Berlim – que qualquer quiosque de metrô têm umas 15 marcas diferentes). E a minha impressão é de que as poucas cervejas que costumam estar em todos os lugares são versões pioradas da ótima Budweiser Budvar (no resto do mundo conhecida por Czechvar), da República Tcheca.

Top Cervejas
1) 3,5/5 – Hofbrau Munchen, Alemanha (aqui)
2) 2,6/5 – Arany Ászok, Hungria (aqui)
3) 1,9/5 – Dreher, Hungria (aqui)
4) 1,8/5 – Gösser Märzen, Áustria (aqui)
5) —/5 – Gösser Radler, Áustria (aqui)

Ps7: O Pavement toca na sexta à noite no mesmo lugar que o BRMC tocou na segunda. Pinta ser um show histórico… mas estarei em Budapeste. Stephen Malkmus, nos vemos em Barcelona.

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Fotos da viagem:
http://www.flickr.com/photos/maccosta/
http://www.flickr.com/photos/lilianecallegari/

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