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Mark Lanegan, 1964 / 2022

Um arrepio percorreu meu braço inteiro assim que li que Mark Lanegan morreu…

Chocado. Mark Lanegan era daqueles que a gente sabia que vivia com a saúde debilitada, mas que sempre dava um jeito de ir empurrando a vida pra frente e que a gente esperava ouvir cantando com aquele vozeirão aos 90 anos… Todas as vezes que o vi ao vivo foram especiais…

Meu show favorito do Lanegan foi um no Studio SP (imagina você ver um ídolo ali, coladinho no palco, na rua vizinha da sua casa) e outro em um festival em Bruges, na Bélgica, com (outro amado aqui em casa) Greg Dulli, em que ele cantou uma das minhas favoritas do Screaming Trees, “Sworn and Broken”.

Teve uma época, começo dos anos 90, morando em Taubaté (meio isolado do resto do mundo), que comecei a comprar CDs diretamente de selos indies americanos, escrevendo pros caras e mandando grana. As duas primeiras compras foram na SST (uma coleta e um EP dos Trees) e na Sub Pop (o primeiro solo do Lanegan e um EP)…

Eu tava tão viciado em Lanegan na época que ele foi o primeiro a me fazer entrar nessa de comprar direto do selo (pensando bem, até hoje só devo ter comprado nos sites do Wilco, Decemberists, Billy Bragg e essas compras na Sub Pop e na SST pra pegar esses discos da foto)…

Aliás, a estreia solo do Lanegan, “The Winding Sheet” (1990) traz a versão dele para “Where Did You Sleep Last Night”, do Leadbelly, com o Kurt na guitarra e o Novoselic no baixo… Kurt faz backing em outra nesse disco…

Lanegan lançou uma biografia pesadona (como não poderia deixar de ser) em 2020, “Sing Backwards and Weep”, que a essencial Editora Terreno Estranho lançou no Brasil em 2021, traduzida pelo amigo Carlos Messias, que escreveu para o Scream & Yell sobre os shows de Mark Lanegan em São Paulo em 2010 e 2012. A Janaina Azevedo escreveu sobre o livro e sobre o show do Lanegan em São Paulo em 2018eu escrevi sobre uns discos

Em 2021, ele lançou “Devil in a Coma”, em que ele relatava sua luta contra a Covid-19, que o deixou surdo em alguns momentos e o colocou em coma algumas vezes. O Leonardo Tissot leu, mas eu não sei se nesses dias pesados de pandemia eu teria força pra ler…

O Leonardo também entrevistou o Gary Lee Conner (Screaming Trees) em 2019: “Não tenho falado com Mark. É estranho. Teve uma época em que escrevíamos canções juntos, num ponto em que ele era a coisa principal da minha vida e agora é completamente… nada!”

Dizer pra você que eu esperei / desejei muito por uma turnê de reunião dos Screaming Trees (escrevi apaixonado sobre o “Dust” na primeira edição em papel do Scream & Yell, 1997), e essa entrevista com o Gary sepultou esse sonho, mas bateu um orgulhozinho do Lanegan não querer viver do passado.

Lanegan colaborava com amigos (Josh Homme, Greg Dulli), mas sempre se metia em projetos meio sem pé nem cabeça, como os discos lindos com a Isobel Campbell (Belle & Sebastian) ou a pequena pérola que é o segundo disco do Soulsavers. E vai fazer uma falta danada…

fevereiro 22, 2022   No Comments