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Posts from — janeiro 2022

“Times Square” e “Freedom”, Neil Young

Em sua carreira, Neil Young desistiu de lançar vários discos que já estavam prontos (uma descoberta recente foi o maravilhoso “Homegrown“, de 1975, que depois de gravado e mixado foi arquivado por Neil que só o lançou em 2020!). Daí que após cumprir seu contrato com a Geffen em 1987 lançando (o bom) “Life” (com um aceno ao pré-grunge que ele viria a abraçar), Neil gravou o álbum “Times Square” (1988) com uma formação que ele apelidou de The Restless (Chad Cromwell, Rick Rosas e Frank Sampedro) somando duas sobras do álbum de blues “This Note’s For You”. O disquinho de nove faixas chegou a ser distribuído para algumas rádios quando Neil decidiu engavetar o álbum.

Das nove faixas de “Times Square” (que começou a circular em versão bootleg nos anos 90), cinco foram parar no EP “Eldorado”, que só saiu oficialmente em abril de 1989 pela Reprise na Austrália e no Japão (a poderosa e densa “Heavy Love” e tb “Cocaine Eyes” só existem nesse EP), e seis se juntaram (levemente alteradas) a outras seis faixas em “Freedom”, que saiu em outubro do mesmo ano no mundo todo (Brasil em vinil incluso). Uma única faixa de “Times Square” ficou inédita, “Box Car”, que apareceria em um lançamento futuro (“Chrome Dreams II”, de 2007).

“Freedom” é aberto e encerrado com “Rockin’ in the Free World” (em versões acústica e elétrica), que se transformaria em um dos últimos grandes sucessos da carreira de Neil e um dos grandes momentos de seus shows (e dos shows do Pearl Jam), mas a alma do disco é o coração batendo do álbum “Times Square” com as estupendas “Eldorado” (sonho em ouvir essa ao vivo) e “Crime in the City” mais as tempestades sônicas de “On Broadway” e “Don’t Cry” (quando uma guitarra soa como a turbina de um Boeing).

O discaço “Freedom” seria sucedido por outro discaço, “Ragged Glory” (1990), e pelo complemento sônico triplo ao vivo “Weld” / “Arc” – o primeiro é um tradicional disco duplo de rock barulhento de Neil (com “Like a Hurricane”, “Cortez the Killer”, “Cinnamon Girl”, “Powderfinger”, “Hey, Hey, My My”, cover de Bob Dylan e faixas então recentes) e o segundo é uma colagem de 35 minutos de microfonia, noise e feedback captados durante a turnê. Que fase!

janeiro 30, 2022   No Comments

“Mirrorball” / “Merkinball”, Neil Young e Pearl Jam

A discografia de Neil Percival Young é tão maravilhosamente errática que quando David Geffen o tirou da Reprise Records para sua companhia, no começo dos anos 80, se achou no direito de processar Neil após dois discos (de um contrato de cinco!) alegando que havia contratado Neil Young, mas os discos que ele tinha lançado (o kraftwerkiano “Trans” e o rockabilly “Everbody’s Rockin”, de 1982 e 1983, respectivamente) não eram “comerciais” e não “pareciam Neil Young”. Em contrapartida, Neil processou a Geffen (em US$ 21 milhões!) pq seu contrato trazia uma cláusula que lhe dava total liberdade criativa – David, então, teve que se desculpar pessoalmente com Young, que ganhou o processo e fez um acordo!

Neil Young sempre se sentiu livre criativamente tendo uma banda para momentos acústicos (a Stray Gators), uma para momentos noise (a Crazy Horse) e o desejo de gravar com quem quiser, a hora que quiser, quando quiser. “Trans”, o disco “eletrônico” de Neil, é a tentativa de um pai de se comunicar (via vocoder) com um filho que tinha paralisia cerebral, já que a tecnologia vinha sendo bastante usada na terapia da criança. Para “Everbody’s Rockin”, Neil montou uma banda de rockabilly, passou gel no topete e foi emular Elvis e o rock dos anos 50 – o disco seguinte na Geffen, “Old Ways”, é country rural…

Neil voltaria para a Reprise em 1988 com um disco de blues, “This Note’s for You”, em que ele acrescentaria metais na Crazy Horse e a batizaria de The Bluenotes, e um EP, o maravilhoso “Eldorado”, que seria o embrião de “Freedom” (1989), o álbum que colocaria sua carreira nos eixos e o aproximaria da cena grunge. Seis anos depois, ele iria entrar em um estúdio em Seattle tendo o Pearl Jam como banda de apoio acompanhado do produtor Brendan O’Brien para compor “Mirrorball”, seu 21º álbum de estúdio! Young escreveu todas as faixas do álbum, exceto “Peace and Love”, co-escrita por Young e Eddie Vedder – duas faixas de Vedder (“I Got Id” e “Long Road”) saíriam no EP “Merkinball”, do Pearl Jam (com Neil na guitarra e nos backings).

Gosto bastante de “Mirrorball”, e minha faixa favorita é o single de maior sucesso do álbum, “Downtown” (“Jimi’s playin’ in the back room / Led Zeppelin on stage”). “Esse álbum é um comentário das diferenças entre a minha geração paz e amor dos anos 60 e a geração mais cínica dos anos 90”, comentou Neil na época.

Detalhe: com exceção de Eddie, o Pearl Jam e o produtor Brendan O’Brien seguiram Neil como banda de apoio para uma turnê de 11 datas na Europa e Oriente Médio tocando o repertório do álbum e clássicos da carreira de Young. “Foi um sonho tornando-se realidade”, disse Mike McCready. “Nós tocamos um monte de músicas de Neil Young com o próprio Neil Young”. Canções como “Rockin’ in the Free World” e “Fuckin’ Up” passaram a fazer parte do repertório de shows do Pearl Jam…

Ps. Um documentário sobre essa turnê do Pearl Jam com Neil Young em 1995 estava prometido para ser lançado em 2021, e deve ser lançado em 2022…

janeiro 30, 2022   No Comments

Top 10 Dezembro de 2021 no Scream & Yell

TOP 10 TEXTOS MAIS LIDOS – DEZEMBRO DE 2021
01) Os 50 melhores álbuns de 2021 para a APCA (aqui)
02) “Get Back”, amizade e amadurecimento, por Ismael Machado (aqui)
03) Peter Jack fala sobre “Get Back”, por JP Barreto (aqui)
04) Entrevista: Jello Biafra, por Homero Pivotto Jr. (aqui)
05) “Lula”, da Lupe de Lupe, por Marco Bart Barbosa (aqui)
06) As 90 melhores músicas ibero-americanas de 2021 pela FARO (aqui)
07) Entrevista: Lula Oliveira, por João Paulo Barreto (aqui)
08) Entrevista: Guilherme Arantes, por João Paulo Barreto (aqui)
09) Entrevista: Ale Sater, por Renan Guerra (aqui)
10) Entrevista: Ana Bacalhau, por Pedro Salgado (aqui)

DOWNLOAD
01) Selo Scream & Yell: Conexão Latina II -> 107º link (aqui)
02) Selo Scream & Yell: Tributo a Milton Nascimento -> 123º link (aqui)
03) Selo Scream & Yell: Tributo aos Engenheiros -> 151º link (aqui)

VIA GOOGLE
01) Três filmes: O sexo no cinema brasileiro, por Renan Guerra (aqui)
02) Discografia comentada: Paul McCartney, por Wilson Farina (aqui)
03) Discografia comentada: Cássia Eller, por Bruno Capelas (aqui)

O EDITOR RECOMENDA
01) Entrevista: Sam Henry, por Luiz Mazetto (aqui)
02) Entrevista: Throe, por Homero Pivotto Jr. (aqui)
03) Faixa a faixa: “Um”, de Pedro Sá (aqui)

TOP 10 – Textos mais lidos de 2021 – (12 meses)
01) Cinema: Helena Hilario e o curta “Umbrella”, por JP Barreto (aqui)
02) Os Melhores de 2020 Scream & Yell (aqui)
03) Filme: “Chorão: Marginal Alado”, por Anderson Foca (aqui)
04) Entrevista: Guilherme Arantes, por João Paulo Barreto (aqui)
05) Entrevista: Fellini, por Manoel Magalhães (aqui)
06) 25 celebridades que lançaram discos, por João Pedro Ramos (aqui)
07) 10 capas feias da música brasileira, por João Pedro Ramos (aqui)
08) Entrevista: Ale Sater, por Renan Guerra (aqui)
08) Os 120 melhores discos iberoamericanos de 2020 (aqui)
10) Os 50 melhores álbuns de 2021 para a APCA (aqui)

TOP 10 – Geral 2021 – (GERAL)
01) Cinema: Helena Hilario e o curta “Umbrella”, por JP Barreto (aqui) 2021
02) Discografia comentada: Gal Costa, por Renan Guerra (aqui) 2020
03) Os Melhores de 2020 Scream & Yell (aqui) 2021
04) Filme: “Chorão: Marginal Alado”, por Anderson Foca (aqui) 2021
05) Entrevista: Guilherme Arantes, por João Paulo Barreto (aqui) 2021
06) Top 100 cenas de nudez no cinema (aqui) 2009
07) Top 10: livros publicados no século XIX, por M. R. Terci (aqui) 2019
08) Discografia comentada: Bob Dylan, por Gabriel I. (aqui) 2010
09) Entrevista: Lizzie Bravo, por João Paulo Barreto (aqui) 2020
10) Matérias Antológicas: The Clash por Lester Bangs (aqui) 2019

TOP 10 – Sem 2021
01) Discografia comentada: Gal Costa, por Renan Guerra (aqui) 2020
02) Top 100 cenas de nudez no cinema (aqui) 2009
03) Top 10: livros publicados no século XIX, por M. R. Terci (aqui) 2019
04) Discografia comentada: Bob Dylan, por Gabriel I. (aqui) 2010
05) Entrevista: Lizzie Bravo, por João Paulo Barreto (aqui) 2020
06) Matérias Antológicas: The Clash por Lester Bangs (aqui) 2019
07) Cinema: Top 10 Filmes na Netflix, por Juliana Torres (aqui) 2013
08) Entrevista: Markinhos Moura, por André Aram (aqui) 2020
09) Crítica: “Quebra Tudo”, por Leonardo Vinhas (aqui) 2020
10) Três perguntas: Bárbara Eugenia, por Bruno Capelas (aqui) 2013

janeiro 7, 2022   No Comments

Um vídeo sobre três livros

Gravei um vídeo falando sobre três livros que chegaram por aqui e que recomendo fortemente:

– “Deixa Queimar”, biografia de Negro Leo assinada por Bernardo Oliveira, um lançamento da Numa Editora

– “Memórias – Sing Backwards and Weep”, biografia de Mark Lanegan lançada pela Editora Terreno Estranho

– “Mordaça – Histórias de música e censura em tempos autoritários”, de João Pimentel e Zé McGill lançada pela Sonora Editora

janeiro 5, 2022   No Comments

Os favoritos do Wilco em 2021

Jeff Tweedy odeia listas de fim de ano porque sempre acha que está esquecendo algo…. mas todo ano o Wilco lança a sua listinha de favoritos dos membros da banda. Abaixo, a listinha de 2021 com direito a playlist aqui!

janeiro 3, 2022   No Comments

As metas de Woody Guthrie para 1943

“Você pode ouvir as músicas de Woody Guthrie e realmente aprender a viver”, disse Bob Dylan certa vez. O homem que tocava com um violão que trazia um adesivo “This machine kills fascists” (Esta máquina mata fascistas) publicou sua lista de pedidos e resoluções de ano novo no primeiro dia de 1943 a pedido de um jornal. O rascunho dos pedidos é esse aqui abaixo.

A gente não vence o fascismo sozinho (na verdade, não fazemos nada sozinhos), mas tudo começa com cada um querendo “ajudar a vencer o fascismo”. E nesse ano que vai surgir vamos precisar lutar muito juntos. Que muitos dos desejos de Woody Guthrie para 1943 sejam os nossos para 2022!

01. Trabalhar mais e melhor
02. Seguir o cronograma de trabalho
03. Escovar os dentes (se eu continuar tendo dentes)
04. Fazer a barba
05. Tomar banho
06. Comer bem – frutas – vegetais – leite
07. Beber muito pouco, ou nem beber
08. Fazer uma música por dia
09. Usar roupas limpas – de boa aparência
10. Engraxar os sapatos
11. Trocar de meias
12. Trocar a roupa de cama com frequência
13. Ler muitos bons livros
14. Ouvir muito rádio
15. Conhecer melhor as pessoas
16. Manter o rancho limpo
17. Não deixar ninguém solitário
18. Ficar feliz
19. Manter a máquina funcionando
20. Sonhar
21. Depositar o dinheiro extra
22. Guardar comida
23. Tenha um emprego, mas não gaste todo seu tempo nele
24. Enviar dinheiro a Mary e as crianças
25. Tocar e cantar bem
26. Dançar melhor
27. Ajudar a vencer a guerra – derrotar o fascismo
28. Amar mamãe
29. Amar papai
30. Amar Pete
31. Amar todos
32. Decida-se
33. Acorde e lute

janeiro 1, 2022   No Comments