Random header image... Refresh for more!

Ouvindo… Lloyd Cole


Primeiro foram os Beatles. Depois, rock nacional. Na sequencia, separado por um milésimo de microssegundos, surgiram o punk rock, a pós punk e a new wave na minha vida. Num mesmo dia era possível ouvir “The Top”, “Speaking in Tongues”, “Unknown Pleasures”, “Wild Planet” e “Combat Rock” (as discografias chegavam todas foram de ordem por aqui nos anos 80). Nesse movimento inebriante de se apaixonar por bandas, discos e músicas, alguns discos foram se tornando definitivos, e a pós punk passou a ser o som que rolava no meu quarto toda hora, todo dia (até “Psychocandy”, “Candy Apple Grey” e “Surfer Rosa” se infiltrarem e ampliarem os limites daquele pequeno espaço). Nessa época da pós punk, Echo and The Bunnymen se tornou a banda favorita da minha vida, ocupando um lugar que era do Joy Division – ser adolescente numa cidade do interior ouvindo apenas “She’s Lost Control”, “Disorder”, “Atmosphere” e “Decades” poderia dificultar um pouco mais as coisas do que elas pareciam ser, e o Echo acrescentou certo cinismo poético à mistura, claro, junto aos Smiths. Dai que lendo um artigo sobre os New Romantics em alguma revista, citavam Echo, o que, por conseguinte, me fez me interessar por algumas das outras bandas. Não lembro muito das outras, mas uma que ficou (e que nem era tão new romantic… como, aliás, o Echo) foi Llyod Cole and The Commotions. Não me lembro ao certo como “Rattlesnakes” caiu em minhas mãos, mas decididamente iluminou a clareira daquela floresta escura que eram os meus dias de então. Foram a minha banda favorita de todos os tempos por, sei lá, umas duas semanas, e permaneceram sendo uma banda querida. Quando estes discos “Live at BBC” saíram em, 2008, me emocionei e escrevi sobre no Scream & Yell. Do mesmo jeito que me emocionei no fim de semana, quando em meio a um dia nublado, ainda insone e abobadamente feliz pelas funções paternas da madrugada (e levemente melancólico pelo cansaço), começou a tocar inesperadamente “Perfect Skin” na playlist da pizzaria em que eu almoçava. Uma surpresa tão boa. Abri o sorriso, balbuciei algumas estrofes e retirei esses três discos da estante quando cheguei a casa. E cá estão eles, tocando sem parar, os melhores discos de todos os tempos dos últimos dias. #NowPlaying

novembro 28, 2018   No Comments

Obrigado, Lygia Fagundes Telles

Quase 2 da manhã e a cólica do Martín parece que acalmou hoje. Na TL do Twitter, alguém pede para celebrar Lygia Fagundes Telles, que aos 95 anos tem enfim todos os seus contos editados num único volume, “Os Contos”, via Companhia das Letras. Relembro que certa vez, começo dos anos 2000, uma amiga, a Ana Paula,  a encontrou e contou a ela sobre minha paixão. “Ele casaria com você”. Ela, inteligentemente, me esnobou. Mas a Ana conseguiu esse autógrafo, que guardo com carinho, afinal Lygia Fagundes Telles foi uma das pessoas que me salvou (ela e Hermann Hesse) da adolescência, naquele período conturbado da vida em que a gente acha a nossa dor gigante e insuportável, e cujas madrugadas, aparentemente eternas, parecem que vão nos consumir e não sobrará nada para ver o nascer do sol. Lygia esteve comigo nesse período difícil, depois levei-a para a faculdade, adaptei “Lua Crescente em Amsterdã” para uma aula prova de teatro (“Será que aqui na Holanda também dão comida em troca de sangue? Uma droga de comida aquela do Marrocos”, ela disse. “Nosso sangue também deve ser uma droga de sangue”, ele respondeu) e carreguei a coletânea “Seleta” por tantas casas que já nem me lembro mais. Bem, bora garantir essa coletânea completa de contos. Martin deverá gostar (só espero que não “precise” como eu precisei, mas se precisar, Lygia estará lá. Sempre). 🖤

novembro 28, 2018   No Comments