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Verona: Quanto dinheiro você trouxe?

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Após um dos melhores voos que já entrei (dormi metade do tempo e na outra segui o conselho do piloto gente boa: “Estamos sobrevoando os Alpes. Apreciem a paisagem”), uma chegada triunfal na Itália. Coisas de quem está vindo de Amsterdã, com direito a doberman cheirando todas as malas e todos os passageiros, e entrevista estilo filme.

Quando estava na fila esperando a minha bagagem percebi os caras me sacando. Um deles veio até perto de mim, deu uma volta, e voltou comentando algo pro superior. Acho que a minha cara de acabado deu a entender a eles outras coisas. Se eles soubessem como foi o dia de ontem…

A coisa toda funcionou como no cinema: um mal-encarado me chamou na hora que eu estava saindo. “Você é de onde?”. “Brasil”. “Vai ficar quantos dias aqui?”. “Dois dias em Veneza, então retorno para o Brasil”. “Está vindo de onde?”. “Amsterdã”. “Me acompanhe”.

Fui com ele e mais três para uma salinha (e o doberman), e ele fez questão de não me dar conforto: tirou a cadeira (que eu tinha pensado em sentar) e fechou as persianas. E começou o interrogatório.

“O que você veio fazer aqui?”. “Férias. Fim de férias na verdade. Já passei por Londres, Paris e Barcelona”. “Algum motivo especial?”. “Estou assistindo a shows, concertos”. “Concertos?”. “Sim. Na segunda passada vi Bruce Springsteen em Trieste”, e exibi a camiseta esperando causar alguma emoção. Nada. “Quando é seu voo de volta?”, ele perguntou pela segunda vez (na tentativa de me confundir). “Sábado. De Veneza”. E mostrei o ticket.

“Onde você vai ficar em Veneza?”. Mostro a reserva, e ele mastiga algumas palavras para outro policial, que faz o papel de bonzinho e várias vezes durante a “entrevista” me defende.

Então vem a pergunta que sempre temo: “Quanto dinheiro você trouxe?”. Sempre temo essa pergunta porque nunca levo dinheiro em espécie, vou retirando da conta bancária conforme a necessidade.

“Devo ter uns 60 euros na carteira, mas uso os cartões para saque e crédito quando preciso”. “Posso ver seus cartões?”. “Claro”. Já estava durando mais do que o normal, e comecei a achar que ele iria arranjar alguma coisa pra me ferrar, por mais que eu estivesse rigorosamente dentro da lei.

“Posso ver sua bagagem?”. “Claro”, e abro a mochila. Ele vê as câmeras, comenta algo novamente ininteligível (mas carrancudo – boa coisa não era) com o amigo e manda a última pergunta. “Você só tem essas duas malas?”. “Não. Deixei outras duas no guarda-volumes da estação de Verona”.

Penso: ferrou, mas o bonzinho, que já viu todos os carimbos do meu passaporte três vezes, e também a ficha do guarda-volumes, confirma. “Sim, ele tem bagagens lá”. Então fala pra mim positivamente: “Vou ganhar uma carona até a estação de trens e economizar 6 euros. Valeu a entrevista”.

Mas não. Ele dá por encerrada a conversa e me dispensa. “Arrividerci”. Obrigado, Itália. : D

Agora, Veneza.

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