Random header image... Refresh for more!

Três Filmes: Darin, Damon e Clooney

chino1.jpg

“Um Conto Chines” (“Un Cuento Chino”, 2011)
A comédia de costume é um gênero que nunca sai de moda. Talvez por lidar com pessoas comuns que, colocadas em um ambiente diferente, causam uma série de desencontros hilários. Desta forma, “Um Conto Chines” não traz nenhuma novidade. Assim que o espectador senta na cadeira no cinema, já sabe tudo que irá acontecer: Roberto (Ricardo Darín novamente excelente) é um cara de meia idade que toca a loja de ferragens do falecido pai (a mãe morreu no parto). Ele é o mal-humorado típico, sem paciência para pessoas em geral (e babacas em particular), fechado no mundinho metódico que criou para si mesmo. Surge em cena Jun (Ignacio Huang), um chinês que tomou um cano de um taxista argentino e está perdido em Buenos Aires sem falar uma palavra em espanhol. Ele tem no braço o endereço de um tio, e só. O encontro destes dois personagens tão reais quanto particulares permite ao diretor e roteirista Sebastián Borensztein olhar com delicadeza a relação humana, e se segue a risca o manual do estilo (Roberto irá amolecer durante a trama como margarina no sol) incomodando em certas passagens por soar extremamente óbvio, tem a seu favor o esperto manuseio da narrativa: não há legendas para os trechos falados em chinês, o que faz de boa parte público cúmplice de Roberto. Nada de novo, mas ainda assim interessante.

zoo.jpg

“Compramos um Zoológico” (“We Bought a Zoo”, 2011)
Seis anos atrás, “Tudo Acontece em Elizabetown” parecia enterrar a carreira cinematográfica de Cameron Crowe. Não que o filme fosse ruim (pelo contrário, há várias belas passagens), mas peca por ser exagerado, como se o diretor quisesse expurgar vários demônios pessoais em um único filme. “Pearl Jam – Twenty”, seu retorno, serviu para mostrar que documentário não é sua praia, mas eis que “Compramos um Zoológico”, baseado em uma história real, recoloca a carreira do diretor nos eixos. Não bate “Jerry Maguire” nem “Quase Famosos”, mas mostra que Crowe não perdeu seus tiques sonhadores, e consegue fazer bom cinema partindo do foco dos derrotados. Em “Compramos um Zoológico”, o derrotado nem é tão derrotado assim: Benjamin Mee (Matt Damon, apenas correto) é um repórter de aventuras que coleciona grandes reportagens, mas está no limbo após a morte da mulher, tendo que dar conta dos dois filhos, a fofíssima Rosie (Maggie Elizabeth Jones) e o desajustado Dylan (Colin Ford). Para afastar as lembranças da esposa (e mãe), a família decide se mudar e acaba comprando um… zoológico. Meio irreal, mas aconteceu (embora seja impossível que a tratadora de animais fosse alguém como Scarlett Johansson) e gerou uma bonita história de redenção, típica de Cameron Crowe. Para ir ao cinema, sonhar, e, depois, visitar o zoológico.

250idles.jpg

“Tudo Pelo Poder” (“The Ides of March”, 2011)
Mais alguns anos e George Clooney irá mandar em Hollywood. Grande ator, boa praça e diretor eficiente, Clooney conquista cada vez mais espaço na indústria, seja atuando (como em “Os Descendentes”, que lhe rendeu o Globo de Ouro e pode cavar uma indicação ao Oscar – o qual ele venceu com o ótimo “Syriana”, em 2006) ou dirigindo. Poucos diretores podem se orgulhar de ter no currículo três grandes filmes como Clooney: “Confissões de Uma Mente Perigosa” (2002), “Boa Noite, Boa Sorte” (2005) e, agora, “Tudo Pelo Poder” (há ainda “Jogo Sujo”, de 2008, que saiu direto em DVD no Brasil), filme que investiga os bastidores de uma eleição norte-americana com tanta destreza que é impossível não deixar a sala de cinema revoltado. Os closes em excesso (que chegam a incomodar em alguns momentos) não conseguem atrapalhar um roteiro eficaz que consegue distrair o espectador diante das reviravoltas da trama, e muito menos a boa atuação de um elenco estelar: Ryan Gosling, Philip Seymour Hoffman, Paul Giamatti, Evan Rachel Wood e Marisa Tomei brilham, cada um a seu modo, em um filme que parece validar aquela velha máxima de que todo mundo é corruptível: se não por dinheiro, então por poder (e até por utopia). Os fins justificam os meios? Ás vezes sim, como mostra Clooney neste filmaço.

Leia também:
– “O Segredo dos Seus Olhos” dirá muito sobre você, por Mac (aqui)
– “Elizabethtown”, um recorte de várias idéias, por Mac (aqui)
– “Boa Noite & Boa Sorte” merece ser visto com atenção (aqui)

janeiro 20, 2012   No Comments