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Cinema: A estreia de Mike Nichols

por Marcelo Costa

Existem pessoas no mundo que tão aí só pra desgraçar a vida dos outros (você deve conhecer um par delas, diz ai) e o casal Martha e George é daqueles que, em noites “iluminadas”, podem ferrar bonito a vida de pobres mortais. Martha (Elizabeth Taylor espetacular num papel que lhe rendeu um Oscar de Melhor Atriz) é filha do reitor de uma universidade onde seu marido, George, leciona (Richard Burton, também marido de Elizabeth na vida real na época, e também indicado ao Oscar, estatueta de Melhor Ator que perdeu para Paul Scofield por seu papel em “O Homem Que Não Vendeu Sua Alma”, grande vencedor de 1967 com seis Oscars). Eles se amam (aparentemente) no mesmo grau que se odeiam (por uma série de fracassos conjuntos), e com o nível de graduação alcoólica alto no sangue, não são as melhores companhias do mundo, algo que Dick (George Segal também ótimo), o jovem professor de biologia que acaba de entrar no corpo docente da universidade, e sua adorável esposa Honey (Sandy Dennis maravilhosa e premiada com o Oscar de Melhor Atriz (Tonta) Coadjuvante – o filme ainda venceu Direção de Arte, Figurino e Fotografia P&B), já meio altinhos devido a festa de confraternização na casa do pai de Martha, o reitor, irão descobrir logo logo. A estreia de Mike Nichols no cinema (“A Primeira Noite de Um Homem”, “Closer”, “Jogos do Poder”) não poderia ter sido melhor. Ainda que o roteiro transpareça que “Who’s Afraid of Virginia Woolf?” nasceu como peça de teatro (de Edward Albee, grande sucesso na Broadway), a força interpretativa dos dois casais de atores pega o espectador pelo pescoço e o deixa sem respirar num filme denso, tenso e pesado, que em 1966 já falava abertamente sobre aborto, traição, humilhação e sonhos não realizados como se os personagens estivessem tomando um delicioso sorvete debaixo do sol do inferno. É possível vislumbrar o quanto a vida pode dar errado (e de quantas formas) numa noite de bebedeira, mas Martha, George, Dick e Honey vão além se dando ao luxo de dançar com seus próprios fantasmas. Filmaço!

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