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Posts from — junho 2022

Cinema: “Fading Gigolo”, de John Turturro

por Marcelo Costa

Como ator, John Turturro esteve envolvido em vários grandes filmes: “Touro Indomável” (1980), “Procura-se Susan Desesperadamente” (1985), “Hannah e suas Irmãs” (1986), “A Cor do Dinheiro” (1986), “Faça a Coisa Certa” (1989), “Barton Fink” (1991) “O Grande Lebowski” (1998) e “E Aí, Meu Irmão, Cadê Você?” (2000), entre outros. Como diretor, assinou cinco longas, sendo “Fading Gigolo” seu último trabalho – e, curiosamente, o último de Woody Allen como ator de cinema (descontando a série “Crime em Seis Cenas”, de 2016). O ponto de partida é inverosímil: Murray (Woody) conta ao amigo Fioravante (Turturro) que sua médica lhe confessou o desejo de fazer um ménage a trois com uma amiga, mas que precisa de um homem, e perguntou a Murray se ele não conhecia ninguém. Murray tinha pensado no amigo, que, inicialmente, se nega ao papel de gigolo, mas acaba aceitando o trabalho. Dra. Parker é Sharon Stone e sua amiga, Selima, é Sofia Vergara (suspiros), e as duas são apenas as primeiras clientes da dupla (Murray cafetina, Fioravante executa). O problema surge quando a viúva de um rabino, Avigal (uma Vanessa Paradis deliciosamente contida), atravessa o caminho do rapaz, e começa a dificultar a tarefa de separar trabalho de amor. Escrito assim, “Fading Gigolo” soa simplório e piegazinho, e é exatamente o que ele é. Turturro dispensa alegorias cinematográficas e vai direto ao ponto de tal maneira que acaba tanto matando o potencial cômico de seu personagem (que é puro tédio) quanto expondo a falta de profundidade dele e dos demais. Sem enfrentamento, Woody Allen brilha sendo o Woody Allen de sempre, Sharon Stone diverte, mas são Sofia Vergara (sendo Sofia Vergara) e Vanessa Paradis os grandes destaques de um filme que soa bonitinho, mas tremendamente ordinário e esquecível. Um passatempo para ver sem compromisso, rir aqui e ali, e esquecer (como, aliás, muitos filmes de Woody Allen no novo século.).

junho 30, 2022   No Comments

Cinema: O primeiro filme de Cameron Crowe

por Marcelo Costa

Como um bom adolescente nos anos 80 (alô, André Takeda), vi todos os filmes de John Hughes e quase todos os próximos a ele na época. De “Clube dos Cinco” a “Admiradora Secreta”, de “Ela Vai Ter um Bebê” a “Alguém Muito Especial” e “Garota de Rosa Shocking”. Mas eu tinha deixado de ver um, casualmente de um diretor que seria bastante especial para mim nos anos seguintes (e responsável por um dos grandes filmes da minha vida… e da vida do Batman Lego): Cameron Crowe. Você o conhece, certo? Se não o conhece, vá lá ver “Quase Famosos” (2000) e depois volte aqui…

Ok, brincadeirinha (séria). Hehe. Cameron começou a escrever de música aos 13 anos e antes dos 18 já colaborava com a revista Rolling Stone acompanhando bandas na estrada. Aos 22, em 1977, desistiu de seguir os Rolling Stones numa tour e mergulhou numa história que rendeu seu primeiro livro, que seria adaptado para o cinema, a comédia adolescente “Picardias Estudantis” (1982). Seu segundo roteiro rodou de mão em mão em Hollywood até cair na mesa de James L. Brooks (“Laços de Ternura”, “Melhor é Impossível”), que o orientou a dirigi-lo. E é assim que Cameron estreia na direção com “Digam o Que Quiserem” (Say Anything… 1989).

Revendo ao filme (relançado em DVD no Brasil com extras imperdíveis na série Sessão Anos 80 da produtora Obras Primas do Cinema), sinto que vi trechos de “Digam o Que Quiserem” aqui e ali (na Sessão da Tarde, provavelmente), mas nunca tinha o visto inteiro. Lembrava de uma enquete de 20 filmes para o primeiro encontro que esbarrei anos atrás e que incluía a cena clássica em que (um jovem) John Cusack levanta um enorme toca-fitas tocando “In Your Eyes” de Peter Gabriel para que Diane (Ione Skye) saiba, em seu quarto, que ele ainda a ama (na primeira versão, a cena tinha sido gravada com “Question of Life”, do Fishbone – ufa, mudaram pra melhor).

No geral, “Digam o Que Quiserem” traz a marca de Cameron Crowe, e de uma estreia insegura, ainda que apaixonada na direção. O roteiro (um jovem simplório sem planos para o futuro que se relaciona com a garota número 1 de seu colégio que acaba de ganhar uma bolsa pra estudar na Inglaterra) é… simplório, as falas são fracas (principalmente se comparadas aos filmes seguintes do próprio Crowe), a edição é falha, mas há mágica na história e o elenco se supera: além de Cusack e sua irmã, a incrível Joan, o filme traz Lili Anne Taylor (que passa o filme tocando canções que fez prum ex-namorado, todas lembrando Nirvana demais – o filme foi filmado em Seattle em 1988/1989) e ponta de Philip Baker Hall.

Mas quem brilha é John Mahoney como pai da amada de Lloyd (Cusack). “A 20th Century Fox queria um pai bonzinho, brincalhão”, diz Cameron nos extras. “E eu disse que ‘Garota de Rosa Shocking’, um filme em que todos os personagens são bonzinhos, já havia sido feito, que estávamos tentando outra coisa. E eles permitiram”, completa o cineasta nos extras recheados, que traz uma entrevista especial do diretor revendo o filme anos depois e quase 15 minutos de cenas deletadas que amplificam o personagem do pai, um homem que cuida de um asilo, e que desvia dinheiro dos velhinhos (numa outra cena deletada, Lloyd entrega uma mixtape em fita cassete pra namorada).

Com trilha sonora esperta (The Replacements, Depeche Mode, Red Hot Chili Peppers, Living Colour e, claro, a sra Crowe, Nancy Wilson), que Cameron elevaria a perfeição nos filmes seguintes (“Singles”, de 1992, “Jerry Maguire”, de 1996, “Quase Famosos”, de 2000, “Vanilla Sky”, de 2001 e “Elizabethtown”, de 2005), e clima apaixonado e sonhador, daquele tipo que “se nada dar certo, ao menos temos um ao outro” (é pouco pra vida, mas tem gente que começa com menos ainda), “Digam o Que Quiserem” (ainda que datado) envelheceu dignamente e se transformou num bonito documento de época.

junho 28, 2022   No Comments

Cinema: “Lightyear” não comove, não inspira

A Pixar é, aparentemente, inatacável. Responsável por um bom número de obras supimpas do cinema moderno (algumas delas, como a tetralogia “Toy Story” e “Divertidamente”, clássicos), a produtora vem dando uma tropeçadas desde “Soul” (2020), cuja ideia era muito boa, mas o roteiro se atrapalha todo. “Luca” (2021), o seguinte, é simpático e funciona como mensagem, algo que “Red: Crescer é uma Fera” (2022) também alcança, ainda que ambos soem zona de conforto, ou seja, são bons, mas são menores numa filmografia repleta de momentos brilhantes. “Lightyear” (2022) é mais um filme pra essa lista da zona de conforto da Pixar, mas, pior, soa o mais convencional das obras recentes da produtora. Feito no piloto automático, “Lightyear” é mais uma animação para adultos da Pixar (após duas boas investidas na adolescência com “Luca” e “Red: Crescer é uma Fera”) e traz uma historiazinha simpática, mas que não se sustenta. Aqui, 27 anos depois, temos acesso ao filme que Andy viu no cinema em 1995 e o fez trazer o boneco do Buzz Lightyear pra casa. Ou seja, o personagem Buzz de “Toy Story” é um boneco inspirado no personagem desse filme, um astronauta que comete um erro e passa a vida tentando consertá-lo. Não sei se animaria tanto meninos de 6 anos como Andy (o meu de quase 4 começou animado a sessão, depois entrou no piloto automático com tanta informação para maiores – aliás, não tente mostrar “Toy Story” para crianças pequenas, pois o que é maravilhoso pra nós pode ser assustador pra eles, e “Toy Story” tem momentos terrivelmente assustadores), mas, bem, é cinema, e vale tudo, né mesmo. “Lightyear” tem momentos bons e boas ideias, mas, no todo, não comove, não inspira e é… chatinho (e seu fracasso nos cinemas tangencia muita coisa). Para a etiqueta Pixar isso é um grande pecado. Será que eles cansaram?

junho 28, 2022   No Comments

Top 10 Maio de 2022 no Scream & Yell

TOP 10 TEXTOS MAIS LIDOS – MAIO DE 2022
01) 50 discos brasileiros favoritos, por Marcelo Costa (aqui)
02) “Clube da Esquina” melhor disco brasileiro de todos os tempos (aqui)
03) A última temporada de “Better Call Saul”, por JP Barreto (aqui)
04) Metallica em Porto Alegre, por Homero Pivotto Jr. (aqui)
05) Cinema: “O Homem do Norte”, por JP Barreto (aqui)
06) Festival Casarão 2022, em Porto Velho, por Bruno Capelas (aqui)
07) Entrevista: Ratos de Porão, por Homero Pivotto Jr. (aqui)
08) Metallica em São Paulo, por Paulo Pontes (aqui)
09) Metallica em Belo Horizonte, por Alexandre Biciati (aqui)
10) Ao vivo: Lamparina e Francisco el Hombre em BH, por Ale Biciati (aqui)

VIA GOOGLE
01) Top 10: livros publicados no século XIX, por M. R. Terci (aqui)
02) Entrevista: Guilherme Arantes, por João Paulo Barreto (aqui)
03) Discografia comentada: Gal Costa, por Renan Guerra (aqui)

O EDITOR RECOMENDA
01) Entrevista: José Barreiro (Primavera Porto), por Bruno Capelas (aqui)
02) Entrevista: Arthur Nogueira, por Renan Guerra (aqui)
03) Entrevista: Anum Preto, por Luciano Ferreira (aqui)

TOP 10 – Textos mais lidos publicados em 2022 – (5 meses)
01) 50 discos brasileiros favoritos, por Marcelo Costa (aqui)
02) “Clube da Esquina” melhor disco brasileiro de todos os tempos (aqui)
03) Especial Melhores do Ano Scream & Yell 2021 (aqui)
04) Entrevista: Ratos de Porão, por Homero Pivotto Jr. (aqui)
05) A última temporada de “Better Call Saul”, por JP Barreto (aqui)
06) Especial Lollapalloza 2022, por Janaina, Mac e Renan (aqui)
07) Metallica em Porto Alegre, por Homero Pivotto Jr. (aqui)
08) Conheça a Hit The Noise, por Homero Pivotto Jr. (aqui)
09) Os 90 melhores álbuns de 2021 pela Aliança Faro (aqui)
10) Entrevista: Jack Endino, por Luiz Mazetto (aqui)

TOP 10 – Sem textos publicados em 2022 (5 meses)
01) Top 10: livros publicados no século XIX, por M. R. Terci (aqui) 2019
02) Entrevista: Guilherme Arantes, por João Paulo Barreto (aqui) 2021
03) Cinema: Helena Hilario e o curta “Umbrella”, por JP Barreto (aqui) 2021
04) Top 100 cenas de nudez no cinema (aqui) 2009
05) Discografia comentada: Gal Costa, por Renan Guerra (aqui) 2020
06) Série: “Quase Feliz”, por Manoel Magalhães (aqui) 2020
07) Entrevista: Ale Sater, por Renan Guerra (aqui) 2021
08) Original vs Versão: “The Passenger”, por Mac (aqui) 2014
09) Discografia comentada: Bob Dylan, por Gabriel I. (aqui) 2010
10) Entrevista: Jello Biafra, por Homero Pivotto Jr. (aqui) 2021

TOP 10 – Geral – (GERAL)
01) 50 discos brasileiros favoritos, por Marcelo Costa (aqui)
02) “Clube da Esquina” melhor disco brasileiro de todos os tempos (aqui)
03) Especial Melhores do Ano Scream & Yell 2021 (aqui)
04) Entrevista: Ratos de Porão, por Homero Pivotto Jr. (aqui)
05) Top 10: livros publicados no século XIX, por M. R. Terci (aqui)
06) Entrevista: Guilherme Arantes, por João Paulo Barreto (aqui)
07) Cinema: Helena Hilario e o curta “Umbrella”, por JP Barreto (aqui)
08) Top 100 cenas de nudez no cinema (aqui)
09) Discografia comentada: Gal Costa, por Renan Guerra (aqui)
10) A última temporada de “Better Call Saul”, por JP Barreto (aqui)

Confira os textos mais lidos no Scream & Yell nos meses anteriores

junho 3, 2022   No Comments

Top 25 discos mais ouvidos Maio 22

Segundo a minha LastFM em contagem da Tap Music:

TOP 25 de Maio de 2022

01. Cruel Country, Wilco
02. Face To Face (Deluxe Edition), The Kinks
03. Lola Versus Powerman And The Moneygoround, Part One (Deluxe Edition), The Kinks
04. Roteiro Pra Aïnouz (Vol. 2), Don L
05. WE, Arcade Fire
06. Liquid Skin (20th Anniversary Edition / Deluxe), Gomez
07. Br-Lockdown, trema¨
08. A Bit of Previous, Belle and Sebastian
09. Necropolítica, Ratos De Porão
10. Sobre Viver, Criolo
11. Little Electric Chicken Heart, Ana Frango Elétrico
12. Neil Young, Neil Young
13. Charivari, TRIPA SECA
14. Live in Dublin, Leonard Cohen
15. Cinema Apocalipse, Vanessa Bumagny
16. Another Green World, Brian Eno
17. Romance pra depois, Daniel Groove
18. The Best, Orchestral Manoeuvres in the Dark
19. Thirteen Tales from Urban Bohemia (Deluxe Edition), The Dandy Warhols
20. Exile on Main St., The Rolling Stones
21. New Times, Violent Femmes
22. Someday My Prince Will Come, Miles Davis
23. Kiss Me, Kiss Me, Kiss Me, The Cure
24. Trinchera, Babasónicos
25. Vacinado No Bum Bum, Edu K

junho 1, 2022   No Comments