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Bruce Springsteen e Frank Stefanko

Após um ano inteiro de intermináveis horas de estúdio (…), completei o meu primeiro álbum dos últimos três anos. Agora só precisávamos de uma capa. Conheci Patti Smith por meio da nossa colaboração em “Because The Night”. Quando a visitei durante um de seus shows, ela me passou o contato de um fotógrafo no Sul de Jersey e me disse: “Você devia deixar esse cara fotografar você”. Numa tarde de inverno, dirigi para me encontrar com Frank Stefanko. O Frank tinha fotografado Patti quando ela estava no início de carreira.

Durante o dia, ele trabalhava numa fábrica local que embalava carne e, no tempo livre, dedicava-se à fotografia. Era um cara meio grosso, mas fácil de lidar. Segundo me lembro, ele pediu emprestada uma câmera para esse dia, chamou um garoto, seu vizinho, para ele vir segurar o único foco que possuía e começou a fotografar. Eu encostei no papel florido que cobria a parede do quarto dele e da mulher, olhei diretamente para a lente, mostrei-lhe o meu melhor ar de “jovem perturbado” e ele fez o resto. Uma dessas fotos acabou na capa de “Darkness on the Edge of Town”.

As fotografias de Frank eram fortes. O talento dele era conseguir que despíssemos a nossa capa de celebridades, as nossas artificialidades e ir ao nosso âmago. As suas fotos tinham uma qualidade de pureza e poesia das ruas. Eram belas e verdadeiras, mas sem nenhuma suavidade. O Frank procurava a nossa coragem interior e teve uma intuição natural sobre os conflitos com que eu andava lutando internamente. As fotografias dele captavam as pessoas sobre as quais escrevia nas minhas canções e me mostravam a parte do meu ser que ainda era uma delas. Tivemos outras opções para a capa, mas que não tinham aquela voracidade das fotografias de Frank.

Trecho de “Born To Run – Uma Autobiografia”

janeiro 17, 2018   No Comments