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Na rota dos vinhos na Argentina (parte 1)

Quando a turma da Wines of Argentina me convidou para participar de um desafio para harmonizar duas garrafas de vinhos argentinos com canções de uma playlist especial, encarei o convite de maneira leve: apesar de não ser conhecedor de vinhos, o curso de sommelier de cervejas feito no primeiro semestre de 2013 me daria uma base inicial para, no mínimo, não fazer feio. E tinha a parte das músicas, muito bem selecionada. No fim das contas, gostei do texto e, quem diria, entre diversos sommeliers de vinho, fui escolhido para integrar um tour de 10 dias por vinícolas da Argentina.

Nesse momento bate aquela insegurança de estar em um ambiente que você desconhece completamente, e, depois de muito pensar, decidi assumir o personagem do observador, tentando não influenciar na rotina (opinativa) do grupo (somos oito pessoas viajando juntos, todos conhecedores aprofundados do mundo do vinho com exceção de… um) e ir aprendendo com eles. Quando a gente assume que não sabe nada, o mundo se abre de uma forma interessante. Ou seja, encarei esses 10 dias como uma imersão no mundo do vinho (não só argentino) observando experts no assunto.

A primeira parte da viagem passou pela Capital Federal, Buenos Aires, e o ponto de partida não poderia ter sido melhor. Assim que chegamos ao hotel e fizemos o check-in, e com tempo livre, o grupo decidiu ir caminhando por Pallermo Soho até a vinoteca de Joaquin Alberdi, e a visita foi a melhor abertura de viagem possível: em questão de duas horas (e sem compromisso), o grupo, orientado por Joaquin, fez uma seleção de sete rótulos (malucos) de vinho que, automaticamente, entraram na minha lista de vinhos preferidos sem concorrência com os anteriores (há um concorrente, mas falo sobre no post final daqui alguns dias).

Não tinha como dar errado: um dono de vinoteca apaixonado por vinho (“Nós amamos o vinho e somos embaixadores dele. Abrimos, provamos e contamos sua história. Assim como um dono de bordel, eu vendo prazer”, disse em certo momento) e um grupo de sommeliers buscando pelos vinhos mais “estranhos” e fora da curva que pudessem encontrar. E o primeiro já valeu a viagem: um da bodega Passionate Wine, o Ineditos Torrontes Brutal 2011, que automaticamente me remeteu a cerveja saison, mas sem a carbonatação, e me deixou apaixonado. Na hora separei uma garrafa para levar.

Vieram, em sequencia, um da Bodega Gen del Alma (Otra Piel Gualtallary Suelo Gen Mendoza “Cabernet Franc – Sauvignon – Pinot Noir 2013”), um Buenalma Malbec 2008, um Achaval Ferrer Special Blends 2012 (Cabernet Franc), um espetacular 33 de Dávalos 2013, da Bodega Tacuil (de Salta) e… mais dois que não anotei. Para apaixonados por vinho (ou mesmo apenas interessados), a JÁ! é um local para ser descoberto e apreciado. Merece ser colocado na agenda de viagens (rua Jorge Luis Borges 1772, Pallermo Soho, Buenos Aires). É ali, na mesma rua, há uma ótima loja de discos (vinis, CDs e camisetas!).

O jantar foi no elogiado restaurante PuraTierra, e a entrada (excelente) foi um ceviche aquecido (camarão, peixe branco e lula) com gengibre em conserva, maracujá e manga. No prato principal, coelho com crosta de mostarda em grãos, frutas cítricas, folhas de amêndoa e talos acelga, feijão verde e tomate confit. Os vinhos da noite foram uma seleção agradavel da Bodega Terraza de Los Andes, que se não me soaram tão especiais quantos os do JA!, acompanharam muito bem os pratos do PuraTierra.

Na manhã de sexta-feira, um seminário bem interessante sobre a “Vinicultura na Argentina” seguido de degustação de vinhos de quatro bodegas: El Porvenir de Cafayate, El Esteco, Amalaya e Tukma – gostei bastante do El Porvenir Laborum Tannat 2012 e do excelente e meio maluco Tukma Altura 2670 Sauvignon Blanc 2014. No almoço, na Casa Restaurante Umare, uma entrada fenomenal (que estou tentando encontrar a descrição) e um prato principal bom, mas não surpreendente. Para acompanhar, os ótimos vinhos que havíamos provado um pouco antes.

Fechando a parte de Buenos Aires, à tarde dei uma passada na Cervelar (ótima loja próxima a Calle Florida com um bom número de cervejas argentinas – comprei 18 garrafas) e, à noite, show de tango no Café Los Angelitos (que, de forma impressionante, eu gostei, e muito – o quinteto musical é muito bom, já o jantar é médio!). A primeira parte da viagem foi excelente para descobrir bons vinhos (com excelente assessoria – ainda visitamos a excelente loja El Fenix, na avenida Santa Fé, 1199) e matar saudade de Buenos Aires. A próxima parada é Neuquén, na Patagonia.

Turismo: Na rota das vinícolas argentinas (aqui)

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