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Londres: I’ll Be Your Mirror, Dia 2

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Texto e fotos: Marcelo Costa

Na base do chutometro, o primeiro dia do I’ll Be Your Mirror 2012, com Slayer de headliner e ingressos a 35 libras, parece ter levado umas seis mil pessoas para o Alexandra Palace. No segundo dia, com ingressos a 65 libras e curadoria especial do Mogwai, cerca de 2 mil pessoas acompanharam os shows, tanto que a área maior, onde ocorreu o show do Slayer na sexta-feira, ficou fechada enquanto as bandas tocavam no segundo palco (e os nomes “menores” tocavam em um terceiro local, bem parecido com uma pequena sala).

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A programação, mais extensa no fim de semana, começava ao meio-dia e meio, mas decidi chegar só às 16h para acompanhar o show do Chavez, banda nova-iorquina das mais preguiçosas (em quase 20 anos de existência, só lançou dois álbuns, o segundo deles, “Ride the Fader”, editado no Brasil no começo dos anos 2000 pela Trama), mas que faz um post rock com acentos indies de altíssima qualidade. O show, inclusive, foi mais indie que post, com uma bela parede de guitarras aclimatando a voz de Matt Sweeney. “Top Pocket Man” arrancou sorrisos e aplausos.

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O Codeine veio na sequencia para seu primeiro show em 18 anos (o pontapé da turnê de retorno foi no I’ll Be Your Mirror) e com o público nas mãos (o baixista Stephen Immerwahr repetiu ao menos cinco vezes durante a tarde a frase “Vocês são muito bondosos”) honrou o convite dos escoceses. “D”, faixa que abre o primeiro álbum do grupo, lançado pela Sub Pop em 1991, foi a escolhida para dar início ao show, que caminhou delicadamente (mesmo nos momentos de inferno sonoro) na fronteira entre a melancolia e a loucura. Um show intenso e idílico… perfeito para o fim do mundo.

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Não lembro quantas vezes já tive o prazer de ver o Mudhoney (acho que seis ou sete), mas sem dúvida esta vai para o topo, mérito do som impecável do festival, que valorizou a porradaria do grupo. Um Mark Arm ensandecido e com trejeitos de Iggy Pop jogou lenha na fogueira logo no início – com “Judgement, Rage, Retribution and Thyme” (de “My Brother The Cow”, de 1995), e dois hinos dos primórdios: “Sweet Young Thing Ain’t Sweet No More” e “Touch Me I’m Sick” –, mas também abriu espaço para as novíssimas e inéditas “Chardonnay” e “Widow Of Nain”. Showzão.

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Surge então o louco de pedra Warren Ellis com seu Dirty Three (figurinha carimbada em dezenas de festivais deste ano) mais violino, vinho, canções novas (do recém-lançado “Toward the Low Sun”) e uma iluminação impecável. O som do trio (formado em 1992 e do qual ainda fazem parte o multi-instrumentista Mick Turner e o baterista Jim White) parece uma junção de Gogol Bordello (o lance do violino), Devendra (o lado hippie) e Explosions In The Sky (as viagens instrumentais), e funciona muito ao vivo. Sem contar que Warrren é uma peça: “Essa música é contra o capitalismo, contra governos, contra toda babaquice do mundo… e… que música vamos tocar mesmo?”. :~

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Estrelas da noite (e após dois shows absurdos de bons no Brasil neste mesmo maio), o Mogwai fez sua típica apresentação para ninar dragões. O set list trouxe a maioria dos números que também bateram ponto nos shows brasileiros (“Rano Pano”, “I’m Jim Morrison, I’m Dead”, “Mexican Grand Prix”, entre outras), mas algumas surpresas surgiram, como “Sine Wave” (do álbum “Rock Action”, 2001), o ótimo b-side “Ithica 27ø9” (1996) e “Auto Rock” (do “Mr Beast”, de 2006). O final com “Mogwai Fear Satan”, “Batcat”, o som poderoso do ATP e a iluminação esplendorosa foi algo simplesmente perfeito.

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Segundo a previsão do tempo, o sol deve surgir ainda mais forte neste domingo. Segundo a previsão dos deuses bastardos do rock and roll, a volta do Afghan Whigs deverá ser um dos grandes momentos do ano. Ainda tem Arches of Loaf, Yuck, passeio pelo Regent’s Canal e, quem sabe, uma pernada por Camden Town (embora no domingo isso não seja lá tão recomendável). Partiu I’ll Be Your Mirror, Dia 3… mas antes melhor dormir…

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maio 27, 2012   No Comments