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Três Filmes: Hiroshima, Nova York, Los Angeles

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“Hiroshima, Meu Amor”, Alain Resnais (1959)
O diretor francês Alain Resnais já tinha mais de 20 documentários no currículo quando foi escalado para fazer um curta sobre a bomba atômica. O holocausto já havia sido tema de um curta seu (“Nouit et Brouillard”, de 1955), e Resnais não queria repetir a temática. Auxiliado pela escritora Marguerite Duras, que assinou o roteiro, Resnais decidiu filmar seu primeiro longa-metragem, uma obra prima estilística que se tornou o precursor da Nouvelle Vague, foi indicado ao Oscar na categoria Roteiro e saiu com o prêmio da crítica em Cannes. Tendo uma Hiroshima devastada como pano de fundo (14 anos depois da bomba atômica), Resnais conta a saga de um casal que acabou de se conhecer, se apaixonou, e tem que se separar. Ela (a estreante no cinema Emmanuelle Riva) é uma atriz francesa. Ele (Eiji Okada) é um arquiteto japonês. O romance é impossível (ambos são casados e ela precisa voltar para Paris), e o amor… esquecível. Será? Resnais debate tempo, memória e esquecimento de forma absolutamente esplendorosa auxiliado pela fotografia sublime de Sacha Vierny. “Reparou como notamos as coisas que desejamos notar?”, diz um personagem em certo momento da trama. Pense nisso.

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“Um Dia de Cão”, Sidney Lumet (1975)
Na época, começo dos anos 70, Al Pacino estava em alta após atuações consagradoras que lhe renderam indicações ao Oscar – “O Poderoso Chefão: I e II” (1972 e 1974) e “Serpico” (1974) – e poucos atores no mundo colocariam a carreira a prova vivendo um personagem gay em uma grande produção, mas não estamos falando de um ator qualquer. Al Pacino deu alma à Sonny, um homem que entra com dois amigos em um banco no Brooklyn, Nova York, para fazer um assalto motivado pelo desejo de arranjar grana para que o namorado fizesse uma operação de mudança de sexo e passa as próximas 12 horas negociando com a polícia uma maneira de deixar o banco sem matar nenhum dos oito reféns que estão com ele. “Dog Day Afternoon” é um drama policial que em vários momentos resvala na comédia (impossível descrever algumas cenas desconcertantes e sensacionais do filme) e deu a Al Pacino sua quarta indicação ao Oscar seguida (entre as seis indicações que o filme arrebatou, tendo levado apenas Melhor Roteiro num ano que “Um Estranho no Ninho”, com Jack Nicholson, ganhou quase tudo na premiação). Ainda assim, absolutamente clássico.

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“13º Andar”, Josef Rusnak (1999)
Dois meses após o primeiro “Matrix” estrear ganhando milhões de dólares chegava aos cinemas outro interessante filme de ficção cientifica que jogava poeira no ventilador da realidade. Josef Rusnak não teve a mesma sorte nas bilheterias que os irmãos Wachowski, mas merecia. Inspirado no livro “Simulacron-3” (1964), de Daniel F. Galouye, e na segunda parte do filme televisivo “Welt am Draht” (1973), de Rainer Fassbinder, “The Thirteenth Floor” é focado em Douglas Hall (Craig Bierko), um jovem talento de informática que trabalha com Hannon Fuller (Armin Mueller-Stahl) em um projeto que recria realidades simuladas. O ponto de partida é simples: uma cidade é recriada em um computador (no caso, a Los Angeles de 1937 – a história se passa em 1990) nos mínimos detalhes. As pessoas da realidade simulada são abastecidas com informações e sentimentos e, como num jogo, Hannon e Douglas transportam-se para a realidade virtual interagindo (até sexualmente) com os personagens como se tudo fosse real. A grande questão: será que tudo é realidade simulada? Não? Quem garante? Um belo filme para ver e pensar.

junho 26, 2011   No Comments