Random header image... Refresh for more!

Histórias do Ultraje a Rigor

ultraje1.jpg

Lembro como se fosse hoje. Outubro de 1985. Um garoto sonhador entrando em uma loja de discos para gastar parte de seu primeiro salário em discos de vinil. O emprego, como aprendiz de escritório, pagava “Hum mil e trezentos cruzados” (está na carteira de trabalho), e entre outras coisas serviu para comprar cinco discos, entre eles, “Nós Vamos Invadir Sua Praia”, do Ultraje a Rigor.

Corta para 2002. A primeira edição da revista Zero está sendo burilada, e uma seção da revista atende pelo nome de Fundamental, nada mais do que a versão da Zero para a Discoteca Básica da Bizz. Para fugir do óbvio escalando um disco dos Beatles ou dos Stones para figurar no número 1 da revista, a saída é a seguinte: qual disco de rock nacional simboliza para o brasileiro o que um disco dos Beatles significa para um inglês? O escolhido foi… “Nós Vamos Invadir Sua Praia”, texto assinado por mim.

Outro corte, agora 2011. Recebo um convite para mediar um bate papo com a presença da autora da biografia do Ultraje, Andréa Ascenção, e alguns integrantes da banda, que marca o lançamento do livro “Nós Vamos Invadir Sua Praia”. O exemplar do livro chega em minhas mãos meio em cima da hora, mas a leitura (leve e gostosa) revela um excelente trabalho de pesquisa e entrevistas com diversas curiosidades que pegaram de surpresa até alguns integrantes da própria banda.

ultraje3.jpg

A mesa é composta apenas por mim, Andréa, Roger e Marcos Kleine, o atual guitarrista da banda, mas antes mesmo de começar o ex-baterista Leospa é convocado para o papo. Durante a conversa ainda chegam Osvaldinho e Bacalhau. São mais de uma hora de histórias divertidas, curiosidades e muitas, mas muitas risadas. O áudio não está lá aquela maravilha, mas quem quiser saber como foi o papo (boa sorte) pode baixar o arquivo aqui. O livro, via Editora Belas Letras, já está nas lojas.

O saldo foi positivo – acredito. Gostei de como conduzi a conversa, de como toda coisa fluiu de forma divertida, e o que faltou ser dito (95%) está no livro. O papo, no entanto, me levou para um tempo em que tudo parecia… especial. Viver o rock nacional nos anos 80 em meio a uma abertura política foi importante para toda aquela geração. Foi importante para mim. E o Ultraje foi uma das bandas que melhor soube explorar esse viés histórico de forma humorada e anárquica.

Conduzir um papo com eles talvez seja uma forma de agradecer e/ou retribuir um monte de coisas. Muitas vezes esquecemos que somos frutos do meio em que vivemos, influenciados não só pela genética, mas também pelos amigos, pelos professores, pelas situações do dia a dia, e pela cultura, seja um livro ou, nos anos 80 especialmente, o rock nacional. Lembro como se fosse hoje. Outubro de 1985. O Marcelo Costa dos anos seguintes começou a nascer ali…

ultraje2.jpg

Ps. Obrigado Ana, pelo convite, e parabéns Andréa pelo livro. Um grande abraço ao Ultraje.

maio 20, 2011   No Comments