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A Hollywood dos anos 70

– “Quem serrrr esse merrrda? O que ele fez em seu última filme?”, berrou Charlie, um imigrante austríaco.

– “O último filme dele foi ‘O Caminho dao Arco-Iris'”, respondeu Evans.

– “Como você tem corrrragem de me mandar a porrrrra do Caminhas da merrrrrda do Arrrrco- Iris? O filme foi uma bhosta completo!”

Francis foi para Nova York, conversou com Charlie. Dois dias depois, Evans recebeu um telefonema. “O garrroto ser brrrrrilhante, fala bem, mas sabe dirrrrrrrigir?”, Charlie perguntou.

– “Acredite em mim, Charlie, ele sabe dirigir”.

Ps. os personagens:

* Charlie Bludhorn era presidente da produtora Gulf + Western
* Robert Evans era produtor da Paramount
* Francis Ford Coppola era um jovem diretor em Hollywood

O diálogo acima foi travado após Evans convencer Francis a dirigir “O Poderoso Chefão” (Coppola só aceitou dirigir porque estava bastante individado, mas o projeto não o havia seduzido). Agora Evans precisava convencer o presidente da Gulf e o presidente da Paramount a investir uma grana em um projeto ambicioso que contava com um diretor novato (Coppola) que tinha feito três filmes, abre aspas: “Agora Você é um Homem”, uma bobagem pretenciosa, zero de bilheteria, “O Caminho do Arco-Iris”, um grande musical da Broadway que Coppola transformou num desastre, e “Caminhos Mal Traçados”, que todo mundo malhou”. Fecha aspas

“O Poderoso Chefão” faturou 150 milhões de dólares numa época que os filmes faturavam 40 milhões…

Trecho de “Como a Geração Sexo, Drogas e Rock and Roll salvou Hollywood”, de Peter Biskind. Resenhas aqui.

setembro 6, 2010   No Comments

Um naturalista, um poeta e dois assassinos

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“Criação”, Jon Amiel (2009)

Incrível como os ingleses acreditam que toda a História da humanidade está amplamente relacionada a casos amorosos. “Sylvia”, a adaptação de Christine Jeffs para a história da poetisa Sylvia Platt (com Gwyneth Paltrow no papel principal) é um exemplo (escrevi na época aqui). Existem outros, como este “Criação”, que freqüentou os cinemas meses atrás e agora chega às locadoras pretendendo contar a história de Charles Darwin em um período de sua vida que iria revolucionar o modo de olhar o mundo. Darwin está afundado nos trabalhos de escrita de “Origem das Espécies”, o livro que revolucionou a biologia e desafiou dogmas da igreja. Na visão dos ingleses, esse ato de criação se transforma em um romanção em que o homem dividido entre a família e o trabalho quase enlouquece, visão besta e clichê que atrapalha as atuações de um bom elenco encabeçado por Paul Bethany e Jennifer Connelly. Ignore.

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“Brilho de Uma Paixão”, Jane Campion (2009)

Ela é uma jovem garota que está ganhando fama na cidade com seus moldes e roupas. Ele é um jovem pobre que está tentando a sorte no mundo das letras. O encontro destas duas almas perdidas no mundo move está belíssimo “Bright Star”, filme assinado com estilo pela diretora neozelandesa que já ganhou a Palma de Ouro em Cannes por “O Piano”, em 1993. Ele é (ou viria a ser) o poeta inglês John Keats (interpretado pelo ótimo Ben Whishaw). Ela é Fanny Brawne (com a convincente Abbie Cornish encantando corações). Os dois vivem um romance impossível bem típico do século 19. Eles se amam, mas o jovem poeta não tem dinheiro para bancar o dote da moça. O platonismo domina a tela e o texto rebuscado (aliado à fotografia encantadora) conquista o espectador logo nos primeiros minutos, e o enleva numa história sem final feliz. Cuidado: você corre o risco de sair tuberculoso da sessão. E apaixonado.

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“Na Mira do Chefe”, Martin McDonagh (2008)

Releve o título nacional besta. “In Bruges” toma uma das paisagens mais belas da Europa (da cidade de Bruges, na Bélgica) como pano de fundo para contar uma história de assassinos que começa tolinha como imagens de cartões postais, mas que cresce vertiginosamente rumo a um final épico e grandioso.  O apelo do humor negro lembra muito os primeiros filmes de Danny Boyle (notadamente “Cova Rasa” e “Trainspotting”). A história gira em torno de dois assassinos de aluguel (Colin Farrell e Brendan Gleeson, ótimos), que após um serviço mal feito, acabam se escondendo na cidadezinha belga que tem o centro histórico mais bem preservado da Europa – e muitas cervejas boas. Ray (Farrell) é o típico britânico tosco que não vê graça nenhuma em ficar olhando prédios velhos enquanto Ken (Gleeson) quer aproveitar o refúgio forçado para passear na cidade encantadora. Os diálogos são hilários e o final assustador. Uma bela surpresa.

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setembro 6, 2010   No Comments