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Dylan com café, dia 62: Newport

Bob Dylan com café, dia 62: Entre o lançamento de “The Freewheelin’ Bob Dylan” (o disco de 1963 que traz “Blowin’ in the Wind”, “Masters of War” e “A Hard Rain’s a-Gonna Fall”) e “Highway 61 Revisited” (com “Like a Rolling Stone”, “Ballad of a Thin Man” e “Desolation Row” em 1965) se passaram apenas dois anos, tempo que bastou para que Dylan enterrasse o cantor folk de protesto e se tornasse uma persona pop inigualável. Isso fica fácil de constatar ouvindo os sete primeiros discos do homem (incluindo também “Blonde on Blonde”, de 1966), mas também pode ser deliciosamente vislumbrado na tela através do DVD “The Other Side of The Mirror”, lançado em 2007 e que flagra Bob ao vivo no Newport Folk Festival nos anos de 1963, 1964 e 1965.

Produzido e dirigido por Murray Lerner, que já tinha usado várias imagens presentes aqui em “Festival” (1967), mas aproveitou para resgatar takes inéditos para esta produção, “The Other Side of The Mirror” é um daqueles documentos históricos que mereciam estar em um museu com todas as honrarias da Grande Arte. No lugar certo, na hora certa, Murray Lerner registra a primeira aparição de Dylan no festival de Newport, na tarde de 26 de julho de 1963. Ele parece tímido, está de calça jeans, camisa e explica cada canção que apresenta. Começa com “North Country Blues” e recebe Joan Baez para interpretar “With God On Our Side”. No set noturno, mostra uma versão poderosa de “Talkin’ World War III” e recebe The Freedom Singers, Joan Baez e Peter, Paul and Mary num coro de “Blowin’ In The Wind” diante de uma plateia imensa, a se perder de vista.

Em 1964, Bob já é uma estrela nacional. Introduzido por Pete Seeger, o cabelo está mais cheio e a jaqueta já denota uma mudança. Ele abre com “Mr. Tambourine Man” no set da tarde. Já à noite, vê Johnny Cash cantar “Don’t Think Twice, It’s All Right” e recebe Joan Baez para interpretar “It Ain’t Me Babe” antes de fechar com “Chimes of Freedom”. Assim que o set termina, o público exige que Bob volte ao palco, e o apresentador tem dificuldades para conter a audiência, um prenúncio que 1965 seria incontornável de qualquer forma, mas Dylan retorna pelo terceiro ano consecutivo com canções novas num set acústico durante a tarde, e surpreende ao adentrar à noite com uma banda eletrificada e ensurdecer a audiência com versões intensas de “Maggie’s Farm” e “Like a Rolling Stone” enquanto todo o festival o vaiava e o mesmo apresentador do ano anterior sofria para conter a ira do público. Bob retorna no bis para acalmar a audiência e mastiga cada silaba da letra de “It’s All Over Now, Baby Blue”, acústica para delírio dos presentes, porém, a história da música pop já havia sido reescrita naquela mesma noite e nunca mais seria a mesma.

Especial Bob Dylan com Café

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