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Posts from — março 2018

Dylan com Café, dia 14: Planet Waves

Bob Dylan com café, dia 14: após um período de incertezas e altos e baixos que marcou o final dos anos 60 e começo dos 70, Bob Dylan se junta a agora denominada The Band (os Hawks, a banda que o acompanhou na complicada turnê de 1966 e nas Basement Tapes, e com quem Dylan não tocava desde o Festival da Ilha de Wight, quatro anos antes) e começa uma nova fase de maneira inspirada. A ideia inicial era voltar à estrada para uma grande turnê, a primeira de Dylan em oito anos. “Estávamos ensaiando para essa turnê e as coisas estavam muito agitadas. Entramos no estúdio e gravamos o álbum. Já havíamos tocado juntos por tanto tempo que não acho que tenha ocorrido a nenhum de nós que era a primeira vez que gravamos um álbum como Bob Dylan & The Band”, ele conta. Bob estava trocando Woodstock por Malibu, e esse ar de mudança também permeia “Planet Waves”, o grande disco que ele lançou em janeiro de 1974.

Dylan exorciza fantasmas da juventude em “Something There Is About You” e tenta compor uma canção pensando em um dos seus filhos “sem querer soar sentimental demais”. O resultado: “Forever Young”. Bob conta mais: “Os versos vieram a mim e verteram-se num minuto. Não pretendia escrevê-la – eu estava em busca de outra coisa, a canção escreveu a si mesma”. Interessante pensar que “Forever Young” nasceu em Tucson, a mesma cidade em que Bob sentirá a presença de Jesus em um quarto de hotel alguns anos depois – fato que o levará a se converter ao cristianismo evangélico. Para Allen Ginsberg, “Forever Young” deveria ser cantada por todas as crianças, todas as manhãs, na escola. Roddy Woomble, do Idlewild, diz a mesma coisa, mas de forma direta: “É o Hino Nacional de Dylan”. O Pretenders gravou uma bela versão e a tocou nos shows recentes no Brasil. A versão de Pete Seeger (acima) é de chorar. Clássico.

https://www.youtube.com/watch?v=2YL_z2rFWYU

Especial Bob Dylan com Café

março 5, 2018   No Comments

Novidades da Resistência Cervejeira

Desde novembro de 2015, as marcas Gauden, DUM, Pagan, Tormenta e F#%&ing Bier juntaram a sua distribuição sob o nome de Resistência Cervejeira de Curitiba visando diminuir o preço das cervejas e atender a um pedido antigo de lojistas: comprar direto da fábrica. Para apresentar alguns dos novos lançamentos da Resistência Cervejeira em São Paulo, Luiz Felipe, da DUM, reuniu a imprensa para degustar: DUM Powstanie Warsawskie, DUM Petroleum Chipotle, DUM Baltik Porter, Tormente Gengibéra, F#%&ing Bier Bro, Pagan Valkyrie´s Bless Berries e Pagan Warriors of Scotland.

“No começo foi penoso, pois tínhamos que aprender muitas coisas (e ainda estamos aprendendo) mas as vendas começaram a acontecer”, conta Luiz Felipe, da DUM. “No início, o Murilo (também DUM) encabeçou o projeto tirando os pedidos, separando e entregando (ou pedindo coleta para as transportadoras). Também tem toda a parte de cobrança, formação de preços e contato com os clientes que ainda estamos desenvolvendo. Fora os fechamentos que não são nada fáceis de fazer com um preço para cada estado, mas aos poucos a coisa vai dando certo”, explica.

Realizada no aconchegante Frank & Charles, na porta da FAAP, a degustação foi iniciada com a Tormenta Gengibéra, uma cerveja com base 100% Pale Ale, lúpulos Cacade e Nugget e adição de gengibre na fervura. Uma cerveja bem leve e refrescante, com o gengibre bem suave, mas presente. Bem gostosa.

Lançada no Dum Day 2017, esta é a Dum Warszawskie Powstanie Rye Lager, ou Levante de Varsóvia, colab com a Smedgard, de Belo Horizonte. É uma cerveja inspirada nas lagers do leste europeu que leva centeio e os lúpulos poloneses Lunga e Vermelho, que tem esse nome porque o aroma remete a frutas vermelha. Uma Wheat interessante.

Uma agradável surpresa da degustação, a F#%*ing Brou Beer é uma American Brown Ale com lúpulos Citra, Centenial e Cascade, um cafezinho delicioso com toques cítricos, 5% de álcool e 20 IBUs. Delicinha.

Admiro bastante as receitas do Tiago, que ele lança com a marca Pagan. Essa é a Pagan Valkyrie’s Bless Berries, uma English IPA com frutas vermelhas (ou seja, uma Fruit Beer) que honra suas grandes receitas.

Já a Pagan Warriors of Scotland é uma Scotch Ale com (incrível) malte turfado e chips de carvalho francês na maturação, uma cerveja saborosa e levemente alcoólica com 9.2% muito bem escondidos.

A Dum Baltik Atlantico Porter é uma Baltic Porter com cumaru (cacau da Amazônia que vem sendo bastante utilizando em receitas cervejeiras) e impressionantes 9% de álcool que não aparecem nem no aroma, nem no paladar. O cumaru também está bem comportado em relação a outras no mercado. Criada em julho de 2017 pelas cervejarias DUM e Pinta também com lúpulos poloneses. Excelente.

Grande estrela do passeio, a Dum Petroleum é um clássico cervejeiro artesanal brasileiro que já ganhou até documentário e que surge aqui numa versão com muuuuuuito Chipotle. Sensacional. “Além da ardência pronunciada da pimenta ela traz um defumado que cria mais uma camada de sabor na complexidade dessa cerveja que é ícone da cerveja artesanal brasileira”, comenta Luiz Felipe.

No Facebook da Resistência Cervejeira de Curitiba, há informações de vendas: “Você pode comprar tanto na pessoa física como na jurídica em todo o Brasil. Estamos vendendo caixas abertas, ou seja, você pode fazer uma caixa personalizada com as cervejas da DUM, Tormenta, F#%*ing Beer, Pagan e Gauden que enviaremos para você. Uma outra novidade é a loja física na Gauden, que fica em Santa Felicidade, então se quiser comprar cerveja direto da gente é só aparecer na Avenida Manoel Ribas, 6995, nos fundos da Petiscaria do Victor. A loja funciona de segunda à sexta das 9 à 18 e nos sábados das 9 às 14”, em Curitiba.

março 5, 2018   No Comments

Dylan com Café, dia 13: Dylan

Bob Dylan com café, dia 13: eis o pior disco de Dylan, e o próprio foi o primeiro a admitir isso pedindo, em contrato, para que a gravadora Columbia o retirasse de catálogo, o que a gravadora atendeu (assim que ele retornou ao selo logo depois), mas quando do lançamento da discografia completa num box em 2013, este “Dylan”, de 1973, foi enfim remixado e incluso na coleção. Na realidade, “Dylan” não é álbum pensado por Bob, mas sim uma tipica sacanagem de gravadora. Bob estava deixando a Columbia para ir para a Asylum Records e preparava a sua primeira grande turnê em oito anos. Sentindo-se traída, a Columbia pegou um monte de outtakes que tinha das sessões de “Self Portrait” (o original já havia sido detonado por sua qualidade questionável, imagina as sobras dele) e “New Morning” e reuniu neste álbum que não teve supervisão de Dylan e recebeu críticas como essa da Rolling Stone: “A única garantia de ouvir esse disco são as gargalhadas”. Ou essa de Brian Hinton: “A canção ‘Big Yellow Taxi’, de Joni Mitchell, ganhou uma interpretação sem emoção com clima marcado por um órgão tosco, nada ‘Like a Rolling Stone’ – e se for Al Kooper ele deve ter vergonha. Joni Mitchell teria mandado atirar nas backing vocals por muito menos que isso”. Um disco arqueológico que se vale mais pelo desastre do que pela curiosidade.

Especial Bob Dylan com Café

março 4, 2018   No Comments

Dylan com Café, dia 12: Pat Garrett

Bob Dylan com café, dia 12: a primeira trilha sonora assinada por Dylan e lançada em julho de 1973 (o Oscar só viria quase 30 anos depois, em 2002), “Pat Garrett and Billy The Kid – Soundtrack” surgiu ao acaso. “Eu não ia fazer nada”, conta Dylan. “(O roteirista) Rudy (Wurlitzer) me mandou o roteiro, que eu li e gostei. Nos encontramos e ele disse que precisava de uma música-tema”, que Bob achou ambicioso demais, uma canção apenas que sustentasse um filme inteiro. Mas foi e fez (metade por vontade, metade para irritar o arranjador de Sam Peckinpah, que ele achava um mala). Delicada, o exercício de compor a trilha abriu um caminho interessante para Bob nos anos 70.

A música que nasceu exibe uma melancolia caipira e perdida num tempo esquecido. Booker T acompanha Dylan no baixo na maioria das faixas enquanto Roger McGuinn se alterna entre banjo e violão e Bob entre o violão de nylon de 6 e 12 cordas. O grande baterista Jim Keltner marca presença em três faixas, incluindo o lamento que Bob escreveu para a cena em que o xerife agoniza nos braços da esposa, e que se tornaria um grande sucesso nos anos 70 numa versão de Eric Clapton e repaginada nos anos 80 numa versão do Guns N’ Roses: “Knockin’ On Heavens Door”. Há dois bootlegs famosos que trazem as sessões completas (no México e em Burbank): “Peco’s Blues” e “Lucky Luke”.

Especial Bob Dylan com Café

março 3, 2018   No Comments

Cerveja + Comida: Cão Véio Tatuapé e GET

Na próxima segunda-feira  (05/03), a turma da GET Cervejas Especiais se junta ao pessoal da novíssima unidade do Cão Véio Tatuapé para a quarta experiência do Cura Para a Segunda do Cão, uma série de jantares harmonizados com cervejas. Alguns dias atrás tive o prazer de prova-los e o resultado agradou bastante.

Os quatro pratos foram desenvolvidos pelo gastropub do Chef Henrique Fogaça e surgem devidamente escoltados com as cervejas inglesas da Adnams, marca exclusiva no Brasil da importadora GET. A elaboração da harmonização e apresentação do evento ficou sob responsabilidade do sommelier Riccelli Adriel.

A primeira edição ocorreu originalmente na matriz em Pinheiros em 2016. Contando já com três edições de bastante sucesso, a casa e a distribuidora acharam o momento ideal para repetir a dose e poder apresentar ao público as novas unidades recém abertas do Cão Véio, “expandindo a cultura cervejeira e a boa gastronomia sem frescura”, conforme assinatura da casa. Abaixo as harmonizações que provei:

Abrindo o cardápio, a Adnams Dry Hopped (Galaxy) Lager surgiu harmonizada com a Doberman, uma salada com folhas variadas, queijo tipo gruyère, manga, tomate pêra, castanha de cajú, manjericão, dill e hortelã finalizada com molho oriental. Esse é o primeiro prato é uma entrada, uma “saladinha” que combina muito bem essa interpretação britânica de uma (australian) lager lupulada norte-americana. Belo começo!

Para o segundo prato, um salto. A harmonização segue com a Adnams Crystal Rye IPA mais o Bulldog Inglês do Cão Véio Tauapé, um sanduíche com hambúrguer de kobe bovino, bacon, queijo cheddar, cebola roxa caramelizada e pepino em conserva, servido no pão australiano. Absolutamente perfeito!

O terceiro prato combina a Adnams Blackshore Stout (escrevi sobre ela aqui) com o Mastim, sanduíche de cupim assado lentamente, finalizado na manteiga de garrafa com vinagrete de agrião, cebola roxa e tomate servido no pão caseiro. O molho é o De Cabron Chipotle Maracujá, de Henrique Fogaça. A harmonização é uma surpresa incrível valorizando o cupim, a manteiga de garrafa, o achocolatado e o café. Meu favorito de todo o passeio.

Fechando, uma sobremesa. O quarto e último prato reúne a Adnams Broadside (escrevi sobre ela aqui) com o Vagabundo, uma rabanada de brioche no pão australiano, creme inglês com Jack Daniel’s e, nesta versão especial para a Cura Para a Segunda do Cão, compota de banana. Uísque, cerveja, banana, creme inglês e amor.

SERVIÇO (LIMITADO Á APENAS 40 LUGARES)
CURA PRA SEGUNDA DO CÃO – CÃO VEIO TATUAPÉ
DIA: SEGUNDA – 05/03 – 20h
INGRESSOS: R$135,00 + SERVIÇO
Rua Itapura, 1534 – Vila Gomes Cardim, São Paulo – SP
Reservas: Venda de ingressos no local ou pelo fone (11) 2373-3310

março 3, 2018   No Comments

Dylan com Café, dia 11: New Morning

Bob Dylan com café, dia 11: Em questão de 8 anos, Bob Dylan foi de promessa folk (1962) a cantor de protesto símbolo de toda uma geração (1963 / 1964) a Judas que traiu todos compondo três dos melhores e mais influentes discos pop dos anos 60 (1965 / 1966). Após uma polêmica e caótica turnê europeia retratada magistralmente no filme “Don’t Look Back” (1967) e um acidente de moto até hoje nublado, Dylan sumiu da mídia e mudou-se para Woodstock. Quatro meses depois de auto-sabotar a carreira com “Self Portrait” (um disco duplo de 24 músicas de junho de 70 que Dylan definiu como um “álbum para fazer com que as pessoas deixassem de comprar meus discos”), Bob Dylan retorna com “New Morning” (outubro de 70), um bom álbum que louva a vida em família.  Casado com Sara desde 65 e já com quatro filhos (Jakob, o quarto, nasceu em 69), Bob Dylan se entrega aos prazeres da vida caseira (ou ao menos tenta) num álbum luminoso que, sim, remete a uma manhã do sol. O problema é que o dia (e a vida) segue(m) e virão tempestades, dias nublados e noites terrivelmente escuras. É deste disco “If Not For You”, que George Harrison gravou em “All Things Must Pass”. Duas músicas ganharam versões em cerveja da italiana Del Ducato, “Winterlude” (uma Belgian Tripel incrível) e “New Morning” (uma Saison arrebatadora com gengibre, pimenta verde, coentro e camomila).

Especial Bob Dylan com Café

março 2, 2018   No Comments

Dylan com Café, dia 10: Self Portrait

Bob Dylan com café, dia 10: lançado em junho de 1970, o anti-álbum “Self Portrait” nasceu de três sessões em 1969, quatro em 1970 mais seis sessões de overdubs e quatro faixas ao vivo retiradas do show de Dylan com a The Band no Isle of Wight Festival de 1969. O resultado, sim, é uma enorme colcha de retalhos que se peca por falta de concisão, ganha pontos pela provocação: cansado da perseguição de fãs e também da imprensa, Dylan fez um álbum para desagradar todo mundo. A resenha de Greil Marcus na Rolling Stone tornou-se clássica com seu título: “Que merda é essa?”. Bob se justifica: “Fizemos este álbum para que as pessoas parassem de comprar meus discos. E elas deixaram de comprar”. No entanto, quase 50 anos depois, “Self Portrait” soa sim um grande disco que alterna bobagens (como “I Forgot More Than You’ll Ever Know”, que Brian Hilton define como Dylan cantando como se fosse um Elvis gripado) e grandes canções (“Days of ’49”, abaixo num remix dubstep). A revisão desta fase na série “The Bootleg Series Vol. 10: Another Self Portrait”, lançada em 2013, mostra que Dylan não estava brincando quando disse que planejou o afastamento de seu público, afinal há grandes canções das mesmas sessões que foram deixadas de lado em favor do repertório… difícil. Ainda assim, um álbum curioso.

Especial Bob Dylan com Café

março 1, 2018   No Comments

Textos mais lidos: Fevereiro de 2018

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01) Balanço: Festival Psicodália 2018, por Rafael Donádio (aqui)
02) Entrevista: AmyJo Doh & The Spangles, por Mac (aqui)
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08) Três filmes: “A Grande Aposta”, “Roman J. Israel, Esq.” e “Trama Fantasma” (aqui)
09) Três filmes: “O Destino de Uma Nação”, “The Post – A Guerra Secreta”, “A Forma da Água” (aqui)
10) Cinema: “Projeto Flórida”, por Renan Guerra (aqui)

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01) Download: “Dois Lados”, tributo ao Skank -> 18º link (aqui)
02) Download: 125 catálogos do CCBB -> 53º link (aqui)
03) Download: Tributo aos Engenheiros do Hawaii -> 89º link (aqui)

VIA GOOGLE
01) Três filmes: O sexo no cinema brasileiro (aqui)
02) Alemanha: Três cervejas da Kaiserdom (aqui)
03) Teenage Fanclub por Nick Hornby (aqui)

O EDITOR RECOMENDA
01) Gal Costa ao vivo em SP, por Mac (aqui)
02) Cinema: “Clara Estrela”, por Renan Guerra (aqui)
03) Entrevista: Aldan, por Bruno Lisboa (aqui)

março 1, 2018   No Comments