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Everyday is Like Sunday

Domingo tipico em Londres: chuvoso, silencioso e cinza. Morrissey estava certo, pode acreditar nele. Estou na sala da casa do Daniel, sentado no sofa, abusando do iMac para tentar traduzir as coisas que estou sentindo. Na porta, a Coco, gata do Samuel (um portugues gente finissima – daquelas pessoas raras – que mora com o Daniel), quer atencao. La fora, chove. E estou curtindo essa calma dominical, essa coisa tao londrina de ficar em casa no meio de um dia de chuva – apesar de estarmos no verao.

Ao contrario de todas as cidades anteriores pelas quais passei, em que eu era realmente um turista – geralmente acompanhado de amigos turistas – desbravando a cidade, em Londres as coisas estao mais relax. Amigos estao me levando pra la e pra ca, e isso tem servido muito para me ambientar e me acostumar. A Luciana, que tem 10 meses de Londres, me levou na Rough Trade e fez uma listinha de lojinhas bacanas onde eu poderia encontrar CDs usados por 1 ou 2 pounds. Foi um estrago, gastei uma grana, mas estou radiante.

Daniel, que ja esta em Londres faz sete anos e conhece bem o lado rock da cidade, me levou pra balada ontem, num pub demais no centro da cidade, o Old Blue Last. A banda que estava tocando era horrivel, mas a cerveja era Leffe (pint) e a turma que frequenta o lugar vale a balada. Serviu para eu descobrir que Londres vive as madrugadas. Eu tinha uma ideia de que os pubs fechavam as 23h, e a cidade morria, mas que nada, a noite foi longa, divertida, com bons sons na pista, bons papos e um kebab poderoso na hora de ir embora. 

Nem acordei de ressaca (cerveja belga eh uma beleza), mas com fome. Batemos um fish and chips e fomos para a Oxford Street procurar uma lente para a maquina digital da Lili. Passei na Zavvi, outrora Virgin, para pegar uma edicao do livro da Deborah Curtis sob encomenda do Danilo, do Speculum, e alem de uma edicao pra mim tambem, comprei o “Scrapbook” do Bob Dylan (eh lindo, lindo, lindo) e tres posters gigantes: “Transformer”, “Ziggy Stardust” e “London Calling” (eu ja escrevi que comprei uma caneca do “London Calling”? Vou tirar uma foto).

Dali fomos pra Notting Hill, para encontrar a Luciana que esta trabalhando numa loja de CDs la (Lu, nao sei como voce consegue??? Eu iria deixar todo o meu salario nessas lojas), e comprar alguns CDs. Alguns???? Perdi a conta de quantos CDs comprei. Serio. Coisas usadas de 0,50p ate 5 pounds (o “Saturnalia” do Gutter Twins, que vai tocar aqui do lado na semana que vem – nao acredito que nao vou ver Greg Dulli e Mark Lanegan juntos!!!!). Peguei as duas coletaneas do Spiritualized, duplas, por 4 pounds cada (uns 14 reais).

Pra voce ter uma ideia do nivel da loja: la tinha a edicao do “Ladies and Gentleman”, do Spiritualized, na versao tablete de remedio. Preco: 4 pounds. So na peguei porque ja tenho o CD, e nessa hora a gente tem que procurar pelas coisas que nunca vai encontrar no Brasil. Meu sonho de consumo: um box com todos os singles do Manic Street Preachers, facada de 81 pounds (quase 300 reais). Eu nem sabia da existencia desse box! Foda. Fora os vinis. O disco da banana, do Velvet, soh esta 7 pounds (25 reais). Vinil, lindo. Vou acabar levando.

Nesses meus ultimos tres dias de Londres (e Europa) vou tentar fazer o roteiro de turismo basico que eu tinha prometido nos ultimos posts. Amanha tem cerveja na beira do Tamisa e, acho, catedral de St Paul e Abadia. Quero separar a terca para os museus (sim, deixei de lado a ideia de ir pra Liverpool no meu aniversario – contencao de gastos) e a quarta para fechar com as coisas que faltam ver, tipo atravessar a Abbey Road descalco. O Fabio comentou no post anterior que ha uma camera 24 horas la. Vou passar as 16h (12h no Brasil). Tenta me ver (hehehe). Olha o link aqui

Hoje vai ser uma noite tranquila. Cabulei o show do Cornelius e quero dormir cedo. Deve rolar uma macarronada e bons papos com o pessoal da casa nesse domingo tipicamente londrino. Estou me sentindo a vontade nessa cidade, mas acho que enlouqueceria com tanta oferta de cultura pop, com tanta referencia, com tantas aspas, mas seria interessante morar aqui. Bem, planos para o futuro (Paris e Barcelona saem na frente na disputa de abrigar uma casa minha e de Lili na Europa, mas Londres esta no pareo). O presente, no entanto, eh um jantar. Bom apetite para todos nos.

Ps da manha seguinte: acordei cedo para ir tirar copia da chave, que eu perdi na sexta (alias, perdi tudo: mapa da cidade, bilhete do dia do transporte publico, anotacoes e… passaporte. Este ultimo me entregaram na Rough Trade). Chego la, peco a copia pras duas chaves, pago, ok. Abro o portao com a copia, mas nao consigo fechar. Depois de dez minutos desisto e volto ao chaveiro. Ele pede a original, eu explico o que esta acontecendo e, no fim, ele pergunta: “Voce eh de onde?”. E eu: “Brasil”.”Ahh, ok, eu sou de Madri”. Gente, nao existe ingles na Inglaterra!

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