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Posts from — setembro 2010

329 perfis do Twitter em três listas legais

Primeiro foi a Revista Bula (@revistabula) em julho, que pediu aos seus colaboradores que fizessem uma lista com os perfis essenciais do Twitter brasileiro. E o @screamyell apareceu no resultado final que listava os 50 perfis essenciais (veja todos aqui).

Em agosto foi a vez da revista Superinteressante (@revistasuper) comemorar 180 mil seguidores de uma forma bem legal: listando 180 perfis que vale a pena você seguir no Twitter – em diversas áreas. E o @screamyell apareceu na categoria “Eles falam sobre cultura pop” (veja todos aqui).

Nesta segunda (28/09), a redação da Revista Vip (@revistavip) publicou os 99 perfis do Twitter indispensáveis para qualquer homem, e lá estava o @screamyell novamente (lista completa aqui). Estamos lá na área “Cabeça”, apresentados como “(tudo sobre o que você ouve – e o que você ainda vai ouvir)”.

Queria agradecer pela lembrança nas três listas e dividir esse momento de orgulho com você, que acompanha o site pelo blog. O Twitter acabou tomando um espaço bacana na rotina do site, não só de divulgação de reportagens e resenhas, mas também de bate-bola rápido, troca de links e infos de shows e de discos legais que acabaram de cair na net. E um pouco mais.

Obrigado mesmo. Estamos nos divertindo. Ainda.

setembro 28, 2010   No Comments

Friends é Beatles, Seinfeld é Stones

Na tarde desta segunda, o grande Pablo Miyazawa soltou no Twitter:

– Por que é proibido falar mal de Friends, a série?

Na hora, sem pensar muito, tasquei:

Porque eles são os Beatles das séries de TV (Seinfeld é o The Who)

O Tiago Agostini veio tergiversar, dizendo que “numa classificação tipo maior banda de todos os tempos = maior seriado de todos os tempos. beatles = seinfeld”, e fiquei matutando a questão – e pensando que apesar da violência (musical) em um (Who) e temática em outro (Seinfeld), o seriado está mesmo mais pra Rolling Stones do que para The Who.

Não sei ao certo qual das duas séries foi mais famosa nos Estados Unidos. O enorme cachê que os seis amigos embolsavam para fazer as temporadas finais de Friends me leva a crer que eles podem ter tido mais sucesso, embora Seinfeld seja melhor (e então começo a me enrolar), mas numa explicação rápida vamos deixar assim:

– Friends é certinha demais, pop até a medula. Mesmo as sacanagens que marcaram presença em algum episódio surgiam de modo inocente, como aquele do “pornô grátis”, uma coisa quase Beatles fase iê-iê-iê. Lógico que eles tiveram seus episódios chapados, Lucy In The Sky With Diamonds, como o aquele em Vegas, ou politicamente incorreto, como o que o Ross namora uma aluna (podem citar mais – se lembrarem – nos comentários), mas Friends era, essencialmente, uma série cândida (tão doce quanto milk-shake) que tentava flagrar a poesia do dia a dia através de uma relação de amizade que nasce em uma república estilizada e termina em um segundo matrimônio, o que não deixa de ser sintomático, afinal o humor de toda aquela relação de amigos sai de cena para ceder lugar a vida de casado, momento em que muitas amizades se distanciam.

– Já Seinfeld não. Seinfeld é o dedo em riste do politicamente incorreto, mesmo quando o seriado estava sendo politicamente correto como no episódio em que Jerry é confundido com um gay, e toda vez que renuncia o fato, solta a frase fenomenal: “Não que tenha algo de errado com isso”, uma frase que funciona a perfeição no duplo sentido: o literal, nada contra gay, e o metafórico, que o fato de já dizer isso prenuncia o algo contra. Porém, isso é fichinha perto de dezenas de deliciosas atrocidades cometidas na série em nome do bom humor.

Seinfeld, em certa altura, rouba o pão de uma velhinha indefesa. De uma velhinha!!!! Kramer luta judô com crianças de dez anos (e, claro, ganha de todas elas, mas elas vão a forra). Elaine quer dar um fim no cão do vizinho, que não para de latir a noite toda, e decide seqüestrar o cachorro. George, o rei do politicamente incorreto, poderia ter uma centena de citações.

Ele transa com a mulher da limpeza de um escritório em que começou a trabalhar; no próprio escritório (e quando perguntando pelo chefe sobre o fato apenas responde: “Não pode? Eu não sabia que não podia fazer isso nessa empresa” – assista). Em outra cena ele pega um bombom do lixo. É, do lixo (assista). Masturbação? (assista).

Já Newman, por sua vez, “empresta” um caminhão da companhia de correios em que trabalha para fazer um servicinho sujo. A lista é enorme e totalmente rock and roll.

Apesar de concordar com Tiago Agostini e com a Babee que Seinfeld é melhor (maior é algo para se avaliar por números), para mim, numa definição estilistica, Friends é Beatles e Seinfeld é Rolling Stones. Simples assim.

E, como observou brilhantemente Santiago, Lost era Nirvana. \o/

******

No fim da tarde, começo da noite de terça-feira, a coisa toda virou uma febre no twitter. Muita gente dando seu pitaco sobre que banda seria tal seriado. Uma pequena seleção dos melhores aqui:

@manoelfrasaes The Smiths é Anos Incríveis
@noah_mera Arquivo X é Smashing Pumpkins
@NinaMagalhaesArquivo X é Spiritualized!
@Tales_Maia Arquivo X é Mark Snow =)
@kazinhalacerda Arquivo X é kraftwerk!
@BartBarbosa Arquivo X é Pixies
@_ana_c Arquivo X é Muse
@ocirederf Death Cab for Cutie é OC?
@leodiaspereira Os Trapalhões é Mamonas Assassinas
@sandro_serpa Twin Peaks então é Miles Davis fase Kind of Blue
@pamela_leme Malhação = Restart
@pamela_leme Everybody Loves Raymond = Lemonheads
@pamela_leme That’s 70 Show = Big Star
@_ana_c That 70’s show é Wolfmother
@michellepcs Six Feet Under é Radiohead
@michellepcs Will & Grace é Lady Gaga
@elson Super Vicky = Mallu Magalhães
@elson Sex & The City = Madonna
@Rodrigo_Keke Dexter seria Nine Inch Nails?
@fab77_ Dexter é Mr. Bungle
@louisdaher Black Sabbath = Dexter!
@LucasM4ndes Prison Break é meio Van Halen
@danielroda Eu, a Patroa e as Crianças = Jacksons Five!
@eldertanaka Fringe é Pixies
@toloi House = Bob Dylan
@Saymom8 Smallvillle é Coldplay?
@christopheeeer AC/DC é Chaves
@danielroda Simpsons = Oingo Boingo
@conector Two and a Half Men = Mudhoney
@mariarenata Two and a Half Man pode ser Eagles Of Death Metal
@Salvador37 Two and a half men poderia ser Black Keys
@carmessias Red Hot Chilli Peppers = Californication?
@sidfromhell E Californication seria Red Hot Chilli Peppers
@AnaMesquitafoto The grey’s anatomys é Interpol
@mpadrao A Grande Família é Robertão?
@ClaudioMottaJr Supernatural é RPM?
@fernanda_iaia Gilmore Girls tem bem mais cara de she&him
@AnaMesquitafoto Gilmore Girls é Belle e Sebastian
@_tigermilk Belle and Sebastian pra mim é gilmore girls
@carolruas Belle & Sebastian tá mais pra Gilmore Girls!
@patttdiniz Belle and Sebastian é Dawson’s.
@martimnb Belle And Sebastian é anos incriveis vai…
@lueba The Office é Grandaddy
@NinaMagalhaes How I met your mother é wilco
@nananeri Wilco = My Name Is Earl
@Rodrigo_Keke Mcguiver é lógico que é Rush
@LuisGuilherme 24 Horas seria Metallica?
@LuisGuilherme Slayer é 24 Horas
@kazinhalacerda Melrose é NoDoubt
@danielroda C.S.I. é The Who
@Rodrigo_Keke Heroes seria o Oasis?
@danielroda Queen = Glee?
@Chicocabron A Diarista é Calypso.
@aloi Seria Desperate Housewives, White Stripes?
@eldertanaka Weezer é The Big Bang Theory
@christopheeeer Weezer é The Big Bang Theory
@heroihc Big Bang Theory é Weezer!
@fab77_ Big Bang Theory seria Weezer?

Leia também:
– Top Five momentâneo de Seinfeld (aqui)
– Sobre o episódio piloto da série Seinfeld (aqui)

setembro 21, 2010   No Comments

88 CDs por R$ 249

O Sesc está fazendo uma promoção bacaníssima com os boxes “A Música Brasileiras e Seus Interpretes”. Eles estão vendendo as sete caixas disponíveis (o volume 1 está esgotado) por R$ 249 (valor que pode ser dividido em até oito vezes no cartão. Avulso cada box custa R$ 50), o que quer dizer que dois volumes da série saem de graça para o comprador – uma chance imperdível para quem é fã de música brasileira.

Não tenho idéia de quando o Sesc começou a editar esta série, mas deve ser coisa do começo dos anos 00, acho. Sei que ali por 2004/2005 fui atrás dos boxes, então raros, e cheguei até a escrever um e-mail para alguém de lá perguntando como proceder para adquirir todos os volumes. Na falta de resposta, esqueci dos boxes, a vida seguiu em frente até eu topar com essa promoção no Sesc Pompéia.

A rigor, a série “A Música Brasileiras e Seus Interpretes” compila o áudio (música e depoimento) dos programas Ensaio, da TV Cultura, e MPB Especial, da extinta TV Tupi. Entre os nomes muita gente boa desconhecida do grande público (Bucy Moreira, Manezinho Araujo, Antônio Nassara, entre outros) e uma seleção imperdível de grandes nomes da música popular brasileira como Paulinho da Viola, Nara Leão e outros.

Escolhi para abrir o pacote o CD de Chico Buarque, de um programa gravado em dezembro de 1994. Ele rememora a infância (“Nós jogávamos bola na rua Haddock Lobo. Depois nos mudamos para a Henrique Schaumann, que naquela época era uma ruazinha”), conta histórias divertidas (“Minhas melhores lembranças da TV Record são do bar que ficava ao lado. A gente ficava direto lá bebendo uísque e conhaque. Eu só ia no conhaque”) e canta “Paratodos” e improvisa “Três Apitos” (Noel Rosa), entre outras.

De uma olhada na coleção completa no site do Sesc São Paulo (aqui). A promoção, segundo o site, é por tempo limitado. Vale.

Ps. Quem tiver o boxe 1 da coleção sobrando ae, lembra de mim. 🙂

setembro 20, 2010   No Comments

20 livros sobre música em português

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Atualizado em maio de 2015

O grande André Barcinski publicou em seu blog no UOL uma lista com “10 ótimos livros sobre música disponíveis em Português”. Tem coisas bacanas ali (e alguns que estão na fila aqui em casa, inclusive), mas quero estender aquela lista incluindo coisas bacanas e essenciais do catálogo da Editora Barracuda. Não tem como fazer uma lista foda de livros em português sobre música deixando Tony Parsons e Bill Graham de fora. E a Barracuda ainda tem os livros de jazz (“A Love Supreme” e “Kind of Blue”) e a biografia do Serge Gainsbourg (e, zuzu bem, o livro da Pamela Des Barres). E tem também os livros da Editora 34, mas deixando de enrolar na lista alheia, a minha listinha – atualizada em 2015 (20 livros de música em 20 minutos?) – seria essa:

– “Minha vida dentro e fora do Rock“, Bill Graham (Barracuda)
– “O Resto é Ruído“, Alex Ross (Cia das Letras)
– “Disparos do Front da Cultura Pop“, Tony Parsons (Barracuda)
– “Mate-me Por Favor”, de Legs McNeil e Gillian McCain (L&PM)
– “Beijar o Céu“, Simon Reynolds (Conrad)
– “Barulho”, André Barcinski (Pauliceia)
– “Reações Psicóticas”, de Lester Bangs (Conrad)
– “Fama e Loucura“, Neil Strauss (Best Seller)
– “Criaturas Flamejantes“, de Nick Tosches (Conrad)
– “A Era dos Festivais”, de Zuza Homem de Mello (Editora 34)
– “Mondo Massari”, de Fábio Massari (Ideal)
– “Do Frevo ao Manguebeat”, de José Telles (Editora 34)
– “Radio Guerrilha“, de Matthew Collin (Barracuda)
– “Escuta Só”, de Alex Ross (Cia das Letras)
– “Punk – Anarquia Planetária e a Cena Brasileira“, de Silvio Essinger (Ed. 34)
– “Pavões Misteriosos”, de André Barcinski (Ideal)
– “Eu Não Sou Cachorro Não”, de Paulo César Araújo (Record)
– “Noites Tropicais”, de Nelson Motta (Objetiva)
– “Dias de Luta”, de Ricardo Alexandre (DBA)
– “Cheguei Bem a Tempo de Ver o Palco Desabar“, de Ricardo Alexandre (Arquipélago)

Leia também:
– “Tudo Isto é Pop” mapeia a nova cena indie de Portugal (aqui)
– Alex Ogg relembra os primeiros anos do Dead Kennedys (aqui)
– Álbum clássico do Sonic Youth é esmiuçado em livro (aqui)
– Kim Gordon se desnuda em “Girl in a Band: A Memoir” (aqui)
– Jonathan Cott valoriza Yoko em “John, Yoko e Eu” (aqui)
– 11 livros musicais bacanas lançados em 2014 (aqui)
– Cuidado ao ler “A Intimidade de Paul McCartney” (aqui)
– Jornalista relembra entrevistados em Strange Days (aqui)
– “Fama e Loucura” tenta entender a importância dos artistas (aqui)
– “Gilberto Bem Perto”, a biografia chapa branca de Gil (aqui)
– “Só Garotos”, de Patti Smith, é para quem acredita no amor (aqui)
– “Mozipedia”, de Simon Goddard: 600 verbetes sobre Morrissey (aqui)
– A canção que mudou as canções: Like a Rolling Stone (aqui)
– O Pequeno Livro do Rock, de Hervé Bourhis (aqui)
– “Blues”, de Robert Crumb, reverência o passado (aqui)
– “Autobiografia”, Pete Townshend: até os deuses têm dúvidas (aqui)
– “Tocando a Distância: Ian Curtis e Joy Division”, por Deborah Curtis (aqui)
– “The Smiths”, de Tony Flechter: absolutamente imperdível (aqui)
– “Autobiografia”, de Neil Young, expõe vícios, paixões e medos (aqui)
– “Todo Aquele Jazz”, de Geoff Dyer: magia, loucura e incompreensão (aqui)
– Uma lista com 12 filmes musicais (aqui)
– Keith Richards: “Gostar ás vezes é melhor do que amar” (aqui)
– Marianne Faithfull: Drogas, Sexo e Mick Jagger (aqui)
– “O minimalismo e o rock and roll”, trecho de “O Resto é Ruído” (aqui)
– Pete Townshend fala de Jimi Hendrix em “Autobiografia” (aqui)
– Gram Parsons por Keith Richards no livro “Vida” (aqui)
– Alex Ross: “A politização da arte para fins totalitários” (aqui)
– Marcelo Orozco fala sobre “Kurt Cobain – Fragmentos” (aqui)
– Bruce Pavitt fala sobre “Experiencing Nirvana: Grunge 1989″ (aqui)
– Charles R. Cross fala sobre “Kurt Cobain: A Construção de um Mito” (aqui)
– Ouça os podcasts com Ricardo Alexandre (aqui) e Fábio Massari (aqui)

setembro 15, 2010   No Comments

Download: e-book ‘Novos Jornalistas’

novos_jornalistas.jpg

Já está disponivel para download a edição e-book do projeto “Novos Jornalistas” que compila  trinta e oito textos de profissionais da mídia brasileira (jornalistas e não jornalistas),  que apresentam de maneira descontraída as novas habilidades que os jornalistas modernos devem ter em decorrência das novas tecnologias advindas da internet e das mídias móveis. Marco presença com dois textos. Baixe aqui.

setembro 14, 2010   No Comments

Nadando em um oceano de informações

Cinco respostas rápidas para o jornal da faculdade do amigo @Almirjournalism

1- Como editor do Scream & Yell você vem acompanhando a evolução do mercado de música para a era digital, principalmente no segmento pop/rock. Qual a sua opinião sobre essa “nova era”?

Estamos passando por um momento bastante difícil, em que o modelo antigo está sendo abandonado gradativamente e um novo ainda não se firmou. Ou seja: estamos exatamente no rito de passagem, e praticamente tudo pode acontecer. Como diria Gilberto Gil nos anos sessenta, é preciso estar atento e forte. O que está entrando em colapso é o modo de vender música. Isso não pode afetar a criação.

2- Com o advento dos sites de música, blogs e fóruns de discussão comentava-se que a função do crítico de música estaria fadada a extinção. Mas parece que com tanta informação é preciso um filtro, uma orientação. Qual a sua opinião?

Acho que esse será um caminho, a via nova a ser seguida. São tantos discos, livros e filmes lançados que o grande público precisa de uma pré-seleção. Não é o cenário ideal. O correto é que cada um fosse crítico o suficiente para saber o que está procurando, mas é preciso entender que música, cinema e livros não é a coisa mais importante do mundo para todas as pessoas. Então uma pessoa x, que tem uma profissão x, não vai gastar seu tempo livre ouvindo 500 discos diferentes. Ela vai encontrar alguém que ela julgue com opinião semelhante, e ver o que aquela pessoa indica para ela ouvir. É uma readaptação da função da crítica.

3- Li um comentário seu de que dias de 36 horas seria um sonho de consumo. Como você se organiza para garimpar novidades com tanta informação chegando de todos os lados?

Fazendo várias coisas ao mesmo tempo, o que muitas vezes faz com que muita coisa não tenha a atenção merecida. Porém, acredito que o que necessita de atenção sobressai. Mas é completamente insano nadar nesse oceano de informações.

4- No momento cite algumas dicas de artistas relevantes fora da grande mídia nos segmentos rock e mpb para os nossos leitores.

O Brasil vive um de seus melhores momentos musicais com muita gente nova de qualidade. Apanhador Só, Nevilton e Banda Gentileza são três grupos que podem muito bem conquistar grande espaço. Os três liberaram seus discos gratuitamente no site oficial e merecem muito serem ouvidos.

5- Comprar discos originais, sejam eles cd, dvd e vinil, ficar olhando ficha técnica, encarte, hoje em dia é um fetiche para excêntricos?

Talvez. O legal da ficha técnica é você descobrir exatamente quem fez o que na gravação, o que muitas vezes muda seu olhar em relação à música. Faz parte, sabe. Mas sou de uma geração que entende o disco como um objeto fechado, cuja capa e a ordem das faixas têm intensa relação com o produto final. Quem acostumou-se a baixar MP3 desde criança terá outra visão do todo. Digamos que eles estão pegando a laranja diretamente do pé enquanto os excêntricos estão comendo bolo de laranja com chocolate (risos). Há algo a mais.

setembro 9, 2010   No Comments

Da Alemanha, Tucher Doppelbock Bajuvator

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Terceiro exemplar da cervejaria alemã Freiherrlich von Tucher’sche a freqüentar este espaço (as outras duas foram a Helles e a Dunkless), a versão Doppelbock Bajuvator é simplesmente a melhor da fábrica a baixar por estes lados. Feita somente no inverno, e com graduação alcoólica de 7,2%, a Doppelbock Bajuvator é repleta de particularidades e sensações que criam uma cerveja especialíssima – receita original da Bavária.

O aroma é bastante maltado, sugerindo também café e um pouquinho de chocolate, bastante mel e açúcar mascavo. O sabor, de inicio, é adocicado, mas logo o frutado marca presença sugerindo uvas passas e, novamente, café – e chocolate amargo – características provenientes do forte malte torrado (aqui em dosagem caprichada). O final é seco, com um tiquinho de amargor que se esvai rapidamente.

Apesar de parecer doce, a Doppelbock Bajuvator mantém um equilíbrio preciso entre amargor e adocicado que convida a próximas taças mantendo o bom nível da Dunkless da cervejaria (a Helles, clara, é bem fraquinha). Para este ano, a Tucher atualizou o look com uma braçadeira dourada no alto da garrafa (que lhe confere estilo) e uma garota ruiva segurando taças que parecem ser de chocolate gelado no rótulo, mas é cerveja mesmo. E boa.

Tucher Doppelbock Bajuvator
– Produto: Doppelbock
– Nacionalidade: Alemanha
– Graduação alcoólica: 7,2%
– Nota: 3,75/5

Leia também:
– Duas cervejas da Bavária, uma clara, outra escura (aqui)

setembro 8, 2010   No Comments

A Hollywood dos anos 70

– “Quem serrrr esse merrrda? O que ele fez em seu última filme?”, berrou Charlie, um imigrante austríaco.

– “O último filme dele foi ‘O Caminho dao Arco-Iris'”, respondeu Evans.

– “Como você tem corrrragem de me mandar a porrrrra do Caminhas da merrrrrda do Arrrrco- Iris? O filme foi uma bhosta completo!”

Francis foi para Nova York, conversou com Charlie. Dois dias depois, Evans recebeu um telefonema. “O garrroto ser brrrrrilhante, fala bem, mas sabe dirrrrrrrigir?”, Charlie perguntou.

– “Acredite em mim, Charlie, ele sabe dirigir”.

Ps. os personagens:

* Charlie Bludhorn era presidente da produtora Gulf + Western
* Robert Evans era produtor da Paramount
* Francis Ford Coppola era um jovem diretor em Hollywood

O diálogo acima foi travado após Evans convencer Francis a dirigir “O Poderoso Chefão” (Coppola só aceitou dirigir porque estava bastante individado, mas o projeto não o havia seduzido). Agora Evans precisava convencer o presidente da Gulf e o presidente da Paramount a investir uma grana em um projeto ambicioso que contava com um diretor novato (Coppola) que tinha feito três filmes, abre aspas: “Agora Você é um Homem”, uma bobagem pretenciosa, zero de bilheteria, “O Caminho do Arco-Iris”, um grande musical da Broadway que Coppola transformou num desastre, e “Caminhos Mal Traçados”, que todo mundo malhou”. Fecha aspas

“O Poderoso Chefão” faturou 150 milhões de dólares numa época que os filmes faturavam 40 milhões…

Trecho de “Como a Geração Sexo, Drogas e Rock and Roll salvou Hollywood”, de Peter Biskind. Resenhas aqui.

setembro 6, 2010   No Comments

Um naturalista, um poeta e dois assassinos

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“Criação”, Jon Amiel (2009)

Incrível como os ingleses acreditam que toda a História da humanidade está amplamente relacionada a casos amorosos. “Sylvia”, a adaptação de Christine Jeffs para a história da poetisa Sylvia Platt (com Gwyneth Paltrow no papel principal) é um exemplo (escrevi na época aqui). Existem outros, como este “Criação”, que freqüentou os cinemas meses atrás e agora chega às locadoras pretendendo contar a história de Charles Darwin em um período de sua vida que iria revolucionar o modo de olhar o mundo. Darwin está afundado nos trabalhos de escrita de “Origem das Espécies”, o livro que revolucionou a biologia e desafiou dogmas da igreja. Na visão dos ingleses, esse ato de criação se transforma em um romanção em que o homem dividido entre a família e o trabalho quase enlouquece, visão besta e clichê que atrapalha as atuações de um bom elenco encabeçado por Paul Bethany e Jennifer Connelly. Ignore.

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“Brilho de Uma Paixão”, Jane Campion (2009)

Ela é uma jovem garota que está ganhando fama na cidade com seus moldes e roupas. Ele é um jovem pobre que está tentando a sorte no mundo das letras. O encontro destas duas almas perdidas no mundo move está belíssimo “Bright Star”, filme assinado com estilo pela diretora neozelandesa que já ganhou a Palma de Ouro em Cannes por “O Piano”, em 1993. Ele é (ou viria a ser) o poeta inglês John Keats (interpretado pelo ótimo Ben Whishaw). Ela é Fanny Brawne (com a convincente Abbie Cornish encantando corações). Os dois vivem um romance impossível bem típico do século 19. Eles se amam, mas o jovem poeta não tem dinheiro para bancar o dote da moça. O platonismo domina a tela e o texto rebuscado (aliado à fotografia encantadora) conquista o espectador logo nos primeiros minutos, e o enleva numa história sem final feliz. Cuidado: você corre o risco de sair tuberculoso da sessão. E apaixonado.

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“Na Mira do Chefe”, Martin McDonagh (2008)

Releve o título nacional besta. “In Bruges” toma uma das paisagens mais belas da Europa (da cidade de Bruges, na Bélgica) como pano de fundo para contar uma história de assassinos que começa tolinha como imagens de cartões postais, mas que cresce vertiginosamente rumo a um final épico e grandioso.  O apelo do humor negro lembra muito os primeiros filmes de Danny Boyle (notadamente “Cova Rasa” e “Trainspotting”). A história gira em torno de dois assassinos de aluguel (Colin Farrell e Brendan Gleeson, ótimos), que após um serviço mal feito, acabam se escondendo na cidadezinha belga que tem o centro histórico mais bem preservado da Europa – e muitas cervejas boas. Ray (Farrell) é o típico britânico tosco que não vê graça nenhuma em ficar olhando prédios velhos enquanto Ken (Gleeson) quer aproveitar o refúgio forçado para passear na cidade encantadora. Os diálogos são hilários e o final assustador. Uma bela surpresa.

Leia também sobre outros filmes na categoria Cinema deste blog

setembro 6, 2010   No Comments

Sobre o entrevistão com Hélio Flanders

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Um dia antes de embarcar com Lili para a Europa em maio, eu, Marco Tomazzoni e Tiago Agostini recebemos o amigo Hélio Flanders, vocalista e letrista do Vanguart, para uma entrevista no meu ex-apartamento. Uma caixa (essa aqui) de Leffe foi comprada para a ocasião. Ainda havia malas para fechar e detalhes para acertar antes de voar para Budapeste, algumas horas depois, mas a expectativa pelo papo com Hélio Flanders era enorme. E foi plenamente recompensada. Ele nos surpreendeu mantendo um fluxo de idéias interessantíssimo que girava em torno da pausa que o Vanguart deu após o lançamento de seu disco ao vivo pela Multishow. Foram cinco horas de bate papo (acabou ali pelas 3 da manhã) que renderam mais de 30 páginas de entrevista, das quais 20 foram publicadas hoje no Scream & Yell (aqui). Em texto a conversa perde um pouco do humor e da ironia do entrevistado, mas encaro o bate papo como um retrato (talvez desencantado, como ele mesmo diz em certo momento – prefiro realista) de um jovem artista tentando se adaptar em um meio (cada vez mais político e menos musical) que costuma devorar sonhos. Há entre as palavras de Hélio e as de Romulo Fróes (aqui), Lulina e Stela Campos (aqui), Heitor Humberto e Nevilton (aqui), e também Wado (aqui) e Iuri Freiberger (aqui) um desenho (talvez borrado, mas ainda assim nítido) do momento atual da música brasileira. Esse desenho nos interessa muito. Para ler (ouvir as canções) e refletir.

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setembro 2, 2010   No Comments