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Prata da Casa #8: Herod
A oitava noite do Prata da Casa 2014 homenageou o barulho com o quarteto paulistano Herod realizando uma das apresentações mais ensurdecedoras já presenciadas na choperia do Sesc Pompeia. Acompanhados por um terceiro guitarrista, Daniel Ribeiro (da banda irmã Hoping To Collide With), Lucas Lippaus (guitarra), Sacha LF (guitarra), Elson Barbosa (baixo) e Raphael Castro (bateria – também do Hoping To Collide With – na mesma linha de frente dos instrumentos de cordas) subiram ao palco sob a cama de efeitos de “Penumbra”, faixa que abre o disco “Umbra”, de 2013, ambientando os presentes até berros, pancadas nos pratos e riffs sujos preencherem o ambiente por mais de 9 minutos (vale citar o ótimo trabalho de Bernardo Pacheco na mesa de som).
“Collapse”, outra do “Umbra”, surgiu em versão poderosa, conquistando o ótimo público presente. “Crossroads” (2009), de quando a Herod ainda era Herod Layne, trouxe dedilhados e pancadas na bateria que fizeram uma boa ponte de ligação com outra das novas, “Blinder”. O segundo convidado, Jair Naves, subiu ao palco com sua postura transtornada característica para cantar a agonizante “Limbo” em versão redentora. Para encerrar a noite, “Walking The Valley”, do primeiro lançamento do grupo, “In Between Dust Conditions” (2008). Na volta do bis, Elson avisou: “Temos ainda três músicas”; no que Lippaus completou: “Calma, são mais meia hora de show”. Terminando do jeito que começou, a banda apostou na suíte “Antumbra” “Umbra” para deixar os ouvidos dos presentes zunindo após uma noite especialíssima.
As fotos são de Liliane Callegari (mais aqui). Abaixo, dois vídeos (o primeiro, de Marcelo Costa; o segundo de Rodolfo Yuzo).
julho 21, 2014 1 Comment
Prata da Casa #7: Primos Distantes
A sétima noite do Prata da Casa 2014 voltou para a choperia do Sesc Pompeia, que recebeu o segundo maior público deste ano, lotando a casa para ver a dupla Caio Costa (guitarra, teclado e voz) e Juliano Costa (percussão e voz) acompanhados de Renato Medeiros (baixo), Thales Othón (guitarra) e Victor Chaves (baterista d’O Terno) mostrando as canções do álbum de estreia do Primos Distantes, com disco produzido por Rafael Castro, influencia direta da dupla Costa, seja nas letras irônicas, seja no pop rock praticado pela banda.
Ao vivo, a coisa toda parece uma reunião de amigos de colégio, algo que a postura despojada do grupo no palco, com composições divididas entre Caio e Juliano, que se alternam no microfone, amplifica. O público recebeu bem canções como “Dragão” (primeiro clipe oficial da dupla) e a boa “Aniversário” numa noite que ainda teve “Canastrão”, “Urubu” (dedicada aos “fura zóio”), “Te Ver” e “Feio”, esta última encerrando a apresentação com o produtor Rafael Castro no palco, dividindo os vocais com Juliano e Caio.
julho 8, 2014 No Comments
Prata da Casa: Julho de 2014
Eis o terceiro mês do Prata da Casa 2014 sob minha curadoria, e o primeiro em que busquei imprimir uma pauta temática para discutir uma ideia (no início das conversas com o Sesc lá em abril havia a possibilidade da programação mensal trazer consigo um debate sobre o tema fechado, que acabou sendo deixado de lado, mas quero manter a ideia de temas), que no caso de julho foca na cena paulistana olhando para artistas que trabalham sempre em conjunto com outros artistas.
A ideia inicial era bem mais ampla, caótica e visual do que a que foi formatada oficialmente para o calendário do mês. O ponto de partida buscava mostrar, na prática, como vários artistas trabalham em conjunto na cidade, colaborando com outros artistas em discos, shows, gravações e composições. Para isso sugeri oito nomes incentivando que as quatro datas tivessem dois shows por noite, com um artista participando ativamente do show do outro – como fazem nos discos.
Após apresentado o formato da ideia – nunca realizado no projeto, até onde pesquisei – e feitas as minhas considerações, digamos que a seleção de artistas sugeridos passou com emendas pela Câmara, mas foi vetada no Senado, retornando para este relator com o pedido de focar em apenas um artista. Tentei então resumir o plano inicial e, assim, cheguei ao quarteto final, que ainda respira essa ideia de amizade musical com outros artistas.
O duo PRIMOS DISTANTES abre a programação de Junho no dia 01/07. Apesar de carregarem o mesmo sobrenome, Caio Costa e Juliano Costa não são primos, muito menos distantes. Desde 2001, quando tinham 11 anos, tocam juntos, mas a banda só foi se formar de verdade em 2013, com o lançamento do primeiro álbum, que leva o nome do projeto e conta com produção de Rafael Castro e desenhos de Andrício de Souza (e pode ser ouvido aqui). O som é um pop rock suave com letras espertas, que no estúdio ganhou corpo apenas com a dupla se dividindo entre os instrumentos (e incluindo Rafael Castro na bagunça – ele, inclusive, canta uma das faixas do álbum, “Feio”). Ao vivo, os Costa se recriam como quinteto e prometem fazer um show bastante divertido.
Já o dia 15/07, a Choperia do Sesc Pompeia se transformará numa usina de barulho com a apresentação da HEROD, que aposta no post-rock como veiculo de mensagem. O quarteto Herod vem batalhando no circuito independente desde 2006 e lançando álbuns virtuais pelo selo independente Sinewave. Um destes discos caiu nas mãos de Robert Smith, do The Cure, que escalou a Herod para abrir os shows da banda no Rio de Janeiro e em São Paulo. O convite e a posterior apresentação diante de 30 mil pessoas na Arena Anhembi não amaciaram o desejo pelo caos do quarteto, que lançou “Umbra” (disponível para download gratuito aqui), um álbum poderoso que conta com convidados como Jair Naves, Cadu Tenório e Filipe Albuquerque acrescentando vozes e ideias na sonoridade do grupo. Promessa de ser uma noite bastante intensa. Esteja preparado.
Dia 22/07 será a vez do HAB, também na linha do post-rock, estilo que incorpora características de uma imensa variedade musical, incluindo electro, jazz, ambient, rock progressivo, experimental e outros, o quarteto HAB agrega música africana e regional brasileira, como a guitarrada paraense. Gravado durante o ano de 2013 e lançado em maio de 2014, “HAB”, o álbum de estreia (download gratuito aqui) do quarteto formado por Guilherme Valério (guitarra), Marco Nalesso (guitarra), Marcos Gerez (baixo) e Thiago Babalu, que assume ao vivo os grooves de bateria gravados por Maurício Takara no álbum, mostra uma sonoridade repleta de timbres e texturas interessantes, resultado da variedade do trabalho dos músicos, que integram bandas como Hurtmold, Guizado e Siba.
Fechando a programação do Prata da Casa em junho, JULIANO GAUCHE sobe ao palco da Choperia no dia 29/07. O mineiro (de nascimento, capixaba de coração) é da turma que carrega o nome de Sérgio Sampaio como referencia, e da qual fazem parte também Tatá Aeroplano e Gustavo Galo. Tatá, inclusive, divide a produção do primeiro álbum solo de Juliano (após três discos com a banda Solana) com o guitarrista Junior Boca, e empresta “Sérgio Sampaio Volta”, de sua banda Cérebro Eletrônico, que ganha uma versão delicada e envolvente. Nas nove ótimas canções de seu disco de estreia (disponível para download gratuito aqui), Juliano Gauche flerta com Reginaldo Rossi, inspira-se em Jeff Buckley, pisca o olho para Paul McCartney e assume influências indiretas de Legião Urbana, Marina Lima e Pink Floyd em seu som. O resultado? Boa música brasileira.
Nos vemos no Sesc Pompeia!
julho 1, 2014 No Comments
Prata da Casa #6: Jennifer Souza
A sexta noite do Prata da Casa 2014 aconteceu no teatro do Sesc Pompeia, um local em que eu nunca tinha presenciado shows do projeto, e cuja escolha, a pedido da direção do Sesc, me deixou com dúvidas se seria o local adequado para receber Jennifer Souza e quinteto. Costumo preferir a choperia porque além de ser um dos locais mais agradáveis de São Paulo para ver uma banda, permite comprar bebida durante o show, e o chopp escuro do Sesc é bem bom, mas, provando que a gente sempre tem muito a aprender, a apresentação delicada e classuda que Jennifer preparou para esta noite especialíssima não poderia ter acontecido em um local melhor.
Com iluminação e som absolutamente perfeitos valorizando as intervenções de guitarra de Henrique Matheus, o baixo personal de Frederico Heliodoro, o duo de metais comandado por João Machala (trombone) e Jonas Vitor (sax), o piano de Marcos Abjaud e as excelentes inflexões de bateria de Felipe Continentino, pontuando com delicadeza e, quando necessário, peso o repertório de Jennifer, a noite contou com uma canção de Leonardo Marques (parceiro no Transmissor), outra do Transmissor (“Outra Ela”), uma ainda inédita (“Ensemble Malgre? La Distance”) e os belos números do álbum “Impossível Breve” num dos shows mais bonitos desta edição do Prata da Casa. Absolutamente encantador.
As fotos são de Liliane Callegari (mais aqui). Abaixo, dois vídeos.
junho 29, 2014 No Comments
Prata da Casa #5: Cassino Supernova
Na quinta noite do projeto Prata da Casa 2014, os holofotes estavam sobre o quinteto Cassino Supernova, de Brasília. Com um bom álbum lançado na bagagem (“Na Estrada”, 2012), o Cassino Supernova me impressionou em duas potentes apresentações que vi da banda no Festival Casarão, em Porto Velho, em 2012 e 2013, uma delas gratuita em praça pública, um teste de fogo que a banda tirou de letra. No palco da choperia do Sesc Pompeia, no entanto, faltou algum pequeno ingrediente para que a Cassino Supernova repetisse o feito das apresentações anteriores e incendiasse o lugar com seu rock and roll honesto, mas a noite foi boa.
Com uma sonoridade menos suja (será a nova fase da banda?) e mais melódica, a Cassino Supernova foi conquistando o público aos poucos, com o vocalista João Victor (aka Gorfo) intimando os presentes a chacoalhar o corpo a cada intervalo enquanto a banda desfilava o repertório de seu primeiro álbum e testava algumas novas canções do vindouro segundo disco. Entre os destaques, a grudenta “Torta Alemã”, uma das minhas canções preferidas do primeiro disco da banda, e a participação do pessoal do Vivendo do Ócio, que subiu ao palco para uma versão desengonçada e divertida de “Back in Bahia”, de Gilberto Gil, e engrossar o refrão de “Cinco”, que encerrou a noite.
As fotos são de Liliane Callegari (mais aqui). Abaixo, dois vídeos
junho 17, 2014 1 Comment
Prata da Casa #4: Coutto Orchestra
A quarta noite do Prata da Casa 2014 recebeu uma micro big band que fez bonito no palco da Choperia do Sesc Pompeia. De Aracaju para o mundo, a Coutto OrchestradeCabeça é um quarteto musical que convida o espectador a dança, e no Prata da Casa não foi diferente: tendo uma batida eletrônica comandada via computador como guia, Alisson Coutto (voz, trombone, controladoras e banjo), Vinicius Bigjohn (acordeom, percussão e voz), Rafael Ramos (Baixo e piano) e Fabinho Espinhasso (bateria) colocaram todos os presentes para dançar canções que namoravam o forró, flertavam com a cumbia e piscavam o olho para o tango.
Antes de apresentar “Ladeira”, faixa que abre o excelente álbum “eletro FUN farra” (disponível para download gratuito no site oficial), Alisson Coutto fez questão de apresentar: “A voz (sampleada) dessa canção é de Dona Regina da Mussuca de Baixo. Mussuca é um povoado do município de Laranjeiras (Leste sergipano) e Dona Regina já cantava com a gente há muito tempo, mas só descobrirmos que era ela pouco antes de gravar o disco”. Um dos momentos mais líricos da noite aconteceu quando Alisson convocou Aragão, da banda sergipana NaurÊa, para participar da versão da Coutto Orchestra de “Dorival Caymmi”, canção da NaurÊa. O belíssimo momento está registrado no segundo vídeo abaixo. Grande noite.
As fotos são de Liliane Callegari (mais aqui). Abaixo, dois vídeos.
junho 6, 2014 No Comments
Prata da Casa: Junho de 2014
Eis a programação do projeto Prata da Casa para junho de 2014, no Sesc Pompeia, três artistas que tenho um orgulho imenso de, junto ao Sesc, destacar para shows em São Paulo. Dois deles já vi ao vivo, e fiquei tão impressionado que, quando me deparei com o material deles, achei obrigatória a escalação no projeto. Diferente dos próximos meses, em que buscarei trabalhar um tema para nortear a escolha dos artistas que levarei para debater com o Sesc, o mês de junho (como o de maio) foi fechado sem uma preocupação temática, focando apenas na qualidade artística dos trabalhos recebidos pela curadoria.
A Coutto Orchestra de Cabeça, de Sergipe, eu tive o prazer de assistir no Festival LAB, em Maceió, em novembro de 2012, e naquela oportunidade (ainda sem ter lançado o álbum “eletro FUN farra”, disponível para download gratuito no site oficial da banda) eles fizeram um dos grandes shows do festival. Fiquei com aquela apresentação festeira (forró, tango, beats, empolgação) na memória, e sempre pensando que era uma pena eles nunca terem decido para o sudeste. Quem for à Choperia do Sesc Pompeia na terça, 03 de junho, de coração aberto, poderá viver uma noite inesquecível.
No dia 10 de junho será a vez da Cassino Supernova, sangue novo do rock brasiliense, que tive a oportunidade de conferir ao vivo duas vezes no Festival Casarão, em Porto Velho. O disco deles é ok, mas ao vivo o quinteto transpira adrenalina. Na primeira vez que os vi em Porto Velho, em 2012, num lugar fechado, achei o show extremamente competente, mas eles realmente me conquistaram com a apresentação do ano seguinte, ao ar livre e gratuita, para uma grande plateia que não tinha a mínima ideia de quem eles eram e o que tocavam. Os moleques não deixaram a peteca cair e arrebentaram.
Fechando o mês de junho, dia 24 (dia 17 não teremos Prata da Casa devido a um jogo do Brasil na Copa), Jennifer Souza traz para o teatro do Sesc Pompeia todo o intimismo e lirismo de seu álbum de estreia solo, “Impossível Breve”, lançado em 2013 (e disponível para download gratuito). Admiro muito o trabalho da banda em que Jennifer toca, a Transmissor (não a toa, o Scream & Yell disponibilizou o terceiro disco deles em maio, “De Lá Não Ando Só”), e essa admiração se amplia aos discos solo não só de Jennifer, mas também de Leonardo Marques (guitarrista da banda, baixe aqui). É um show que quero ver na primeira fila.
Espero pode ver vocês no Sesc Pompeia. O Prata da Casa acontece às terças, às 21h, com ingressos gratuitos distribuídos uma hora antes do evento. Prestigie.
maio 31, 2014 No Comments
Prata da Casa #3: Don L
A terceira noite do Prata da Casa 2014 calhou de coincidir com o segundo dia da greve do motoristas de ônibus de São Paulo, e se já é bastante complicado se deslocar na cidade em dias normais, uma dia sem ônibus torna a vida nessa megalópole imensamente muito mais difícil, e muitos eventos acabam sendo inviáveis, mas a galera do hip hop mostrou porque a cena vem cada vez mais ganhando destaque, mesmo sem tocar em rádios e novelas da Globo, e bateu ponto em peso lotando a Choperia do Sesc Pompeia para ver Don L, o cara responsável por um dos grandes discos do ano passado, “Caro Vapor – Vida e Veneno de Don L”, disponibilizada gratuitamente pela VICE (baixe aqui).
Acompanhado de Dj Typá nas programações, Srta. Paola nos backings e Tché, do Holger, na guitarra, Don L fez um passeio pelo repertório do álbum abrindo com a excelente “Morra Bem, Viva Rápido” e recebendo Flora Matos para um dueto em “Sangue é Champagne”, “Enquanto Acaba” e “Slow Jam” enquanto Nego Gallo, parceiro dos tempos do Costa a Costa, trouxe “No Melhor Lugar” e seu refrão “Isso aqui é dinheiro, sexo, drogas e violência de Costa a Costa!”, título da mixtape que a dupla lançou em Fortaleza, 2007. “Chips (Controla ou te Controlam)” e “Beira de Piscina” (com apoio de Terra Preta) foram dois grandes momentos de uma noite que mostrou que uma greve pode parar a cidade, mas não para o rap.
As fotos são de Liliane Callegari (mais aqui). Abaixo, dois vídeos.
maio 22, 2014 No Comments
Prata da Casa #2: Giallos
Na segunda noite do Prata da Casa 2014, com um público tão bom quanto o da noite de estreia, o Giallos, do ABC Paulista, honrou a escalação com uma entrega absurda em uma noite movida a berros, pancadas e barulho. Em formato sexteto, o trio formado por Flávio Lazzarin (no pequeno kit de bateria com Pinguim escrito a esferográfica no bumbo), Luiz Galvão (alternando duas guitarras) e Claudio Cox (ensandecido nos vocais) trouxe ao palco a banda que gravou o álbum “¡CONTRA!” (disponível para download grátis) com Andre Calixto (sax, gaita e gritos), Richard Fermino (trompete, sax e gritos) e Willian Aleixo (teclados).
O massacre blues punk começou com “1973”, faixa que abre “¡CONTRA!” e traz Cox berrando “1973, o ano que nascemos: seria fácil acabar com esse regime de merda com as armas que temos hoje”. A candidata a hit “El Santo Diesel” foi uma das mais celebradas da noite, que ainda contou com versões de clássicos d’Os Replicantes (“A Verdadeira Corrida Espacial”, 1986), Inocentes (”Medo de Morrer”, de 1982, com Clemente no palco, em momento noise de arrepiar) e, para encerrar uma grande noite, MC5 (do obrigatório “Kick out the Jams”, 1969). Apenas uma terça-feira de rock n’ roll sujo e gritado, e foi demais.
As fotos são de Liliane Callegari (mais aqui). Abaixo, dois vídeos.
maio 15, 2014 No Comments
Prata da Casa no Divirta-se, Estadão
maio 12, 2014 No Comments