O que é isto? Que surpresa!!! Parece Love. Seria Beatles ? Lembra The Kinks. É o The Who? Não, é o KAK!!!

Francamente psicodélico, o KAK é uma das gratas surpresas que conheci nos últimos tempos através de um disco indispensável e, sinceramente, sensacional.

A banda foi formada em 1968 em São Francisco, tendo lançado apenas um disco, homônimo, de uma beleza sem igual.
 
O disco possui 'insights' de Beatles, Neil Young, The Kinks, Flying Burritos Brothers (sim, o KAK também tem seu lado country)

"Eletric Sailor" é The Who na cabeça – da melhor safra, é claro...

Já "I’ve Got Time", linda, linda, seria um country psicodélico (??). Impossível não lembrar de Gram Parsons e seu International Submarine Band ou o ótimo Flying Burritos Brothers. 

E o que dizer de "Flowing By", triste de morrer.  Acho melhor você mesmo ouvir, caro leitor. É uma canção absolutamente fundamental...

"Disbelievin'" é uma fantástica faixa pré-punk com um inacreditável solo de guitarra... indescritível...

A banda era formada por Gary Lee Yolder (vocal, guitarra), Dehner Patten (guitarra e vocal), Joseph Damrell (baixo, cítara) e Christopher Lockheed (bateria, maracas, tabla e vocal). Talvez, influenciado por Moby Grape, Grateful Dead ou o próprio Love, o disco possui vários estilos dispersos entre as faixas, com passagens de ótimo gosto. 

O legal no álbum é exatamente a diversidade de sons, não seguindo nenhum estilo definido e sim parecendo uma coletânea da época. Talvez este fato (ou por não terem um grande empresário) tenha feito com que não se destacassem na época do lançamento do álbum, pois sua qualidade é inquestionável.

O KAK ficou pelo caminho, portanto deixou sua marca. A versão do disco em vinil da época ("KAK" - 1969) continha nove sensacionais faixas. Já a excelente reedição em CD ("KAK-OLA" - 1999), caprichou no que já era perfeito, incluindo mais onze faixas raras totalizando vinte músicas em mais de 79 minutos de som. Entre os bonus, algumas demos de Gary Lee Yolder com o Blue Cheer's em 1967, para onde o vocalista acabou indo após o fim do KAK. O vinil é peça de colecionador, pois a banda além de gravar apenas este album em pequena quantidade, ainda fez pouquíssimos shows antes de encerrarem.

Este disco, assim como "Forever Changes" (Love), "Younger Than Yesterday" (The Byrds), "#1 Record" (Big Star) e "Everebody Knows to Nowhere" (Neil Young), traz a sensação de que tudo foi feito, definido, criado naquela época e que nossas "rock bands" atuais não tem culpa de eternamente estarem se copiando e se repetindo... por isto, ouça tudo isto, leve, sem cobrar nada de ninguém, afinal Strokes é legal, Travis é ok, Radiohead é muito bom – mas por favor, sem comparações ...

Bom, voltando, os tempos eram outros, o mundo era diferente e bandas como KAK já não existem mais ... que tal ouvi-los ?