E Charlie Kaufman também. A dupla responsável por Quero Ser John Malkovich (o do título, cineasta, e o da abertura do texto, roteirista) retorna com a maior obra prima do cinema atual, Adaptação, o melhor filme desde... Magnólia de Paul Thomas Anderson. Coincidência (ou não), a trama de Adaptação também gira em torno de uma flor, orquídea, para ser mais exato. Falar muito sobre o filme é uma tremenda bobagem. Só para você saber um pouquinho, o filme conta a história de um roteirista (o próprio Charlie Kaufman, interpretado com genialidade por Nicolas Cage) que precisa adaptar um livro para o cinema, não acaso, seu próximo após John Malkovich. Obra prima (droga, estou repetindo o mesmo elogio, mas, foda-se) incontestável, Adaptação eleva o recurso de metalinguagem a categoria de arte ao (r)emendar teorias de Charles Darwin com o melhor roteiro já escrito em Hollywood, Casablanca, e ir além propagando a manipulação da verdade (estou citando o Christian Petermann do Guia da Folha, melhor dar crédito, mas quem dá crédito hoje em dia? Ah, esquece), a loucura pessoal, a pressão intelectual, a genialidade em forma de catarse. Do primeiro segundo até o desligar dos projetores (é isso mesmo, você vai ter que ler todas aquelas letrinhas que sobem até o fim da fita, para descobrir um pouco mais sobre esse filme), Adaptação é... (sensacional, eu vou escrever sensacional, vou?) sensacional. Sensacional, sensacional. Em certo ponto da trama, um executivo vira para Kaufman/Cage e diz: "Termine o roteiro. Você é o cara que escreve os roteiros mais malucos de Hollywood". Faltou ele dizer sensacional (eu escrevi de novo, agora já foi, mas será que ele não disse mesmo? Vou precisar ver de novo). Assista, três vezes. Depois me conta o que você achou. E a coluna acaba aqui (para que falar mais?).

Mais sobre o filme no B*Scene.

Marcelo Silva Costa - maccosta@hotmail.com

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