Esse você precisa ouvir ... : Wander Wildner 
Punk Para Corações Partidos
por Alexandre Petillo

O que pode acontecer se um rapaz perdidamente apaixonado vai receber a mulher no aeroporto com uma camiseta escrita eu te amo, e ao encontrar a pessoa amada descobre que tudo acabou, levando aquele famoso pé na bunda? Suicídio? Deprê? Cortar os pulsos? Fazer um zine sobre relacionamentos?

Nada disso. Não, se o rapaz da história for Wander Wildner, um cara que já foi um pobre astronauta trabalhando numa armadura de lata e que teve uma garota que o deixou por um sandinista especialista em granada, de mão. Ex-vocalista do Replicantes, figura carimbada do rock gaúcho e nacional, Wildner transformou todo o seu sofrimento e aquele sentimento de abandono num dos melhores e mais divertidos discos nacionais da década. 

Baladas Sangrentas é definido pelo próprio autor como uma ópera punk brega. Uma mistura de Roberto Carlos com Replicantes. Definitivamente, Wander Wildner é um dos poucos artistas nacionais que valem o seu desvalorizado dinheiro. 

Logo na primeira audição você percebe as preciosidades: a baladaça rock and roll Bebendo Vinho, a acelerada Maverikão ou a faixa de abertura, Ustê, cantada num paraguaio muí peculiar. Ainda temos Ganas de Viver (essa é de arrepiar) e Freira Desalmada , parceria com o brother Thedy Correa, que promove o inusitado cruzamento do brega-chique Eduardo Dusek com o punk rock The Clash. E, como todo bom punk, não poderia faltar uma cover dos Sex Pistols: Lonely Boy ganhou uma versão matadora, com uma letra de fazer Odair José morrer de inveja.

Wander conta histórias sobre como é estar apaixonado, levar um chute da namorada, esses momentos difíceis,  mas  conta/canta de uma maneira bem-humorada, autodepreciativa, como tem que ser, e não um sofrimento infindável.

Portanto aí vai uma dica: se você vai passar o dia dos namorados sozinho, na fossa, fuja das baladas melosas, das complicações. Ouça Wander Wildner, estampe um sorriso no rosto e saia pelas ruas com uma camiseta escrita eu te amo...

Texto publicado originalmente no Scream & Yell On Paper 4