Rock Raro


JULIAN’ S TREATMENT 
por Wagner Xavier
Wagner2505@yahoo.com.br

E aqui estou eu de volta … Como no mundo da música, o disco seguinte, quer dizer, a coluna seguinte é sempre complicada, mas vamos em frente..., tentando se superar e melhorar. Para hoje, procurei pesquisar um pouco sobre outra daquelas bandas raras que por acaso do destino não conseguiram uma merecida projeção, apesar de sua boa qualidade. 

Trata-se do grupo inglês Julian’s Treatment. O Julian, foi na verdade um projeto do escritor e tecladista Julian Jay Savarin. Nascido na Ilha de Dominica, a idéia de Julian era musicar uma trilogia sobre ficção científica, escrita por ele próprio.

O primeiro álbum, chamado "A Time Before This", lançado em 1970 acabou não alcançando o resultado esperado (afinal, mesmo naquela época as vendagens eram algo fundamental para determinar o sucesso de uma obra – negócios ...). O disco, conceitual, composto de 12 faixas, descreve temas sobre a civilização perdida de Atlantida e seu último sobrevivente – Earthman, chegando ao planeta Alkon. O disco se destaca pelos vocais da australiana Cathy Pruden, além das letras viagem ...,é claro !!!

 Em 1971, lançado originalmente pela Decca, sai a segunda parte da trilogia, "Waiters on the Dance", apenas sob o nome de Julian Jay Savarin, que é baseado no livro "Lemmus: A Time Trilogy" do próprio Julian. Contando com 32’43, muito bem executado, começa com a progressiva "Child of the Night 1 & 2" (8’36), cuja bela voz de Lady Anna Jo Meek (pré-Catapilla) se destaca bastante. O início instrumental da faixa lembra Pink Floyd (talvez "Saucerfull of Secrets" do disco homônimo) – sem dúvida um primor de música. A faixa seguinte, "Stranger" (2’21) nos faz lembrar o também progressivo Renaissance, pois a voz de Jo em alguns momentos lembra Anne Haslam (que bela referência !!). A faixa seguinte é "The Death of Alda" (5’29), cujas passagens climáticas são de ótimo gosto, um excepcional solo de guitarra, tendo os teclados e bateria como grandes acompanhantes – Fantástica !!!

E o que dizer da quarta música, "Dance of the Golden Flamingoes" (8’55)? Levadas progressivas, estupenda bateria, teclado na medida certa !!!. Na minha opinião, a melhor faixa do disco.

Seguindo em frente temos "Cycle" (4’23) e para finalizar a bela "Soldiers of Time" (2’59) – com destaque para a voz da excelente Jo Meek que novamente remete ao glorioso Renaissance.

Apesar de soar um pouco datado em alguns momentos, (característica de alguns álbuns progressivos da época), o disco se mantém até hoje com uma sonoridade bastante interessante. Mesmo com a qualidade citada, o disco novamente não conseguiu atingir as vendas esperadas. A trilogia nem mesmo seria acabada, pois Julian, mesmo sendo um bom letrista e instrumentista acabaria por tornar-se um escritor e novelista, dedicando seu tempo para editar obras sobre ficção científica, tendo sido melhor sucedido com a publicação de seus livros.

Ouvindo seus discos, principalmente este "Waiters on the Dance", percebe-se seu real valor e inegavelmente descobre-se o prazer em ouvir o bom rock progressivo destes gloriosos anos 70.

O segundo álbum da banda, lembrando ao leitor, lançado com o nome do seu líder, Julian Jay Savarin, foi recentemente re-lançado pela ótima gravadora italiana Akarma em versão Vinil e CD, sendo esta a sua chance de adquiri-lo antes que suma da praça.

Imperdível !!!

Logo mais voltamos para falar um pouco mais de alguma preciosidade perdida no fundo do baú do bom e velho (e as vezes injusto) rock and roll....

Boa viagem e até a próxima