Writing on the Wall
por Wagner Xavier
Blog
06/10/2008

O Writing on the Wall iniciou sua carreira na Escócia em 1966 sendo basicamente uma banda underground local até a gravação desta obra prima em 1969. A banda acabou em 1973, porém jamais gravou outro álbum, fazendo desta estréia seu cálice sagrado, o que já foi suficiente para ser um dos grandes do gênero.

O disco em questão é o excelente "The Power Of Picts", lançado pela Middle Earth na época e relançado pela Repeirtore, em 2000, num trabalho bem caprichado que além do acabamento do CD em formato digipack ainda conta com duas faixas bônus: os singles "Child Of A Crossing" e "Lucifers Corpus".

A banda era formada por William Finlayspon no vocal e guitarra, Jake Scott baixo e vocal, William Scott nos teclados, Linnie Petterson nos vocais e James Hush na bateria e sua paixão pelo barulho fez o semanário New Music Express (a popular NME), na época, definir o quinteto como um grupo cuja "reputação de ser violento amedrontava extremos".

"The Power Of Picts" abre com a teatral "Bogeyman", com uma das melhores introduções de uma música que você irá ouvir na vida, nobre leitor. Um trabalho de baixo de tirar o fôlego além de uma polka tosca no inicio formam um início sensacional. É incrível como a banda soava pesada e ao mesmo tempo mantinha um ótimo swing, soando muito original no contexto da época.

A banda, que desde o começo foi divulgada pelo mestre John Peel, misturava influências de nomes como Cream, Pink Floyd e o Jimi Hendrix Experience com estilos indianos, blues rock, jazz, progressivo e psicodelismo. É uma mistura deliciosa, que se transforma num dos discos mais incríveis já lançados.

Uma das características que marcam "The Power Of Picts" é a agressividade empregada pelos teclados, insanos, no melhor estilo Vicente Craine, do Atomic Rooster, fazendo com que não existam espaços vazios nas músicas. Solos de guitarra, bateria pesada, baixo pulsante e este bem dito Hammond fazem o deleite dos fãs de uma música que é uma grande mistura de blues, hard rock, progressivo e muito psicodelismo.

"Shadow of Man", a segunda faixa, é outra maravilha. Lembra um pouco coisas do Arcadium e ao mesmo tempo muda para o estilo hard progressivo com excelente trabalho dos teclados remetendo a Procol Harum na parte mais progressiva. "Taskers Successor", outra canção com personalidade, traz vocal forte, instrumental excelente e novamente destaque para os teclados Hammond que fazem a diferença.

A próxima é "Hills of Dreams", uma balada absolutamente linda que conta com um belíssimo trecho folk medieval no meio da canção, um charme extra para esta grande faixa, sem contar o poderoso solo de guitarra. "Mrs. Coopers Pie" é puro Cream (até o vocal lembra muito Jack Bruce). O virtuosimo de Eric Clapton é compensado por Bill Scott nos teclados.

O disco fecha com "Áries", outro petardo sonoro, com alguns exageros vocais, mas um instrumental de tirar o fôlego. As duas faixas bônus faziam parte do primeiro single da banda.e são excelentes também. Tanto single quanto o álbum em vinil são objetos raros hoje em dia.

A banda chegou a gravar demos para um possível segundo LP além de se apresentar no Top of Gear, programa de John Pell na Radio 1, da BBC, mas acabou anunciando seu fim em 1973. Uma edição especial dupla de "The Power Of Picts" conta com doze músicas gravadas entre 1971 e 1973, raridades nunca lançadas oficialmente. No My Space do grupo (http://www.myspace.com/writingpowerpicts) é possível ouvir quatro faixas deste clássico da música mundial, um verdadeiro rock raro.

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