Depois de dois álbuns de moral elevada ("His 'N' Hers" e "Diferent Class") com hits que sacudiram as paradas inglesas, Jarvis Cocker afundou o Pulp na beleza sombria deste álbum. Quer saber, ISTO QUE É HARDCORE, MEU FILHO.

Poucas bandas conseguem criar melodias tão eficientes e polpudas como o Pulp. No final, um coro feminino confere uma 
apoteose que precede guitarras com timbres radioheadianos. A letra fala sobre a própria letra e se auto-indica para momentos de solidão, medo, tristeza e quando tudo dá errado. 

Jarvis faz voz de crooner. No refrão a sequência de notas de guitarra é do tipo que não sai da mente auditiva por uma semana. A letra chama para a felicidade possível e real. "Eu nunca vou tocar as estrelas porque elas estão no céu/E a Terra é onde nós estamos/Você não está feliz apenas por estar vivo?" 

Quase disco, lembra "Jump they say", do Bowie. O arranjo é de um rock pendendo para o techno, com timbres cortantes de guitarra, tipo "Discothèque". A letra fala sobre namoros difíceis. "Algumas vezes a diversão pode ser dura, quando o que você ama é o que deixa você mal". 

Começa uma musiquinha de final de noite no bar. Mas na hora de entrar o refrão, o guitarrista puxa um kh kh kh tipo "Creep", do Radiohead. E vem uma melodia chorosa que culmina num coro melódico de falsetes. Teclados climáticos reforçam a grandiloqüência, contrastando com o início barzinho. 

É a música em que Jarvis alterna todos os tipos de vocais que sabe fazer. Começa com um meio metálico, depois vem um 
falsete, que logo muda para um agudo sem falsete. No refrão, as guitarras formam uma tempestade de melodia com a voz. Isto é hardcore, e não outras coisas sem graça. O trompete era dispensável. 

O solinho de piano desta música é o refrão. Ele é perfeito para mostrar a bebês que ainda não saíram da barriga da mamãe ou que já estão fora e gostariam de dormir bem e felizes. E o mais legal é que ele não repete. Não tem como enjoar. "Sem você minha vida se transformou num filme feito para a TV: diálogo ruim, ação ruim, nada interessante/Muito longo, sem história e sem sexo". 

"Eu gostaria de lhe mostrar um pouco de alma". Mais uma música com refrão delicioso, cuja melodia é do estilo da do piano da faixa anterior. Dá para sonhar com "Look like me...". 
 

I'm a man

Essa é música para quartos de motel kitsch. A letra fala em fazer um filme com uma atriz pornô e se apaixonar por ela. O dueto com uma mulher ficou enjoativo. 

Mais uma com a fórmula falas cantadas + música de bar + refrão êxtase. É a mais pop do disco. 

É filha de Common people, tem quase a mesma melodia da música mais festejada do Pulp. Foi composta para ser uma 
continuação. O ritmo é dançante e a melodia parece estar sempre progredindo. "Eu fiz experiências com substâncias, mas todas elas me deixaram doente". 

O teclado começa a tocar no primeiro segundo da música. Tudo pára aos 4min52s, só que o teclado fica soando o mesmo acorde. Aos 14min58s o teclado pára de soar o mesmo acorde e o disco acaba. 
 

"Different Class", por Leonardo Vinhas - Luxuosa vulgaridade clássica 

"We Love Life", por Marcelo Costa - Só é infeliz quem quer enganar a si mesmo