Perdi todas as rosas
de Marcelo Silva Costa

Ando bebendo solidão e silêncio!
ando bêbado...
e é difícil controlar o fogo,
e é inquieta essa saudade inocente
que por inspiração, toda noite, morro...
 

Ando bebendo Rimbaud e Blake!
ando bêbado...
e já não sei que horas são,
e já perdi todas as rosas
que havia lhe dado mas não lhe entregue...
 

Não quero e não vou entregar o jogo!
ando completamente voando
e é difícil controlar o fogo
e não se render a tentação,
mas não quero e não vou dizer que te amo...
 

Ando bebendo B. B. King e Clapton!
ando bêbado...
e já não sei o que é sagrado,
e já não sei o que é segredo
nessas noites de insônia que velejo...
 

Ando bebendo desamor e veneno!
Ando bêbado...
e é difícil controlar o desejo
e é inquieto o dormir desse sonho
que por inspiração, toda noite, morro...
 

Mar Vermelho
de Marcelo Silva Costa

Neste papel derramo meu sangue
manchando a noite de vermelho;
é difícil controlar o desejo
e a lâmina brilha à luz de estrelas
esperando o encontro da alma com o corpo...
 

Ajoelhado ao acaso aguardo:
estrelas cadentes,
chover uísque,
e o espectro de Blake surgir de repente
para discutirmos os "Provérbios do Inferno" ...
 

Deitado à insônia me afogo em perguntas
segurando ao colo a pedra certeira 
que atingiu em cheio a asa esquerda 
do anjo que cuidava das nossas certezas 
derrubando o fruto do amor em um lago de dúvidas...
 

Abraçado ao acaso aguardo:
anjos cadentes,
chover uísque,
e o espectro de Cobain surgir de repente
para discutirmos sinceridade e suicídio...
 

Nessa praia derramo meu sangue
manchando o oceano de vermelho;
é difícil controlar o fogo,
sou bicho do mato, não entendo esse jogo
e frente ao espelho desconheço meus próprios olhos...