CALMANTES COM CHAMPAGNE
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Marcelo Costa

30/08/2005 - 02h05
Um livro:

Ilusões, Richard Bach, 1977

Dias atrás eu estava "montando" um presente de aniversário para uma pessoa bastante especial. A idéia básica que eu tinha era que iam ser CDs, filmes e livros bacanas. E que tudo isso trouxesse, agregado, algumas coisas que me explicassem. "Olha, eu sou um pouco desse CD, ele me explica", entende? Bem, fiz uma pequena seleção de CDs, escolhi um filme e decidi por dois livros. Porém, antes de chegar aos dois livros "finalistas", eu caminhava na livraria com oito volumes nos braços. Isso foi até eu achar, "escondidinho" em um dos cantos, Ilusões, de Richard Bach. Estava na área de romancistas, e eu temi muito que já o tivessem colocado na área de auto-ajuda (é sério - risos). Para você ter uma idéia, caro leitor, Paulo Coelho já colocou esse livro na lista de livros que mais o influenciaram. O que era para ser um elogio acabou funcionando ao contrário, e acredito que muita gente tenha se afastado do livro apenas por essa citação. O que seria uma bobagem, diria eu. :) Porque ali, sentado no chão da livraria (a Fnac, na av. Paulista), com vários livros que eu julgava que me traduziam, cheguei a conclusão que grande parte da pessoa que sou hoje foi muitíssimo influenciada por este livro de Richard Bach. E, na boa, eu fico feliz por isso. Talvez fosse cool ter um livro de Shakespeare ou algum filósofo ou alguma obra clássica como formador de personalidade, mas no meu caso, o livro que se encarrega disso é uma fábula (aos moldes de O Pequeno Príncipe) de pequenos milagres que marcam o encontro de um piloto de bimotor que fazia vôos de 10 minutos por 3 dólares com um rapaz que desistiu de ser um messias, e que também está passando tempo transportando passageiros em vôos curtos de dez minutos. Lá pelas tantas, após vários diálogos, Donald Shimoda, o rapaz que desistiu de ser messias, empresta para o amigo o Manual do Messias, que era uma coleção de máximas em parágrafos curtos. Lembro que na adolescência cheguei a anotar várias dessas máximas, e ia as decorando para aplicá-las na minha vida. Coisas como:

"A marca de sua ignorância é a profundidade da sua crença na injustiça e na tragédia. O que a lagarta chama de fim do mundo, o mestre chama de borboleta".

"A fim de viver livre e feliz, você tem de sacrificar o tédio.
Nem sempre o sacrifício é fácil".

"A sua consciência é a medida da honestidade de seu egoismo.
Escute-a com cuidado".

"Nunca lhe dão um desejo sem também lhe darem o poder de realizá-lo.
Você pode ter de trabalhar por ele, porém".

"Perspectiva: Use-a ou perca-a".


Numa recontagem através dos anos, acho que este é o livro que mais "perdi" na vida. Deve ter sido uns doze exemplares. Eu emprestava, e ele não voltava. Eu ia num sebo, comprava outro, emprestava, e ele não voltava. Acho que eu insistia porque o livro era baratinho. E valia a pena. Depois dele, no meu ranking pessoal dos livros emprestados e não devolvidos, não casualmente surge o Tao Te King, de Lao Tzé, que eu "perdi" cinco até hoje. Acho que depois vem Marcelo Rubens Paiva, com Ua Brari e uma dezena de outros que emprestei e não devolveram. Dentro todos estes, Ilusões surge como um dos mais importantes na minha hsitória pessoal. Estranho é que não gostei de Fernão Capelo Gaivota e detestei Longe é Um Lugar Que Não Existe, mas carrego sempre comigo este Ilusões. Estranho, também, que este livro nunca tenha entrado numa listinha particular de livros importantes, sempre encabeçada por O Macaco e a Essência, de Aldous Huxley. Na verdade, uma vez fiz uma listinha especial de 19 livros e é impossível que Richard Bach não estivesse lá. Não me lembro mais do que anotei ali, mas acho difícil ter o deixado de fora. Bem, de qualquer forma, estou tentando corrigir a tempo esse pequeno lapso de análise literária na minha vida. (risos). Sei que, talvez, muita genet esperasse um outro livro como inspirador, mas estou feliz com esse.

Após uma pequena tentativa de rompante romântica na noite de domingo em São Paulo, acabei perdendo o show do Continental Combo, que abria mais uma noite do projeto 2em1, no Avenida Clube. No entanto, cheguei a tempo de ver o show do Cadão Volpato, que foi bem bacana. Não sei se é um repertório para show, mas me inspirou a ir atrás do CD solo dele. Mesmo assim, o grande momento da noite foi o bis do show, com Ricardo Salvagni assumindo o baixo e Thomas Pappon na guitarra ao lado de Jair Marcos na outra guitarra e Cadão no vocal, para um mini-set do Fellini que, em seus 15 minutos, foi melhor que o show inteiro que a banda fez no Tim Festival, no Rio de Janeiro, em 2003. Escudados por Marcelo Badari na bateria e Sandro Garcia no violão, o quarteto brindou os presentes com Teu Inglês, Chico Buarque Song e Rock Europeu. Valeu a noite.

Já ecoa pelo som da casa Siberia, o novo álbum do Echo & The Bunnymen. Com data para chegar às lojas no dia 19 de setembro, o álbum vazou inteiro para a Web na semana passada e traz Ian McCulloch e Will Sargeant em grande forma e, melhor, dividindo as atenções em pé de igualdade. O comeback Evergreen (1997) foi um disco inspirado de festa e confete. What Are Going To Do With Your Life? (1999) marcou o primeiro racha: é um belo disco de Ian em que Will toca guitarras. Já Flowers foi o contrário: era um disco de Will influenciado pelos anos 60 com a participação de Ian McCulloch. Siberia resgata a parceria dos dois em pé de igualdade, com cada um dos dois dando ao Echo o melhor de si. O resultado pode ser conferido logo no primeiro single, Stormy Weather: pela primeira vez a segunda encarnação dos Bunnymen arranha o brilhantismo da primeira. Stormy Weather relembra as melhores coisas do Echo oitentista, como os esquecidos solos amalucados de Will, que parecem não caber na canção (Back of Love é exemplo típico de canção melodiosa que seguiria um ritmo "quase normal" não fosse o matador solo estranho encharcado de efeitos). Porém, se musicalmente o Echo dos anos 80 era mais urgente e forte, o Ian dos anos 2000 escreve letras muito melhores:

Stormy Weather
"Can I be like everyone?
Pretending that there's nothing wrong?
Remember when we walked upon
clouds that never rain?

And I need it more than love
And I love it more than life
And I want those stars above to shine this night"


All Because Of You Days
I don't want to run
I don't want to hide
I just want to kiss goodnight
Say goodnight one more time

Nothing gets you up
Nothing gets you high
Everything just comes to this
Final ness taking lives

And it's goodbye, goodbye all my new days
Goodbye, all because of you days
Goodbye

Siberia, no entanto, não vai mudar nada no mundo. Esqueça isso. O Echo faz músicas que valem a pena se ouvir, e ouvir e ouvir. Não tem nenhuma relação com o chart 200 da Billboard, MTV, novo rock e quetais. E não deve aparecer em muitas listas de melhores do ano... além da minha. :) Brigadinho, Juliana, pelo presente.

Tanta coisa pra falar, tanta coisa. Vi Rita Hayworth deslumbrante no mediano Gilda. Aliás, deve ser este o filme responsável pelo erro dos norte-americanos em acharem que a capital do Brasil é Buenos Aires. O filme se passa na capital portenha e o climax da trama acontece durante uma festa de... carnaval. De rua!!!! Pô, eles bem que podiam ter colocado umas cenas de tango, não? Mas Rita Hayworth vale.

Eu queria falar mais... mas preciso dormir. Taubaté me aguarda nesta terça.

26/08/2005 - 02h47
Dois filmes:

Ligações Perigosas, Stephen Frears, 1988

O livro Les Liaisons Dangereuses, de Choderlos de Laclos, já ganhou cinco adaptações para o cinema. Das cinco, só vi a do Stephen Frears, que foi a segunda adaptação, e chego a duvidar que as outras quatro juntas consigam arranhar a majestade desta obra praticamente intocável. Um pelo elenco, que tirando os méritos de ser grandioso, está inspiradissimo: John Malkovich brilha em um de seus papéis mais sensacionais em sua carreira. Michelle Pfeiffer encanta com sua Madame de Tourvel, uma bela mulher casada, que sempre se mostrou fiel ao marido e é religiosa. E Glenn Close arrasa no papel de sexo mais forte (as mulheres não sabem, mas só não mandam no mundo porque não querem), fazendo o mundo comer migalhas em suas mãos. Keanu Reeves e Uma Thurman também marcam presença como joguetes nas maõs de Malkovich e Close. Porém, a excelência desta obra prima da tragédia romântica no cinema está no roteiro, assinado por Christopher Hampton, e que saiu com a estatueta merecida de roteiro adaptado do Oscar 1988. Hampton amarra a trama sem deixar que o espectador respire. Principalmente, sem culpar nenhum dos protagonistas, cada um defendendo o seu lado da moeda, em um jogo em que não existirá vencedores. Ligações Perigosas se ampara no drama shakesperiano de Romeu e Julieta, em que o casal principal morre por amor, e desamor. É um filme obrigatório para se entender o quanto uma pessoa pode fazer bobagens por desejos, e, principalmente, o quanto o amor é vulnerável. No fundo, achamos que o amor é o sentimento mais forte do mundo. Não é. Pode ser o mais belo, mas é o mais fácil de ser contaminado pela cobiça, pela infidelidade, pela inveja e pelo desejo. Ligações Perigosas fala sobre tudo isso tendo como pano de fundo a sociedade de 1788 pré Revolução Francesa. É um filme que estraçalha corações. O meu, sempre.

A Noite Americana, de François Truffaut, 1973

Muita gente acredita que eu conheço muito de cinema. Bobagem. Assisti a centenas de filmes nos últimos anos, os principais que estavam em cartaz, mas ainda me faltam muitos dos clássicos. Nesta semana, por exemplo, acertei as contas com Truffaut, um cineasta que vivo "dando o cano" em mostras em SP, não por vontade mas sim por falta de tempo, e que eu queria muito ser apresentado. A Noite Americana foi uma bela entrada no mundo de Truffaut. Quando o cineasta fez este filme em 1973, estava, segundo a historiadora em algum dos excelentes documentários que integram a excelente versão em DVD, vindo de obras menores após um início arrasador com Os Incompreendidos (1959), Atire no Pianista (1960) e Uma Mulher Pra Dois (1961). E A Noite Americana é inspirado e inspirador. Tudo começa no título do filme, que é o nome de um recurso que permite, com a ajuda de um filtro, filmar de dia cenas noturnas. Sim, é um filme sobre o cinema. Mas não só isso. Logo no início, quando adentramos a história, percebemos que, na verdade, a história que se iniciava não era a "história do filme", e sim um pano de fundo. O próprio Truffaut, encarnando o diretor Ferrand, grita "corta" e adentramos as filmagens de A Chegada de Pamela. Daí em diante, Truffaut nos apresenta a rotina das filmagens em um set. As confusões, estrelismos, jeitinhos e tudo o mais que cerca uma filmagem. Interessante: muitos dos membros da produção atuaram nas funções que realmente trabalhavam em um filme. Mais do que qualquer coisa, o cineasta francês faz uma declaração de amor à sétima arte, que chega a ser tocante quando uma cena flagra um menino roubando pôsteres de Cidadão Kane em um cinema. Porém, acho que a frase que mais traduz o filme saí da boca da auxiliar de direção de Ferrand, logo após descobrir que um garota que trabalhava na produção fugiu com o dublê abandonando as filmagens: "Eu abandonaria um cara por um filme, mas nunca abandonaria um filme por um cara", diz ela. A cena final, de despedida da produção, é tocante. Em A Noite Americana, Truffaut conseguiu transformar toda mágia de se fazer cinema em poesia visual. Deslumbrante.

Ambos os filmes podem ser encontrados em boas locadoras de DVDs. Ligações Perigosas não traz nenhum grande extra, mas vale muito. Já o DVD de A Noite Americana reúne uma entrevista com Jacqueline Bisset (deslumbrante como Pamela), dois documentários com análises críticas sobre a obra, entrevistas da época com Truffaut e mais algumas coisas que eu não assisti... :)~

Pra finalizar, recado de um amigo: sim, o amor existe, e é caro...

Ps. Para aqueles que esperaram durante meses, assumo: A Ghost is Born é fooooda!

Não acostumem... risos

24/08/2005 - 01h25
Duas músicas.

Dizem

alguns dizem que tenho talento
prá melancolia
qualquer tipo de fobia
que tenho pena de mim
e que por isso gosto de me arrastar por aí
por debaixo da dor
implorando por afeto

dizem também
que mantenho uma certa distância
que dura mais ou menos dois copos
mas que depois me solto
e sou capaz de ir pra casa mais próxima
com quem quer que seja
em busca de um pouco mais...
...e de aconchego

eu sei que sou um destes
qualquer um
que pelo menos te agrade
e agrave tua dor
é que começo a me sentir
meio só pela madrugada
as ruas vazias
e as pessoas por trás dos vidros
em volta das mesas
colocando seus corações em tudo

e eu não tenho muita certeza
mas continuo tentando passar
cada dia mais rápido
amaldiçoando e pedindo desculpas
por todo mal estar causado

Bem, acordei na segunda-feira tendo meu peito com palco de uma batalha que tão bem conheço, e que já carrego por anos: a razão contra o coração. Porém, desta vez, dei uma pirada. Ando cansado de me cobrar demais, e eu me cobro, muuuuuito, que chego, muitas vezes, a se sentir sufocado por mim mesmo, e meus desejos, e sonhos. Logo na manhã de segunda encontrei um CD que gravei tempos atrás (uns dois meses), e entre as músicas estava Dizem, parceria de Rubens K com Ivan Santos, presente no álbum Às Vezes Céu, do OAEOZ. Dizem, pra mim, é a grande balada do ano, e serviu para fazer cama para minha dor, e minha perdição. Porque apesar de eu parecer um cara sorridente e feliz, eu tenho um tremendo talento pra melancolia. E continuo tentando passar cada dia mais rápido. E vivo me desculpando. Eu costumava me definir, em poemas antigos, como um mestre em desencontros. E agora que as coisas começam a se acertar por aqui, e as coisas parecem estar acontecendo do jeito que elas deveriam sempre ter acontecido, e eu começo a caminhar com calma, razão e coração decidem iniciar uma batalha pela minha alma. E me começo a me sentir só pela madrugada. Dizem me acompanhou nestes momentos. Músicas salvam vidas, sabe. Só estou tentando ser feliz. Não me culpe.

In Your Honor

Can you hear me
Hear me screamin'
Breaking in the muted skies
This thunder heart
Like bombs beating
Echoing a thousand miles

Mine is yours and yours is mine
There is no divide
In your honor
I would die tonight

Mine is yours and yours is mine
I will sacrifice
In your honor
I would die tonight
For you to feel alive

Can you feel me
Feel me breathing
One last breathe before I close my eyes
This suffering
For receiving
Deliver me into the other side

For you to feel alive
For you to feel alive
For you to feel alive

Após a melancolia exacerbada que andou me rondando, uma outra música surgiu nos fones de ouvido nesta noite para fazer o dia valer a pena, e com ele a vida. Eu sempre pensei em qual música pudesse condensar em sua extensão tudo aquilo que acredito que o rock significa pra mim. In Your Honor, faixa que abre e dá nome ao álbum mais recente do Foo Fighters, é capaz disso. Uma tempestade avassaladora de guitarras sobrepostas faz a cama para que Dave Grohl cante com toda força que tem nos pulmões uma letra de entrega total. "O que é seu é meu, o que é meu é seu. Em sua honra eu morreria esta noite", berra o cara mais bacana da música mundial no refrão da música, fazendo cada palavra soar extremamente sincera. O rock, para mim, é exatamente isso: essa permissão de se morrer nesta noite para acordar amanhã de manhã, para se morrer novamente, e se renascer. O rock, em sua essência, é poder descer ao inferno e voltar para se caminhar no paraiso, com uma pequena passada para dar um abraço nos amigos no purgatório. É ver a cara da morte e poder voltar e dizer que ela estava viva. É viver a vida até o último segundo, e conseguir mais algumas horas de bônus. É acordar querendo morrer e dormir sorrindo porque a vida é boa de ser vivida. É correr riscos, porque a segurança é prima-irmã da acomodação, e só os incomodados seguem em frente, sempre. Acho que poucos caras no mundo poderiam traduzir com tanta excelência o que é o rock como fez Dave Grohl. Mais uma vez, tiro meu chapéu pra esse cara.

A propósito, Dizem continua liberada para download na Trama Virtual. É a última canção na lista de músicas da página do OAEOZ, e é linda. Vale muito. Aqui.

Eu também queria dizer que o amor existe, sim. Eu acho. :)~

23/08/2005 - 01h42
Como o humor aqui não está dos melhores, vamos passar o tempo com listas, tá. Já estamos chegando em setembro, e essa seria a minha listinha de melhores de 2005 até agora. Porém, tem discos que não ouvi ainda (o debute de Cadão Volpato, por exemplo) e muitos shows pela frente. No quesito shows gringos, inclusive, só The Kills merece menção. Não vi o White Stripes (e se tivesse visto eles provavelmente estariam na lista, já que muita gente de gosto parecido com o meu elogiou) e achei o show do Placebo frustrante. Tenho muitos livros pela frente ainda, então, nem pensei neles. E muitos discos ainda vão chegar às lojas nos próximos meses. Siberia, o novo do Echo & The Bunnymen, que já vazou à Web e eu ainda não ouvi, deve conseguir um lugarzinho por ali. Como eu sempre digo, são só listas, mas eu gosto. :)

DISCO NACIONAL
Canções Dentro da Noite Escura, Lobão
Grandes Infiéis, Violins
Vc Vai Perder o Chão, Terminal Guadalupe
Toda Cura Para Todo Mal, Pato Fu
Pega Vida, Kid Abelha

CANÇÂO NACIONAL
Agridoce, Pato Fu
Dizem, OAEOZ
Bom Dia, Cris Braun
Tambores, Terminal Guadalupe
A 300Km por Hora, Autoramas

DISCO INTERNACIONAL
Devils & Dust, Bruce Springsteen
In Your Honor, Foo Fighters
Take Fountain, Wedding Present
With Teeth, Nine Inch Nails
Make Believe, Weezer

MÚSICA INTERNACIONAL
Interstate 5, Wedding Present
Everyday I Love You Less and Less, Kaiser Chiefs
Love Is Not Enough, Nine Inch Nails
Lony Time Comin', Bruce Springsteen
Instinc Blues/Passive Manipulation, White Stripes

FILME
Sin City
Batman Begins
Melinda & Melinda
Ninguém Pode Saber
Questão de Imagem

SHOW NACIONAL
Orquestra Manguefônica (Mundo Livre + Nação Zumbi), Sesc Pompéia (janeiro)
Defalla, Avenida Clube (janeiro)
Wado, Avenida Clube (janeiro)
Bidê ou Balde, Avenida Clube (Junho)
Ambervisions, Funhouse, (Agosto)

SHOW INTERNACIONAL
The Kills, Campari Rock

22/08/2005 - 02h26
Churrasco no sábado na casa de um amigo. Por baixo, acho que fazia uns cinco anos que eu não ia em um churras. Que me perdoem os vegetarianos, mas eu amo carne. E ainda preciso passar em uma churrascaria porque não deu para matar o desejo.

Após um sábado de churrasco, um domingo preguiçando em casa. Deu para começar a assistir (novamente) Procura-se Amy e ainda sair correndo para uma cerveja na Augusta e uma sessão de cinema. Um Dia Sem Mexicanos como cinema é uma deliciosa bobagem. Na verdade, são os primos pobres rindo dos primos ricos sem que os últimos estejam dando tanta importância. Mas mesmo assim é uma boa cutucada. Em tempos de Rede Globo batendo recordes de audiência com América e o Mundo Livre S/A analisando toda a questão em Soy Loco Por Sol com ZeroQuatro cantando sobre "o trecho do muro que adentra o pacífico" (download gratuito aqui), Um Dia Sem Mexicanos funciona como uma boa diversão enquanto o cinema de verdade não nos brinda com nada mágico (sou eu ou ultimamente não tem saído nada de bom?).

De resto, a edição número 08 da revista Mp3 Magazine está liberando gratuitamente o download da integra do álbum A Farsa do Samba Nublado, terceiro disco de Wado e Realismo Fantástico, que foi apontado entre os sete melhores discos de 2004 pelos convidados do S&Y no Top Seven 2004. Repito, aqui, trechos do texto que escrevi sobre o disco, em dezembro do ano passado, após papear com o músico:

"Tormenta" abre o disco suingando e citando um dos filmes mais bacanas (e mais barra-pesada) dos últimos tempos: "Essa calmaria que precede a tempestade / Este silêncio nas árvores / Esta calmaria é uma breve trégua / Vista sua camisa / Calce seus sapatos / Aguardemos nossas tragédias / Antes da chuva de sangue / Antes da chuva de sapos". "Grande Poder" dá seqüência ao lado "dançante" do disco, com Alvinho dando um show no wah wah. "Gargalhada Fatal" tem um q de piscodelia (que remete ao álbum "Cinema Auditivo") enquanto "Pé de Carambola" traz programações e efeitos.

Três das melhores canções do álbum são sambas lentos - estranhos e melancólicos - e de letras matadoras: "Vai Querer?", "Carteiro de Favela" (minha preferida) e "Amor e Restos Humanos". "Sinto não sentir mais que um abismo entre nós", diz a última. A melancolia com um q de rispidez é característica básica das letras do disco. "Eu vou atrás de alguma coisa que nos deixe estranhos e contentes", diz "Alguma Coisa Mais Pra Frente". "Navios enferrujando no fundo do mar", desenha outra das psicodélicas, "Gargalhada Fatal". "Se deus é canhoto e criou tudo com a mão esquerda / Talvez isso explicasse as coisas como são / Porque eu tive de aceitar a perda", diz a bonita "Fuso". "Se o destino é torto, eu não largo o meu osso", canta Wado em "Se Vacilar, o Jacaré Abraça". "Ainda há esperança no chorar soluçante", declama o cantor em "Deserto de Sal".

Na música pop, a maioria dos grandes discos de todos os tempos teve a desesperança (seja passional, seja política) como inspiração. "A Farsa do Samba Nublado" pertence a essa classe de discos inteligentes, geniais e rebeldes. É um disco excelente, mas lindamente triste. As músicas grudam no peito, esperando até que você entenda o motivo e agradeça pela tradução do inconsciente. "A Farsa do Samba Nublado" "é uma ode ao que não é necessário. Uma ode a sofisticação de inutilidades". Um disco perfeito para os dias nublados que estamos vivendo. Um dos melhores discos da música brasileira desde de... desde de... deixa pra lá. Integra


Faça o download das doze músicas do disco do Wado no Mp3 Magazine

Para fechar, o xará e amigo Marcelo Miranda tira o chapéu para 2 Filhos de Francisco, a cinebiografia da dupla sertaneja Zezé Di Camargo e Luciano, em uma belo texto replicado aqui no S&Y. E o roqueiro Dary Jr, da banda Terminal Guadalupe, por MSN, sem ler as palavras do xará Miranda, também derramou elogios ao filme. Então, vamos ver?

20/08/2005 - 13h11
Show do Ambervisions ontem, na Funhouse. Divertidíssimo. Tô enjoado. Onze Sol com limão. Pogo. Amigos queridos. Boa discotecagem. Acordar sábado sem ressaca. Ou quase. Um amigo que liga de Curitiba no meio da madrugada para saber como estão as coisas. Outro que manda um email especial contando novidades. Outro que me recruta para um encontro da turma da faculdade. Projetos. Sonhos. Medo. O amor me ligando às 4 da madrugada para me desejar boa noite e dizer que me adora. Elvis Costello, Belle & Sebastian, Divine Comedy e Chico Buarque no CD player. Não sei, mas acho que somos pequenos fragmentos de um grande todo que insiste em nos surpreender. E além da dorzinha fraca de cabeça, e da preguiça em retirar a carcaça do colchão, que aliás está no meio da sala, ao lado das caixas de som, esse medo que me ronda me inspira a levantar e abraçar o mundo. Estou com fome. Nada de cerveja. Preciso comprar mais torradas. E de um almoço decente. Ainda estou gripado. Por incrível que pareça, escrever tudo isso diminuiu o enjôo. Bobagens.

Cerca de dois meses atrás fiz uma pequena sessão de tragédias românticas em meu DVD: Ligações Perigosas, A Época da Inocência, Minha Amada Imortal, Alta Fidelidade e Casablanca. Nesta semana decidi fazer as pases com meus sonhos de amor e encarei Harry & Sally (o DVD traz um documentário imperdível com o diretor Rob Reiner e a roteirista Nora Ephon), Bonequinha de Luxo (Audrey Hepburn estava querendo tomar o posto de Ingrid Bergman em meu coração, mas não conseguiu. Achei o filme fraquinho), a dobradinha Antes do Amanhecer e Antes do Por-do-Sol (sorrisos, sorrisos), o sexy e doce Paixão e Sedução e, ainda, Jerry Maguire, que eu revejo sempre. Procura-se Amy consegue entrar nessa lista? Acho que não, né. Ah, revi Encontros e Desencontros também, mas não entra na listinha, né.

O amor existe?

King of America, do Elvis Costello, acaba de ganhar edição remasterizada da Rhino, com um CD bônus com 21 faixas que é uma covardia de tão lindo. Oito músicas só com Costello, violão e voz, que arrepiam. Já Almost Blue, que também ganhou edição remaster da Rhino, compila 27 canções bonus. Entre elas, We Oughta Be Ashamed, dueto de Costello com Johnny Cash. Elvis Costello é foda, muuuuito foda.

São quase 13h30 e a voz de Emiliana Torrini (que lembra muito Bjork, porém, com canções e não viagens experimentais) preenche o ambiente. Ficaria muito feio se eu deitasse novamente no colchão e tirasse um cochilo? Vamos fazer o seguinte: você sai para dar uma volta por ai, e logo depois eu vou, tá. Prometo. Só preciso de um pouco mais de coragem. O sorvete acabou, mas tem morango na geladeira. Bingo!

Ps: O Ambervisions toca nesa sábado na Outs. É muito divertido. E neste domingo tem Relespública no Projeto 2em1, no Avenida Clube. Vale muito, viu.

18/08/2005 - 00h38
Brigadeiro Luis Antônio, Consultório Médico, Aproximadamente 16h40

- O que acontece com a sua garganta?, diz a médica
- Está áspera... ruim para comer... e doí o peito, um pouco.
- Deixa eu ver...
- (eu abro a boca)
- A faringe está um pouco irritada. Chegue em casa e faça gargarejo com água morna e gengibre, tudo bem. Vai melhorar.
- Legal, mas, além disso, teria outra coisa que eu possa fazer?
- Por que?
- É que não tenho fogão em casa...
- Você não tem fogão em casa?
- É... sacumé... homem morando sozinho... eu não sei cozinhar...
- E você come em que lugar?
- Ahhh, tem milhares de lugares para se comer em São Paulo...
- E se você acordar no meio da noite com fome?
- Tem duas padárias 24h perto de casa, e uma delas tem delivery...
- ...
- Mas eu tenho geladeira...
- ...
- E vou comprar um fogão agora...
- Tome um antiinflamatório, pode ser um cataflam, seria bom que fosse junto com o chá com gengibre, mas se não der, só o cataflam está bom. E evite gelado.
- Isso quer dizer: "Sem cerveja essa noite?"
- Seria melhor...
- Ok.
- E essa falta de apetite que você anotou na ficha?
- Então... eu andei mudando de horários, acordando quando devia dormir, indo dormir quando devia acordar, trabalhando em horários doidos, jantando na frente do teclado do computador, fora alguns problemas pessoais, e a fome saiu para comprar cigarro, ops, pão e leite, e não voltou...
- Isso só acontece com quem não precisa, né. Eu faço plantão, durmo em horários diferentes, também tenho problemas, mas nunca perco a fome... ao contrário...
- risos

Ps. A gente se diverte com tão pouco, né (risos). A propósito, já tomei o cataflam...

Ps1. E não bebi cerveja!

17/08/2005 - 00h06
Minha garganta anda meio ruim... acho que vou pegar uma gripe... por via das dúvidas, já encarei um xarope por essa noite. Gripe é o que menos quero, agora. :)

A Fê, uma queridíssima amiga da faculdade que não vejo há tempos, e perdi de reencontrar em um casório de uma outra amiga querídissima da turma, pra matar as saudades me "desenhou" à la South Park. Tá no meu orkut nesta semana, mas andei brincando com a digital e logo logo tem foto nova no meu profile lá. Ela usou esse "brinquedinho" bacana para me "montar" com direito a copo de cerveja na mão...

Essa semana, e só essa semana, descobri como é bacana o álbum From Every Sphere do Ed Harcourt. Tava perdido na estante e anda reinando por aqui.

Aliás, foi só eu pedir para um amigo emprestar o Tim Maia Racional piratão que ele tem, ripar, e copiar, para encontrar com o CD numa lojinha por R$ 12. CDR, claro, já que a família do Tim ainda não liberou o álbum para ser comercializado. O CD era bem fácil de ser encontrado nas lojinhas do centro de SP questão de dois anos atrás, mas sumiu. Parece que fizeram uma nova fornada . Eu se fosse você, garantia um.

Aliás 2: parei no meio da caixa da Transversal do Tempo da Elis, mas vou voltar lá qualquer hora. Por enquanto, quem anda cantando por aqui é a Gal Costa. Os primeiros discos dela acabam de ser reeditados e estão com preços convidativos por ai. Gal Costa (1969) é a grande pedida, por reunir pérolas como Não Identificado, Namorinho de Portão, Divino Maravilhoso e Que Pena, entre outras, todas contando com a guitarra envenenada de Lanny Gordin e produção de Rogério Duprat. A dupla, assim como Jards Macalé, marca presença em Gal (também de 1969), o disco tropicalista da cantora, que fecha a trilogia com os discos de Gil e Caetano. Tem Cinema Olympia, Com Medo Com Pedro e Objeto Sim Objeto Não. Já Gal Fatal A Todo Vapor (1971) é o registro de um dos dez shows mais importantes da música brasileira (acho que o grifo é do Zuza Homem de Mello ou do Nelson Motta, um dos dois, no A Era dos Festivais ou no Noites Tropicais, respectivamente). Clássico. Índia (1973) foi apontado como a segunda melhor capa da música brasileira em todos os tempos pela Folha de S. Paulo, anos atrás (o debute do Secos e Molhados ganhou). E Caras e Bocas de 1977 fecha o meu pacote (ainda quero o Le-Gal de 1971) destacando Me Recuso de Rita Lee, Tigresa e a versão de Caetano para It's All Over Now, Baby Blue, de Bob Dylan, vertida como Negro Amor, que o Engenheiros do Hawaii regravou anos atrás. Só finesse no pacote, só finesse.

Gente, como eu escrevo. Não sei com alguém tem paciência para ler tudo isso. Bem, Audrey Hepburn está às minhas costas, linda em Bonequinha de Luxo, esperando que eu aperte o play do DVD. Já fiz charme demais, então é melhor não fazê-la esperar.

Um bom filme para nós!

15/08/2005 - 16h07
Entrevista coletiva do Ultraje a Rigor sobre o projeto Acústico MTV. Um jornalista pergunta: "Algumas letras políticas do Ultraje ainda servem perfeitamente para o momento que estamos vivendo..." e Roger emenda: "É. Parece que elas não envelhecem. Mas eu não votei no PT". As músicas em questão eram Inútil ("A gente não sabemos escolher presidente"), Filha da Puta, ("A terra é uma beleza, o que estraga é essa gente") e Nada a Declarar ("Esse nosso povo anda tão chutado, quando não é senador roubando, é o deputado"), mas o que mais me chamou a atenção foi a lembrança de uma quase anedota que surgiu após o impeachment de Fernando Collor: não se encontrava ninguém que tivesse votado em Collor para a presidência, apesar do cara ter sido eleito com sei lá quantos milhões de votos. Lembro que, na época, eu teria votado no Collor, se pudesse. No entanto, estava servindo o exército, e militares não votam. Naquele momento, para minha ideologia política claudicante e quase inexistente, Collor parecia uma boa opção. E eu estava errado, assim como milhões de pessoas, muito embora eu não tenha votado e não conheça ninguém que votou. Corte para 2005. A crise no governo Lula aumenta a cada depoimento da CPI dos Correios. Não me acho uma pessoa capacitada o suficiente para discutir política, e sair por ai exibindo minhas opiniões utópicas. Lembro de Renato Russo falando que muita gente ia perguntar pra ele sobre o que ele achava da liberação do jogo do bicho e do momento político do País. E ele: "Cara, pergunta de rock and roll pra mim, que é a única coisa que eu sei, e ainda tenho as minhas dúvidas". Assim como o Renato, não me sinto apto a sair por ai cagando regras sobre política, mas acho saudável lembrar que deputados e senadores e presidentes não nascem com seus cargos, são pessoas eleitas diretamente pelo voto popular, meu, seu e do seu Manoel da esquina. Votei em Lula nas duas últimas eleições, e pretendo votar nele em 2006. Confio no homem, sabe. Não tenho nenhuma relação com o PT além de simples admiração, pois há muito tempo defendo a idéia de que partidos políticos, doutrinas religiosas, fãs-clube e torcidas de futebol nunca sabem reconhecer o valor do adversário, prendendo-se apenas à idéia de que é mais fácil destruir do que construir, e de que o "seu umbigo é o centro do mundo". Não é. Porém, assim como um partido tende a criticar um projeto adversário, apenas por ser adversário, e não por sua qualidade, agora devem começar a desaparecer as pessoas que colocaram Lula como presidente, pelo simples fato de que pouca gente sabe explicar realmente porque votou em Luís Inácio Lula da Silva, e se esconde atrás da idéia tola e absurda de erro. Não acredito que eu tenha errado, e ainda acho que o sr. presidente pode fazer deste País um lugar melhor. Mas ainda me acho pouco apto a opinar sobre política, sucessão papal e atentados terroristas. Me sinto mais à vontade falando do novo livro do Salman Rushdie, da versão cinemão de Sin Cinty, do set acústico arrebatador do DVD Devils and Dust de Bruce Springsteen, e sobre o Corinthians líder do Brasileirão. Mas, uma imagem me vem a memória: uma estampa de camiseta, do tempo em que eu mesmo estampava as minhas camisetas. Era uma propaganda da MTV (veja só) que retirei de uma revista e coloquei em uma camiseta branca. Dizia: "A sua atitude política é mais importante que os políticos". Pense nisso.

14/08/2005 - 17h22
Não sei, mas acho que existem coisas que foram feitas pra se ficar na memória, quietinha lá em algum canto. É mais ou menos isso que posso dizer do show do MC5 no Campari Rock. Foi legal e tal, é apenas rock and roll e eu gosto, mas alguma coisa ficou pelo caminho (e não foi só o Fred Sonic Smith). Talvez eu tenha bebido demais (e eu realmente bebi demais), talvez eu já não esteja conseguindo curtir um show como eu curtia antes (ando sem paciência), talvez até o som embolado (que prejudicou a apresentação das Mercenárias) não tenha ajudado. Talvez, talvez.

Acordei sem ressaca, mas com uma pontada funda no coração. Me sinto estranho. E o sorvete não refresca nada. Meu mundo anda mudando e eu começo a ficar desacostumado e assustado, porém, sabemos, é preciso seguir em frente. Não olho para trás, mas fecho os olhos e vejo tudo da forma mais clara possível. Queria poder saber explicar como tudo foi tão perfeito dentro das nossas imperfeições. Que tudo que ficou na verdade não é deixado para trás, mas sim carregado na pele, pra que lembremos sempre que, em vários momentos, a vida nos sorriu. "Like everybody's story It's written on the skin", canta Ian McCulloch em uma das poucas canções que eu gostaria de ter verdadeiramente escrito. Eu queria sorrir agora, mas não consigo. Mas sei que tudo vai ficar bem. Carrego na pele tudo o que aconteceu. E caminho em frente. Nada de olhar para trás. A fé que me faz caminhar é de que tudo vai ficar bem. Tudo. E de que vou poder te abraçar. E de que será perfeitamente perfeito.

13/08/2005 - 21h31
Curto e grosso: estou desempregado. E por mais que seja algo que assuste um pouco, estou fudidamente feliz. O ex-emprego estava podando minha criatividade e meu tesão por fazer as coisas. Porém, também pagava o aluguel, as cervejas e os CDs. Vou ter que ficar no meio termo agora, mas, apesar de tudo, não consigo tirar o sorriso do rosto. Mas bate um medim sim. Se alguém souber de alguém que esteja precisando de um diarista, tô no pedaço. Só não dá para dormir no trabalho. :)

No mais, lembra quando eu falei de setênios um tempo atrás? Então, entrei no meu novo setênio na sexta-feira retrasada. E entrei zerado. Me desejem boa sorte, por favor, eu preciso. O mundo começa agora, apenas começamos, entende.

The Kills fez um puta show garageiro e bacana no Campari Rock, ontem. A menina é antitese da Meg White. Enquanto a Meg distribui trejeitos fofos com baquetadas fora do ritmo (ritmo pra que?), Alison Mosshart canta como se tivesse levando choques do microfone. Magra, morena e bonita, a vocalista deu um show de performance. Já o Cansei de Ser Sexy fez um dos piores shows que vi na minha vida. Bobagem.

Apesar de eu ter passado o dia ouvindo MPB (o primeirão da Gal, o disco tropicalista do Gil, o bloco do eu sozinho da Joyce, e a trilha sonora do filme sobre Paulinho da Viola), quem comandou o som nesta semana foi o álbum Grandes Infiéis, do Violins. Doses violentas de guitarradas, bateria mão pesada, letras adultas que são quase poemas sobre infidelidade, traição e afins fazem de Grandes Infiéis um álbum totalmente antipopular, pra quem gosta de rock barulhento e bem escrito.

Pra finalizar, acaba de aportar nas bancas (em algumas) a edição número 100 da Uncut, a melhor revista de cultura pop do mundo. Enquanto e NME é babona demais e a Rolling Stone se rendeu ao populacho, a Uncut segue de maõs dadas com a Q no quesito textos antológicos, resenhas bacanas e CDs matadores. O número 100 da Uncut traz um dos vários álbuns clássicos de Bob Dylan, Highway 61 Revisited revisitado por gente como Paul Westerberg (It Takes a Lot To Laugh, It Takes a Train To Cry), Williard Grant Conspirancy (Ballad of a Thin Man), American Music Club (Queen Jane Approximately) e The Handsome Family (Just Like Tom Thumb's Vlues). O cavalo de batalha Like a Rolling Stone ficou bem legal com o Drive-By Truckers assim com a versão cheia de microfonia e barulheira do Richmond Fontaine para From a Buick 6. Porém, o CD é à parte. Para comemorar a edição 100 da publicação, a Uncut reuniu 100 personalidades e fez a pergunta: o que para você mudou o mundo? No número 100 aparece Chris Martin com The Soft Bulletin do Flaming Lips ("I still love it, of course"). Já o ator Robert Downey Jr (nº 96) aponta Imperial Bedroom do Elvis Costello and The Atractions ("So many words, so many ideas. And every songs is a triumph"). Ian McCulloch escolheu a Família Soprano enquanto Juliette Lewis exibe o vinil de Kick Out The Jams do MC5. "Fight Club is also fairly humorous, and I think thath goes a long way", diz Frank Black, fotografado falando ao celular dentro de uma cabine telefônica, com o poster do filme ao lado, na parede. Norman Blake (80º) votou no filme Midnight Cowboy enquanto Stephen Malkmus exibe orgulhoso seu vinil do Daydream Nation, do Sonic Youth. Brian Wilson, como já era sabido, ficou com o single Be My Baby das Ronnetes enquanto Dave Grohl surpreende ao exibir o vinil duplo clássico de Physical Graffiti, do Led Zeppelin. Mike Mills posa abraçado ao #1 Record do Big Star ("The first album is the one - it's almost a perfect rock'n'roll record") enquanto Bobby Gillespie levanta Grievous Angel de Gram Parsons como um troféu ("Is the classic, thought. The songs are so atrong and there's a great energy running throught it"). Johnny Marr exibe o vinil de Eight Miles High do Byrds, Lou Reed se esconde atrás do livro Almoço Nu de William Burroughs, Keith Richards fuma um cigarro ao lado do single de 45 rpm de Johnny B Goode de Chuck Berry, Noel Gallagher abraça o single de This Charming Man dos Smiths, Josh Homme manda todo mundo se foder enquanto tira da jaqueta o vinil de Raw Power de Iggy and The Stooges, Peter Buck se esconde atrás do compacto de Waterloo Sunset do Kinks, o casal Sonic Youth Moore e Gordon posa segurando o primeiro disco dos Ramones, Michael Stipe mostra o seu vinil de Velvet Underground and Nico e chegamos ao top ten: "In fact, I formed my first band on the back of this record", diz Robert Smith sobre The Rise and Fall of Ziggy Stardust, de David Bowie. Edward Norton aponta Taxi Driver. Malcolm McLaren escolhe Laranja Mecânica. Ozzy mostra o single de She Loves You dos Beatles. Paul McCartney coloca toda a culpa em Heartbreak Hotel de Elvis Presley. E, no número um, a deusa punk Patti Smith escreve conta da primeira vez que ouviu Like a Rolling Stone de Bob Dylan. O especial toma mais de 60 páginas das 170 da revista. E vale. Muuuuuuito.

Acho que fiquei empolgado. Preciso ir ver o MC5.

10/08/2005 - 01h38
Tocar um projeto sozinho, seja lá qual for ele, é sempre problemático. Apesar do batalhão de amigos e colaboradores fiéis, tudo que entra no S&Y passa pelo meu crivo, e pelo meu dreamweaver. Ou seja: para algo entrar no site eu tenho que ir lá, editar texto, foto, capas, e jogar no ar. Com o tempo até que peguei prática, mas não dá para dizer que é algo rápido. Pior: tem aqueles dias em que eu não estou com a mínima vontade de ligar o micro. Fazer tudo sozinho quer dizer que o projeto também precisa estar na fila de prioridades do dia-a-dia, mas vez em quando a gente precisa se esconder do mundo. Tô falando tudo isso porque dei uma sumidinha nestas últimas duas semanas. Muitas mudanças destes lados me fizeram refletir sobre um mundo de coisas que eu nem lembrava que existiam. Porém, boas novas: a fome - que havia me abandonado na semana passada - voltou com força total (teve até picanha nesta noite) e trouxe com ela inspiração. A entrevista com o Terminal Guadalupe está no ar e prometo coisas quentes para os próximos dias. Não vou dizer que está tudo resolvido, porque nada está resolvido, mas o mundo anda sorrindo para mim, e eu descobri que dentro deste peito sonhador ainda bate um coração. Então, vamos brindar com taças de sorvete. Viva! Calma. Já já tem cerveja!

A propósito, Terminal Guadalupe. O S&Y está sorteando cinco kits com CDs e revista pôster da banda. Para concorrer, você precisa ir no site dos caras (www.tg.mus.br), baixar a música Por Trás do Fator Gallagher, e escrever dizendo qual é o último som da música. Logo após ela acabar, um barulhinho surge. Quero saber o que é aquilo. Também vale tentar me convencer... Escreve para screamyell@screamyell.com.br

No mais, o Campari Rock está batendo na porta. Você vai? Eu vou, mas não sei se verei todos os shows. Garanto a minha presença no Kills e no MC5. Aliás, no sábado taa pensando em encarar o Los Sebozos Postizos no Sesc Pompéia, a Nação tocando Ben, e de lá ir pro Campari. Dúvidas. Tudo sobre o Campari Rock aqui.

No mais, tenho andando pra cima e pra baixo com o livro do Nick Hornby, mas não estou lendo. Kaiser Chiefs vem fazendo cada vez mais sucesso por esses lados e o novo do Nenhum de Nós, Pequeno Universo, também já conseguiu um espacinho bom no CD player. Ainda preciso falar da Soy Loco Por Sol, do Mundo Livre, a porrada mais forte que levei no estômago neste ano. E a Trama libera uma nova música do Cansei de Ser Sexy para download, já das sessões de gravação do primeiro álbum do grupo. Baixe This Month, Day 10 aqui.

Vou, mas deixo um sorriso. Ok, ok: o sorvete era de flocos...

06/08/2005 - 18h16
Aniversários... são especiais. Costumamente, sempre guardei meus aniversários para mim mesmo. Ficar sozinho, gastar o dia vendo filmes no cinema com uma barra de chocolate no colo. Reflexões. Porém, de uns três ou quatro anos pra cá, essa rotina mudou um pouco. Muita gente ligando, escrevendo, mandando mensagens. É bom pacas ser querido, e eu sinceramente não sei se mereço tanto carinho, mas não vou reclamar não, tá. Demonstrações de carinho são boas e eu gosto. Neste ano saí para dançar. Eu ainda não tinha ido ao Jive - casa paulistana que tem por fama bons sons de funk, latin jazz e samba rock - e a decoração vibrante do local (eu já disse que adoro a cor vermelha?), o som gostoso que saia das caixas, a cerveja gelada e a companhia especial fez da minha noite de aniversário um daqueles dias especiais que a gente sabe que irá guardar na memória por um longo tempo... e olha que a minha memória é bastante seletiva. Então, agradeço o carinho de todos que se manisfestaram ligando, mandando torpedos, emails e mensagens no orkut. E principalmente por desejarem tantas coisas boas pra mim, que acredito terem refletido na noite especial que eu tive. Inauguro aqui mais um setênio. E estou feliz.

Quer saber o que eu ganhei de presente da empresa em que trabalho pelo aniversário? Meio período de folga na sexta-feira e um plantão no fim de semana. Pensou que era fácil, né. risos

Coisas legais no caminho. Carlos Eduardo Lima mandou suas impressões sobre um dos discos mais aguardados de 2005 no lado debaixo do Equador: Los Hermanos 4. E a fofíssima Fernanda Takai conta novidades animadas do Pato Fu. E é incrível como o disco do Réu e Condenado vem e volta e vem e volta de novo ao meu CD player.

04/08/2005 - 21h49
Véspera de aniversário... estou um pouco enjoado. Na verdade, acho que zoneei demais meus horários nas últimas semanas, trocando o dia pela noite, e isso atrapalhou meu sistema digestivo. Traduzindo: não estou conseguindo comer nada durante o dia. É claro que existem problemas, gastrite e as confusões do mundo moderno, mas acho que foi isso. Então, cá estou, meio bodeado na véspera do meu aniversário. Mesmo assim, vou agilizar uma baladinha na sexta, para comemorar esse inverno que se foi. Sexta, pós 23h30, devo pintar no Jive, em São Paulo, para uma noite de samba rock, funk e Jorge Ben. Todos convidados.

A querida Priscilla Fogiato atualizou sua coluna no Cracatoa Simplesmente Sumiu. Está ótima. Tema: "Minha Vida com os Bêbados". Confira. http://www.cracatoa.com.br/2005/dia/index.php

Salman Rushdie está descansando na estante. O livro não pegou até a página 70, mas volto à ele na semana que vem. Estou de Nick Hornby, o tal 31 Canções. E está divertido.

Mercury Rev e Raveonettes selam a minha ida para Curitiba no final do mês. Passei o dia entre duas músicas: Goddes on the Highway e Opus 40, mas preciso ouvir o disco novo. Falando em disco novo, já estou mais acostumado ao Los Hermanos 4. Está me pegando devagarinho.

Eu tinha mais coisas pra dizer... mas esqueci.

03/08/2005 - 03h41
O excelente projeto MP3 Magazine colocou em sua edição de número 6 o EP Um Só, do China, ex-vocalista do Sheik Tosado e atual vocalista do projeto Del Rey, com integrantes do Mombojó. Um Só foi lançado no ano passado e traz, ao menos, duas grandes músicas: Contra-Informação (bem na linha do Mundo Livre S/A) e a cover de Samba e Amor, de Chico Buarque. Produzido por Dado Villa-Lobos, o EP de seis faixas pode ser baixo gratuitamente no site. Recomendadíssimo! http://www.mp3magazine.com.br/ea/china2.htm

Por aqui, torradinha, requeijão e gatorade. E uma seleção de coisas bacanas rolando no som, músicas que não sei como não tocaram em rádios: Copersucar do Autoramas, a matadora versão de Ciranda da Bailarina, do Chico, feita pelo Penélope em seu segundo disco, e o primeiro disco da Video Hits. Como é bom, hein.

Fecho a noite com Yankee Hotel Foxtrot. Que disco...

02/08/2005 - 06h10
Ando um pouquinho distante daqui, né. Me desculpem, mas estou na semana do meu aniversário, e acabei tirando os últimos dias para tentar dar um foco na minha vida bagunçada. Consegui, inclusive, arranjar um tempo para descer a Serra do Mar, ver meu amado pai e conhecer a segunda sobrinha mais linda da face da Terra (ok, sou um tio coruja). Nesse meio tempo o site ficou paradinho, mas estamos ai, nadando contra a corrente. Alguém disse que iria ser fácil? Se disse, mentiu descaradamente.

Publiquei finalmente o texto sobre a coletânea organizada pelo Paul Auster. Como tudo que demoro a escrever, ficou muito aquem do esperado. Mas acredite: o livro é sensacional. Anote: Achei Que Meu Pai Fosse Deus.

Também estou querendo falar de Dawson's Creek desde que publiquei o texto da Gabi. Quando li o texto no blog dela me identifiquei muito. Gabi partilhava a opinião corrente e geral de que a série era melosa e uma porcaria. Eu fui fã de primeira hora. Quando a primeira temporada estreou nos EUA eu tinha TV à cabo em casa. Foi só um ano. Na segunda e terceira temporadas, eu contava com a ajuda de um amigo, que gravava os episódios inéditos na segunda e me levava na faculdade na terça. A série perdeu foco com o roteirista Kevin Willianson deixou o projeto. Porém, as temporadas sob o comando de Kevin são embebidas em lirismo e dúvidas de cortar o coração de quem tem. A Gabi percebeu isso, alugou a série em DVD (eu ainda não tenho, mas vou ter) e está recuperando o tempo perdido. Na edição número 2 do S&Y on Paper, de janeiro de 1999, o expediente me entrega: "Textos, melancolia e paixão pela Joey: Marcelo Silva Costa". Vale olhar com outros olhos esta série.

Pra fechar, assisti à última noite do festival Ampli_Volume 1, em São Paulo. Os paraenses da Suzana Flag mostraram no palco que o excelente CD de estréia da banda não é fruto do acaso. Um puta show de rock, com pitadas de power pop, a banda alegre, o público alegre, tudo perfeito. Essa banda merece atenção. Volto a indicar MP3 deles no TramaVirtual. Cinco músicas a sua disposição, caro leitor, aqui.

Em seguida foi a vez do Wonkavision subir ao palco. A saída da baixista Grazi matou metade do charme e da empolgação que a banda tinha ao vivo, mas Manu assumiu bem os vocais da ex-parceira. O problema, no entanto, é que um show de 1 hora do Wonka é longo demais. Talvez seja o moog, talvez seja os vocais melosinhos, talvez sejam os 'lá lá lá', sei lá: o fato é que o show do Wonkavision induz ao enjôo. O debute da banda está lá na minha de melhores álbuns de 2004, curto essa idéia do Will revistir com melodias pops suas letras pesadissimas, ainda pretendo usar Comprimidos na abertura de meu primeiro filme (eu já disse que quero fazer um filme? Não? Não estranhe. Eu quero só escrever o roteiro, mas já tem coisas que imagino encaixadas. Da série "pra quando eu tiver mais tempo"), mas ao vivo tá enjoando.

Pra fechar, o Autoramas - também com baixista nova - fez um show bem Rooooock, com diz Gabriel. Pra mim, o do Upload de 2002 foi muuuuuito melhor que esse, mas eu sou suspeito por gostar mais do segundo álbum (que é baladeiro) do que do primeiro e terceiro (que são porradas). Por isso, as não inclusões de Sonhador e Copersucar são sempre sentidas por mim. Mas Gabriel compensou com uma ótima cover de Elvis Presley, outra do Guitar Wolf, e duas músicas inéditas, sendo que uma delas, A 300 Kms Por Horas, é um rock anos 50 lentinho delicioso. Bom show, mas já vi melhores.

Tô me cuidando com Salman Rushdie de companhia, agilizando o show do Cake, gostando um pouco mais do novo dos Los Hermanos e torcendo pelo timão. Vai Corintia! Ah, esqueci: Pipoca Moderna nº 10 com Jessica Alba na capa nas bancas com vários textos meus sobre os filmes do Oscar que estão sendo lançados em DVD. Valeu muito, já que eu não tinha escrito nada até então sobre Menina de Ouro, o filme mais triste dos últimos tempos. Ficou legal.

Vou dormir. Um pouquinho só. Me acorda já já, tá. Tô esperando! :_)

30/07/2005 - 00h05
Que tal um show inteirinho do Nick Cave em 2002 acompanhado pelo trio Warren Ellis, Jim White e Norman Watt-Roy. No repertório, canções como Into My Arms, God Is In The House, As I Sat Sadly by Her Side, entre outras. São 17 músicas disponíveis para download no site oficial do cara. Mas corre: o webmaster não costumam deixar as faixas muito tempo no site. http://www.nick-cave.com/_audio.php

29/07/2005 - 20h57

Eu já volto, ok. Coisas finas pela frente. O que dá para dizer neste momento é que Los Hermanos 4 é leeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeento, mas tem coisas boas. Ainda tô em dúvida se gostei ou não. E domingo tem show bacana no Sesc Pompéia, parte do festival Ampli_Vol. 1: os paraenses da ótima Suzana Flag, os gaúchos da não menos ótima Wonkavision, e o Autoramas, que dispensa comentários. Conselho: garanta o convite antes. Ah, o show começa às 18h e deve acabar por volta das 22h. Se a gente correr (que é o que eu vou tentar fazer), ainda vai dar para pegar o China (ex-Sheik Tosado) tocando no Avenida Clube. Por aqui, Salman Rushdie comandando a leitura, bastante leite, a mesma quantidade de cerveja (estamos entrando no fim de semana, com licença) e música nova do Mundo Livre. Já baixou?

26/07/2005 - 13h43
Está frio por ai também? A vontade que eu tenho é de ficar horas e horas e horas debaixo do chuveiro quente. Pena que não lançaram uma edição a prova d'agua de Shalimar, O Equilibrista, do Salman Rushdie, a leitura do momento...

Na sexta o Mundo Livre S/A disponibiliza na Trama Virtual a música Soy Loco Por Sol, primeiro single de seu novo disco. Vou linkar aqui, mas fica esperto. A música é muito inspirada na novela América, o que não é estranho já que Zero Quatro falava bastante do "muro invisível" que separa os mexicanos dos Estados Unidos no quarto álbum da banda, Por Pouco. Saiba mais.

Além do Mundo Livre, quem está finalizando o disco novo é a Nação Zumbi. Perdi de ir ao estúdio na quarta passada ouvir uma música finalizada e conhecer a base de outras, por atropelo de horários. O mangue retorna forte em 2005.

Na sexta passada entrevistei o Otto por telefone. Papo rápido sobre o DVD MTV Apresenta que logo mais coloco no ar. E não perguntei nada da Alessandra Negrini...

A nova Outracoisa chega às bancas com o CD Selo Instituto na Coleta Seletiva, uma coletânea do Instituto em parcerias com Sabotage, Bonsucesso Samba Clube, Cidadão Instigado, Flu, Mamelo Sound System, entre outros. Ainda não ouvi, mas assim que baixar o som por aqui, comento.

O Curitiba Rock Festival anuncia o Fantomas como atração do domingo do festival que terá Weezer no sábado. A organização deve anunciar mais um ou dois nomes internacionais interessantes para o domingão, mas fica o pedido para que o festival siga o exemplo do Reading. No badalado festival britânico, o último grande show do dia acaba por volta das 23h para que o público possa sair (literalmente) correndo e pegar o último trem de Berkshire para Londres às 23h20, a não ser que a pessoa queira passar a noite em Reading. Como muito do público do CRF irá em caravanas para a cidade, seria prudente que a organização atentasse que muitos precisam voltar para trabalhar na segunda-feira, afinal, tem gente que só ficará no domingo em Curitiba se os shows acabarem por volta das 23h. Saiba mais.

Disco do momento: o fofo The Forgotten Arm de Aimee Mann.

Conto mais depois, mas decidi fazer uma tatuagem, daquelas enormes, na perna. Ainda não escolhi o desenho, mas é uma decisão que estou protelando há tempos.

24/07/2005 - 17h03
A querida e amada gastrite aportou por aqui. Cancelou o futebol deste domingo de manhã, me fez diminuir a quantidade de cerveja no sábado (não bebi nada), e está me fazendo cogitar se vou ou não conferir a fúria do Faichecleres ao vivo no Projeto 2em1, mais a noite, dividindo o palco com o pessoal do Laboratório SP. Vou tentar ir.

Fim de semana tedioso sem muitas novidades. Deu para terminar de rever a comédia romântica sexy australiana Paixão e Sedução, ver mais um episódio da primeira temporada de Friends e terminar o livro sobre os 10 Anos de Goiânia Noise. Pablo Kossa tem um texto bom, típico de quem sabe que escrever sobre rock é como conversa de boteco com um amigo após um show. Nada de ficar enrolando ou ser estiloso demais. 10 Anos de Goiânia Noise traz algumas ótimas histórias de bastidores, e deveria ter o subtítulo de Manual Para se Fazer Um Festival de Rock. O único senão do livro é o crédito errado no prefácio, que deveria ser assinado por Cameron Crowe, já que foi nitidamente inspirado neste texto aqui. Confira.

Pra fechar, Employment, do Kaiser Chiefs, acaba de ganhar edição nacional pela Universal e aportou neste fim de semana no CD player. Bem bacana. A primeira música, Everyday I Love You Less and Less, é ótima. Outro que chegou por aqui foi The Black and Red Notebook, de David Kitt. A cover calminha, folk, de Teenage Riot, do Sonic Youth, ficou bem legal. Também apareceu o duplo A Real Live Dead One do Iron Maiden, que eu namorava há tempos, mas sobre este eu falo depois, combinado.

Arcade Fire no Tim Festival. Então, vamos para o Rio de Janeiro?

Uma música pra baixar: Girl From Mars, do Ash, em versão acústica. Aqui.

21/07/2005 - 04h59
Respiro fundo. Sinto uma pontinha de ressaca do porre de ontem. Conheci o pessoal do Faichecleres e logo eles estarão por aqui. Na verdade, quero ver se consigo sentar e preparar papos com, por ordem: Terminal Guadalupe, Poléxia, Continental Combo, Violins e Pablo Kossa, autor do livro Em Terra de Cowboy Quem Toca Guitarra é Doido. Quero, ainda, escrever logo sobre o With Teeth do Nine Inch Nails, sobre os livros do Paul Auster (obrigatório) e do Jô Soares (passatempo), e sobre tanta coisa. Às vezes parece que o mundo está nos engolindo, não? Estou tentando colocar ordem no caos, de edredom nas pernas porque está muuuuuito frio, e ouvindo Nick Cave para tentar entender o mundo. Acho que vou ver um episódio de Friends antes de dormir. Ah, tenho que contar um trecho de um episódio, mas não agora, amanhã, prometo. Tá, agora. Conto e vou tomar café da manhã, combinado...

Lá estão os seis friends no Central Perk, que é o café ponto de encontro deles.

Mônica: Vocês não entendem que beijar é tão importante quanto o resto.
Joey: Falou... (desacreditando)
As três meninas olham com cara de reprovação
Joey: É sério? (com aquela cara de quem descobriu a América)
Phoebe: É mesmo!
Rachel: Tudo está no primeiro beijo.
Mônica: Absolutamente!
Chandler: Para nós, beijar é só o show de abertura. É igual a ver um comediante... antes do show do Pink Floyd. (as três meninas balançam a cabeça negativamente)
Ross: E não é que não gostamos do comediante, é que não foi pra isso que compramos o ingresso. (as meninas riem)
Chandler: O problema é que depois do show, mesmo que tenha sido demais, vocês sempre querem ver o comediante de novo.(risos) Nós entramos no carro, enfrentamos o trânsito tentando ficar acordados...
Rachel: (séria) Vou dar um conselho. Chame o comediante ou da próxima vez vai ficar em casa ouvindo o CD sozinho.
Joey (como sempre, oportuno): Ainda estamos falando de sexo? (risos)

Ahhh, lembrei de duas coisas, dois links:
João Pereira Coutinho imagina uma coletiva de imprensa com Bob Geldof. Hilário.

O queridíssimo amigo Rodrigo James avisa que o Alta Falante versão rádio vai muito bem, obrigado, e que quem quiser enviar MP3 para que eles rolem o som no programa é só mandar as músicas para programaaltofalante@gmail.com

A cama me chama. Acho que vou parar de beber...

Hoje estou feliz, sabe lá por quanto tempo...

19/07/2005 - 02h21
A semana começou nublada. Não foi só o tempo, mas o humor também. Então, vou ser bem rápido e dizer que já terminei Assassinatos na Academia Brasileira de Letras, do Jô Soares (é mediano, bem inferior ao Xangô de Baker Street) e já estou com Em Terra de Cowboy Quem Toca Guitarra é Doido, de Pablo Kossa, que versa sobre os 10 anos do Goiânia Noise, um dos maiores festivais independentes do País. Preteri Shalimar - O Equilibrista do Salman Rushdie porque acredito que vou "matar" o do Goiânia Noise rapidinho... literatura tomou a frente por aqui.

No mais, apareceram por aqui versões do Lual MTV do Pato Fu. Beeeeem bacanas.

De resto, links para brincadeiras:

risos - muuuito bom: http://theteatime.free.fr/talc/rocky.html

Sabe a versão linda do Scissor Sisters para Take Me Out do Franz Ferdinand que eu rolei numas discotecagens e muita gente veio perguntar o que era. Então, está aqui, junto com várias raridades do FF. Só entrar e baixar. http://www.franzferdinand.org/audio_video/i_audio.htm

E dois dos vários festivais que prometem agitar o País neste segundo semestre já estão com seus sites no ar. Confere lá:
Campari Rock: 08 a 14 de agosto - http://www2.uol.com.br/camparirock
Curitiba Rock Festival 24 e 25 de setembro - http://www.curitibapopfestival.com

Uma música: Life on Mars, com Seu Jorge

16/07/2005 - 15h05

Pacote Monstro Discos chega por aqui. O Continental Combo surge com um álbum homônimo, e excelente. Logo mais entrevista. Por enquanto, dá para sacar algumas curiosidades de uma das melhores bandas de São Paulo no site oficial.

O pacote ainda trouxe Grandes Infieis, segundo disco do Violins com repertório em português. O primeiro passou batido por mim. Preciso refazer a audição para verificar se o ranço piegas que eu tinha detectado permanece. Porém, Grandes Infieis abre com boas guitarras, boas melodias e ótimas letras de Beto Cupertino. Uma grande surpresa que periga entrar na minha listinha de Melhores do Ano. Enquanto eu procuro horários no meu dia de apenas 24 horas para tentar conversar com a banda e entender esse ótimo disco, dá um pulo no site oficial para ouvir três músicas novas liberadas para download, incluindo a ótima Il Maledito. http://www.violins.com.br/

Pra fechar, mais um tributo promete chacoalhar o underground brasileiro nos próximos meses. Além do tributo a Odair José, que deverá chegar às lojas em agosto com gente como Mundo Livre, Mombojó, Jumbo Elektro e Los Pirata (saiba mais aqui), agora é a vez do Fellini ganhar um tributo independente. Nomes como Stela Campos, Flu (Defalla) e Continental Combo já estão confirmados no projeto. A versão demo de Cittá Piu Bella, com os curitibanos do OAEOZ, está belíssima. Coisa boa em vista.

Exista algo mais agradável no mundo do que estar de plantão em um dia ensolarado?

15/07/2005 - 02h36

Dois litros de cerveja correndo nas veias...

Não faça cara feia, please. Eu mereço. Meu humor está uma montanha russa, estou aceitando propostas de emprego, e tem tanto show bacana nos próximos meses que não dava para não entornar quatro garrafas de Skol 500ml. Se fosse na Argentina seriam duas de 1 litro... mas ainda acho que aquela belíssima garrafa esquenta a cerveja. É como aquelas "taças baldes" que de vez em quando alguém pede na balada. Só alguém que não bebe pode pedir aquilo. Em três minutos a cerveja vai estar quente!!! O lance ainda é a latinha de 350ml, Bohemia de preferência. Ou a Sol mexicana (que está sendo feita no Brasil?!?!) com limão na long-neck. Perfeito.

Acabo de chegar do Milo, que é um "barzinho" bacana. Passei lá para pegar alguns CDs que eu havia encomendado na Peligro e acabei ficando para ver o show do Cansei de Ser Sexy, as últimas quatro músicas. O Milo é um lugar micro, perfeito para baladas. Uma balada perfeita tem que ter um som legal e muita gente em volta. Esses lugares micros que costumam virar febre em SP são assim. Lembro que um dos shows inesquecíveis que vi em São Paulo foi no Orbital, a estréia da Bidê em São Paulo, 2001, com abertura do Blemish. Eu estava tão bêbado que queimei as caixas de som na discotecagem (fiz isso na segunda vez que discotequei lá, e o cara ainda me avisou: "Trocamos as caixas. Agora tá o bicho". Não duraram duas músicas). No show da Bidê era uma lotação só, amigos se esbarrando, papo bom, som lixo, mas todo mundo sorrindo. Eu tava procurando uma foto, dei uma "goglada" e olha o que eu achei. Nem me lembrava disso. E acabei de encontrar um texto do Fraude, em que o Eduardo Fernandes fala dessa festa e me chama de "Neil Young da Augusta". EduF: era elogio ou sacanagem? O texto em cache do google está aqui. Nessa foto do Diogo Farias dá para sacar a lotação (Bianchini seminu, Daniel Blemish com CD na mão e Dezinho no fundo cantando - é você mesmo?). Confere. O Ivan também está ali. Eu conheço a menina do canto esquerdo e quem mais está nessa foto?

Bem, todo esse saudosismo (de novo? hoje pode, afinal são 2 litros) é pra dizer que o show do Cansei foi bem legal nesta madruga. Já os defini uma vez: ao vivo eles tanto podem ser fodaços quanto uma porcaria. O show desta noite, no entanto, foi festeiro. Como não há espaço no Milo, a banda fez um pequeno circulo no meio da pista. Tudo tão intimista, tão zoneado e tão divertido que eu, que só ia pegar os CDs e ir embora, acabei ficando. Um show do Cansei é para se divertir. Quem não se diverte ou é mau-humorado ou se leva a sério demais. Aviso: quem se leva a sério demais pode ficar chato como o Herbert Vianna. Cuidado. É por isso, e só por isso, que eu me arrisco a escrever bêbado assim. A latinha de cerveja, aqui em casa, está no final. E eu preciso dormir...

Ahhh, a gente estava falando em shows, né. Então, confirmados: Wilco, Strokes, Kings of Convenience, Kings of Leon, Cake, Garbage, Slipknot, MC5, Weezer. Tem grana sobrando? Fiz um fórum no Terra perguntando qual banda deveria vir ao Brasil. Opina lá...

Ps: Chegou o novo livro do Salman Rushdie... durmo ou começo a ler agora?

14/07/2005 - 00h53
E lá estava eu no ônibus, indo para o trabalho, Born To Suffer no volume mais alto que o disc-man me permite. Foi quando percebi o quanto adoro esse disco. Mais: o quanto tenho ouvido discos que não ouvia há tempos, nos últimos dias. Sou totalmente anti nostalgia. Não sou daqueles que olha para trás e pensa o quanto a vida era melhor dez anos atrás. Ela não era melhor, era apenas diferente. Tenho saudade de muita coisa (pessoas, fatos, casas, histórias, de mim mesmo), mas é uma saudade que me mostra que o que vivi foi tão especial que estou aqui, agora, relembrando. Mas, sobretudo, estou feliz por ter passado por tudo que passei e ainda continuar em pé, caminhando com minhas próprias pernas e ainda sonhando em seguir muito em frente. Viver é acumular tristezas, mas também é correr o risco das boas surpresas. É imaginar que daqui há dez anos, quem sabe, vou estar relembrando tudo o que escrevi hoje - e será especial, pode ter certeza.

O passeio pela Costaniana (citação plágio homenagem da Massariana, a discoteca de Fábio Massari) começou na semana passada. Eu sempre carrego comigo de cinco a seis CDs, a maioria de novidades, coisas que estou ouvido e/ou preciso ouvir. Porém, após separar os CDs para a discotecagem no Avenida Clube na semana retrasada, o CD do Alvin L insitiu em ficar por perto. Acho que foi na quarta passada que me peguei cantando baixinho na redação: "sempre que eu preciso de alguém vem mais do que eu posso aguentar / nunca sei quem faz o que a quem nas histórias que eu vou ter pra contar". É Aprender, uma das faixas grandiosas do debute solo de Alvin L, de 1997, um clássico a ser descoberto. Alvin é poeta e letrista. Por um bom tempo carregou a banda Sex Beatles, e quando lançou este álbum solo já escrevia letras para o Capital Inicial (hoje em dia, quase todas as letras boas da banda são dele). Alvin L, o disco, é sublime, de frases matadoras, melodias cortantes e produção impecável. "Não adianta afogar as minhas mágoas depois que elas aprendem a nadar", canta Alvin na balada Setembro. "Me faça uma pergunta que eu nunca ouvi / Eu lhe dou uma resposta que eu nem sei / Sonhei com você mas não vi o teu rosto / Acordei com o gosto do que eu não provei", diz a letra da bela Alguma Prova. A letra de Aprender, que eu citei ali em cima, junta Sinatra, Bowie e Brigite Bardot. E pra fechar, uma canção de Alvin que ficou famosa na voz de Marina: a balada Eu Não Sei Dançar. Com o violão em destaque, um teclado ocasional, Eu Não Sei Dançar traz um dos versos que, segundo outro jornalista, é um dos mais bonitos do rock nacional nos anos 90: "Tudo que eu posso te dar é solidão com vista pro mar".

Logo em seguida, entre sexta e segunda, foi a vez de Arnaldo Baptista marcar presença nos fones de ouvido. Loki?, de 1972, é apontado por muitos como o disco mais triste e desesperado do rock nacional em todos os tempos. Discordo. Ele pode ter sido até o lançamento da dobradinha Tempestade / Uma Outra Estação, da Legião Urbana, esse sim, o ponto mais baixo no quesito melancolia que o rock nacional já alcançou. Aliás, tem uma história legal do Wander Wildner com esses discos da Legião. Enquanto ele gravava o Baladas Sangrentas no estúdio do Tom Capone, à noite, a Legião gravava Tempestade, de dia. "Como estávamos mixando, tinha horas que enchia o saco de ficar ouvindo as minhas músicas vezes seguidas. Ai colocava os fones com a base do CD da Legião, e era só o Renato tocando violão, com um pouquinho de baixo e bateria. Aquilo é lindo, o melhor disco do mundo", contou Wander em um entrevistão matador para a Rock Press, certa vez. Não chego a dizer que Tempestade é o melhor disco do mundo, mas é o mais triste e melancólico, com toda certeza (vou voltar a falar desse disco qualquer hora). Loki? pode ser o segundo, o que na verdade não interessa muito. O que interessa é a poética de Arnaldo criticando o novo rock (em 1972!) na matadora Será Que Eu Vou Virar Bolor?: "Hoje percebi que venho me apegando as coisas materiais que me dão prazer / O que é isso, meu amor: será que eu vou morrer de dor? O que é isso, meu amor: será que eu vou virar bolor? / Venho me apegando ao passado, e em ter você ao meu lado / Não gosto do Alice Cooper / Onde é que está o meu rock'n'roll??". Eu geralmente canto essa música trocando o Alice Cooper pela decepção do momento. :) Não Estou Nem Ai reforça o que eu disse na abertura do post, em um clima bem Mutantes: "Ontem me disseram que um dia eu vou morrer / Mas até lá eu não vou me esconder". Vou Me Afundar na Lingerie é fodaça. Traz Rita Lee com voz de menininha nos backings e outra frase definitiva: "Ame-me ou deixe-me em paz". Toda vez que ouço Cê Tá Pensando Que Sou Lóki? me lembro da versão sambinha que o Fellini gravou em um tributo ao Arnaldo. Te Amo Podes Crer é dolorida, mas é em Navegar de Novo que o botão repeat sempre funciona. "Por que não se instalam núcleos habitacionais menores para haver maior descentralização. Para existir o verde". 1972!

Uma música tem o poder de fazer a gente sorrir? Sim. Pelo menos comigo. Ontem, 15h, eu entro no ônibus, abandono o livro e coloco os fones. A microfonia cresce nas duas saídas, bateria e baixo entram desconstruindo tudo, e surge a letra: "Tem dias que a vida parece coca-cola sem gás". O nome da música, que ainda traz versos como "roupas velhas em dias de sol / calças rasgadas sorrindo" (e isso me resume muuuito), é Repeat Please, da banda Maria Bacana. Lançado em 1997, Maria Bacana, o disco, era uma grande promessa. Todo mundo falava na "nova Legião Urbana". No entanto, o disco não aconteceu, e ouvindo ele hoje, oito anos depois, penso que se o lançassem do mesmo jeito, muita gente iria chamar o som deles de emocore, erroneamente. A Maria Bacana fazia aquele pop de guitarras delicioso, com o famoso "bate e assopra": barulheira de guitarra alternada com momentos melodiosos. Um paralelo: Ash. O álbum abre com duas cacetadas: Primavera e Bem Pensado, a segunda de letra docemente adolescente: "Dias longos, horas infinitas, papel grudado na bala, cabelo na comida: penso, bem pensado, e esqueço do que tenho pra fazer". Apesar da excelência de Repeat Please, a faixa que mais gosto é a 3, Olhos. Uma guitarra serra elétrica faz barulho dos dois lados do fone. A bateria é só prato enquanto o baixo serpenteia no fundo. André canta: "Depois que eu grito / Fico olhando nos seus olhos / Que ficam procurando o que mostrar / Não foi por querer / Depois tudo volta ao normal / Parados por longos segundos / Parados num grito mudo / Entre um passo em falso e um instante que se vai". Esse trecho dura quarenta segundos e, após um break curto, a banda segue roqueira e barulhenta (e sempre me dá vontade de sair pulando nessa hora) até o vocalista definir tudo: "As coisas ficam mais leves se eu tiver seus olhos / Para olhar dentro dos meus". Entre os destaques, ainda, a roqueira Caroline, a ótima O Trem e o Rádio e Por Ai, cuja letra diz : "Entre o sono e o sonho estou dançando enquanto dá". Sempre.

Pra fechar esse post nostalgico, o disco que me fez pensar tudo isso: Anarkophobia, do Ratos de Porão. Lançado em 1991, o disco também teve uma versão gringa, com João Gordo cantando em inglês. Eu tenho a versão nacional (dobradinha com o Brasil), a versão gringa e o vinil. Levei a versão gringa ao trabalho para mostrar a um amigo, e no meio do caminho me bateu uma vontade imensa de ouvir a versão nacional, e me veio a cabeça o quanto gosto desse disco, e o quanto estava ouvindo discos especiais nestes últimos dias. Anarkophobia marca a guinada do Ratos do Porão para um som mais metal. É o primeiro disco que dá para entender, inteirinho, tudo que o Gordo canta. Abre com a esporrenta Contando os Mortos, cheias de riffs heavy na abertura, mas que acelera pra porrada em seguida: "Cara!!! A sua cara... seu sorriso sádico exprime ódio e poder / Culpa!!! A sua culpa... lágrimas de sangue, fingimento total / Guerra!!! A sua guerra... contando os mortos e seu lucro também / Deus!!! O seu Deus... castiga os homens que só querem viver". Morte ao Rei dá seqüência ao lado A do vinil, inspiradissimo. Sofrer vem em seguida, a canção mais "pop" que o Ratos já gravou em sua história. Em contraste, Ascenção e Queda é a mais trash do disco, narrando a história de uma banda que vai ao estrelado e caí, logo em seguida. O disco ainda traz uma versão enxuta de Commando, do Ramones, e letras matadoras para Igreja Universal e Escravo da TV. Matador.

Quatro discos, quatro histórias. O passado em forma de música. Nostalgia?

13/07/2005 - 03h03
Ontem eu fui dormir às 8h30 da manhã. Hoje já chegamos às 3h e tenho muita coisa pela frente. Noites em claro, dias no escuro. Sinceramente: estou cansado.

Porém, quando o mundo parece que vai desabar sobre os ombros, aparece alguém e faz valer o dia, apenas com palavras de carinho e elogios. Nem tudo está perdido...

"Prezado Marcelo, gostaria de lhe agradecer por publicar (e manter no ar!) o texto "Monica e Eduardo". Isso é realmente uma honra para mim, pois o Scream & Yell é, há anos, uma referência para nós aqui em Brasília e para todos que conhecem as iniciativas de produção de qualidade de textos na internet. Para mim, é realmente uma felicidade ser prestigiado por vocês. Tenho seu e-zine como um clássico absoluto! Marcelo, mais uma vez, muito obrigado por tudo e um sólido parabéns pela qualidade do seu trabalho. Vida longa ao Screm & Yell!
Atenciosamente, Adolar Gangorra"


Esse é o tipo de email que vale o dia. O Adolar, responsável por ao menos dois textos que são febres na Web brasileira, simplesmente me comoveu pelo fato de ser sincero. Costumo lembrar que demorou muito para que eu entendesse que o Scream & Yell é um site especial, com leitores especiais, com um foco diferenciado das coisas, mas mesmo hoje me sinto envaidecido quando recebo uma mensagem dessas porque, no fundo, ninguém aqui é especial assim. Apenas tentamos fazer as coisas com e por prazer. No fundo, eu e toda turma do S&Y estamos no mesmo barco que o Adolar, e é necessário que isso seja dito. Porque muita gente que talvez tivesse na posição do Adolar não teria um décimo da simplicidade dele. Tá cheio de fulano por ai que é babaca por nada. Como canta Dary Jr, do Terminal Guadalpe, em Por Trás do Fator Gallagher: "Odeio gente cool". Fama, dinheiro, poder e diamantes? Tô fora. Eu queria mesmo era poder acordar ouvindo Ian McCulloch cantar Rust e torcer para que o sol esteja nos brindando lá fora. Porém, antes, eu preciso dormir. Logo. Tomara...

O tal texto "Mônica e Eduardo" pode ser lido aqui, porém, a dica é uma visita ao site do Adolar Gangorra para ler "Como Me Fudi No Show dos Los Hermanos"... www.adolargangorra.com.br

Ps: O Picassos Falsos está disponibilizando três músicas do álbum Você Não Consegue Entender para download: a roqueira Eletricidade, o sambinha matador Rua do Desiquilibrio (que estava na minha lista de cinco melhores músicas de 2004) e a maravilhosa Zig Zag, da frase "Como pode haver razão na cabeça de quem vende munição"... está tudo aqui, link direto, para download.

NOVIDADES
Música
Em Casa
Por Vida, A Tribute Alejandro Escovedo
Take Fountain, The Wedding Present
The Forgotten Arm, Aimee Mann
Loki?, Arnaldo Baptista

No Disc Man
With Teeth, NIN
The Day Thye Shot A Hole In The Jesus, Flaming Lips
Led Zepppelin I e II, Led Zeppelin
Continental Combo, Continental Combo

Música do Momento
Que Saudade de Você, Terminal Guadalupe
My Boyfriend's Back, The Raveonettes
Five Stop Mother Superior Rain, Flaming Lips
Sexo!, Leela
No Aeroporto, Pato Fu

Filmes
Caiu do Céu (Cinema) - Uma porcaria disfarçada de filme indie
Guerra dos Mundos (Cinema) - Uma porcaria disfarçada de grande produção
Amor à Queima-Roupa (DVD) - O primeiro Tarantino a gente nunca esquece

Livros
Assassinatos na Academia Brasileira de Letras, Jô Soares - Beeeem mediano

12/07/2005 - 00h01

Eu soube dos atentados em Londres logo que cheguei à redação do Terra, no fim da tarde. Como estou trocando o dia pela noite, e não ligo a TV pra nada em casa, só fui saber das notícias quando cheguei ao trabalho e um dos amigos me contou. Porém, no dia seguinte, bati um longo papo com um grande amigo, brasileiro, que mora em Londres desde 2001. Daniel Askera foi para a Inglaterra com a Wacko, que junto com o Blemish fazia o duo de bandas fodaças que jogava por terra minha mania de não dar atenção a bandas brasileiras que cantam em inglês. A Wacko acabou, e o Askera ficou por lá, curtindo a cidade e armando planos de um novo projeto musical. Coisa boa vem por ai! Enquanto não viajo ao Velho Mundo para curtir minha estadia na casa do cara, fica um papo curto e rápido por MSN, sobre rock e atentados...

Há quanto tempo você tá morando em Londres?
Quatro anos e poucos meses.

Quais os melhores shows que vc viu nestes quatro anos ai?
BRMC, Pixies, The Duke Spirit, PJ Harvey.

Como é morar em Londres?
Conviver com a instabilidade, viver sexo, drogas e rock n roll. Crescer como músico...

Você tocava com a Wacko, que era uma banda bem bacana, que acabou. Tem projeto pela frente? É possível deixar de fazer música?
Não tem como deixar. Quando você quer largar, a música vem correndo e te pega. Tem coisas novas pintando por ai, esperem pra ver.

Qual banda nova que você viu ao vivo que é bacana e qual é só "garganta" da NME?

The Duke Spirit é fantastico: simples, dark, catchy e longe do hype. Quanto ao NME, depende da época a qual você se refere. Cada semana é uma coisa diferente. Mas das recentes... The Others e The Bravery.

Saindo de música: O que você tava fazendo na hora dos atentados? Como soube? Tinha acabado de acordar, eram coisa de umas 10 da manhã. Atrasado, liguei para uma amiga que ia encontrar. Ela pediu que eu ligasse a TV. O circo estava armado.

O que você acha de tudo isso? Vai ferrar o modo de viver ai ou vai ser questão de dias e tudo volta ao normal?
Já voltou ao normal. Não tem como escapar do ritmo de vida, que é muito intenso. Hoje de manhã o metrô já estava lotado, até o prefeito pegou o trem pra dar exemplo (rs). Mas rola uma tensão, as pessoas ficam se olhando. É muito engracado quando começo a revirar minha mochila, de repente me dou conta que todos estão olhando pra mim. É estranho porque é algo que vai estar nos livros de história, e eu passo por ali. Me dei conta na sexta de manhã, quando passei por Kings Cross, vi aquela confusão ainda. Aliás, passei por baixo da estação hoje, por outra linha. Os trens não estão parando em Kings Cross, mas as outras linhas (tirando a Picadilly Line, onde foi a explosão), passam. É sinistro quando você para pra pensar que no túnel ao lado ainda estão tirando corpos. Foi onde morreram mais pessoas, 21 e contando. Ainda não conseguiram chegar no vagão onde a bomba estourou...

11/07/2005 - 15h02
Após um fim de semana caótico, não dá para esperar muito da segunda-feira. Vi dois filmes ruins e passei uma madrugada inteira "brigando" com a HD do meu computador. Eu até estava inspirado para escrever sobre With Teeth, o novo do Nine Inch Nails, mas quem disse que o computer deixou... No fim das contas, eram 5 horas da manhã desta segunda e eu desisti de tentar encontrar o modem do meu micro. Fui dormir. Frio. Acordei ao meio dia e reinstalei tudo. Quase no fim, novo problema. Reinstalei tudo até onde deu, e quando voltar pra casa, após minha temporada no inferno (ops, no trabalho), tento terminar o processo e atualizar o site. Caos, caos, caos.

Filmes: Caiu do Céu, novo filme de Danny Boyle, o diretor dos antológicos Cova Rosa e Trainspotting, dos ótimos Por Uma Vida Menos Ordinária e Extermínio e do bom A Praia, é uma porcaria disfarçada de fábula. Pela terceira vez na minha vida quis deixar a sala de cinema no meio da fita. Na primeira eu deixei a sala (Amor Além da Vida, com Robbin Willians) e não me arrependo nem um pouco. Na segunda eu resisti e valeu: Moulin Rouge enoja nos primeiros vinte minutos, mas depois fica até bom. Nesta terceira, não fosse a dúvida se a namorada estava gostando, eu sairia. No fim, saimos do cinema como se tivessem jogado um balde de gelo sobre nós. Pior: estava frio pacas na rua. Decepção. Decepção. Decepção. No domingo foi a vez de me decepcionar com Spielberg: Se tirarmos os efeitos do filme não sobra nadica de nada de Guerra dos Mundos. Nada. Nem Tom Cruise. Nem Spielberg. Naaada.

Para compensar, enquanto brigava com o computer me deliciei com sete episódios da primeira temporada de Friends. Sensacional. Alguma coisa tinha que me fazer sorrir.

E ai, já está preparado para ver Weezer no CRF?

09/07/2005 - 04h33
Humor negro e politicamente incorreto: frase perfeira para uma camiseta:
HOMENS BOMBA SÓ PRECISAM DE UM ABRAÇO

By Renato Beolchi

Tô bêbado, e preciso dormir.

08/07/2005 - 04h56

"O que você tem na geladeira?", pergunta um amigo, no trabalho.

"Hummm. Seis latinhas de Brahma, Uma de Itaipava, uma garrafa de vodka, uma coca-cola de 2 litros fechada, uma Pepsi Twist de 2 litros pela metade, queijos variados, Danone" e vou me esforçando para lembrar quando outro amigo interrompe:

"Essa não é a pergunta certa que se deve fazer para um cara que mora sozinho. A pergunta correta é: o que você tem na pia?"

risos generalizados

Humm. São quase 5 da manhã. Aproveitei a insônia para escrever. Está um puta frio danado lá fora que deve bater mais um recorde na selva de pedra. E a pia está cheia de copos e pratos sujos. Incrível é que quando eu era menino e minha mãe tinha que sair para trabalhar até que eu ajudava bem em casa, e adorava lavar louça, claro, com exceção de panelas cheias de gordura. Hoje em dia ainda gosto de sentir o detergente na esponja, mas protelo a louça até quando dá. Na semana passada isso aconteceu quando percebi que os copos estavam grudando na pia... e prometo que não vou deixar isso acontecer nesta semana novamente. Morar sozinho tem os prós de ter um cantinho seu, porém tem o desafio de mantê-lo o mínimo habitável. Sou extremamente organizado com as minhas coisas, mas veja bem, a correria é tanta que eu esqueço de comer às vezes. Quem dera dar uma varrida no ap, algo que estou planejando fazer desde o meio do mês passado. Isso ainda é fichinha perto das roupas sujas. Estou querendo ir a lavandeira há tempos, e quem diz que eu consigo. E ela fica na esquina de casa. Ahhh, o conforto da casa da mãe é insubstituível.

O mesmo amigo que fez a pergunta certa contou que os pais estão viajando, e que nesta semana percebeu que a toalha do banheiro não se troca sozinha. Uma pena. :)

07/07/2005 - 00h19
Downloads, downolads, downloads

Para quem ficou curioso sobre o Canções Dentro da Noiet Escura após a entrevista com o Lobão, vale fazer um visita ao www.lobao.com.br para uma boa fuçada. O link "Para Ouvir" traz duas canções do novo álbum, a parceria com Cazuza (Seda) e aquela que "cai e levanta, cai e levanta, cai e levanta" (Pra Sempre Essa Noite). Além das duas faixas novas, no link "Para Baixar" é possível encontrar versões acústicas de canções como Rádio Blá, Vida Bandida e Mal Nenhum, além de outras faixas registradas ao vivo em shows no Rio de Janeiro, em Belém e Natal.

Quem estréia site novo com várias bacanices é o Pato Fu. Na parte de "Brindes", os mineiros atualizaram o acervo de MP3 raros. Tem o Hino Nacional do Pato Fu gravado na passagem de som de um show em SP em 2001, com João Gordo nos vocais. Tem a bonita Se Soubesses, que John e Fernanda fizeram para a coleção de um estilista em BH. Tem Sorria, Você Está Sendo Filmado gravada ao vivo no programa 89 Rock Bar. Tem 4 Cordas, que John compôs para uma peça de teatro, uma participação de Fernanda Takai no show de Alda Rezende (Under The Mango Tree), uma raridade da histórica Pato Fu Demo (Devo's Uncontrollable Urge) e a versão da banda para Menina Venevo, sucesso de Ritchie, na vinheta integral gravada especialmente para o programa de Marina Person, na MTV. Divirtam-se. Vou dormir. Tá friooooooo.

05/07/2005 - 03h22

Eu nem ia passar aqui hoje. Estou quebrado. Quebrado. Lembro que quando voltei a jogar a bola aqui em SP, antes de torcer o tornozelo, o dia seguinte pós futebol foi terrível. Parecia que eu deixava cacos meus para trás. No entanto, desta vez, está menos dolorido. Muito porque eu joguei menos tempo. Semana que estou lá.

Suplicy e Edu K no mesmo palco... risos... eu fotografei.

Terminei de ler nesta segunda a coletânea de contos de pessoas comuns organizada por Paul Auster, Achei Que Meu Pai Fosse Deus - E Outras Histórias. Era 15h20 na Consolação, eu esperando ônibus e tentando esconder as lágrimas. O último conto é de arrasar de tão bonito. Escrevo sobre ele ainda esta semana (viu, Jonas!). :)

Cometi uma injustiça uns posts atrás ao elogiar apenas Interstate 5, faixa que abre o álbum mais recente do Wedding Present. O disco inteiro é matador. Anote.

Quarta tem Mombojó no Blen Blen (eu vou tentar ir), quinta tem Del Rey (Mombojó com China nos vocais cantando clássicos do rei Roberto Carlos) no Sesc Pompéia, e esse pelo horário vai ser difícil pra mim. Mas eu queria ir também! Falando em shows, vai guardando dinheirinho pra leva de bandas que vem pela frente. Segundo o amigo Faabio, do site Ruídos, o show do Cake no Hotel Unique em São Paulo tá saindo por R$ 120 a pista. Pela Ticketmaster o show sai pela bagatela de R$ 153. Será que eles estão achando que a grana do Live 8 vai ser desviada para o Brasil?

E pra quem ainda não soube, Mark Arm, do Mudhoney, cantará com o MC5 em SP.

04/07/2005 - 02/05
Hoje foi um domingo tremendamente atípico. Deu tudo errado, mas estou bem. :)

O domingo, na verdade, começou quando deixei o plantão de sábado para trás e me enfiei no Bexiga, às 2 da manhã, para comer massa e tomar chopp de vinho. Não me pergunte o que era aquilo, só sei que era doce... e bom, muito bom, assim como a massa. Até dormir foi tipo 3h30, com o relógio pronto para despertar às 8h20. Acordar às 8h no domingão? Yep, não é justo. Ainda mais quando a amada está dormindo um sono de anjo, e aquele rostinho lindo de testa franzida e sono suave parece jogar uma tonelada sobre os joelhos fazendo com que eles se recusem a levantar da cama e faça com que eu tenha vontade de passar horas a admirando. Mas não tem jeito, o rádio relógio toca, ela faz um muxoxo de resmungo, e eu marquei futebol com um amigo. 8h de domingo! Não é fácil. O sol ajuda e anima na ida, mas basta duas corridas na quadra para eu lembrar que não jogo há muuuuito tempo. Deu tudo errado. Não acertei 90% dos passes, perdi três gols feitos e no final do segundo jogo de 15 minutos eu achava que o coração iria sair pela boca. Decidi parar e deixar um pouco do ânimo para o próximo domingo. Um gatorade azul me fez ficar em pé, e quando cheguei em casa, às 13h, ainda consegui cochilar algumas horas antes dos próximo compromisso, noturno, em que também deu tudo errado.

Discotecagem no Projeto 2em1, no Avenida Clube. Shows de Supla e Defalla. O Supla é esforçado, a banda é incrivelmente crua e boa, mas não dá. Mesmo. As coisas não encaixam. Ele até parece ser um cara legal, mas faz um rock bobo de dar dó. Distribui bananas para a platéia, chama o irmão João para o palco, brinca com o paizão que está sentado nas primeiras fileiras ("E ai paizão, como está o PT?"), e toca Humanos e Garota de Berlim, daquela banda que se chamava Tokio. Mas não convence. Um S enorme com uma coroa brilham no palco. É tudo tão fake. Só resta rir. Quem disse que show de rock não é diversão que atire a primeira banana!

Logo em seguida é a vez do Defalla. Estou nas pick-ups, ralando para encontrar um foco na discotecagem, afinal existem poucas coisas tão díspares quanto Supla e Defalla. Coloco Iggy Pop, mudo para Relespública, pego Beatles, Walverdes e, desisto de colocar uma ordem racional na listagem. É um tesão discotecar, porém, discotecagem é como sexo: tem as preliminares, tem os carinhos, o jogo de olhares, para depois o casal chegar a entrega total. É um crescendo melódico. É muito bom. Tanto o sexo quanto a discotecagem, mas a segunda me deixou na mão hoje. Minha discotecagem foi péssima. Na verdade, não discotequei: troquei CDs. Uma pena.

E nisso o Defalla entra no palco. A rigor, existem dois Defalla. O primeiro é aquele que centra foco nas canções dos dois primeiros álbuns, clássicos, em um bom show de rock. O segundo centra foco no lado hip hop do histórico da banda. A primeira vez que vi o Defalla neste ano, neste mesmo Avenida Clube, foi em janeiro e a banda que surgiu foi a primeira, com uma apresentação simplesmente antológica. Fred 04 e Lúcio Maia cantavam na beira do palco. Uns dois meses depois cruzei a gang de Edu K novamente, agora na Outs, casa que fica na Rua Augusta. Era o segundo Defalla, totalmente funk, em um show de exageros, principalmente do guitarrista Peu, que parecia chapadaço. Um fiasco. Cá estamos de novo e... é novamente o segundo Defalla que está no palco, sem Peu, mas com o excelente som do Avenida Clube nas costas. Ao contrário da apresentação na Outs, desta vez o show funciona. Dava para se ouvir tudo e a banda estava inspirada. Não foi no mesmo nível da apresentação antológica de janeiro, mas não dá para reclamar, mesmo. Valeu.

Momento inusitado do show: Edu para tudo e chama ao palco o senador Eduardo Suplicy para que ele cante a manjada Blowin' in the Wind. Edu acompanha na guitarra, mas Suplicy só acerta mesmo na segunda tentativa, à capela. Surreal. Uma frase, entre ouvidos, ecoa na noite: "Vou reconstruir o PT", diz o cara.

Depois disso, o Defalla encerra a noite com Não Me Mande Flores, e encerro a balada com a linda versão do Scissor Sisters para Take Me Out, do Franz Ferdinand. Ainda dá tempo de umas três pessoas virem até a cabine perguntar que som era aquele. Até que não foi tão ruim, mas não fiquei bêbado, e meus joelhos doem pacas. Sono.

Set List
Pussy Power, Iggy Pop
Like a Bad Girl Should, The Cramps
Classe Média Baixa Records, Walverdes
Surfista Calhorda, Wander Wildner (Ao Vivo no Camalehon)
Frederick, Patti Smith
Deanna, Nick Cave (Acoustic Version)
C'Mon Billy, PJ Harvey (Live 120 Minutes - MTV)
Más Companhias, Sex Beatles
Helter Skelter, Beatles (Take 2, Blues Version)
Run, Run, Run, Echo & The Bunnymen (Live Version)
Garoa e Solidão, Reslespública
Esquimó por Acidente, Terminal Guadalupe
Where Did Sleep Last Night?, Mark Lanegan
My Enemy, Afghan Whigs
Miles Away, Yeah Yeah Yeahs
Blue Orchid, White Stripes
Tormenta, Wado
Interstate 5, The Wedding Present
Take Me Out, Scissor Sisters
My Girl, Jesus and Mary Chain

01/07/2005 - 03h16
Vou voltar a jogar futebol. Acho que estou precisando. Futebol é ótimo para descansar a cabeça, e acabar com meus joelhos, pernas e fôlego. A troca vale a pena. Estou parado há mais de dois anos, quando torci o tornozelo no racha dos jornalistas (que acontece todas às segundas, de 23h à 1h - pensou que era fácil, né?). Era eu e o goleiro, dei o drible de corpo jogando a bola de um lado e corpo para o outro. Para não chocar com o goleirão, pulei, mas ao invés de me preoucupar com o local em que eu ia cair, fiquei olhando o destino da bola, caprichosa, passando ao lado da trave esquerda, tirando tinta. Quando meu pé direito tocou o chão, dobrou, e inchou na hora. Estávamos sete contra sete, o racha estava ótimo, e se um saísse, desequilibrava. Voltei e joguei mais uma hora com o tornozelo arrebentado. Com o corpo quente a dor está ali, mas não é tão forte. Em casa, porém, após o sangue esfriar, chorei de dor e não conseguia colocar o pé no chão. Espero que a dor não volte. A propósito, não jogo bem, mas também não sou um perna de pau...

Dois sites legais que estou para falar há dias e só esperei virar o mês: Cracatoa Simplesmente Sumiu e Tinidos. O Cracatoa, segundo definição dos próprios, "é uma ilha cercada de começos por todos os lados." Quer um exemplo prático do que é exercício de estilo, visite o site. O mote é cultura pop, mas eles vão além, e parecem se divertir muito com isso. Minha recomendação é a coluna "Um Dia na Vida", da Pri Foggiato. Nesta semana ela está falando de Salinger... Confira.

Já o Tinidos é um projeto de luxo tocado pela competente Fabiana Bubniak ao lado de um turma bem legal que pretende sacudir Curitiba, e o País, com sons novos fora do eixo, e idéias para se discutir sobre a cena musical brasileira. Não à toa, dou meus pitacos opinativos na matéria especial que abre o site: "Uma tentativa de entender a cena de rock independente no Brasil hoje". Dá um passeio pelo site, confere as entrevistas, ouça os MP3 que eles oferecem e conheça as bandas que eles indicam, muitas delas já indicadas pelo S&Y. Está tudo aqui.

No mais, o pocket show que Lobão fez na quarta-feira, no Ampgalaxy, em São Paulo, foi bem legal. De cara ele tocou as novas Não Quero O Seu Perdão, Seda, O Homem Bomba e a matadora Boa Noite Cinderela. Depois deu de presente ao público a dobradinha Robô, Robô e Ronaldo Foi Pra Guerra, para dai se render a hits como Vida Louca Vida, Canos Silenciosos, Essa Noite Não, Mal Nenhum, Decadence Avec Elegance e A Vida é Doce. Outra inédita (A Balada do Inimigo) e o final com Helter Skelter dos Beatles, com alguns Cachorro Grande no palco. Não sei ao certo quem estava lá no palco, já que o local estava tão lotado que tive que me contentar em beber cerveja e ouvir o show, nada de assistir. Mas deu para ouvir a voz de Beto Bruno. Na boa: detesto a voz dele. Mas o show do Lobão foi bem divertido. Valeu!

Domingo, volto ao Avenida Clube para discotecar. Desta vez será para entreter o público de Defalla e Supla. Não vou nem falar nada do Supla, mas o Defalla é um risco que vale a pena correr. O show que vi deles, no próprio Avenida, no começo do ano, está entre os cinco melhores shows de rock que vi neste ano. Uns dois meses atrás vi novamente, na Outs, e não foi tão bom, com repertório totalmente diferente. Não dá para garantir, mas qualquer coisa eu vou estar lá tocando Pussy Power do Iggy Pop e o take 2 de Helter Skelter, dos Beatles, aquele de versão blues.

Outra que deve rolar também é Interstate 5, faixa matadora que abre Take Fountain, novo álbum do Wedding Present. Na boa: melhor música que ouvi em 2005. Procure a "extended version", em que a música começa porrada e termina Burt Bacharah...

Sono

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