Sonic Nurse, Sonic Youth (Geffen)
Lançamento Nacional
23/07/2004


É fudidamente injusto criticar o Sonic Youth. A banda carrega vários clássicos do rock feito com guitarras em sua discografia e o show do Free Jazz está, ainda, fresquinho na memória: uma overdose de riffs na veia, Kim Gordon vestida de rosa, o público pulando sem parar, uma apresentação apoteótica. Porém, Sonic Nurse, décimo sétimo rebento do grupo, não honra a história. O álbum que fecha a trilogia nova-iorquina iniciada com o bom NYC Ghosts and Flowers, e que teve como interlúdio o excelente Murray Street, soa capenga, cansado, preguiçoso, desinspirado. Todas as canções soam como sobras de Murray Street. Soa como se o grupo tivesse entrado no estúdio apenas para cumprir uma clausula de contrato, tocando faixas menores e desimportantes. As guitarras amaciaram no barulho e a bateria é o destaque em várias faixas. Fica claro que a comodidade atrapalha o rock. Deixados à vontade, sem precisar provar mais nada, o Sonic Youth parece soar entediado, conseguindo alguns bons riffs de guitarra, algumas microfonias em algumas poucas boas canções. Pattern Recognition abre bem o disco alternando barulho e silêncio. Guitarras intrincadas, clima caótico, o vocal de Kim Gordon à frente e a bateria de Steve Shelley tomando o destaque das três guitarras. Unmade Bed é suave, com um riff bacana e um bom vocal de Thurston Moore. Dripping Dream tem microfonia abafada e traz Thurston cantando entre bocejos. A cadência muda no meio, mas a canção não empolga. Uma longa introdução de dois minutos marca Stones enquanto Dude Ranch Nurse soa tremendamente linear. New Hampshire tem mais clima, enquanto I Love You Golden Blue traz Kim Gordon cantando com voz sussurrada. É interessante dizer que Sonic Nurse não é um disco ruim. É até melhor do que muito disco lançado por bandas novas recentemente como o Keane, Muse ou Starsailor. Sonic Nurse só não é melhor que qualquer disco com a etiqueta Sonic Youth. E é se olhando no espelho que a gente enxerga as cicatrizes do tempo...

Marcelo Silva Costa