"America's Sweetheart", Courtney Lovel
Lançamento Nacional
13/07/2004

Courtney Love precisa, urgentemente, encontrar um amigo. Ela é o tipo de pessoa que, deixada sozinha, exagera ao mostrar os sentimentos. É por isso que ninguém se lembra do primeiro disco do Hole (e nem precisa mesmo), mas sim do segundo. Com o fantasma de Kurt Cobain (ainda vivo) lhe assoprando coisas no ouvido, a musa cravou boas canções como Miss World e Doll Parts no bom Live Throught This. Depois foi a vez de Billy Corgan dar uma mãozinha e transformar Celebrity Skin (o terceiro álbum) em uma coletânea de grandes canções (Awful, Hit So Hard, Malibu, Reasons To Beautiful, Northern Star, Heaven Tonight). Enfrentando o mundo sozinha novamente, a Courtney Love de America's Sweetheart exagera nos gritos, escreve letras longas demais (que mais parecem o dicionário de uma garotinha de 13 anos) e compõe 12 músicas que parecem clone uma das outras. Mono, a primeira, chega a empolgar em alguns segundos, mas passa. Hold On To Me é bonitinha, mas tremendamente ordinária. O refrão tristonho da boa Sunset Strip faz rir, fato que se repete com a letra da faixa seguinte, All The Drugs, enquanto uma enormidade de clichês marca Uncool. É incrível como a imagem pública limitada da Sra. Courtney bate direitinho com o mundo cor de rosa proposto pelo encarte do CD. Ela grita para tudo e todos, pede desculpas algumas vezes, diz que o demônio dirige seu carro quando ela está bêbada e lembra do velho Led Zeppelin cantando "songs remains the same" na literal Zeplin Song. Parece uma garotinha mimada pedindo a atenção do mundo. Não é que o disco seja de todo ruim. Sozinha e abandonada, Courtney mais resmunga que escreve grandes canções. Alguém precisava cortar as letras pela metade e colocar alguns acordes a mais nas melodias. Courtney precisa de um amigo. Mesmo assim, America's Sweetheart vale pela bonita capa e pela arte do encarte. Além, das dedicatórias passionais e engraçadas de Courtney... .

Marcelo Silva Costa