Entrevista
- Márcio Custódio
por
Marcelo Silva Costa
São Paulo é uma megalópole
maluca. Também, pudera, são 19 milhões de pessoas
vivendo/trabalhando/se esbarrando/paquerando/sonhando e enfurnando-se em
milhares e milhares de prédios todos os dias. Uma rotina digna do
inferno pensaria um purista. Eu, no entanto, sou daqueles que amam São
Paulo sobre todas as coisas.
Se de dia, essa rotina absurda nos
faz imaginar pessoas como formigas (é tanta gente na rua pra lá
e pra cá que a comparação é inevitável),
a noite, como diria o ditado, é uma criança.
Há espaço para todos
os gostos, estilos, turmas e amigos tornando obrigatório outro chavão:
só fica em casa quem quer.
Um dos espaços mais famosos
para o público que gosta de sair à noite e ouvir rock é
o Sound, festa realizada na casa Dj
Club Bar Teatro, na Alameda Franca 231, poucas quadras abaixo da famigerada
Avenida Paulista.
Festa elogiada por publicações
como a revista Playboy, citada várias vezes pelo Guia da Folha SP
além de ter sido escolhida melhor festa no "1º
Indie Destaque 2001", o Sound sofreu uma baixa esta semana: a saída
de Márcio Custódio, um dos idealizadores do evento.
Márcio, indicado como um dos
melhores promoters de SP pela coluna Noite Ilustrada (no caderno Ilustrada
do jornal Folha de São Paulo) de Érika Palomino, deixa o
Sound para organizar um novo projeto (Plastic Fantastic) e, antes, bater
ponto no melhor festival de rock do mundo, o "Reading
Festival".
Neste bate papo, Márcio conta
como surgiu a festa e como se deu sua saída. Fala também
sobre seus novos planos e discorre sobre um dos temas básicos de
nossas vidas, com propriedade: música. Confira.
S&Y - Direto
ao ponto: você era responsável por uma das festas mais conhecidas,
senão a mais conhecida, do cenário rocker de São Paulo,
que é o Sound no DJ Club. "Era" porque, nesta semana, foi anunciado
seu desligamento, de forma estranha, no mailing da festa. O que aconteceu?
Márcio
- Aconteceu que eu não estava mais tendo satisfação
pessoal 100% com a festa e, após mais de dois anos organizando,
promovendo e tocando no projeto, resolvi sair por vontade própria
para enfrentar novos desafios. Deixei tudo para a casa (dj club bar teatro)
e para a outra pessoa responsável pelo projeto, a Érica de
Freitas. Eu sempre curti e acreditei na festa, sempre amei tocar lá,
o público me recebeu sempre muito bem, adoro o lugar e tal, mas
acontece que eu queria algo mais e resolvi sair para tentar buscar isso.
A opção
de sair foi sua então?
Sim, foi minha.
Eu decidi sair por vontade própria na sexta feira, dia 26/07.
O mesmo mailing
que informava seu desligamento sugeria que você esteja indo para
Londres e provavelmente fique por lá. O que há de veridico
nisso?
Não há
absolutamente nada de verídico nisso. Acho que foi 100% dedução
da pessoa que redigiu aquele texto, no caso, a Érica, acredito eu.
Vou sim para Londres com a finalidade de descansar, ver shows, ficar bêbado,
curtir baladas e comprar discos. Mas volto rapidinho, pois tenho muitas
coisas pra fazer aqui. Eu realmente não sei por que ela escreveu
aquilo, mas também nem quero saber, isso não tem a menor
importância...
Já
fez a lista de discos que vai procurar em Londres? Ou vai deixar para última
hora?
Putz.... ainda
não fiz por falta de tempo, acredita?? Mas tenho aqui todos os informativos
de lojas de discos dos últimos três meses. Vou ler e fazer
uma seleção do que tenho interesse. O problema será
a falta de grana... Vou atrás das lojas de "second-hands", que podemos
encontrar discos por 50p... Aí é uma beleza, né?
Com certeza!
Seguindo. Em outras conversas comigo, você comentava da dificuldade
de unir a parte prática de se fazer um evento (a festa propriamente
dita) com a burocrática (locais para realização, falta
de profissionalismo de algumas pessoas). Isso atrapalhou o Sound? Como
você pretende lidar com isso daqui para frente?
Cara, eu enfrentava
sim muitas dificuldades organizando o sound, em todos os sentidos, mas
o que nós não enfrentamos dificuldade na vida? Nada é
fácil. Sempre passei por muitos obstáculos com a festa no
dj club bar teatro e tentava resolver os problemas da melhor forma possível.
Claro que não foi fácil fazer uma festa de rock dar certo
num lugar que mal era conhecido, muito menos pelo público rocker.
Fazer qualquer evento não é tão fácil quanto
parece. Mas não tive apenas dificuldades. Em tudo há os prós
e contras e o dj club bar teatro foi um grande espaço pra mim, lá
eu aprendi muito e fiz amigos. A casa é muito boa, a distribuição
dos ambientes e tal, a pista... O pessoal lá sabe trabalhar bem,
pois se não soubessem, eu não teria ficado por lá
mais de dois anos. Foi uma experiência e tanto. Espero que eles consigam
tocar a casa da melhor forma possível sem mim. Por outro lado, tenho
certeza que tudo que farei daqui pra frente também não será
fácil e terei que trabalhar e lutar bastante para atingir minhas
metas e alcançar satisfação pessoal.
O que trará
satisfação pessoal para você após fazer uma
das principais festas de São Paulo por dois anos?
Na real, esse
lance de ser ou não a principal festa de São Paulo não
faz muita diferença pra mim. Pra quem está dentro, a visão
é outra. O que trará satisfação pessoal pra
mim? Mais diversão, eu fazer mais amigos, conhecer mais pessoas,
fazer sets mais legais que os outros a cada semana. Quero também
relacionar esse meu novo projeto como gravadora e uma revista ou um fanzine.
Esse tipo de coisa eu nunca me senti confortável para executar no
sound, talvez por que lá era um lance grande e para decidir qualquer
coisa tinha que passar várias "aprovações" e tal.
Não que eu não pude fazer essas coisas lá, pelo contrário.
Mas como era tanta coisa pra fazer, nunca desenvolvi essas idéias
direito.
Você
saiu, mas a outra pessoa responsável, Érica de Freitas, continua,
o que é incomum, já que como o projeto era de ambos e, teoricamente,
vocês deviam estar juntos nessa. Houve algum atrito com ela?
Essa é
a pergunta que não quer calar... hahaha... o que tenho pra dizer
é que a Érica tem objetivos na vida diferentes dos meus.
Cada um é cada um. Eu quis sair sozinho do sound e batalhar por
outras coisas sozinho. Tomara que ela consiga levar à frente o projeto
que ela diz que criou. Prefiro não ter mais ‘sócios’ no momento,
apenas parceiras.
Então
você definitivamente vai tocar sozinho um outro negócio?
Sim e não.
Eu vou fazer parcerias, vou fazer acordos com outras pessoas e tal, entretanto,
serei mais livre para decidir certas coisas pois não terei mais
um sócio. Se eu for fazer parcerias, lógico que não
estarei sozinho. Mas é diferente de um "sócio", se é
que você me entende.
Entendo perfeitamente.
Quanto tempo você esteve a frente do Sound? E, neste tempo, qual
foram os
melhores
momentos? O que fica dessa parceria?
Acho que o primeiro
sound foi em Junho de 2000, ainda no madame satã. Fiquei extatos
dois anos e um mês organizando, promovendo e tocando no projeto.
Na verdade, o que rolou foi o seguinte: no show do Morrissey em São
Paulo, eu e a Érica decidimos criar uma festa, um projeto novo na
cidade, em alguma casa noturna. Ficamos uma semana pensando no nome e como
não surgiu nenhuma idéia forte, aceitei a sugestão
da Érica de colocar o nome sound, que era o mesmo nome de uma festa
que ela fazia na finada torre do dr. zero com outros djs e tudo mais. O
sound que rolou duas edições no madame satã e ainda
rola no dj club bar teatro com a Érica, foi criado no dia do show
do Mozz por mim e pela Érica. A outra festa na torre era totalmente
diferente dessa que eu organizei e fiz parte. Eram outras pessoas. Ela
escreveu no mailing que foi apenas ela que criou o projeto. Acho que ela
se esqueceu desse episódio. Mas ok, como já disse, isso não
importa, não estou preocupado quem criou ou deixou de criar o projeto,
isso não fará a menor diferença nos meus projetos
futuros e acredito que nem nos dela. Estou preocupado com o futuro e não
com o passado. Os momentos mais marcantes para mim foram os aplausos e
gritos que eu recebia das pessoas a cada virada de música na discotecagem.
Foi também a festa que fizemos em parceria com a gravadora Sum Records
que trouxemos Ian McCulloch (veja
as fotos desse evento) para brincar de discotecar. A festa de lançamento
do single "Jonathan David" do Belle & Sebastian também foi muito
boa, com mais de 700 pessoas na casa. A receptividade do público
comigo sempre me deixou muito feliz e confiante. As pessoas sempre me paravam
para me elogiar, para trocar idéias, conversar sobre música
e tal. Isso que me faz acreditar que posso ir adiante e buscar novos desafios.
Acho que dessa sociedade no dj club bar teatro (prefiro esse termo à
parceria), fica esses bons momentos e muitos outros. As dificuldades e
momentos infelizes que sempre passamos prefiro passar uma borracha em cima
e apagar, esquecer.
Mas foram
muitos os momentos infelizes?
Não,
não foram muitos. Foram muito mais momentos de felicidade do que
de infelicidade, pode ter certeza.
A primeira
diferença que percebi com a sua saída é que voltaram
os DJs convidados. Você era contra esse modelo de trabalho?
Isso é um ponto
delicado e que precisa ser bem analisado. Na minha opinião,
quando uma pessoa entra numa festa, paga para entrar e tudo
mais, o que ela mais quer é se divertir, beber e dançar.
Aquilo é uma espécie de terapia. Muitas pessoas
passam a semana inteira no trabalho e faculdade e quando vai
a uma festa, quer apenas se divertir, afinal, ela pagou etc.
Ela quer dançar aquelas músicas que ela gosta,
aquele som que ele conhece, ou às vezes em alguns casos
raros, descobrir um novo som, com bastante potencial e tudo
mais. Grande parte das pessoas não saem para uma festa
com a finalidade de descobrir novas bandas. A finalidade é
a diversão. E o DJ da festa precisa ter noção
disso, a função dele é entreter as pessoas
que saíram de casa para dançar e se divertir.
Não adianta o DJ tocar lados ‘b’ do Trail Of Dead, microfonias
intermináveis do Sonic Youth, uma choradeira do Galaxie
500 ou uma música obscura do Heaven 17. Não adianta
ele tocar aquele som que apenas ele e os amigos curtem e conhecem
e esquecer do resto das pessoas. O que acontecia os DJs convidados
era que muitos deles queriam entreter à si próprios
primeiro e depois se preocupava com o público. Não
acho legal isso. Veja bem, não estou radicalizando e
dizendo que numa discotecagem só pode predominar os hits.
Não é isso. Eu acho que temos sim que introduzir
novos hits na noite e tudo mais, como eu sempre fiz no sound.
Mas fazer isso com bom senso. Na boa, repito, muita gente não
curte sair pra dançar e ouvir músicas obscuras
do Pavement, do Sebadoh ou do Roxy Music. Uma discotecagem precisa
sim de hits. Uma discotecagem não é um programa
de rádio. Não dá somente para ‘informar’.
O DJ antes de tudo precisa entreter o público. E no sound
convidávamos inúmeros DJs convidados numa noite
e infelizmente a discotecagem saía do controle. Eu fui
perceber isso depois de mais de um ano e meio só dando
espaço para DJs convidados. Aí decidi assumir
a discotecagem e não chamar mais tantos DJs convidados.
Não estou falando que eles tocavam mal, não é
isso, acontece que muitos deles não tinham um compromisso
com as pessoas que pagaram pra entrar e queriam se divertir
e tal. Não sou contra DJs convidados, mas acho que eles
têm que ser muito bem selecionados. Eu mesmo vou trabalhar
com eles no meu novo projeto. Mas farei uma boa triagem antes
de convidar alguém.
Então
já há um novo projeto em vista?
SIM! Tenho muitos
projetos em mente! Quando voltar de viagem tenho vontade de começar
a mexer, a trabalhar com selos e gravadoras e criar uma revista, um espaço
para falar sobre música e cultura pop. Também quero aprender
a tocar instrumentos musicais. Acho que chegou a hora de ter minha banda.
E, claro, como já disse na questão anterior, tenho um novo
projeto noturno sim. Chama-se Plastic Fantastic. Gostou do nome? Pois é,
é um lance menor que o sound, menor que o dj club bar teatro, mas
que terei autonomia e controle total das coisas no projeto. Não
terei mais ‘sócios’. Esse novo lugar, o Plastic Fantastic, é
bem menor que o dj club bar teatro, não deve caber nem 1/3 de pessoas
que cabem no dj club bar teatro. Porém, acho que é tão
legal quanto. O retorno financeiro pode não ser tão bom quanto
o do dj club bar teatro, mas não viso apenas isso. Como já
disse, satisfação pessoal é muito importante pra mim.
Minha estréia na casa será em setembro. Aguardem mais detalhes
sobre o Plastic Fantastic muito em breve.
Nos últimos
Sounds você conseguiu incluir algumas bandas para se apresentarem
mais cedo, o que foi uma idéia genial. Há possibilidade disso
acontecer no Plastic Fantastic?
Pois é,
foi uma idéia genial, porém dava muito trabalho e pouco retorno.
Não estou desmerecendo as bandas, muito pelo contrário, acho
que fizeram grandes shows nesse último mês, que eles ajudaram
bastante o sound e o pessoal do selo Volume 1 também foi e continuará
sendo ótimo e competente. Mas o dj club bar não é
uma casa de shows e quando a casa não tem um espaço pra isso,
fica difícil. O Plastic Fantastic também não é
uma casa de shows. Teremos bandas no Plastic Fantastic todos os domingos,
a partir das 17h. Às quintas, sextas e sábados só
teremos som mecânico, apenas discotecagem mesmo. É melhor
separar as coisas quando a casa não tem um espaço físico
que beneficie shows.
Nada melhor
que perguntar para um responsável por festas qual as melhores festas
de São Paulo. Quais?
Aqui em São
Paulo gosto muitos das festas "Jack! House Of Style" que rolam no Lov.e
uma terça-feira por mês. Na discotecagem, como o nome da festa
já dá a dica, predomina a House Music. Mas é uma House
fina, swingada, cheia de grooves e sensualidade, e que eu adoro! O DJ residente
é o Marcão Morcerf e o som dele é a minha cara! Adoro
ele! No tocante a festas de rock, eu recomendo os bares Orbital, Matrix,
Brit-Bar e Junk Joint. Um festa que adoro bastante é o Début,
que rola todas às quintas no Rabo de Saia mas que em breve irá
'migrar' para o Plastic Fantastic. Os DJs são o Bispo e o Adriano
Costa, dois grandes amigos meus. O som é ótimo, uma mistura
total, mas ultimamente está rolando muito Electro, essa nova onda
Gigolôs e tal. Eu adoro! Recomendo muito o Début. Ah, e tem
também o Grind, a super-festa que sacode os domingos da A Loca.
Eu tenho um carinho especial por essa festa, pois freqüento lá
desde o começo do projeto e fiz muitos amigos e bafons por lá!
O querido DJ Pomba anima o povo com sua discotecagem pra lá de eclética,
colocando numa noite só coisas como Creed, Lê Tigre, Deee-Lite,
Offspring, George Michael, Placebo, New Order, Madonna, Marilyn Manson,
Charlatans e mais uma porrada de outras coisas! Se alguém quer se
jogar num puta festão divertido e enfiar o pé na jaca, corre
para os domingos na Loca! Ouvi dizer que em breve abrirá uma nova
casa noturna chamada Funhouse, localizada na Bela Vista. Pelo que ouvi
dizer por aí, os donos querem montar uma casa para o público
do sound e do matrix. Parece que o bravo selo Volume 1 estará promovendo
umas festas na Funhouse. Tudo que sei é isso... Enfim, boa sorte
ao pessoal da Funhouse, tomara que eles façam do lugar uma nova
opção de balada rock na cidade. A inauguração
será em agosto.
Muita gente
separa música em "para se ouvir em casa" e "para se ouvir na balada".
O que Márcio Custódio gosta mais de ouvir em casa e o qual
a receita para uma boa discotecagem.
Eu ouço
de tudo! Sou muito eclético. Em casa passo por momentos de "lazy-music"
como também às vezes começo a dançar no meio
da sala com um puta som dançante. Para descansar e esfriar a cabeça,
meu preferido é Chet Baker e jazz no geral. Trilhas sonoras instrumentais
também são ótimas (só para citar um exemplo
recente, não deixem de conferir a trilha sonora do filme de Amelie
Poulain, é uma linda trilha). E baladas, música calma
no geral. Música folk, soul e country. O disco "Harvest Moon” do
Neil Young é ótimo para ficar na cama ouvindo. Quando estou
no pique pra pular, meto um Manic Street Preachers no volume máximo
para tremer o bairro inteiro! Adoro ouvir no volume máximo coisas
como Orbital, Weezer, Underword, Pulp, Sweet, Stooges, Brassy, Lê
Tigre, Pixies e os próprios Manics, entre outros. Se quero incomodar
um vizinho e deixar ele tonto, eu coloco coisas como Aphex Twin, Cylob
ou Squarepusher, assim, num volume bem alto, sabe... hehehe... Agora a
receita para uma boa discotecagem é sem dúvida música
dançante. Sabe, música dançante? Não estou
falando das baladas do Radiohead, das pirações do Velvet
Underground, dos lamentos do Nick Cave ou dos riffs arrastados do Galaxie
500. Estou falando de música para dançar. Sabe a cena Madchester?
Sabe aquelas batidas? É perfeito! Um rock com bastante guitarra,
punch e com 'aquele' refrão também é ótimo!
O clima decadente e sensual do Technopop é uma dica para se descabelar
de tanto dançar. Ah, dá pra tocar muitas coisas para as pessoas
dançarem. Só acho que o DJ tem que ter noção
do que está fazendo. Ele tem que estar em sintonia com o público,
precisa sentir a vibe da pista naquele exato momento e ao mesmo tempo ter
controle no som. O DJ precisa do público para tocar e fazer sua
discotecagem. Não adianta chegar com um set pronto e executar aquilo
sem pensar como está a vibe na pista no momento do set. Assim como
uma pista cheia só continua cheia se o DJ entender ela. É
uma interação entre ambos.
Questão
de dois meses atrás você estreiou o seu blog. O que rola ali?
Pois é,
meu blog, Agenda Suicide,
está na UTI! (risos) Eu sou um cara que para escrever sobre música
eu preciso estar bem comigo mesmo. Não escrevo por dinheiro e sim
por amor à música. E se eu não estou legal, acho que
o texto não vai sair do jeito que eu quero. Por isso minha falta
de compromisso com alguns veículos. Meses atrás eu estreei
uma coluna semanal no site Velotrol,
chamada Eureka. Mas não foi pra frente justamente por que tinha
dias que eu não estava legal para escrever e não escrevia.
Aí os prazos sempre atrasavam e decidi parar com aquilo. Depois
engatei aqui no Scream Yell uma coluna quinzenal com o nome de Supercute
que também não foi pra frente, durou apenas duas edições.
Aí eu decidi ter meu próprio espaço e criei um blog
para publicar as coisas que eu queria na hora que eu queria, sem ter uma
periodicidade definida. Acontece que nessas últimas semanas eu estive
tão ocupado com outras coisas e também tão sem espírito
para escrever que o blog ta meio abandonado. Também fiz umas cagadas
na parte técnica do blog (na edição html), que acabei
deformando o blog e não sei mais como faço para arrumar,
é sério (risos). Mas em breve darei um jeito, fiquem tranqüilos.
Ali eu escrevo basicamente sobre música mesmo e cultura no geral.
Você
está envolvido com música há bastante tempo, certo.
Como você vê o cenário atual da música pop, tanto
nacional quanto interncional.
Cara, eu acho
que atualmente o cenário musical no mundo todo está ótimo!
Melhorou de dois anos pra cá. No tocante ao cenário internacional,
acho muito legal essa nova explosão do rock americano. E também
do rock inglês, por que não? Adoro bandas como Libetines,
Yeah Yeah Yeahs, Strokes, White Stripes, Idlewild, Coldplay, Travis, BRMC,
Badly Drawn Boy, Starsailor, The Hives, Detroit Cobras, Bellrays, Miss
Black America, The Vines, Ikara Colt, Mull Historical Society, The Bees,
Clinic, Doves e uma porrada de outras bandas. Mas eu ouço de tudo,
não só novidades. Ouço música de todos os estilos,
de todas as épocas e de todos os lugares. Tenho escutado muito Zombies,
Dot Allison, Clinic, Eurythmics, Zero 7, Morcheeba, Doves, Vincent Gallo,
Low, Pet Shop Boys, Style Council, Weezer, Beach Boys, Miss Kittin, Moby,
Jorge Ben, Lush, Cosmic Rough Riders, Leonard Cohen, Lambchop, Leftfield,
Fosca, Spiritualized, Gonzales, Ash, Eminem, Gerson King Combo, Fischerspooner,
The Music, Dexys Midnight Runners, Genghis Khan, Bjork, Lady Zu, Giorgio
Moroder, Human League, Saint German, Propaganda, Deodato, Marcos Valle,
Baxendale, Yazoo, Mono, Cornershop, Magnetic Fields, Clientele, Bertrand
Burgalat e muuuuitos outros. Não dá pra falar de tudo, curto
muita coisa. Outra banda que também tenho escutado muito ultimamente
é a minha banda preferia, o Suede, que deve lançar álbum
novo em breve. Eu baixei o novo disco inteiro no Soulseek (pra quem não
conhece, uma nova opção de trocas de músicas via internet)
e não paro de ouvir. É maravilhoso! Amo muito essa banda.
Quanto ao cenário nacional, acho tudo que está nas rádios
e na programação normal da MTV muito chato e ruim. Gosto
de bandas independentes. E tem bastante coisa boa por aí. Gosto
do Zé Maria (ES), Casino (RJ), Concept (SP), Belleatec (PR), Objeto
Amarelo (SP), Arthur Franquini (SP), Les Sucettes (SP), Starfish (SP),
Monokini (SP), Momento 68 (SP), Pullovers (SP), Kronk (SP), Multisofa (MG),
Post (SP), Textículos de Mary (Nordeste) – essas bichas fofas nem
mais independentes são, né? Hehehe... esses dias eu liguei
a MTV e lá estavam eles, um clip muito bacana. O som deles é
legal - e Vídeo Hits. Esse último já acabou,
infelizmente. Eu amava o som deles e ainda amo. O cd “Registro Sonoro Oficial”
está entre meus preferidos de todos os tempos. Enfim, é muita
musica, é muita informação e eu mesmo não consigo
dar conta de tudo que tenho pra ouvir, mesmo ouvindo músicas quase
8 horas por dia. Fica aí essas dicas. Provavelmente esqueci de alguém,
mas desencana....
Para fechar,
uma perguntinha fácil: o que é música para você?
Cara, música
pra mim é tudo. Em cada situação da minha vida, eu
preciso de uma trilha sonora. Seja para dormir, para dançar, para
ler, para trepar, para dirigir... para tudo, música pra mim é
essencial. Amo música e quero sempre trabalhar com isso. Música
pra mim é a minha vida. |