O Império
do Besteirol Contra-Ataca
por Marcelo
Silva Costa
Kevim
Smith é um cara legal. Criou dois heróis que, com certeza,
devem se parecer com alguém que você conheça, e os
envolveu em uma seqüência de filmes que toca o genial em alguns
momentos ("O Balconista" - "Procura-Se Amy"), posa de dispensável
em outros ("Barrados no Shopping") quando não fica no meio termo
("Dogma").
Seu novo filme, "Jay and Silent Bob
Strike Back", com o nome ridiculo de "O Império (do Besteirol) Contra-ataca"
no Brasil, tem momentos legais, algumas passagens antológicas, mas
no todo é mediano.
O primeiro defeito (virtude para os
fãs) é que "Jay and Silent Bob Strike Back" deverá
agradar apenas a quem assistiu os outros quatro filmes de Smith, porque
a auto-referência move o filme. Assim, desde o começo quando
a dupla Jay (Jason Mewes) e Silent Bob (o próprio Smith) é
deixada, em carrinhos de bebê, a frente da loja de conveniências
Quick Stop, estamos de volta a 1994, ao genial "O Balconista". Mais para
frente encontraremos Holden (Ben Affeck) e Banky (Jason Lee), os quadrinhistas
de "Procura-Se Amy". Ao final, ainda, temos uma ponta de Alanis Morissette
relembrando seu personagem em "Dogma" (o todo poderoso, ou melhor, a toda
poderosa).
Dessa forma, recorrendo as seus filmes
anteriores, Smith tira dos novos espectadores muitas das grandes piadas
do filme deixando apenas escatólogia, peidos e fucks (são
228 durante o filme) como segundo defeito.
Porém, se você é
um entendido do universo Smith, a diversão é total. A história
é simples. Jay e Silent Bob são proibidos de ficar perto
da Quick Stop, pela policia, e na procura para outro lugar para traficar
e passar o tempo, descobrem que os personagens de histórias em quadrinhos
inspirados neles (em "Procura-Se Amy") serão levados para o cinema.
Porém, ao descobrirem que não receberão nenhum tostão
pela realização do filme, a dupla resolve ir até Hollywood
para sabotar a realização das filmagens. E quer saber quem
foi escalado para interpretar os dois no cinema: James Van Der Beek (sim,
Dawson Leery!) e Jason Biggs (o "comedor" de tortas de "American Pie").
Hilário.
Outras boas sacadas escorrem pelo
nariz, aqui e ali. O título original é uma citação
de "Guerra Nas Estrelas". Além, Carrie Fisher e Mark Hamill, que
interpretaram, respectivamente, a Princesa Léia e Luke Skywalker
na trilogia original participam do filme, sendo que Silent Bob encara uma
luta de sabre da luz contra Luke Skywalker a certa altura.
Smith não tem nenhuma segunda
intenção com "Jay and Silent Bob Strike Back", ao contrário
de "Procura-Se Amy" (que discutia relacionamentos) e "Dogma" ("religião").
Aqui ele só quer fazer rir. O problema é que muita gente
não vai entender as piadas. A dica. Assista aos outros quatro antes
(todos existem em vídeo e apenas "O Balconista" não ganhou
edição nacional em DVD) desse. A diversão será
maior.
E se os católicos torceram
os crucifixos para Smith em "Dogma",
agora são os gays que estão perplexos com algumas piadas
de "Jay and Silent Bob Strike Back". A GLAAD (Aliança de Gays e
Lésbicas Contra Difamação) julgou o filme de Smith
como uma grande piada sobre gays. Tolice.
Porém, se não traz segundas
intenções e nem é um ataque contra alguém,
"Jay and Silent Bob Strike Back" também não traz um bom roteiro
como em "O Balconista". Mas teve muito mais dinheiro a disposição.
Em sua estréia, Kevim Smith gastou US$ 27 mil. Agora, quase cem
vezes mais: US$ 22 milhões. Porém, se antes faltava dinheiro,
sobrava inspiração. Mas nada que desmereça a pelicula.
Vá sabendo que se "O Império do besteirol contra-ataca",
as armas são piadinhas infâmes. E você deve rir, ok.
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