Kate and Leopold
por Marcelo Silva Costa

Leopold é um duque do século 19 que já passou dos 30 e está sendo forçado pelo tio a se casar por dinheiro. Kate, uma executiva do século 21 que perdeu quatro anos em um relacionamento ruim e acredita que amor e papai noel são semelhantes, ou seja, não existem. Dois séculos de diferença nada são perto da grandeza do amor, ok? Mais ou menos. 

Leopold é Hugh Jackman, mas poderia ser qualquer outro bonitão da hora, já que o filme foi feito sob medida para Meg Ryan (Kate) protagonizar mais uma de suas comédias românticas. O roteiro é até bonitinho. Stuart (Liev Schreiber), um ex-namorado de Kate, descobre um portal que o leva para 1867 (será que eu anotei o ano corretamente?). Na sua primeira viagem, Stuart é perseguido por Leopold até que ambos atravessam o portal e caem na Nova York de 2001.  Daí, a ele encontrar-se com Kate e se apaixonar são alguns intantes que podem ser simbolizados pelo tempo em que uma torrada queima em uma torradeira. E é isso. 

Claro, não é só isso. É Meg Ryan encarnando a pobre mocinha linda a procura do homem perfeito (estranho, mas sempre me disseram que mulheres bonitas já nascem com namorado), ou seja, a mesma coisa de sempre, ok? Não, é um pouquinho pior. Alguns diálogos são legais, algumas cenas são hilárias (principalmente as de Leopold tentando ser um cavalheiro em plena Nova York 2001), mas "Kate & Leopold" perde feio para outros filmes de Meg, como "Sintonia de Amor" e "Harry e Sally". 

Se levarmos em conta, ainda, que o amor realmente não existe (você venceu Priscilla), "Kate & Leopold" surge ainda mais deslocado no tempo e talvez, por isso, tenha sido um enorme fiasco de bilheteria nos Estados Unidos. O amor. É interessante observar que esse sentimento tão caro (raro) a nós, já começa a ser procurado não apenas no presente. Quem sabe a pessoa que você ame não esteja vivendo em uma dimensão paralela, ali pelos idos de 1735. 

É importante lembrar que o sonho da máquina do tempo, como pano de fundo, é muito melhor abordado do que no filme homônino deste ano. É o amor vencendo, ao menos, os efeitos especiais. Isso tudo não quer dizer que o filme seja ruim. É até bonitinho de se ver, como são os contos de fada. Está tudo ali, certinho, com um final previsivelmente feliz. O problema é que eu não vi nenhum aviso de "não tente fazer isso em casa, é perigoso". Se você acreditar no roteiro e quebrar a cara, é só procurar um advogado é processar a Miramax por manipulação de sonhos. A vitória será certa. No mais, ao menos uma ligação cool "Kate & Leopold" permite. Assim como no mediano último filme de Cameron Crowe, "Vanilla Sky", aqui, é preciso pular no espaço para o encontro definitivo. 

Bem, no fim das contas, "Kate & Leopold" é bonitinho e até vale uma ida ao cinema, desde que você queira filminhos simples. Eu, se fosse você, alugava o DVD de "Harry e Sally". Só o especial de 1 hora que vem de extra contando da produção do filme já vale pelas três últimas bobagens que Meg andou fazendo. E pelas três prôximas que ela ainda vai fazer.