'A Mexicana'

por Marcelo Costa
27/08/2001

Existem várias maneiras de se encarar um filme cujo cartaz traz Julia Roberts e Brad Pitt. A mais direta é imaginar que o casal inspira dúzias de comédias românticas. As outras já são exigir demais da dupla. É mais ou menos a opção direta que o diretor Gore Verbinski seguiu nesse A Mexicana. Mais ou menos.

A Mexicana (The Mexican EUA 2001) é apenas um filme divertido. É quase perfeito para se assistir na sessão da tarde. Quase. Na verdade, é estranho. Soa estranho quase que todo o tempo. Alguns excelentes diálogos perdem-se aqui e ali, mas os sinais de trânsito vão mudando de vermelho para amarelo e depois para verde e o filme também melhora.

O que mais soa estranho em A Mexicana, na verdade, é que ele parece uma cópia sem vergonha de Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes, filmaço de Guy Ritchie. Lembra A Balada do Pistoleiro também, mas só um pouquinho. Soa estranho ainda mais porque o roteiro de A Mexicana ficou passando de mesa em mesa em Hollywood durante dez anos, até cair nas mãos de Brad Pitt e esse encarar o projeto, trazendo consigo logo depois Julia Roberts.

Algumas situações entre os A Mexicana e Canos Fumegantes são extremamente parecidas, não só o fato do gancho de ambas as histórias estarem em uma arma. Se seu roteiro tivesse sido feito depois, com certeza seria chamado de cópia cara de pau. Mas essa ingrata "coincidência" rende charme ao filme.

A história: Brad Pitt é Jerry, um cara que se meteu na bandidagem e não consegue mais sair, mesmo com os constantes pedidos de sua namorada, Samantha. Julia Roberts é Samantha, uma mulher que sonha tentar a sorte em Las Vegas. Jerry tem um último serviço a fazer para seu patrão, mas Samantha irá largar tudo se ele for. Ele vai, claro, afinal, é melhor ir e tentar resolver tudo na volta do que ser um amante morto, certo.

O serviçinho de Jerry é moleza. Apenas uma viagem ao México, onde nosso amigo irá resgatar uma valiosa arma antiga. O grande senão é que essa arma antiga traz consigo uma grande maldição e a vida de Jerry irá virar uma bagunça. A de Samantha já virou, afinal, se Jerry sumir com a arma, ela morre. E é isso. Só isso?

Não, não é só isso. O carisma dos dois ilumina a tela. Impossível não prestar atenção em Julia, se você for homem. Brad Pitt é irresistível para as mulheres (se você for gay, adapte-se a opção preferida). Entre os dois, uma historiazinha romântica terrivelmente cafona, mas divertida. Uma história que conta, ainda, com a brilhante participação de James Gandolfini como Leroy, o bandido que seqüestra e fica amigo de Samantha. Seus trechos são impagáveis.

A principal qualidade de A Mexicana é soar totalmente despretensioso, qualidade que anda faltando muito em Hollywood. E, antes de ir, responda-me duas coisas, caro leitor:

1) O que você esperaria de um filme com Julia Roberts e Brad Pitt?
2) Se um casal que se ama, não consegue parar de brigar, quando é a hora certa para terminar tudo?

Existem várias maneiras de se encarar um filme cujo cartaz traz Julia Roberts e Brad Pitt. Escolha a sua.