13º
Andar
por
Alexandre Petillo
Penso, logo existo. A frase de Descartes
inicia, assim como essas mal traçadas, o filme "13º andar"
(The Thirteenth Floor
- EUA 1999), que deve estar empoeirando
em algum lugar na vídeo-locadora que você freqüenta.
"13º andar", o filme, passou rápido pelos cinemas brasileiros
e saiu recentemente em vídeo, sem qualquer alarde, o que é
um erro, pois trata-se de um dos melhores filmes do ano passado e merecer
ser visto por muita gente. Originado do clássico da literatura cyberpunk
"Simulacron 3", de Daniel Galavye, o filme – tal qual o livro – é
um primor de qualidade narrativa, envolvendo o espectador numa trama complexa,
instigante e inesperada.
Desde que o mundo é mundo,
de Adão a Kevin Smith, passando por Descartes, todos se param ante
à suprema inteligência e questionam o por que da nossa existência,
e para onde vamos. Se apenas existe essa realidade, se outros povos habitam
outras galáxias, se existem dimensões paralelas, esses e
outros mistérios do inexplicável têm encontrado respostas
– fictícias, certo – nos roteiros espertos de Hollywood. "13º
andar" como "Matrix" têm como base de seu enredo questionar qual
é o mundo real e qual é o virtual. Será que a nossa
realidade é a verdadeira, a única? Ou seremos todos simulacros
de vida que abastecem andróides monstruosos ou os prazeres de homens
do futuro? "13º andar" foi feito antes de "Matrix", mas cometeu o
erro de ser lançado depois, o que pode fazer com que alguns taxem
o filme de cópia.
Mas "13º andar" vai muito além
de "Matrix". É muito mais inventivo e muito mais cinema. Utiliza
um roteiro bem melhor acabado, trabalhando bem a dúvida em
saber qual é a verdadeira realidade, surpreendendo a cada instante,
causando um desconforto no espectador, se este se der ao trabalho de parar
para pensar nas circunstâncias por uns momentos.
Se o fato de pensarmos nos garante
a certeza de existência, teremos que abrir mais espaços para
outros seres pensantes feitos de chips e bytes, que são despejado
no mundo à preços módicos e aceitamos financiamento.
O que vale, para
o momento, é que enquanto
as respostas não são encontradas pelos homens da ciência,
pelo menos os homens do cinema têm nos garantido filmes inspirados
e boas doses de entretenimento.
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