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O Google Maps de Bob Dylan

Para festejar os 72 anos de Bob, em 2013, o site Slate montou um mapa interativo com referências a trechos de dezenas de músicas de Dylan. O resultado você confere aqui. Dica boa do Dylanesco!

junho 2, 2018   No Comments

Dylan com Café, dia 14: Planet Waves

Bob Dylan com café, dia 14: após um período de incertezas e altos e baixos que marcou o final dos anos 60 e começo dos 70, Bob Dylan se junta a agora denominada The Band (os Hawks, a banda que o acompanhou na complicada turnê de 1966 e nas Basement Tapes, e com quem Dylan não tocava desde o Festival da Ilha de Wight, quatro anos antes) e começa uma nova fase de maneira inspirada. A ideia inicial era voltar à estrada para uma grande turnê, a primeira de Dylan em oito anos. “Estávamos ensaiando para essa turnê e as coisas estavam muito agitadas. Entramos no estúdio e gravamos o álbum. Já havíamos tocado juntos por tanto tempo que não acho que tenha ocorrido a nenhum de nós que era a primeira vez que gravamos um álbum como Bob Dylan & The Band”, ele conta. Bob estava trocando Woodstock por Malibu, e esse ar de mudança também permeia “Planet Waves”, o grande disco que ele lançou em janeiro de 1974.

Dylan exorciza fantasmas da juventude em “Something There Is About You” e tenta compor uma canção pensando em um dos seus filhos “sem querer soar sentimental demais”. O resultado: “Forever Young”. Bob conta mais: “Os versos vieram a mim e verteram-se num minuto. Não pretendia escrevê-la – eu estava em busca de outra coisa, a canção escreveu a si mesma”. Interessante pensar que “Forever Young” nasceu em Tucson, a mesma cidade em que Bob sentirá a presença de Jesus em um quarto de hotel alguns anos depois – fato que o levará a se converter ao cristianismo evangélico. Para Allen Ginsberg, “Forever Young” deveria ser cantada por todas as crianças, todas as manhãs, na escola. Roddy Woomble, do Idlewild, diz a mesma coisa, mas de forma direta: “É o Hino Nacional de Dylan”. O Pretenders gravou uma bela versão e a tocou nos shows recentes no Brasil. A versão de Pete Seeger (acima) é de chorar. Clássico.

https://www.youtube.com/watch?v=2YL_z2rFWYU

Especial Bob Dylan com Café

março 5, 2018   No Comments

Dylan com Café, dia 6: Highway 61

Bob Dylan com café (defumado) da tarde, dia 6: a revolução havia sido iniciada com “Bringing It All Back Home” (o café de ontem), e não havia mais como parar ou voltar atrás. Dylan estava decidido, mas a primeira tentativa de gravar o novo disco com uma banda eletrificada (formada por Eric Clapton e outros Bluesbreakers) não deu muito certo, tendendo mais ao blues do que ao rock que Bob procurava. Ele então chamou o guitarrista Michael Bloomfield, da Butterfield Blues Band, para tocar a guitarra solo em sua próxima sessão. O guitarrista Al Kooper acabou se esgueirando para o teclados no meio da sessão, e assim nascia, meio que sem querer, o riff clássico da canção que sepultaria o Dylan da primeira fase e bateria no número 2 do ranking de singles da Billboard no verão de 1965: “Like a Rolling Stone”.

“Highway 61 Revisited”, lançado em agosto de 1965, foi gravado em meio a tempestade da apresentação elétrica de Dylan no Newport Folk Festival, e reflete o clima do momento. Segundo Dylan, o embrião de “Like a Rolling Stone” foi o riff da canção “La Bamba”, que por sua vez é baseada numa música tradicional de salão mexicana. A primeira tomada teve soou como uma valsa, mas a banda conseguiu evoluir o arranjo, e se encontrar dentro desta obra prima de Bob. Segundo resumiu um dos biógrafos de Dylan, “Like a Rolling Stone” é um “amálgama caótico de blues, impressionismo, alegoria e franqueza intensa”. Mas “Highway 61 Revisited” não se resume apenas a “Like a Rolling Stone”, ainda que ela tenha sido um single de sucesso e impulsionado o álbum e a carreira de Bob.

“Tombstone Blues”, amparada pelo riff de guitarra blues de Michael Bloomfield, é um desfile absurdo da América da época com o criminoso Belle Starr, a sedutora Dalila, Jack, o Estripador (representado como um empresário de sucesso), o evangelista João Batista (descrito como torturador) e a cantora de blues Ma Rainey, a quem Dylan humoristicamente sugere compartilhar um saco de dormir com Beethoven. Há mais: da assustadora, crítica e incrível “Ballad of a Thin Man” passando pelo seis versos e nenhum refrão de “Just Like Tom Thumb’s Blues” e chegando a “Desolation Row”, um épico ao mesmo tempo belo e grotesco que une Einstein e Nero, Noé a Caim e Abel, as figuras shakespearianas de Ofélia e Romeu, além de TS Eliot e Ezra Pound. A Melody Maker descreveu: “Highway 61 Revisited” é um álbum incompreensível e, também, um absoluto nocaute.

Especial Bob Dylan com Café

 

fevereiro 25, 2018   No Comments

A música de protesto se encontra com Rimbaud

“A Hard Rain’s A-Gonna Fall”. A música de protesto se encontra com Rimbaud. As imagens poéticas transformam o terror pessoal em apocalipse. Como Dylan disse na época, “não é chuva atômica… eu me referi a algum tipo de fim que simplesmente vai acontecer”. Depois se recordaria: “Eu a compus durante a crise dos misseis cubanos. Estava na Bleecker Street, em Nova York. As pessoas se sentavam e indagavam se aquele seria o fim, e eu pensei na mesma coisa. É uma música de desespero. Pensava se seria possível controlar os homens a ponto de nos riscarem do mapa. Os versos vieram rápido, muito rápido. É uma canção de terror. Verso após verso tento capturar a sensação de vazio”. A música – e a estrutura básica – foi tirada da canção tradicional “Lord Randall”, em estilo pergunta e resposta entre um jovem e sua mãe, que revela gradualmente que ele está morrendo por envenenamento. A genialidade de Dylan a transformou em um pesadelo contemporâneo. Tanto Leonard Cohen quanto Joni Mitchell afirmaram que ouvi-la despertou neles o desejo de se tornarem compositores. Dylan afirmou que “cada verso é na verdade o início da música. Mas quando a escrevi acreditava que não viveria tempo bastante para escrever muito mais, então coloquei tudo o que pude nela”.

Trecho do livro “Bob Dylan: Gravações Comentadas & Discografia Completa”, de Brian Hinton

fevereiro 22, 2018   No Comments