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Category — Europa 2008

“I Love You, Spain”

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Eu estava no segundo degrau, descendo a escada do aviao, quando uma menina atras de mim (provavelmente escocesa), soltou a frase que dah titulo ao post. Pousamos em Barcelona as 19h45 (14h45 no Brasil) e o sol estava a pino com os termometros do aeroporto marcando 28 graus. Oito horas da noite!!!!!! Bem, o clima eh outro, nao tem como nao falar. Marajei meus olhos soh de entrar na cidade.

Alias, tenho falado pouco das cidades, nao? Bem, me apaixonei por Leuven, na Belgica, mas muito mais pela calma e pelo seu jeito de presepio do que por qualquer outra coisa. Nao eh uma cidade baladeira, mas eu tambem ja passei da fase baladeira. Agora quero sair para passear com o cachorro empurrando o carrinho de bebe com a Julia e a Ana. Outros tempos, outros tempos.

Bruxelas me encantou, mas preciso explorar mais a cidade. Berlim foi um caso de amor e odio. Tem coisas excelentes (como beber cerveja no onibus, na rua, no banheiro, no banco – risos), mas a memoria da guerra me incomodou. E para viver numa cidade igual a Sao Paulo, fico em Sao Paulo. Mesmo assim, senti saudade de Berlim quando estava em Glasgow, uma cidade mais… caipira (nao sei se essa eh a definicao correta).

Glasgow (e a Escocia), definitivamente, nao me conquistou. Se eu nao tivesse passado pela parte antiga da cidade, entao, provavelmente a teria achado a coisa mais normal do mundo, mas valeu ter estado la. Fiquei cinco horas em Bournemouth, e foi interessante. O onibus que vai ao aeroporto fez um trajeto de tour para se conhecer a cidade (praia, igrejas, monumentos), mas mesmo com o sol estava um friozinho.

Ja Barcelona… assim que voce entra na cidade, vindo de qualquer um dos dois aeroportos, entra numa autovia linda, quase subterranea. Quando voce sobe para a cidade, ve os cabos e andaimes na Sagrada Familia, do lado direito, e ja sabe que esta realmente na cidade de Gaudi. Fiz um pequeno trajeto de metro (comprei o ticket para tres dias) e cheguei ao albergue, que fica a 100 metros da Casa Milá. Depois de um banho fui tomar um sorvete aos pes do predio… foda. Estou indo ver a Sagrada Familia. Volto com fotos e historias!

julho 15, 2008   No Comments

Direto de Bournemouth

Acordei as cinco nesta segunda-feira para partir em direcao a Barcelona, na Espanha. Para economizar, estou fazendo dois trechos de Ryanair: o primeiro de Glasgow para Bournemouth, o segundo de Bournemouth para Barcelona (na verdade, Girona, cidade que abriga o segundo aerporto que serve a regiao). Bournemouth fica na Inglaterra, a cerca de 170 quilômetros a sudoeste de Londres, no litoral sul do país. Eh uma cidade famosa por receber varios turistas e estudantes dispostos a aprender ingles nas escolas para estrangeiros.

Um paranteses: eu nao entendia patavina do que os escoceses falavam. Nada! Nada mesmo. Se nao fosse a Ju e a Renata, provavelmente eu teria me comunicado no gesto toda a minha passagem por Glasgow. Eles falam um ingles dificilimo de se entender, e nem fazem questao mesmo de serem entendidos. Para pedir cerveja, soh pra voce ter uma ideia, eu pagava sempre com notas e 5 libras ou 10, pois nunca entendia qual era o valor certo. Eh serio (e eh engracado, vai). Notei a diferenca chegando em Bournemouth, cujo senhor da informacao turistica falou tao pausadamente as frases que mesmo que eu nao soubesse ingles teria entendido.

Meu primeiro voo chegou as 10 da manha. O outro sai as 16h (12h no Brasil). Vim passear pela cidade, atualizar o blog, e encarar mais um fish and chips. E entao me lembrei que Bournemouth fica no condado de Dorset, local que deu ao mundo a senhorita PJ Harvey. Estou em terra abencoada, caros amigos. Soh nao fico mais aqui pois tenho um encontro marcado com Gaudi e, mui provavelmente, Tom Waits, nos proximos dois dias. Mas PJ, agora que eu sei de onde voce eh, me aguarde, me aguarde… (risos)

Tops da viagem

Shows

1- Radiohead (Berlim)
2- R.E.M. (T In The Park)
3- Pogues (T In The Park)
4- Sigur Ros (Werchter)
5- Neil Young (Werchter)
6- The National (Werchter)
7- Grinderman (Werchter)
8- Vampire Weekend (Werchter)
9- The Hives (Werchter)
10- The Verve, Ben Folds e Gossip (Werchter), British Sea Power (T In The Park)

Cervejas

1- Duvel (Bélgica)
2- Leffe Black (Bélgica)
3- Mahou (Espanha)
4- Kostriker (Alemanha)
5- Orval (Bélgica)

julho 14, 2008   No Comments

T In The Park, Sunday

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Texto e fotos: Marcelo Costa

Nada como uma boa noite de sono para se recuperar para mais um dia de festival, não é mesmo. O problema é que boas noites de sono andam em falta por aqui, então o jeito é descansar vendo shows sem fazer do festival uma grande maratona. Foi pensando nisso que optei por praticamente passar o dia na tenda King Tut’s ao invés de ficar pulando de um palco para o outro. Meus joelhos agradeceram. Na verdade, o plano era começar na tenda Pet Sounds vendo o Brian Jonestown Massacre e só então partir para a Kings, mas parece que a turma de Anton Newcombe não deu as caras.

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Direto para a King Tut’s então. Deu tempo de pegar a meia hora de show do Delays, e eles não tocaram “You and Me”,  minha preferida. Show morno, sem surpresas. A tenda esvaziou e aproveitei para tirar um cochilo em um dos cantos. Quando acordei, o local já estava abarrotado para prestigiar a sensação do momento, a dupla The Ting Tings. Com o público predominantemente adolescente, a dupla fez um show correto, cantado por todos, mas que não apresenta nada de novo. Diversão para quem não quer se preocupar com outra coisa. O British Sea Power veio na sequência para mostrar que dentro de uma guitar band também bate um coração. A coisa toda ficou bonita com o acréscimo de um violino.

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O Vampire Weekend subiu ao palco para fazer aquele que seria o último show da turnê de divulgação de seu álbum de estreia, homônimo. O show foi um repeteco do apresentado no Werchter, uma semana antes, com a diferença de que o vocalista Ezra estava mais falante e animado na Escócia. O público embarcou na fórmula Talking Heads + Paul Simon e a banda saiu (assim como na Bélgica) com a honraria de ter feito um dos grandes shows do festival. Se você esbarrar com eles por ai, não perca o show, não perca.

Mr. Ian McCulloch trouxe consigo o Echo and The Bunnymen e abriu a tarde com três hits: “Rescue”, “Seven Seas” e “Bring on The Dancing Horses”. Na sequência, uma roqueira música inédita (“I Think I Need It Too”) e, então, era uma vez a voz de Ian: “Nothing Lasts Forever” soou tão capenga que só merece a citação pois, no final, o vocalista cantou “Walk on The Wild Side” inteirinha dentro da canção, e o público aprovou. Quando soaram os acordes de “The Killing Moon” eu já partia para o Main Stage.

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Com uma bandeira do Brasil tremulando frente ao palco, Amy Winehouse exibiu seu drama pessoal para o festival. Visivelmente bêbada, entornando copos e copos de sabe-se-lá-o-que, tropeçando no salto alto, e muito mais, a moça que um dia cantou que não iria mais voltar pra clinica de reabilitação é apenas uma pálida amostra do que já foi um dia. Ela desafina horrores, sai do tom, entra errado nos versos e não consegue tirar nem a blusa sozinha. Pena. Porém, a história da música pop esta cheia de exemplos de pessoas que sacudiram a poeira e deram a volta por cima. É torcer por ela.

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Antes da grande atração da noite tive que suportar mais 1h45 de Kings of Leon. Quero avisar que já paguei todos os meus pecados, ok. Dois shows inteiros do Kings of Leon é para deixar o capeta feliz da vida. O que impressiona é como a banda tem um público fiel, que canta as canções, faz air guitar na hora dos solos e parece se divertir com a bundamolice roqueira do quarteto. Paciência.

O que não fazemos para vermos uma banda que admiramos bem de perto, não é mesmo. E o R.E.M. fez valer a pena, melhorando ainda mais a excelente apresentação que a banda havia feito no Werchter. Um showzão para ninguém botar defeito e um encerramento com chave de ouro para um dos maiores festivais da Europa, que terminou, de verdade, com um gaitista de fole tocando o hino escocês e queima de fogos.

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Dois festivais nas costas, qual deles é o melhor? Prefiro o Werchter, na Bélgica. Bem mais organizado, mais limpo, com um line-up excelente e sem a quantidade de palcos que detona as pernas da galera no T In The Park. E muuuuuito, mas muuuuito mais barato mesmo. É bem provavel que, no futuro, eu não vá a nenhum dos dois, e opte por bater cartão em Benicassim, na Espanha, ou no Rock en Seine, na Franca. É preciso pernas, condição fisica e muuuuito pique para encarar os grandes festivais europeus, mas não vou dizer “dessa cerveja não beberei”, ok.

Fotos: http://www.flickr.com/photos/maccosta

Ps. Abaixo, o set list dos dois shows do R.E.M. que vi.

Rock Werchter, Belgica

1. Orange Crush
2. Living Well Is the Best Revenge
3. What’s the Frequency, Kenneth?
4. Ignoreland
5. Drive
6. Man-Sized Wreath
7. Imitation Of Life
8. Hollow Man
9. Walk Unafraid
10. Houston
11. Electrolite
12. The One I Love
13. Begin The Begin
14. Fall On Me
15. Let Me In
16. Horse To Water
17. Bad Day
18. I’m Gonna DJ

Bis
19. Losing My Religion
20. Supernatural Superserious
21. Driver 8
22. Pretty Persuasion
23. Man On The Moon

T In The Park, Escocia

1. Living Well Is the Best Revenge
2. These Days
3. What’s the Frequency, Kenneth?
4. Begin The Begin
5. Man-Sized Wreath
6. Drive
7. Ignoreland
8. Hollow Man
9. Imitation Of Life
10. Electrolite
11. The One I Love
12. Losing My Religion
13. Fall On Me
14. Let Me In
15. Bad Day
16. Horse To Water
17. Orange Crush
18. I’m Gonna DJ

Bis
19. Supernatural Superserious
20. It’s The End Of The World As We Know It (And I Feel Fine)
21. Man On The Moon

Leia também:
– Saiba como foi o sábado do T In The Park 2008 (aqui)

julho 14, 2008   No Comments

T In The Park 2008, Saturday

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Texto e fotos: Marcelo Costa

O T In The Park, maior e mais badalado festival da Escócia começou na sexta-feira, com Verve, Stereophonics, Feeder, Futureheads, Wombats e Chemical Brothers, mas devido ao alto preço dos ingressos (em libras), compramos os tickets apenas do fim de semana. E dá-lhe gastos em pounds: o ônibus ida-e-volta de Glasgow para o festival (1h30 de viagem) custa 22 libras (mais de R$ 70), a programação com o horário de cada show sai por 8 libras (quase R$ 30) e o festival ainda destaca milhares de oportunidades para você gastar o seu rico e suado dinheirinho.

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O T In The Park até parece um shopping center tamanho o número de lojas. Tem de tudo: as comidas mais variadas (e servidas de forma tosca, claro), energéticos especiais apenas para maiores de 18 anos, massagem, cabelereiro, lojas de roupas e… roda gigante, bungee jump, trem fantasma e carrinho de bate-bate. Ou seja, o festival não é um shopping, mas sim um circo. Boa parte do público marca presença não por causa desta ou daquela banda, e sim pelo fato de que o lance é estar aqui, independente das atrações.

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Quanto as atrações, elas são divididas em oito palcos, sendo três tendas de música eletrônica, uma tenda para bandas novas, dois palcos maiores (Main Stage e NME Radio 1 Stage) e duas outras tendas bacanas. O certo seria escolher uma ou duas tendas próximas, ficar se revezando entre elas e esquecer o mundo, mas quem diz que a gente consegue. Haja perna, pois as caminhadas são beeeem longas, mas costumam valer a pena.

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Cada um fez sua programação pessoal, e saímos na batalha. Começamos com os belgas do dEUS, que tinham fechado o Werchter, na semana passada, e aqui praticamente abriam a tenda NME Radio 1. Bom show, ao menos as quatro músicas que vimos. Passamos pelo Main Stage para olhar a Kate Nash. O microfone estava dentro de uma armação em forma de ostra, e apesar da Kate ser toda fofinha, o show não embalou. Duas músicas depois e já estávamos no palco das bandas novas, o Futures Stage, vendo os ingleses do The Metros. Eles têm muuuito o que caminhar ainda, mas valeram as três músicas que vimos.

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 O festival realmente começou, com cerveja voando pro alto e a galera cantando junto, quanto o The Subways entrou no NME Radio 1. Fazia um tempo que a banda não pisava na Escócia, e a saudade foi compensada com uma apresentação vibrante, que até compensa a falta de qualidade da banda em estúdio.

O primeiro grande show do dia aconteceu na tenda King Tut’s Wah Wah. Jogando em casa, os escoceses do Sons and Daughters, responsáveis por um dos grandes discos de 2008 (”This Gift”), só tinham 40 minutos (dos quais usaram 36 apenas), mas mandaram bem focando nas canções mais antigas (”Johnny Cash”, “Rama Lama”, “Dance Me In”) e no poderoso single “Gilt Complex”. Adele, com um longo camisão com Leonard Cohen de estampa sobre um micro shortinho, derreteu corações. E Scott Paterson segura tudo na guitarra. Showzão.

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Na sequencia, um pouquinho da honestidade rocker do Hold Steady, da pieguice pop do Kooks (ovacionados no Main Stage) e o único momento de dúvida do dia: Raconteurs ou Pogues? Bem, imaginei que o Raconteurs tem 105% de chance de tocar no Brasil, se não for neste ano, que seja no ano que vem, enquanto o Pogues, never. Sem contar que ainda tinha o acréscimo de que cruzo o Raconteurs no Benicassim, na próxima semana, e de que o Pogues estaria tocando “em casa”. Ganhou Shane MacGowan, o Wander Wildner do Reino Unido.

A escolha não poderia ter sido mais acertada (e não só pelo fato do show do Raconteurs, segundo a Juliana, ter sido meia boca). Quinze minutos antes do show começar, a tenda já estava superlotada com o público entoando as canções do grupo como se estivéssemos todos em um estádio de futebol. A segurança foi reforçada de cinco para quinze pessoas na frente do palco, que distribuíam água para as primeiras filas tanto como cuidavam dos desmaiados e dos mais afoitos, que tentavam pular a grade. A banda começou atacando um número instrumental, e assim que Shane pisou no palco, dezenas de celulares foram ao alto para registrar o momento.

Shane MacGowan é como um deus bêbado para este povo. Ele se enrola com o microfone, caminha cambaleante pelo palco, briga com o backing, e canta como se estivesse em um pub rodeado por cervejas. O público vai junto, e “Dirty Old Town”, um dos clássicos da banda, rende um dos momentos mais belos que a música pode proporcionar, com pessoas chorando, cantando abraçadas, balançando bandeiras e se emocionando. Lindo de se ver. Shane estourou o horário em vinte minutos, mas ele pode, pois ele é um deus bêbado e desdentado que esse povo ama. Amém.

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E acabou o festival? Não. Ainda tinha Interpol, Kaiser Chiefs, Ian Brown e Rage Against The Machine, todos no mesmo horário. Meu plano era ver três músicas do Interpol (só para confirmar o que eu já sabia) e ir ver outro deus tocar canções de sua ex-banda, uma tal de Stone Roses, e cabular Kaiser Chiefs e Rage.

Vi as três músicas do Interpol (sim, é aquilo mesmo: as músicas do dois primeiros discos são foda, as do último são lixo) e parti pra tenda Kings pra ver Ian Brown. Quem disse que consegui entrar? Apesar de sua carreira solo ser frouxa, o homem é idolatrado, e o show vale pois ele toca várias canções do disco que mudou o rock britânico nos anos 90, mas depois de ter batido a cara na porta, decidi voltar ao Interpol (no caminho conferi três músicas do RATM), que fechou a noite com hits e mandou todo mundo feliz pra casa.

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Uma coisa interessante, e que você já sabia, mas custa nada falar: todos os shows que vi na Europa até agora, e que já tinha visto no Brasil, foram melhores aqui. Até o Kings of Leon! Esse do Interpol foi a prova dos nove: dava para se ouvir as duas guitarras, o baixo, bateria e voz perfeitamente, como se estivéssemos ouvindo um CD. Foda. Bem, uma hora e tanto depois já estávamos de volta ao hostel.

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Estou de malas prontas para embarcar para Barcelona nesta segunda, mas antes tem o último dia do T In The Park. Minha agenda pessoal: Brian Jonestown Massacre, The Ting Tings, British Sea Power, Vampire Weekend, Echo and The Bunnymen, Amy Winehouse, Hot Chip e R.E.M.; Se a Amy der cano, vou me ajoelhar na frente do palco do National, novamente. Assim que der, volto pra contar. Me aguarda!

Leia também:
– Saiba como foi o domingo do T In The Park 2008 (aqui)

julho 13, 2008   No Comments

A capital do Brasil é…

Coisas surreais da viagem:

7) Fomos pra balada (em Glasgow) ontem, numa rua bacana cheia de pubs. Segundo o tablóide The Skinny, Chris Geddes (Belle and Sebastian) iria discotecar no Brel. Fomos conferir, bebemos bastante (ahhhhh, Leffe), e nada de discotecagem. Saímos antes do mêtro fechar (alias, o mêtro de Glasgow parece um ferrorama de brinquedo) e fomos para o Nice’in Sleazy para passarmos o resto da noite bebendo ao lado de 3/4 do Teenage Fanclub (Gerard Love sorriu pra Ju).

6) No hostel de Glasgow, puxei conversa com um carinha inglês – com cara de nerd e não mais que vinte anos – no quarto. Ele também vai ao T In The Park, pois é “big fan” do R.E.M., mas tem outros planos para os outros dias: “Vou fazer um tour de golfe pelas highlands”!!!!!

5) Na entrada na Escócia, um senhor grisalho me recebeu na imigração: “O senhor veio fazer o que aqui?”, ele perguntou. “Vim ao T In The Park”, respondi. “Ahhhh, T In The Paaaaaaaark”, comentou com sotaque carregado, e emendou: “Fica até quando?” E eu: “Segunda, quando vou para a Espanha”. “E você vai fazer o que na Espanha?”, ele perguntou. “Vou para o festival de Benicàssim”. Ele ignorou a minha resposta e mandou: “E Portugal, você não vai? Lá eles falam português”…

4) Renata volta do toilete da balada e conta: “No banheiro das meninas tem maquina para fazer chapinha”!!!!!

3) No Rock Werchter, na Bélgica: vento forte, eu com a camisa fechada até o último botão. Uma belga questiona: “Porque isso?”. E eu: “Está frio!!!!” E ela me olha com uma cara de quem ouviu um palavrão. Emendo: “Sou brasileiro. Lá é muuuito quente!!!!”. Então parece que caiu a ficha. Ela sorri e diz: “Ok, ok”.

2) Conversando com uns moleques suecos no albergue de Berlim: “Você mora onde no Brasil?” E eu: “São Paulo”. Outro pergunta: “É a capital do país?”. Respondo que não, e, antes de eu continuar, outro comenta: “A capital não é aquela cidade que tem a estátua do homem com os bracos abertos – e gesticula imitando o Cristo Redentor”.  Sorrio e respondo que a capital não também não é o Rio de Janeiro, mas sim Brasilia. Os trés olham um para o outro, incrédulos. Ainda tento um gancho: “Vocês já ouviram falar de Oscar Niemeyer?”. Não. Na Suécia eles não sabem qual é a capital do Brasil e nem quem é o Oscar….

1) Bebendo no Nicos, em Glasgow, um cara mais velho (aparentando uns 45 anos) senta em uma das cadeiras de nossa mesa, percebe que eu, Ju e Renata não estamos falando a língua local, e puxa papo: “Vocês são de onde?”. E nos: “Brasil”. Ele olha estupefato e sai com o seguinte comentário: “Mas vocês não tem aqueles negócios que aumentam os  lábios e não sei o que”. A gente olha um pro outro e a Renata com uma cara de “o que esse escocês ta falando?”. E eu: “Renata, ele está surpreso de não sermos índios”…

Leia também:
– Diários de viagem: Europa 2008 (aqui), 2009 (aqui), 2010 (aqui), 2011 (aqui) e 2012 (aqui) / Estados Unidos 2011 (aqui)

julho 12, 2008   No Comments

Da terra de Kapranos e Murdoch

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Dicas para a sua viagem: planeje com antecedencia os roteiros, nao faca uma viagem muuuuito extensa e nao fique pulando de cidade para cidade a cada tres dias, ok. Depois de quatro dias de Rock Werchter, na Belgica, e caminhadas por Bruxelas e Berlim (e mais o show do Radiohead), estou um bagaco. De verdade. Muuuuuito cansado. E ainda faltam 28 dias (acho que eh isso) para eu voltar.

Contribuem para o cansaco o peso das mochilas (a principal, com 12 quilos, e as outras duas mais leves, mas mesmo assim, aumentando o peso), o jet lag (dormi pouco mais que tres horas nesta noite) e as longas caminhadas entre uma cidade e outra. Nos ultimos dez dias foram quatro voos, um deles de 10 horas. Foram tres “casas” diferentes. Quando estou comecando a me acostumar com o lugar, bye bye. Isso eh foda.

O voo para Glasgow (Easyjet novamente) foi sossegado. Deu balancadas e o pouso foi uma pancadinha na pista, mas tudo ok. Nao sei pq, mas toda vez me lembro do pouso em Santiago, quando eu e Lili estavamos voltando do deserto do Atacama. Pegamos uma tempestade forte quase chegand0 na cidade, e o piloto foi baixando o aviao aos trancos e barrancos, mas na hora que colocou a nave no solo, nem percebemos tamanha a delicadeza do pouso. Nao a toa, todos os passageiros aplaudiram. Eu nunca tinha visto isso… risos

O hostel em Glasgow eh extremamente bem localizado, e muito mais organizado (e mais caro) que o de Berlim. Cheguei, joguei as malas no armario e fui ligar pra Ju e pra Renata, que ja estavam me esperando para almocar, e me levaram para comer o tradicional “fish and chips” acompanhado de um pint de cerveja. Nesse momento, por mais contraditorio que possa parecer, comecei a sentir falta de Berlim: as cervejas alemas e belgas sao muuuuuito melhores que as daqui. E aqui, se voce beber no onibus, eh multado… putz.

Comemos, caminhamos um pouco, bebemos mais, fomos em uma famosa baladinha indie local (famosa por ter marcado o encontro do pessoal do Franz Ferdinand e do Belle and Sebastian), que estava vazia, e ainda vimos trechos de tres shows de bandas novas em um lugar chamado Box (bem bacana). Mas a cidade ainda nao tinha me dito a que veio ate, nesta manha, eu conhecer a Catedral da cidade, grandiosa (de madeira e pedra), mas com uma area para a missa tao aconchegante que me fez escorrer lagrimas.

Bem, hoje comeca o segundo festival maratona da viagem, mas eu e a Ju (Renata volta para Londres e Paris) soh vamos encarar o sabado e domingo (Ju ate comprou uma galocha – viu o momento Gloria Kalil no flickr? – para atravessar o mar de lama, se chover) com shows de R.E.M. (sim, de novo), Raconteurs, The Fratellis, The Kooks, We Are Scientists, Ian Brown, The Pogues, Primal Scream, The Charlatans, Echo & The Bunnymen, Sons and Daughters, Vampire Weekend, British Sea Power e muito mais (veja aqui).

Vai ser correria! E na segundas, as 6h da manha, pego um trem para o aeroporto de Prestwick a caminho de Barcelona… aguenta coracao!!!!! Ah, e rapidinho, a The Fly (guia de baladas distribuido gratuitamente no Reino Unido) deu quatro moscas (num total de cinco) para o disco novo do CSS, cujo album foi o destaque desta edicao. E a Lovefoxxx abre o berreiro na capa da NME desta semana. Ainda nao ouvi o disco novo, mas voces podem me adiantar o que acharam, hein.

Ps. Atualizando as listas top da viagem:

Shows

1- Radiohead (Berlim)
2- Sigur Ros (Werchter)
3- Neil Young (Werchter)
4- The National (Werchter)
5- R.E.M. (Werchter)
6- Grinderman (Werchter)
7- Vampire Weekend (Werchter)
8- The Hives (Werchter)
9- The Verve (Werchter)
10- Ben Folds / Gossip (Werchter)

Cervejas

1- Duvel (Bélgica)
2- Leffe Black (Bélgica)
3- Mahou (Espanha)
4- Kostriker (Alemanha)
5- Orval (Bélgica)

Fotos da viagem e dos shows:
http://www.flickr.com/photos/maccosta

julho 11, 2008   No Comments

Radiohead em Berlim

Dois shows do Radiohead em um intervalo de quatro dias. O que pode acontecer de diferente? Olha, nada. Em conceito, a apresentação que Thom Yorke e cia fizeram na terça-feira à noite, em um anfiteatro no meio de uma floresta (literalmente) em Berlim, foi igual a apresentação que o grupo havia feito no sábado passado no Werchter, na Bélgica. Porém, desta vez eu já sabia o que iria acontecer (não havia a surpresa, positiva ou negativa) e… estava bêbado. Cerveja quente (os alemães bebem e a gente vai junto) sobe que é uma beleza.

Quer saber: o melhor lugar do mundo para se estar às 20h do dia 08 de agosto de 2008 era em Wuhlheide, periferia de Berlim, um enorme parque de mata quase fechada que, se você não tomar cuidado, se perde (eu não tomei, e me perdi). Choveu no meio do show, as pessoas se abraçavam e cantavam junto, ingleses, um americano, outro suíço, uma galera de espanhóis, belgas e alemães lavaram a alma com um show extremamente impecável. Cacete, eles tocaram “No Surprises”, “My Iron Lung” e “Street Spirit”… difícil não ser passional num momento desses.

Estávamos uns cem metros do palco, mas mesmo assim o Luiz foi pro gargarejo. Resultado: nos desencontramos na saída. Eu, que adoro inventar novos caminhos, fui pro lado inverso ao qual entrei, e me perdi. Caminhei uns 30 minutos, peguei dois ônibus errados, fui pra lá, voltei pra cá, e quando já estava imaginando que iria dormir na rua na perifa de Berlim, um casal alemão me salvou: “Onde fica a estação Köpenick?”. Ela não sabia, mas ele, que não falava inglês, me indicou o ônibus certo. Da Köpenick voltei para o hostel, e fui dormir às três da manha (para acordar às cinco – sim, estou sofrendo de jet lag…).

Abaixo, o set list dos dois shows do Radiohead que vi.

Setlist Rock Werchter, Bélgica:

01 Arpeggi
02 The National Anthem
03 Lucky
04 All I Need
05 There There
06 Nude
07 Climbing Up The Walls
08 The Gloaming
09 15 Step
10 Faust Arp
11 How To Disappear Completely
12 Jigsaw Falling Into Place
13 Optimistic
14 Just
15 Reckoner
16 Idioteque
17 Bodysnatchers

Bis

18 Videotape
19 You and Whose Army?
20 2+2=5
21 Paranoid Android
22 Everything In Its Right Place

Setlist do show em Berlim

01 15 Step
02 Airbag
03 There There
04 All I Need
05 Where I End and You Begin
06 Nude
07 Weird Fishes/Arpeggi
08 The Gloaming
09 Videotape
10 No Surprises
11 Jigsaw Falling into Place
12 My Iron Lung
13 Wolf at the Door
14 Reckoner
15 Everything in Its Right Place
16 Bangers and Mash
17 Bodysnatchers

Primeiro bis

18 Cymbal Rush
19 You and Whose Army?
20 Paranoid Android
21 Dollars & Cents
22 Idioteque

Segundo bis

23 House of Cards
24 National Anthem
25 Street Spirit (fade out)

Diário de viagem 2008

julho 9, 2008   No Comments

Andando na Unter Den Linden

Berlim

Andei tanto nessa cidade nos últimos dois dias que estou até enjoado. Nada contra a cidade, imagina, mas Berlim tem um ar pesado de quem traz marcas da guerra em cada esquina. A localização do hostel em que estou é bem emblemática, pois mostra perfeitamente as diferenças da Berlim Oriental (aqui) e a da Berlim Ocidental, mais… capitalista. Porém, o que me deixou enjoado, provavelmente, não foi o ar pesado, mas como a cidade convive com seu passado.

Duas coisas podem exemplificar bem o que estou tentando falar: no caminho do Muro (há só uns 100 metros dele em pé hoje) existem vários camelôs vendendo badulaques socialistas, de quepes a fardas até… máscaras de gás. Mau gosto pra cacete. A outra coisa foi a seguinte: em um dos memoriais que passei, na Wilhelm Strasse, está em pé um dos poucos prédios construídos pelos nazistas, que na época sediava o Ministério da Aviação do Terceiro Reich. Hoje em dia, o prédio abriga o Ministério de Finanças alemão e, em sua frente, está o Mural de Ruppel, com uma imensa foto dos manifestantes que, em 1953, se uniram contra o governo da RDA (Alemanha Oriental).

Ok, o painel está ali, e algumas meninas (norte-americanas, pelo jeito) não sabiam que não podiam pisar nele (o guia não avisou). No que elas pisam, um senhor grisalho – que estava dentro de um carro parado no meio da rua aguardando o sinal abrir – desce do carro, atravessa a rua e começa a desferir xingamentos contra as meninas, que ficaram completamente sem saber o que fazer (entender o alemão normalmente já é difícil, imagina o cara nervoso, falando pelos cotovelos). Ou seja, há um culto da memória que precisa ser preservado (para que os erros não se repitam), mas que pega pesado no fundo do estômago. É foda conviver com esse passado.

No entanto, a cidade tem muuuuuitas coisas imperdíveis. Caminhar na Unter Den Linden é algo inebriante. Pra mim, foi daqui que Lúcio Costa se inspirou para desenhar o Eixo Monumental de Brasilia. A rua liga o Portão de Brandemburgo ao Palácio Real e entre os dois eixos existem uma dezenas de prédios históricos, de museus a igrejas passando pela Ópera Estatal, a embaixada Russa, a Universidade Humboldt e o museu Guggenheim de Berlim, entre outras coisas. Foda.

Eu e o Luiz (amigo carioca que conheci no primeiro dia do hostel) encaramos um tour “gratuito” (que custou 5 mangos pra cada um, e valeu a pena) e o cara deu uma aula sobre a Alemanha para a turma. Já comecei a entender as linhas de trem e ônibus e estou até falando “Danke” algumas vezes. Como a grana está contada nas moedinhas de cent, estou comendo bobagens e reservando apenas um dia em cada cidade para gastar um pouco. Por isso hoje almocei file mignon com uma salada deliciosa e um batata assada com creme de queijo. Saiu por 23 Euros, mais de R$ 50, mas compensou. Lá pra segunda eu como bem em Glasgow… até lá, pizza e lanches! risos

Fotos da viagem e dos shows:
http://www.flickr.com/photos/maccosta

julho 9, 2008   No Comments

Europa, dia 6

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Bem, acordei cedo em Leuven com o pensamento de chegar em tempo de ver Bruxelas antes do vôo.  Passei na principal rua de compras de Leuven, peguei um CD do Sigur Rós por 7,50 euros (aquele dos paranteses) e parti em direcao a Gare Central, estacao central de trens de Bruxelas. Chegando lá, quem eu encontro: a comitiva recifense (risos). Isso serve para exemplificar o quanto a Bélgica é pequena.

Devidamente acompanhado de amigos, fizemos um tour de ônibus pelos principais pontos de Bruxelas. Segundo Victor Hugo, a Praca Central da cidade é a mais linda de todo o mundo. Olha, fica dificil discordar, viu. Vejam as fotos no flickr. Apos o passeio e uma pizza de calabrese (que era de atum), mais uma despedida dos amigos e vôo para Berlim.

O primeiro vôo de Easyjet a gente nao esquece. O aviao balancou tanto em certo trecho da viagem que parecia uma montanha russa. E a cada balancada, umas meninas francesas gritavam: “uhu”. Sinistro (risos). Mesmo assim, o pouso foi ok e o deslocamento do aeroporto para o albergue uma moleza: um trem só e fiquei a duas quadras do All In Hostel.

Berlim é… a Praca da Republica em Sao Paulo, mas sem os camelos – ao menos a parte oriental. O hostel que optei fica na ex-Berlim Oriental, e isso é perceptivel pela fachada dos prédios. Conto mais amanha, quando vou beber uma cerveja na Alexander Platz, dica do amigo brasileiro que conheci no hostel, e que já virou compania da cerveja da noite. Me espera. Ah, tem Radiohead nesta terca também… será que vai ser outro show eletrônico

Fotos da viagem e dos shows:
http://www.flickr.com/photos/maccosta

julho 7, 2008   No Comments

Bye bye Bélgica

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Faz só cinco dias que estou na Europa, mas parecem meses. Foi especial demais ter comecado pela Bélgica por vários motivos: por ter compania brasileira no primeiro festival (Carlos, nao sei o que dói mais: joelhos ou sola do pé), e abrigo na casa da Odile,  uma belga que já trabalhou em ONG no Recife, e foi bastante querida conosco. A inseguranca de uma primeira viagem desse porte já é coisa do passado.

Ok, deu para falar bem pouco meu péssimo inglês (e a Odile entende bem o português), mas percebi que tem como se virar sozinho superando a barreira da língua, algo que eu temia muito. Ainda nao estou entendendo nada de flamengo, o idioma predominante de Leuven, mas me apaixonei pela cidade (saiba mais dela aqui). Gótico e moderno se misturam sem se agredir. A cidade está perto de várias capitais européias e o clima no ar é de calma e sossego.

Mais de 100 mil pessoas moram em Leuven, e só para você ter uma idéia do tamanho do festival Rock Werchter, 100 mil pessoas é o número diário do festival (que acontece faz mais de 20 anos – só o R.E.M. já tocou sete vezes aqui, a primeira em 1983). Tenho mais dois festivais pela frente, mas já indico o Werchter como uma parada obrigatória caso você queira ver festivais na Europa. Ele acontece no primeiro fim de semana de julho, e a escalacao costuma ser sempre sensacional (e o preco dos tickets é um dos mais em conta da Europa).

Porém, para curtir o Werchter é preciso ter um bom condicionamento fisico, muita forca de vontade, e estar descansado. Nao tem como colocar o festival no final de um roteiro de férias: você vai chegar cansado de todas as cidades que conheceu, e o Werchter nao admite cansaco! (risos). É caminhada de um palco para o outro (e só sao dois palcos), chuva, lama, horas e horas em pé, depois mais dois quilometros caminhando para chegar ao ônibus que faz o translado da estacao de trem de Leuven para o festival (15 km fora da cidade). Quatro dias assim derrubam qualquer um (e eu nem comentei das dúzias de Stellas)…

A partir desta segunda parto para novas aventuras. A idéia é acordar cedinho e ir para Bruxelas, caminhar no centro da cidade para dizer “oi, estive aqui”. Depois, no fim da tarde, voar para Berlim. É bem provável que eu nao consiga manter posts diários como fiz em Leuven (que tinha um lap conectado no quarto em que estávamos), mas vou tentar. Odile disse que se eu gostei de Leuven, vou amar Antuérpia (que é o ponto de referência para o festival de Lokerse, aquele com Sonic Youth e Supergrass). O Carlos insiste que eu vá para Budapeste. De algum lugar qualquer, eu escrevo. I promise. 🙂

Ps. Ranking das cervejas

1- Duvel (Bélgica)
2- Leffe Black (Bélgica)
3- Mahou (Espanha)
4- Orval (Bélgica)
5- Stella Artois (Bélgica)

Fotos da viagem e dos shows:
http://www.flickr.com/photos/maccosta

julho 6, 2008   No Comments