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Category — Jornalismo

Bidê ou Balde na Rolling Stone #76

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Rolling Stone Brasil nova nas bancas com Led Zeppelin na capa em entrevista com jeitão de imperdível de Jimmy Page para David Fricke. A revista ainda traz um longo bate papo de Pablo Miyazawa com Quentin Tarantino e mais Jair Naves, Roberto Carlos, Érika Martins, Moveis Coloniais de Acaju e o especial de 25 Melhores Discos e Músicas do Ano que traz “Abraçaço”, de Caetano Veloso, como Melhor Disco Nacional (seguido de Tulipa Ruiz e B Negão) e “Blunderbuss”, de Jack White, ostentando o cinturão de Melhor Disco Internacional (seguido por Frank Ocean e Bruce Springsteen). Marco presença nesta edição escrevendo sobre “Eles São Assim. E Assim Por Diante”, novo disco da Bidê ou Balde.

Abaixo, os votos que enviei para a revista:

NACIONAIS – 10 DISCOS
Bonde do Role – Tropical/Bacanal
Céu – Caravana Sereia Bloom
Felipe Cordeiro – Kitsch Pop Cult
Gaby Amarantos – Treme
Jair Naves – E Você Se Sente Numa Cela Escura
Siba – Avante
Thiago Pethit – Estrela Decadente
Tom Zé – Tropicália Lixo Lógico
Transmissor – Nacional
Tulipa Ruiz – Tudo Tanto

INTERNACIONAIS – 10 Discos
Alabama Shakes – Boys & Girls
Bob Mould – Silver Age
Bruce Springsteen – Wrecking Ball
Fiona Apple – The Idler Wheel…
Jack White – Blunderbuss
Leonard Cohen – Old Ideas
Neil Young & Crazy Horse – Psychedelic Pill
Patti Smith – Banga
Titus Andronicus – Local Business
The xx – Coexist

janeiro 9, 2013   No Comments

Os Melhores de 2012 do Guia da Folha

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A tradicional votação de melhores do ano do Guia da Folha, com várias categorias bacanas, está circulando nesta sexta-feira junto ao jornal Folha de São Paulo. No ano passado fui convidado para opinar sobre os melhores shows nacionais. Neste ano, palpitei sobre shows internacionais (num júri que ainda trouxe Pablo Miyazawa, Thales de Menezes, Ivan Finotti e Ronaldo Evangelista), e achei o resultado bem bacana.

Interessante é a votação para show nacional: cinco jornalistas votaram (entre eles o chapa Alexandre Matias), cada um em três shows, e os 15 shows votados foram diferentes! (empate triplo no 1º, no 2º e no 3º lugar). Já na categoria Festival a briga ficou entre Lollapalooza (que recebeu quatro votos) e Planeta Terra (que recebeu votos dos cinco convidados, e não venceu!) com o Sónar SP correndo por fora. Confira os resultados aqui

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Clique na imagem para ler em melhor resolução

dezembro 28, 2012   No Comments

Na Oi FM e no Collectors Room

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Ontem foi ao ar minha coluna de estreia no site da Oi FM. Leia “Entre Shakespeare, Buñuel e Paulinho da Viola” aqui. E também marco presença nos melhores do ano do Collectors Room, do grande Ricardo Seelig. Confira minha listinha aqui

dezembro 20, 2012   No Comments

Sobre Santa Irini na Revista Curinga 3

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Tem textinho meu na revista Curinga, feita pelos estudantes de Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto. Falo sobre minha paixão pela ilha de Santa Irini ali na página 28. É só clicar na imagem…

dezembro 14, 2012   No Comments

No júri do Prêmio Bravo 2012

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Após integrar o Júri Especial do Prêmio Multishow e a o Júri da Academia do VMB, participei do Júri do Prêmio Bravo nas categorias “Show” e “Melhor Disco” em uma mesa que ainda trouxe o músico Max de Castro e o jornalista José Flávio Júnior. Abaixo, os finalistas escolhidos pelo Júri:

MELHOR DISCO DE 2012
– “Arrocha”, de Curumin
– “Treme”, de Gaby Amarantos
– “Tudo Tanto”, de Tulipa Ruiz

MELHOR SHOW DE 2012
– “Longe de Onde”, de Karina Buhr
– “Recanto”, de Gal Costa
– “Verdade, uma Ilusão”, de Marisa Monte

Os vencedores você pode conferir aqui no dia 30/10

outubro 10, 2012   No Comments

Entrevista para o Portal Imprensa

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Bati um papo por telefone com a Jéssica Oliveira, do Portal Imprensa, sobre o cenário de shows no Brasil: “O Brasil tem 30 anos como rota de shows. Não é novidade”. Leia abaixo:

A agenda dos brasileiros fanáticos por um bom show anda disputada. Todos os meses, com poucas exceções, o país recebe algum artista estrangeiro ou grande festival com vários de uma vez só. Mas isso está longe de ser uma realidade “nova”. “Somos rota de shows, sim. Mas desde os anos 80”, diz Marcelo Costa, curador do Sonora, realizado pelo Terra e editor do site Scream & Yell.

Costa passou em jornalismo e publicidade, mas se formou no segundo, porque o jornalismo só tinha “noturno” na Universidade de Taubaté (Unitau). Chegou em São Paulo e entrou no iG quando o portal montava sua primeira equipe. Na capital, passou pelo Notícias Populares, e mais de uma vez pelo UOL, iG e Terra, onde está hoje. Nessas mudanças, já trabalhou com cidades, esportes e celebridades, mas a música sempre esteve com ele.

O jornalista já colaborou com revistas como a Billboard e com a GQ, e atualmente colabora com a Rolling Stone, além de editar o Scream & Yell há 12 anos. Apesar da paixão pela música, alerta em tom de brincadeira. “Se ama musica, não escreva sobre”, diz. Segundo ele, a relação com discos e shows muda completamente. “Você não pode mais só gostar, mas tem que entender o que aquilo representa e perceber que já não é mais um ouvinte comum”, explica.

Costa entende de música como poucos. Em sua casa, parte da parede da sala é ocupada por nada mais nada menos que cerca de oito mil CDs, 800 vinis, fora os cassetes doados. Passa a maior parte de seu tempo ouvindo músicas e escrevendo sobre – sua forma de entender o mundo. À IMPRENSA, ele comenta os desafios e condições do atual mercado de shows no país, as mudanças e características do público, e a cobertura da imprensa.
IMPRENSA – É certo falar que o Brasil virou rota obrigatória de shows? Por quê?
Marcelo Costa – Somos, sim, rota de shows. Isso acontece desde os anos 80, não é novidade. Não é um ‘ah, descobriram o Brasil.’ A novidade é o país estar com uma economia segura, em um momento que o mundo passa por uma crise séria. A Alanis Morrisette, por exemplo, fará oito shows no Brasil, mas saindo do eixo Rio-São Paulo, acreditando que em outros lugares também terá um bom público. No começo dos anos 80 ainda tivemos alguns probleminhas de sumir equipamentos de artistas, e não era tanto pelo valor em dinheiro, mas mais por ser uma coisa muito pessoal. Hoje em dia não existe isso. São 30 anos de mercado. Estamos prontos.

IMPRENSA – Mas e os desafios, como os preços altos do nosso mercado?
Os preços ainda são ditados por quem está dentro dele [mercado], e é um problema que precisa ser acertado. O mercado está ativo, as pessoas estão querendo ver shows, mas não conseguimos ver tudo, o que por um lado é positivo. Antes você tinha um show e todo mundo tinha que ir nesse. Hoje, não. Você tem muitos shows. O que se desenha para o futuro é uma competição grande. A tendência é que os ingressos barateiem e todas as casas tenham um público bacana, mas não lotem. A opção de escolher, dispersa o público. Mas temos público para tudo. Precisamos chegar nesse consenso. Mas ainda somos conhecidos como um mercado que paga muito alto.

IMPRENSA – O publicou mudou muito? Por exemplo, hoje quem vai a um show de rock, vai em shows de outros estilos. E sobre quem vai ao show, mas assiste pela telinha de celulares ou câmeras porque quer registrar tudo o tempo todo?
Acredito que seja uma mudança comportamental, mais do que do próprio conceito de shows. Fomos caminhando em nível mundial para uma pluralidade, é normal que uma pessoa vá em shows diferentes. Talvez até a MTV tenha contribuído com isso também. E acho que as ferramentas foram mudando. Sou de uma geração anterior. O que me incomoda mais são as pessoas falando no meio do show. Antigamente quando você tinha um ou dois shows e todo mundo ia lá, eventualmente tinha músicas que o cara não conhecia e ele ficava conversando durante essas, mas quando sabia, prestava atenção e tal. Ainda carecemos de uma cultura de respeitar o artista, e respeitar o momento que se está vivendo. Além disso, outro ponto é dissociar o show de balada. Até acho muito legal, mas tem show e show. Tem show que funciona muito em balada. Tem show que não.

IMPRENSA – Se o país vai receber cada vez mais shows e se tem público para isso, por que muitos lugares que recebem esses eventos ainda pecam na estrutura?
A gente não soube trabalhar com isso de shows em locais abertos ainda, um exemplo que deu certo foi o Lollapalooza [Jockey Club, abril-2012], mas foi estrutura de fora, um modelo de fora. No Anhembi, você muitas vezes não ouve o show. E o público acaba aceitando. Isso é um problema sério. O contratante, geralmente, é quem aprova o lugar e quer saber se o público vai ouvir tudo. Alguns artistas realmente se preocupam com isso, outros não.

IMPRENSA – Por que o público aceita pagar caro nessa situação? O que podem fazer?
Uma das formas que o consumidor tem de pressionar a mudar isso, é não ir aos shows. Mas isso é difícil, porque se você ama o artista, é a chance que tem de vê-lo. Aí acaba aceitando e começa a torcer muito para dar tudo certo. Também tem os meios para se cobrar posteriormente, como no show do Radiohead que teve vários problemas e muita gente foi ao Procon reclamar. Infelizmente, empresários só sentem quando dói no bolso. Mas não é só em relação a estrutura do show em si. Falta um pouco também da prefeitura se preocupar com o público. Não dá para fazer um evento como o Lollapalooza e fechar as catracas do metrô como fizeram. Por exemplo, no Hyde park, em Londres, quando acaba o show, as pessoas vão até o metrô e conseguem chegar em casa. A prefeitura local se preocupa em garantir a segurança do seu pessoal. Aqui a gente não tem essa preocupação. Falta no Brasil um estudo de estrutura. Por exemplo: tenho isso aqui, o show será para tantas mil pessoas, que precisam tanto de alimentação, transporte… Claro que não da para resolver tudo, em nenhum lugar do mundo. Como a gente vai melhorar tudo isso? Com mais shows. Entendendo como as coisas funcionam.

IMPRENSA – Com tantas bandas vindas de fora, como fica o mercado para nossos artistas? Em relação ao espaço e valorização do público.
Há mercado para todos. Claro que isso reflete no mercado independente. Mas o pessoal tem que aprender a mudar isso de alguma forma, não dá para ficar olhando tudo e reclamando. É até bom, porque acabam tomando contato com uma cultura de festivais, e percebem que são capazes de fazer a mesma coisa, além de ver que todos tem os mesmo problemas e desafios. O palco é o mesmo. Sobre o público, acho que ainda há um problema de não valorizar a cultura brasileira. Nos line-ups de festivais, por exemplo, muitos artistas brasileiros poderiam estar em horários melhores, e tinham todo para isso. O cara que vai comprar o ingresso vai ver o show, desde que você consiga arrumar o cardápio sem ser de uma forma agressiva, todo mundo vai curtir. Você não faz um festival para fãs de uma banda, mas para um público que vai receber talvez 20 bandas diferentes.

IMPRENSA – Como você avalia a cobertura da imprensa sobre o assunto? Falta mais profundidade? Diversidade?
Temos a Rolling Stone e a Billboard, que não são de grande tiragem (se comparadas com a Veja e /ou Playboy), mas cumprem seu papel muito bem. Mas ainda não temos um jornalismo cultural aprofundado ou cobertura aprofundada. Há o costume de replicar o que sai ‘na gringa’. Ao mesmo tempo, você tem grandes blogueiros que acompanham seus cenários e cobrem bem. Temos que ver que nossa cena do mercado independente, e não falo só de rock, mas de samba e outros, é muito melhor que a cena americana ou inglesa. Talvez esteja na hora da imprensa valorizar a cena nacional e começar a vender isso. E não só, muitas notícias sobre músicos são repercussão de bobagens. Cada um tem seu público, claro, mas às vezes o jornalista fica tentado com o clique, com a audiência, e esquece de fazer jornalismo. Mas de modo geral acho que a gente ainda tem uma boa imprensa, critica e independente. Estamos bem de crítica, mas precisa renovar um pouco até para não afastar a molecada. E o público precisa entender também que cada pessoa [jornalista] vai ter uma visão diferente. É um mal do leitor, sério e cultural até de achar que só porque está na no jornal ou na TV, virou verdade. Não é verdade, é uma pessoa comum que escreveu aquilo. Ela tem esse direito, de gostar ou não, e de falar se gostou ou não e argumentar sobre isso. O brasileiro não tem o costume de discutir.

Veja outras entrevistas aqui

setembro 5, 2012   No Comments

Alta Fidelidade

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Leia também:
– Sebos e lojas bacanas de CDs e DVDs em SP (aqui)
– Onde comprar CDs e vinis em cidades da Europa (aqui)
– Comprando vinis com Robert Crumb (aqui)
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– Lojas bacanas de CDs e vinis em Nova York e Chicago (aqui)
– Sete lojas de CDs e vinis na Europa (aqui)

maio 10, 2012   No Comments

A saga dos homens-coxinha

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Ilustração Caco Bressane

Royalties, por favor (risos) -> “Na internet, em um texto publicado em 2002 (aqui), o publicitário Marcelo Costa utiliza o adjetivo para classificar bandas como Coldplay e Travis”

Frase do texto  “Tipicamente paulistana, gíria “coxinha” tem origem controversa”, de Alexandre Aragão, na revista São Paulo. Leia aqui.

abril 23, 2012   No Comments

Alguns gadgets

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Reportagem da revista Fast Life #20

Leia também:
– O que você para produzir conteúdo: Marcelo Costa (aqui)

março 1, 2012   No Comments

Dez perguntas para Muricy Ramalho

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por Marcelo Costa
Foto Leandro Amaral / Divulgação Santos FC

Alguns meses atrás desci a serra para conversar rapidamente com o melhor técnico do país. Você pode discordar, a razão dos apaixonados por futebol é bastante particular, mas Muricy Ramalho é (para este corintiano que o entrevistou) um vencedor com todas as letras. O papo foi rápido, descontraído e sossegado. Muricy respondeu as respostas sem rodeios, sorriu em vários momentos e, na hora da foto, brincou com o fotógrafo: “Quer que eu faça cara de mau? Sempre me pedem isso”.

Torcedor de futebol tem sempre uma opinião muito particular. Tudo que envolve o time dele é melhor. Porém, com o passar dos anos, você conseguiu um respeito que ultrapassa os limites do clube que você está dirigindo. Por exemplo: minha sogra, que é são-paulina, quando soube que eu vinha conversar com você, pediu um autógrafo. Ou seja: Muricy é uma pessoa que a torcida adversária pede autógrafo. Como você conseguiu isso?
Isso acontece mesmo em todo o lugar que vou. As pessoas chegam e dizem: “Sou santista, (ou) sou corintiano, mas quero um autógrafo seu porque te admiro”. Acho que é minha forma de ser. Em todos os times que vou (trabalhar), além de ganhar títulos, fico um tempo. Quando tenho chance de trocar de time, não troco. (Acabo não fazendo) esse tipo de coisa que é normal técnico fazer no futebol: o cara está em um time e quando recebe uma proposta (de outro), vai embora. Acho que as pessoas acreditam nisso (de ficar no time, respeitar o contrato). É uma coisa séria que o torcedor se identifica. E é engraçado… no Campeonato Paulista fomos jogar contra o São Paulo, no Morumbi, quando no intervalo do primeiro tempo toda torcida são-paulina começou a gritar o meu nome. Os jogadores do Santos até se surpreenderam. É uma novidade o técnico adversário ser aplaudido, mas quando vou jogar contra o Náutico, em Recife, também é assim. Em Porto Alegre também.

E isso também vem da sua própria relação com o torcedor? Uma vez li uma entrevista sua para o Ricardo Kotscho em que você dizia que recebia 60 cartas por mês…
É verdade. Algumas eu respondo, outras mando camisas… (os torcedores) me pedem todo tipo de coisa. É um carinho que tenho para com o torcedor. Trabalho duro demais para o time em todo o lugar que vou, e o torcedor reconhece. Ele sabe que eu vou lá para trabalhar. Sou um profissional, tenho um contrato, mas sempre vou fazer o melhor por eles.

Você foi eleito melhor Treinador do Campeonato Brasileiro cinco vezes nos últimos seis anos: 2005, 2006, 2007, 2008, 2010. Isso é só trabalho?
Acho que é (risos). Não sou muito simpático com os negócios. Não sou um cara que faço lobby, não vou a muitos lugares, só dou entrevista uma vez por semana, vou muito pouco à televisão (quase uma vez por ano em cada emissora), então acho que é tudo pelo meu trabalho mesmo. E pelo resultado porque no futebol não adianta você ser simpático, se não ganhar vão te mandar embora. Nestes cinco anos que ganhei meu trabalho foi muito bom, mas com títulos.

Você chegou ao Santos em um momento em que o time estava instável. Nos últimos jogos da Libertadores, no entanto, começaram a surgir muitas comparações deste seu time do Santos como aquele time dos sonhos com Pelé, Zito… Você sempre está pedindo reforços, mas como é treinar esse time do Santos?
É legal. Claro, não tem muitas comparações porque naquele tempo os jogadores eram muito bons. Mas acho que é legal (treinar o Santos hoje) porque estamos tendo a chance de treinar um time que têm alguns jogadores diferentes. No país temos poucos jogadores diferentes, e dois deles são do Santos (Ganso e Neymar). É muito legal trabalhar com eles porque eles são jovens e são jogadores que entendem logo o que o treinador quer, e isso facilita.

Eles pensam rápido…
É muito bom trabalhar com essa molecada, mudar de ares. Trabalhei com muito time experiente…

Você conquistou a Libertadores. Qual foi a sensação de conquistar algo que você buscou tanto?
Pra mim foi um alivio (risos). Não foi como o sentimento de alegria dos torcedores e da diretoria do Santos. Porque quero sempre estar na ponta, entre os melhores técnicos do país, e era contestado porque não ganhava a Libertadores. Não me conformava com isso. Não importa que o cara não tenha ganhado a Libertadores. Tem tantos bons treinadores que nunca ganharam. E não é porque ganhei que passo a ser um bom treinador. Eu sou um bom treinador há alguns anos! Mas no Brasil não adianta: você tem que ganhar algumas coisas. Tem que quebrar alguns tabus. Esse era um que me perturbava um pouco, era sempre a mesma pergunta e não adiantava mostrar meu currículo porque eles queriam saber da Libertadores. Então meu sentimento foi muito mais de alivio do que alegria. Tanto é que após o jogo fui lá para o meu sitio (e não festejei). Eu tinha que ganhar para me manter na ponta, como gosto. Existem muitos outros treinadores jovens surgindo, fortes, e a gente tem sempre que estar ganhando. Graças a Deus deu certo agora. Eu já estava buscando fazia algum tempo…

Agora é o Mundial de Clubes? Como você prepara isso na sua cabeça? Afinal, parece não existir descanso. Você vence um título à noite e na manhã a torcida já começa a querer outro.
Você tem razão: perguntaram no dia seguinte! Como sei separar bem as coisas, e até lá tem muito tempo, nós temos ainda um campeonato brasileiro importante pela frente. O problema é que no Brasil, pra gente que é técnico, é muito difícil perguntar do Mundial de Clubes. Já para o (Josep) Guardiola, técnico do Barcelona, é fácil. Porque ele vai começar a pré-temporada agora e vai chegar ao final do ano, no Mundial de Clubes, com os mesmos jogadores – e alguns reforços. Eu não sei nem com que time vou chegar na semana que vem! Então como posso responder… É uma coisa muito importante para o clube e é possível, embora o Barcelona seja o favorito (é um baita time), mas nem sei o que vai acontecer (com o time do Santos) até lá. Essa é a dificuldade de ser técnico no Brasil: estou com um time, mas não sei quantos vão ficar (até o fim do ano). Está todo mundo muito valorizado… O Mundial de Clubes é uma competição muito importante, e nós temos essa incerteza, o que é pior pra gente, mas ninguém sabe o que vai acontecer.

Mas entra ano e sai ano você é campeão…
E isso é importante. Nos últimos seis meses ganhei três títulos: o Campeonato Brasileiro com o Fluminense, o Campeonato Paulista e a Taça Liberadores com o Santos. É isso que me mantém. Para você ser um profissional, não só no futebol, mas em todas as áreas, você precisa ser consistente… para permanecer numa situação boa. E isso faço bem: sou muito consistente no meu trabalho, toda hora ganho títulos e, por isso, sou muito valorizado.

O desabafo sobre a seleção após o título do Fluminense: “Minha palavra eu tenho de cumprir, foi o que meu pai ensinou”. Por mais que seja da sua personalidade, foi algo muito admirável e bonito de se ver como exemplo mesmo para quem está em casa. È o tipo de ato que as pessoas públicas deveriam exercer mais.
Foi uma decisão complicada… Imagina, todo jogador tem sonho de ir para a seleção brasileira. Todo técnico também. O meu sonho quando era jogador também era o de jogar na seleção, surgiu uma oportunidade, mas tive uma contusão… Foi a maior frustração da minha vida. Então claro que sonho em ir para a Seleção Brasileira como técnico, só que tenho uma linha de cumprir meus trabalhos, cumprir meus contratos, porque minha família me ensinou assim, meu pai me ensinou assim. Mas mesmo assim foi muito difícil. Meus filhos não acreditavam que falei não para a Seleção Brasileira. Eles ficaram enlouquecidos comigo. Mas sempre passo para eles: o que você assina, o que você conversa, você tem que cumprir. Senão nesse país nunca ninguém vai cumprir nada. Temos que ser assim. E é duro das pessoas aceitarem isso, mas naquele momento, o Fluminense (3 anos brigando para não cair, 26 anos sem ganhar título) estava começando a entrosar o time… eu tinha dado a minha palavra que iria permanecer… algumas semanas depois sou convidado para a Seleção Brasileira… não iria ficar bem comigo mesmo se aceitasse o convite. Não me arrependo porque o Fluminense me deu um título super importante. É preciso cumprir com as obrigações.

Com tantos títulos conquistados, o que falta para Muricy Ramalho conquistar?
(risos) Falta o Mundial… o pessoal já está me cobrando. Ganhei Brasileiro, Paulista e Libertadores, ganhei regional em tudo quanto é lugar (até campeonato chinês), agora resta o (Mundial de Clubes no) fim do ano. Mas, sinceramente, não me preocupo com isso. Me preocupo com o hoje. Em treinar o Santos, melhorar o jogador, melhorar o time. Esse é o meu trabalho, é o que gosto de fazer. Não tenho essa obsessão. Eu queria ganhar a Libertadores, mas não era uma loucura. Pode ser que eu não ganhasse agora, mas uma hora eu iria ganhar – toda hora eu estava perto. O sonho do Mundial é importante, mas não é uma loucura.

Leia também:
– Dez perguntas para Marisa Monte, por Marcelo Costa (aqui)

dezembro 14, 2011   No Comments