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Dylan com café, dia 37: World Gone Wrong

Dylan com café, dia 37: após a festança de 30 anos com 18 mil convidados no Madison Square Garden e muitos amigos no palco, Bob seguiu seu caminho solitário e se enfurnou, sozinho, em seu estúdio caseiro em Malibu para gravar mais uma leva de canções antigas nos moldes econômicos de “Good As I Been To You” (1992). Lançado em outubro de 1993, “World Gone Wrong” corrige alguns equívocos do álbum anterior tanto quanto soa menos gótico do que ele. Muita gente pegou no pé de Dylan por não creditar autores e fontes das 13 canções regravadas em “Good As I Been To You”. Por isso, em “World Gone Wrong”, ele surge didático num longo texto na contra-capa em que lança luz sobre onde conheceu e quem o apresentou a cada um destes blues rurais que integram o disco. A justificativa de Bob para dois álbuns em sequencia revivendo material caipira é semelhante a que deu para um crítico que o acusou de estar copiando Bruce Springsteen no final dos anos 70: “Não copio sujeitos com menos de 50 anos de idade”, disse. Quase 20 anos depois, Bob repete: “Só escuto música antiga e velhos cantores de blues e country. As pessoas deviam se voltar aos discos antigos para descobrir qual é o verdadeiro lance, pois até mesmo meus discos são de segunda geração”. Assim como fez no disco anterior, Dylan dá um show ao violão enquanto conta histórias antigas.

Na dolorosa “Love Henry”, uma garota mata o amor de sua vida a facadas já que ele não quis ficar com ela e um papagaio que presenciou o crime comenta: “Uma garota que matou seu próprio amor verdadeiro mataria um passarinho como eu”. O dedilhar denso de “Jack-A-Rose” conta a história de uma garota que é proibida pelo pai de se casar com um marinheiro, e se veste como um garoto para se alistar na guerra e seguir o amado. O final feliz é raríssimo nesse repertório – e comovente. Já “Blood In My Eyes” (que, segundo Bob no texto explicativo, é outra canção do álbum a se encaixar na “Nova Idade das Trevas”, que são os “tempos modernos” que estamos vivendo) ganhou até clipe. Em “Delia”, uma canção sobre um cara que mata uma garota que ganhava a vida em jogos de aposta e é condenado a 99 anos de prisão, Dylan parte o coração ao cantar “todos os amigos que já tive se foram”. A sobra de estúdio “You Belong To Me” apareceu na trilha sonora de “Assassinos por Natureza” (editada com as vozes dos personagens). No geral, são canções de amor e morte e desejo e solidão despidas de qualquer distração. É só voz, violão, uma gaita acolá, e, na maioria dos casos, tristeza. Na Mojo, Robert Wyatt definiu com perfeição: “Ouça o que esse homem fez e crie coragem. Como seria ótimo se todo mundo que está se esforçando para encontrar a própria voz parasse de se esforçar e usasse a própria voz”. #FicaDica

Especial Bob Dylan com Café

 

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