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Dylan com café, dia 35: Good As I Been To You

Bob Dylan com café, dia 35: Até 1987, Bob saia sempre em turnê escudado pelos músicos e bandas mais variados (incluindo The Band, Tom Petty & The Heartbreakers e Grateful Dead), mas as coisas mudaram em 1988, quando decidiu não mais fazer turnês temáticas de álbuns, e viver na estrada eternamente com um grupo fixo de pistoleiros de aluguel (a formação atual está junta desde 2010 e Tony Garnier, o baixista, acompanha Dylan desde 1989): nascia a Never Ending Tour (A Turnê Sem Fim), que hoje (literalmente, já que ele se apresenta neste sábado em Barcelona) soma 2910 shows e segue com mais 47 concertos agendados até junho, sem parar. Já no começo dessa turnê, em 1988, Dylan exercitava, em momentos acústicos solo durante os shows, alguns covers variados de canções folclóricas, e foi numa breve pausa da turnê sem fim, em 1992, que Bob entrou em um estúdio em Chicago para gravar um disco com essas canções tradicionais acompanhado de bandolim, violino, overdub de metais e coro. O álbum chegou a ser mixado, mas Bob descartou o material, se enfurnou em seu estúdio caseiro em Malibu (o mesmo que viu o nascimento dos Traveling Wilburys) e regravou todas as canções de maneira nua, crua, apenas voz e violão, eventualmente uma gaita (em duas faixas), e só. A ideia de Dylan era voltar “pessoalmente à música que me é verdadeira”. O resultado é “Good As I Been To You”, seu 28º disco, lançado em novembro de 1992. São 12 canções que combinam a perfeição com o fiapo de voz de Dylan à época: em “Frankie & Albert” (de 1912, gravada por Mississippi John Hurt e Leadbelly), Albert a trai e Frankie o assassina. Em “Black Jack Davey” (1740), uma garota de 16 anos se apaixona por um cigano e abandona bebê e marido para segui-lo. Já no folk inglês “Canadee-I-O” (1839), o amor de uma garota é o mar, e ela encanta primeiro um marinheiro (para desespero da tripulação), e depois o capitão, que se casa com ela, que viverá no navio admirando o mar azul. Já na canção apalache “Little Maggie”, a moça tem um apaixonante par de olhos azuis, e também um rifle no ombro e uma pistola na mão. Na incrível cantiga britânica “Froggie Went A-Courtin’” (1549), um sapo vai se casar com uma ratazana, e eles irão armar uma grande ceia com vacas, pulgas, abelhas, carrapatos e cobras, mas o final da festança será tragicamente estrelado por um gato e um pato. Só sobrará uma broa de milho. Outra pérola é a canção anti-guerra irlandesa “Arthur McBride” (1840). O disco será tão bem recebido que ganhará uma sequencia no ano seguinte, mas isso é assunto para outro café.

Especial Bob Dylan com Café

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