Random header image... Refresh for more!

Posts from — fevereiro 2018

De Bruce Springsteen para Philip Roth

Terminei a bio do Bruce e raras vezes li algo tão pessoal e comovente, tão confidente. O fato de ser um herói pessoal e abrir-se mostrando seus defeitos e sua intensa luta contra a depressão (ainda hoje) torna a experiencia muito mais palpável, como se fosse um amigo que a gente admira contando seus causos. Daqueles livros que fazem você admirar ainda mais o autor. Bem, seguindo um acordo que fiz com a Lili, alternarei um livro de música e um romance este ano (a ideia é voltar a ler um livro por mês) então partiu para Philip Roth (eu já tinha deixado “O Complexo de Portnoy” na fila muito antes do Roth elogiar a bio do Bruce. Acabou sendo uma feliz coincidência).

fevereiro 16, 2018   No Comments

News: Courtney Barnett, Manics, Suuns

Da Albânia, o Crossbones anuncia o lançamento de seu novo disco, “WWIII”, que saiu na segunda semana de janeiro, com o clipe de “I’m God – Pt. 2”, uma faixa mais melódica e menos pesada que a densa “Gates of Hell”, o barulhento single anterior.

Do Brooklyn novaiorquino (ainda que nascido no Texas), Cup é um projeto do guitarrista e vocalista Tym Wojcik, que lançou “Hiccup“, seu primeiro álbum, em novembro passado. O disco está ganhando edição em vinil agora pela Aagoo Records. Indie rock tosco e torto (do jeito que a gente gosta).

De Montreal, no Canadá, o Suuns surge com o segundo single de seu novo álbum, “Felt”, que a Secretly Canadian libera dia 02 de março. Depois de “Watch You, Watch Me“, agora é a vez da suave “Make It Real”.  Vem coisa boa por ai!

De Melbourne, na Austrália, a singer songwriter Alison Ferrier anuncia seu recém-lançado terceiro disco solo “What She Knows” (2018) com o single “Waiting For The Rain”. Cuidado que a canção gruda!

Também de Melbourne, e também singer songwriter, Lucy Wise antecipa o clima de “Winter Sun”, que será lançado em abrir, com o single “Solid Ground”. O tom de voz me lembrou Natalie Merchant. Gostei.

Quem está de volta é Courtney Barnett. “Nameless, Faceless” (com citação de Margaret Atwood no refrão: “Men are afraid that women will laugh at them; women are afraid that men will kill them”) é o primeiro single de “Tell Me How You Really Feel”, seu segundo disco solo, que chega às lojas no dia 18 de maio.

“Resistance Is Futile”, o 13º álbum do Manic Street Preachers, será lançado no dia 13 de abril, mas o trio galês já antecipou dois singles: primeiro foi “International Blue” em dezembro e, agora, “Distant Colours”. A sensação é que vem um disco melancólico por ai…

fevereiro 16, 2018   No Comments

Nick Cave no cinema… novamente

Após as experiências com “Nick Cave: 20 Mil Dias na Terra” (leia resenha), de Iain Forsyth e Jane Pollard em 2014, e “One More Time With Feeling” (leia resenha), de Andrew Dominik em 2016, Nick Cave & The Bad Seeds retornam às telas de cinema, desta vez por uma noite (e antes dos shows no Brasil), compartilhando uma apresentação da sua celebrada turnê mundial de 2017.

Filmado na Royal Arena de Copenhagen em outubro de 2017, “Distant Sky” captura Nick Cave & The Bad Seeds tocando novas composições do álbum “Skeleton Tree” (2016) ao lado de hits da carreira da banda. Os primeiros shows do grupo em três anos provocaram uma resposta ensandecida de fãs, críticos e amigos, renovando um relacionamento profundo e íntimo onde quer que o grupo tocasse.

Dirigido pelo premiado cineasta David Barnard, “Distant Sky” será exibido em 500 salas de cinemas ao redor do mundo no dia 12 de abril. No mapa oficial já constam locais de exibição em São Paulo, Rio de Janeiro e Ribeirão Preto. Assista ao trailer abaixo e confira o set list completo do show em Copenhagen.

Anthrocene
Jesus Alone
Magneto
Higgs Boson Blues
From Her to Eternity
Tupelo
Jubilee Street
The Ship Song
Into My Arms
Girl in Amber
I Need You
Red Right Hand
The Mercy Seat
Distant Sky (feat. Else Torp nos vocals)
Skeleton Tree

Bis:
The Weeping Song
Stagger Lee
Push the Sky Away

fevereiro 15, 2018   No Comments

Bruce Springsteen explica “Born in the USA”

“Alguns livros, algumas palhetas de guitarra espalhadas e um suporte de gaita se digladiavam com as migalhas de um lanche, roubando espaço do meu bloco de notas. Um abajur antigo iluminava o roteiro que estava em cima da mesa e que havia sido enviado por Paul Schrader, roteirista que havia escrito “Taxi Driver” e “Vivendo na Corda Bamba”, dois dos meus filmes favoritos dos anos 70. Toquei alguns acordes na minha Gibson J200 queimada pelo sol, percorri as folhas do meu bloco de notas, parei numa página e murmurei o verso de uma canção em que estava trabalhando sobre os veteranos da Guerra do Vietnã que voltavam para casa. Dei uma olhada na primeira página do roteiro ainda por ler e cantei o título: “Born in the USA”.

Peguei “Born in the USA” diretamente do roteiro do Schrader, uma história sobre as aventuras e desventuras de uma banda de bar de Cleveland, Ohio, que acabou por ser lançado com o título de “Light of Day” em 1987 (no Brasil, “Luz da Fama”), incluindo uma canção minha com o mesmo título, tentativa educada de retribuir ao Paul aquele roubo imprevisto que acabaria por dar um empurrão à minha carreira. No estúdio Hit Factory, observei que tinha em mãos uma letra, um grande título, dois acordes e um riff de sintetizador, mas não tinha um arranjo. Era o nosso segundo take. Um turbilhão de som vindo do amplificador Marshall soou nos meus fones. Comecei a cantar. A banda me seguiu de perto num arranjo improvisado e, na bateria, Max Weinberg fez uma de suas melhores atuações em estúdio. 4 minutos e 39 segundos depois, “Born in The USA”, a música, ficava pronta. Soava como se tivéssemos conseguido prender um relâmpago dentro de uma garrafa.

13 anos depois do fim da Guerra do Vietnã, escrevi e gravei a minha história de um soldado. Era uma canção de protesto, e quando a ouvi trovejando através das gigantescas colunas do estúdio, soube logo que era uma das melhores coisas que já tinha feito. Era um blues de soldado americano, em que os versos eram um relato do que aconteceu, e o refrão uma declaração da única coisa que jamais poderia lhe ser negada: o lugar do nascimento, o direito a todo o sangue, confusão, bênçãos e graça que vinham com ele. Ao darmos corpo e alma, ganhamos o direito de reclamar e moldar o pedaço de terra onde nascemos.

“Born in The USA” se mantém como uma das minhas melhores e mais incompreendidas canções. A combinação dos seus versões blues “para baixo” com o refrão declarativo “para cima”, a exigência do direito de ter uma voz patriótica “crítica”, juntamente com o orgulho do lugar onde se nasce, parecia ser conflituosa demais (ou simplesmente incômoda!) para ouvidos despreocupados e menos perspicazes. É assim, meu amigo, que a bola do pop político pode rolar. Os discos são, muitas vezes, testes auditivos de Rorschach: ouvimos aquilo que queremos ouvir.

Durante anos e anos após o lançamento do meu álbum campeão de vendas, na época do Halloween, havia sempre criancinhas com bandanas vermelhas batendo à minha porta, com seus sacos de doces ou travessuras na mão e cantando ”I was born in the USA”. A canção “This Land Is Your Land”, de Woody Guthrie, acabou tendo o mesmo destino, tornando-se presença habitual nas férias em acampamentos, mas isso não me fazia sentir melhor (quanto Pete Seeger e eu cantamos “This Land Is Your Land” na posse do presidente Barack Obama, um dos pedidos do Pete foi que cantássemos todos os contraversos escritos por Woody, pois ele queria recuperar a radicalidade da canção).

Em 1984, ainda por cima um ano de eleições, com o Partido Republicano querendo cooptar até o cu de uma vaca se houvesse uma tatuagem da bandeira dos Estados Unidos nele, o presidente em exercício, Ronald Reagan, acabou distribuindo cinicamente por todo o Estado o seu agradecimento à “mensagem de esperança nas canções… do filho de New Jersey, Bruce Springsteen” numa estratégia de campanha, e, bem… vocês sabem o resto. Em contrapartida, Bobby Muller, àquela altura presidente do Vietnam Veterans of America, foi o primeiro cara a quem mostrei a versão final de “Born in The USA”. Ele entrou no estúdio, sentou-se e aumentei o volume. Ele escutou durante alguns momentos e depois deu um largo sorriso.

Um compositor escreve para ser compreendido. Será uma tomada de posição política? Será que o som e a forma da canção transmitem o seu conteúdo? Vindo do disco “Nebraska”, eu tinha acabado de fazer isso de ambas as formas, mas aprendi uma lição de como o pop e a imagem do pop eram apreendidos. Ainda assim, eu não teria feito qualquer desses discos de forma diferente. Ao longo dos anos, tenho tido a oportunidade de reinterpretar “Born in the USA”, especialmente em versões acústicas que dificilmente seriam mal-entendidas (há, inclusive, uma versão acústica no box “Tracks”, de 1998), mas mesmo essas reinterpretações eram sempre comparadas com a versão original, e ganhavam parte de seu novo poder a partir da experiência anterior que o público tivera com o álbum. No disco, “Born in the USA” surgia na sua versão mais poderosa. Se eu tentasse enfraquecer o alterar a música, acredito que até poderia ter ficado com um disco que teria sido mais facilmente compreendido, mas que não seria tão gratificante.

“Born in the USA”, o álbum, foi um sucesso em escala planetária. Eu sabia que tinha uma verdadeira vencedora na canção título, mas não esperava a onda maciça de reconhecimento que obtivemos. Terá sido o timing? A música? Os músculos? Não sei. É sempre mais ou menos um mistério o que provoca um sucesso tão gigantesco”. 

Trecho de “Born To Run – Uma Autobiografia”, de Bruce Springsteen

Nascido numa cidade de um homem morto (1)
O primeiro chute que recebi foi quando caí no chão
Você acaba como um cão que foi surrado demais
E que gasta metade da sua vida só se escondendo

Nascido nos EUA, eu nasci nos EUA
Eu nasci nos EUA, nascido nos EUA

Me meti numa pequena confusão em minha cidade natal
Então eles colocaram um fuzil na minha mão
Me enviaram para uma terra estrangeira
Para ir e matar os homens amarelos

Volto para casa, para (o trabalho n)a refinaria
O homem que contrata diz: “Filho, se dependesse de mim”
Mostra para ele minha carteira de veterano de guerra
Ele diz: “Filho, você não está compreendendo”

Eu tinha um irmão em Khe Sahh, combatendo os Vietcongues
Eles ainda estão lá, mas se morreu
Ele tinha uma mulher que amava em Saigon
Eu tenho uma foto dele nos braços dela

Debaixo da sombra da prisão
Ou perto das chamas de gás da refinaria
Estou há 10 anos sem rumo
Nada para fazer, nenhum lugar para ir

Nascido nos EUA, eu nasci nos E.U.A
Nascido nos EUA, sou um pai ausente nos EUA

Nascido nos EUA, eu nasci nos E.U.A
Nascido nos EUA, sou um pai bacana agitando nos EUA

****

(1) Dead man’s town significa “cidade de um homem morto”, uma expressão que sugere uma cidade sem grandes oportunidades de trabalho que perde a mão de obra de sua população jovem, que migra para locais com maiores perspectivas.

Leia também:
– Bruce Springsteen e o fotógrafo Frank Stefanko (aqui)
– “Wrecking Ball”, retrato do lado podre das pessoas  (aqui)
– A passagem da turnê “Wrecking Ball” por Trieste (aqui)
– “Working on a Dream” não é ruim, o nível é que é alto (aqui)
– “Magic” fica abaixo de outros álbuns de Bruce(aqui)
– “The Promise” resgata do limbo canções sensacionais (aqui)
– Três horas de Bruce Springsteen ao vivo em Roma (aqui)
– Discografia: todos os discos de Bruce Springsteen (aqui)
– Bruce Springsteen ao vivo em São Paulo (aqui)

fevereiro 15, 2018   No Comments

News: Bettie Serveert, Formosa, LSHF e mais

Bettie Serveert

De Turim, na Itália, o Low Standards, High Fives, combo meio indie, meio alternativo, homenageia o Iron Maiden em seu novo single, “Silent Decor”. O disco novo dos caras, “Are We Doing The Best We Can?”, será lançado dia 31 de março de 2018 pela Engineer Records. Acompanhe-os no Bandcamp.

Quem também logo mostra material novo é a alemã Formosa, banda de hard rock de Dortmund. O disco novo, “Sorry For Being Sexy”, será lançado dia 02 de março, e além do single “Fuck Up Your Liver” (abaixo) também é possível ouvir “Love on the Highway” no Bandcamp dos caras.

De Montreal, no Canadá, Danielle Duval apresenta o single “Whenever You Want It”, retirado de seu reçem-lançado “Lose It” (2018). O álbum saiu pelo selo PeoplePlay Records e Danielle conta que “Whenever You Want It” é uma canção “sobre não ter medo, estar atento e preparado para o que e vier”. Curti.

Agora em Viena, Áustria, com o novo single do Hearts Hearts, “Phantom / Island”, que antecede o disco novo do quarteto, “Goods/Gods”, que será lançado dia 20 de abril. Pop bacana!

Skelhorn é um singer songwriter de Liverpool, e este novo single, “A Wondrous Place of Our Own” é resumido assim: “Tarantino meets Morricone, with a dusting of Twin Peaks and a shot of rock’n’roll”. Ouça e tire as suas conclusões.

De Berea, no Kentucky norte-americano, o Nova Flares surge com “Gut Splinter”, um dream pop de clima cinematográfico. O álbum de estreia deste projeto comandado por Jason Wagers deve sair ainda neste primeiro semestre. Fique atento ao Bandcamp.

De Amsterdã, na Holanda, o queridíssimo Bettie Serveert continua na ativa, encantando com um indie pop apaixonante. Em 2016 eles lançaram o álbum “Damaged Good”, de onde foram retirados os vídeos “B-Cuz”, “Brother (in Loins)” e “Mouth Of Age”, entre outros. Quatro meses atrás, Carol van Dijk surgiu neste vídeo fofo de “Say You Will”, lançado pelo selo próprio Palomine Records <3

fevereiro 14, 2018   No Comments

10 festivais para 2018

Tecate Pa’l Norte 2018, Monterey, México
20 e 21 de abril de 2018
Informações: https://www.palnorte.com.mx

Sasquatch! 2018, Washington, EUA
De 25 a 27 de maio de 2018
Informações: https://www.sasquatchfestival.com/

Bunbury Music Festival 2018, Cincinnati, EUA
De 01 a 03 de junho de 2018
Informações: https://bunburyfestival.com/

Nos Primavera Sound 2018, Porto, Portugal
De 07 a 09 de junho de 2018
Informações: https://www.primaverasound.com

Parklife, Manchester, Inglaterra
Dias 09 a 10 de junho de 2018
Informações: https://parklife.uk.com/

Firefly Music Festival, Delaware, EUA
De 14 a 17 de junho de 2018
Informações: https://fireflyfestival.com/

Kendal Calling, Lowther Castle, Reino Unido
De 26 a 29 de julho de 2018
Informações: https://www.kendalcalling.co.uk/

Panorama  Festival, Nova York, EUA
De 27 a 29 de julho de 2018
Informações: http://www.panorama.nyc/

Bestival, Isle of Wight, Reino Unido
De 02 a 05 de agosto de 2018
Infos: https://www.facebook.com/bestivalfestival/

End of The Road Festival, Salisbury, Reino Unido
De 30 de agosto a 02 de setembro de 2017
Infos: https://www.facebook.com/EOTRFestival/

Confira o line-up de outros grandes festivais de música

fevereiro 14, 2018   No Comments

News: MGMT, UMO e The Fratellis

“Little Dark Age”, o quarto álbum do MGMT, chegou nesta sexta às plataformas de streaming e download. Para marcar a data, a banda lançou o vídeo do single “Me and Michael”, dirigido por Joey Frank e Randy Lee Maitland, e que retrata o MGMT encontrando um sucesso sem precedente após roubar uma música escrita pela banda filipina True Faith.

Quem também está com vídeo novo na área é o Unknown Mortal Orchestra! “American Guilt” é o primeiro single do álbum “Sex and Food”, que chega ao mercado no dia 06 de abril.  “American Guilt” é uma tentativa de capturar alguns dos sentimentos que flutuam hoje em dia. De forma perversa, eu queria abraçar esse gênero abandonado do rock que eu continuo lendo sobre estar “morto” e convido as pessoas a ouvir o que esse gênero morto-vivo soa no universo da UMO. Foi gravado em Hanói, no Vietnã, durante a temporada de monções em um estúdio construído para a música tradicional vietnamita. A gravação adicional foi feita na Cidade do México, mas nossas sessões foram interrompidas por um dos devastadores terremotos ocorridos no ano passado. Enquanto dormíamos no Parque do México, incapaz de voltarmos para o nosso Airbnb, ouvimos um homem gritar “viva la Mexico!” E coloco isso na música por respeito”, avisa Ruban Nielson.

Outra novidade é a volta do Fratellis! “In Your Own Sweet Time”, seu quinto álbum, será lançado no dia 16 de março pela Cooking Vinil. O primeiro single (acima) se chama “Starcrossed Losers” e transporta a história de Romeu e Julieta de Verona para a periferia da Escócia, onde o romance adolescente de um casal pobre transforma o melodrama e a tragédia do texto original de Shakespeare em uma forma muito britânica de auto-depreciação. “É uma canção levemente mais grudenta do que o resto do álbum. Mas às vezes você tem que servir a música, e é isso que a música precisava”, contou o vocalista e guitarrista Jon Fratelli.

fevereiro 9, 2018   No Comments

Egon Schiele, pornografia e moralismo

No bacana El País, uma reportagem conta sobre a censura que as pinturas de Egon Schiele estão sofrendo na Alemanha e na Inglaterra: “Não é arte, é pornografia“, diz a chamada da matéria. Quer dizer que estamos vivendo em um mundo em que Schiele virou pornografia…

Fui ao Belvedere, o famoso palácio museu em Viena que um dia foi a “casa” de Franz Ferdinand (o arquiduque), atrás de “O Beijo”, do Klimt, e sai virado do avesso com Schiele. Escrevi na época (quando tirei a foto que abre o post, um enorme outdoor no MuseumsQuartier, em Viena): “Gostei mais das paisagens do Schiele (“Crescent”, “House II”) do que de seus retratos nervosos”, esses que a galera tá tampando genitais como se estivéssemos em corredores do Vaticano durante o Concílio de Trento. Mais uma vitória do moralismo. Infelizmente.

Uma das definições de pornografia diz que ela “é definida como qualquer material que desperta pensamentos sexuais de forma vulgar e explícita. A raiz etimológica da palavra vem do grego pórne, “prostituta”.” Nesse contexto, sim, algumas pinturas de Schiele podem ser consideradas pornográficas, ainda que não vulgares (como está abaixo), mas a grande maioria de seus nus são nervosos, fortes, nem um pouco sedutores e muito menos vulgares. Em um tempo de falso moralismo, pornografia a um toque do mouse e perda constante de direitos, a censura a Schiele é mais um golpe no coração da liberdade.

Ps. No embalo da censura a Schiele chega a notícia de que tramita na Câmara em Brasília um “projeto que criminaliza exibição de órgão genital para fins artísticos“. Vem mais censura ai.

 

fevereiro 9, 2018   No Comments

News: Malkmus, Breeders e Anna Burch

Tem música nova de Stephen Malkmus & the Jicks na área, a primeira em QUATRO ANOS! Ouça “Middle America”, um lançamento Matador Records, no seu player favorito. É mais um daqueles rocks preguiçosos e desleixados e deliciosos que Malkmus faz tão bem. Grande canção.

Quando os Breeders reuniram-se para lançar sua primeira música nova em uma década, o single de 2017 “Wait in the Car”, eles prepararam uma série de lançamentos em vinil de 7  polegadas. Em um deles, a reimaginação de Kim Deal para “Joanne”, de Mike Nesmith, preencheu o lado B. Ontem os Breeders liberaram um vídeo íntimo da gravação da Deal no estúdio IL, de Steve Albini, em Chicago. Esse é um esquenta fofo para o quinto álbum dos Breeders, “All Nerve”, que estará disponível em 2 de março.

Essa dica eu peguei do Facebook do Manoel Magalhães e vou até replicar o texto dele: “O disco é de 2018, mas vamos fingir que eu sou a MTV e que estamos em 1998, que não existe algoritmo pra filtrar o conteúdo e podemos passar três minutos ouvindo música”. “Tea-Soake Letter” foi lançada como single em dezembro e é viciante. O álbum você pode (deve) ir atrás em streaming: se chama “Quit the Curse” (2018).

O que esperar do novo disco dos Decemberists? “I’ll Be Your Girl” será lançado 16 de março e “Severed” é o primeiro single do disco. E ai?

O que dizer dessa versão fofa do Franz para o hit da Angel Olsen?

fevereiro 8, 2018   No Comments

Top 5 do All Beers Sessions 2018

Eleito pelo quinto ano consecutivo como a melhor mídia cervejeira na importante enquete dos Melhores da Cerveja, do Bob Fonseca, o All Beers, criado em 2009 pelo jornalista Raphael Rodrigues, realizou a sua terceira festa anual, o All Beers Sessions, em um novo local em São Paulo, com mais de 30 torneiras abertas e cerca de 10 outras cervejas em garrafa oferecidas para um público próximo das 300 pessoas, que pode ainda se servir de pratos caprichados do Cateto e de batatas fritas especiais da Gran Poutine.

Após duas edições realizadas no Son of Beer, no bairro de Pinheiros, o All Beers Sessions 2018 estreou um novo local, o elegante Espaço Escandinavo, no Alto da Boa Vista, em São Paulo, que compensou a distância pelo amplo espaço oferecido, com direito a um gramado onde o Cateto promoveu uma digna churrascada enquanto os presentes se alternavam entre as mais de 30 torneiras, sem corre-corre, sem filas, completamente à vontade. Para 2019, Raphael pretende manter o All Beer Sessions no mesmo espaço, e já fica a dica antecipada: não perca!

Apostei nos lançamentos e me surpreendi com a proliferação de Sours e Berliners entre as torneiras engatadas, e a ausência de Russian Imperial Stout, que foi representada apenas pela versão em garrafa da sueca Nils Oscar, uma das estrelas do evento. Outra surpresa agradável: as torneiras mais disputadas pelo público não eram as gringas (e ótimas) Founders, Goose Island e Anchor (EUA), Tiny Rebel (País de Gales), Van-Dieu (Bélgica) e Adnams (Inglaterra), mas as indies brasileiras, o que demonstra uma mudança interessante de perfil.

Na minha lista pessoal brilhou as duas cervejas experimentais da Heróica em colaboração com a Bragantina (Dinastia Flanders Red French Oak Aged e SuperSonic WildTonic Gin Barrel Aged), a deliciosa Suricato Goiabinha (um dos hits do evento), uma Gose com goiaba e hibiscos e a boa surpresa da Avós, a Véia Viaja 2, uma New England Lager deliciosa. Ainda, na minha lista pessoal, se destacaram a Bodebrown Sour Punk Framboesa e a Infected Tropical Blood. Abaixo segue meu Top 5 do evento e, desde já, a espera para All Beers Sessions 2019!

1) Heróica & Bragantina Dinastia Flanders Red French Oak Aged
2) Heróica & Bragantina SuperSonic WildTonic Gin Barrel Aged
3) Avós Véia Viaja 2 New England Lager
4) Suricato Goiabinha
5) 2Cabeças Fênix 5 Imperial IPA

As fotos são da Liliane Callegari

fevereiro 8, 2018   No Comments