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A impagável Cat Power

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Entrevista divertida e surreal de Chan Marshall para Xavi Sancho, publicada no El País (leia na integra aqui), jornal que mantém um dos melhores cadernos de cultura do mundo na atualidade: Cat Power assusta um outro jornalista dizendo que ele pegou a cópia errada de “Sun”, o novo disco; encana com os sapatos dos jornalistas; reclama que sua transparência incomoda as pessoas e avisa: “Sun” não é um disco de separação, mas um disco que propiciou uma separação”. Ao fim do álbum ela terminou o relacionamento com o ator Giovanni Ribisi (o irmão da Phoebe, lembra?). E cortou o cabelo curtinho (ficou guapa, vai). Alguns momentos impagáveis da entrevista…

O jornalista, o assessor e Chan
“Ela está de humor excelente. Todas as entrevistas estão ficando muito boas… E o disco… Ouviu o disco? É magnífico, belíssimo…”. Enquanto subimos as escadas do Conservatorium Hotel de Amsterdam em direção ao quarto de Chan Marshall, o jovem assessor não consegue reprimir a emoção. “Trabalhar com ela é um sonho… Merda! Não me fode!”. O garoto acaba de abrir a porta do quarto e o cheiro de cigarro impregna todo o ambiente. “Vão-nos multar…”, informa resignado. Sugerimos-lhe que abra a porta do chuveiro e deixe correr a água quente da ducha. O vapor deve fundir-se com o cheiro da nicotina. Surpreendentemente, ela decide seguir nossas instruções. A indústria do disco não é mais o que era.

O jornalista apaixonado
De pé, em frente ao sofá, Chan Marshall, de negro, com jeans rasgado, novo corte de cabelo, cigarro entre os dedos e botas de Isabel Marant. Está guapísima.

A cantora devedora e deprimente
“Não tinha um tostão. Não tinha pago impostos durante dois anos e me despejaram. Tinha que fazer um disco. Pedi um adiantamento (para a gravadora). Disseram-me que a indústria não está para adiantamentos, de modo que tive que utilizar meu fundo de pensões. Inteiro. Mudei-me para Los Angeles e comecei a escrever. Já sabes, o típico: Cat Power com um piano e uma guitarra. Muito depressivo. Até que fiquei farta. Não podia fazer outro disco deprimente.”

O disco
A gravadora sugeriu um produtor. Se tivessem sugerido uma lipo não seria tão ruim. Quando ouviu o último álbum do Beastie Boys, sacou o que queria. Voou para Paris atrás do produtor. Ficou plantada na frente da casa dele. Confessou que não tinha dinheiro para paga-lo, e entrou em seu estúdio. Que mais: “Separei-me e cortei o cabelo”.

O assessor, o jornalista e a barriga
O assessor está nervoso porque 10 minutos atrás ela deveria ter atendido a uma entrevista por telefone, mas ela continua falando (comigo). “Quero ir a um coffee shop fumar um pouquinho de erva, só um pouquinho. E talvez beber algumas cervejas. Não posso comer batatas e nem beber uísque. Fico mau e me engorda. E é curioso porque tenho sangue irlandês. O problema é que não consigo deixar (de comer batatas e beber uísque)… Olha”. Ela levanta a camiseta e mostra a barriga. “Toca, toca, foda-se”. Ela leva a minha mão até o seu estomago. “Aperta. Tá sentindo? Isso são batatas e uísque”.

Leia mais -> “As sete vidas de Cat Power”, por Xavi Sancho (aqui)

setembro 23, 2012   No Comments

Três perguntas: Apanhador Só

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Eis uma banda que me surpreendeu, e, em constante crescimento, continua surpreendendo. Um dos grandes destaques da votação dos melhores do ano Scream & Yell de 2010, (“Apanhador Só”, o álbum de estreia, apareceu em terceiro lugar entre os discos do ano), os gaúchos trabalharam o álbum com calma e apreço, tocaram muito, lançaram um projeto “sucateiro-acústico” que ganhou versão em fita cassete e shows intimistas em locais inusitados, e lançou um compacto de sete polegadas produzido por Curumin (que você pode ouvir abaixo). Agora chegou a vez de pensar no segundo álbum, e a opção escolhida foi o financiamento coletivo. “A meta do projeto foi atingida e chegou a ser ultrapassada em mais de 30%”, comemora Alexandre Kumpinski (voz e guitarra).

O sucesso da empreitada prevê um novo álbum para março de 2013 (a pré-produção começa em outubro), mas o quarteto já começou a “pagar” alguns fãs: 39 pessoas adquiriram um pacote de apoio que dava direito a um show acústico na sala da casa do comprador. “A gente chega com o violão e as sucatas, se familiariza com as pessoas e com o ambiente, se instala em quatro cadeiras e manda brasa”, explica Alexandre, que se anima em estender a brincadeira. Quem sabe? A certeza, porém, é que em 2013 teremos álbum novo do Apanhador Só. Mais um pra lista de melhores do ano? Esperamos que sim… Abaixo, Alexandre fala um pouco mais dos planos do banda e você pode ouvir trechos de três canções que podem aparecer neste novo álbum.


Parabéns pelo sucesso do financiamento coletivo. Vocês tinham certeza de que ia rolar, ou bateu um receio?
Aeee, valeu!! :)Certeza nunca! Desde o início sabíamos que seria uma briga suada, já que o valor que definimos foi um valor alto, englobando custos de quase todas as etapas de produção de um disco. Daí, durante a caminhada do projeto, receio de que não dê certo é algo incontrolável e totalmente natural. Felizmente a meta do projeto foi atingida e chegou a ser ultrapassada em mais de 30%,o que foi surpreendente inclusive pra nós. Ficamos muito felizes de saber que tem tanta gente junto, disposta a fazer as coisas acontecerem.

Como vão ser esses shows acústicos na sala de casa dos 39 fãs? Já pensaram em algo especial?
Eles já vêm acontecendo mesmo antes do encerramento do projeto e têm sido experiências incríveis. A gente chega com o violão e as sucatas, se familiariza com as pessoas e com o ambiente, se instala em quatro cadeiras e manda brasa. A proximidade das pessoas que tão ali nos assistindo cria uma lógica diferente de show, uma liga mais forte entre o público e a banda do que normalmente acontece em shows normais. Cada show sai à sua maneira, de acordo com os elementos e com as pessoas envolvidas na ocasião. Já fizemos uns 10 até agora, ainda temos uns 30 pela frente, e já existe a sensação de que essa experiência pode ser levada adiante de alguma maneira, de tão legal que tem sido.

O álbum está previsto para março de 2013, com 11 músicas. Vocês pretendem começar o processo do zero, só com músicas novas, ou alguma do baú pode aparecer?
A princípio vão ser todas músicas novas, mas nada pode ser afirmado com certeza antes da pré-produção, que vamos fazer em outubro. De qualquer maneira, temos 18 composições novas listadas, de onde pinçaremos 11 pra gravar no disco. Acho difícil que alguma música guardada no baú seja trazida à luz diante desse quadro, mas tudo pode acontecer.

setembro 23, 2012   No Comments